Histórias de Hinos

Histórias de Hinos do Hinário Adventista – Nr. 207

Vida em Olhar

Letra: Amelia Matilda Hull (1825-1884)

Título Original: There is Life for a Look

Música: Edward G. Taylor (sécuno 19)

Texto Bíblico: E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna. (João 3:14 e 15)

Observação: A música deste hino foi publicada em 1860.


Acompanhe o hino no Youtube


1. Vida tens em olhar a Jesus, Salvador;
Ele diz: “Vida eterna te dou.”
Pois então, pecador, considera esse amor;
Vê Jesus que na cruz expirou.

Coro:
Vê, vê, viverás.
Vida tens em olhar a Jesus, Salvador.
Ele diz: “Vida em Mim acharás.”

2. Vida tens em olhar a Jesus, Salvador;
Pois o Seu grande amor já provou.
Com Seu sangue na cruz, sucumbindo na dor,
Tua falta também já pagou.

3. Vida tens em olhar a Jesus, Salvador;
Já por ti Ele tudo sofreu.
Com amor dá perdão ao maior transgressor.
Vê Jesus que por ti padeceu.


Um dos convites à salvação mais comoventes, é este, que roga : “Vê, vê, viverás! Vida tens em olhar a Jesus, Salvador, Ele diz: Vida em Mim acharás”. A eternidade vai revelar quantas pessoas aceitaram o convite de Jesus ao som deste hino.

Aqui vai o relato da vida de Amélia Matilda Hull, a quem Deus deu a graça de compor estes lindos versos inspirados pelo Espírito Santo.

Temos em I Coríntios 1:26, que “… não foram chamados muitos sábios segundo a carne…, nem muitos de nobre nascimento”, mas assim mesmo, Deus, na Sua maravilhosa graça, visita, às vezes, tais famílias com a Sua salvação.

A família Hull, de Devon, Inglaterra, foi um exemplo dessa divina intervenção. Era uma família nobre, de nomeada tradição, que vivia em Marpool Hall, nas cercanias de Exmouth. Apesar de a antiga casa ser substituída por um parque público, permanece ainda, naquela parte da Inglaterra, alguma memória dos Hulls, de Marpool Hall.

Amélia Matilda Hull nasceu no dia 30 de Setembro de 1812 e era a mais nova dos onze filhos de William Thomas e Harriot Hull, de Marpool Hall. Seu pai era um capitão militar aposentado. Pouca coisa se sabe da vida particular de Amélia, a não ser a história da sua conversão. Aliás, as circunstâncias daquele grande evento são tão cheias de interesse e tão inexplicavelmente ligadas ao surgimento deste amável hino, “Vida por um olhar”, que vale a pena conhecer a sua história.

Consta que Amélia ouviu o Evangelho pela primeira vez quando tinha vinte anos de idade. Um evangelista visitante armou a sua tenda próximo da casa de sua família e toda a vizinhança foi convidada a ouvir o Evangelho.

Uma noite Amélia aventurou-se a ir. Esgueirou-se na parte de trás da tenda e ouviu com bastante atenção o Evangelho de Jesus Cristo. Seu coração ficou sobremodo abalado. Quando voltou para casa contou ao seu pai onde havia estado e ele ficou furioso. Disse-lhe que ela não devia associar-se com aqueles “crentes” e que aquelas reuniões não eram dignas de alguém de posição elevada como ela. Ao mesmo tempo, proibiu-a de voltar a assistir àquelas reuniões.

Contudo, o coração de Amélia já havia recebido as gotas da água viva e ela estava sedenta por ouvir mais. Sentiu que devia voltar apesar da proibição imposta por seu pai e foi assistir à reunião seguinte. A mensagem foi baseada em João 3:14-15, onde o Senhor menciona o levantamento da serpente de metal no deserto e a cura que recebiam as pessoas que, mordidas pelas serpentes verdadeiras, levantassem o olhar para a serpente de metal. Naquela mesma noite Amélia olhou, pela fé, para o Cristo do Calvário e foi salva por toda a eternidade.

Quando regressou ao lar deparou com a fúria de seu pai. Este, com muita ira, levou-a até à biblioteca, onde repreendeu-a severamente pelo que fizera e ordenou-lhe que ali comparecesse novamente às 9 horas do dia seguinte a fim de apanhar de chicote. Amélia, muito perturbada retirou-se para seu quarto sentindo-se muito triste por ter causado dissabor a seu pai, mas ao mesmo tempo gozava profunda alegria pela salvação de Deus que inundara a sua alma.

Pela manhã, pensando nos acontecimentos do dia anterior tudo quanto se passara naquela reunião e, sobretudo, a grandiosa mensagem que ouvira e que lhe trouxera paz, sentou-se e foi deixando extravasar sobre um pedaço de papel os sentimentos do seu coração. Assim que o relógio bateu 9 horas dirigiu-se à biblioteca levando consigo o referido pedaço de papel. Lá estava seu pai e, sobre a mesa, o chicote. Ela entrou, entregou ao pai o papel e ficou esperando. O capitão W. T. Hull ficou de pé e, enquanto lia a composição de Amélia, algo extraordinário aconteceu. Uma notável mudança. O pai de Amélia sentou-se e enfiou o rosto entre as mãos. Através da leitura daqueles versos Deus falou ao coração daquele homem fazendo-o sentir-se totalmente arrasado. Desapareceu de sua mente qualquer pensamento de bater em sua filha. Pelo contrário, naquela manhã, ali na biblioteca, o capitão Hull foi ao encontro do Salvador de Amélia.

Daquele dia em diante foi efetuada uma grande transformação, não só na vida do capitão Hull, como também na vida de Marpool Hall.

Este hino foi um dos melhores, entre 22 contribuídos ao hinário Pleasant Hymns for Boys and Girls (Aprazíveis Hinos para Meninos e Meninas), publicado em 1860. Entre 1850 e a sua morte em 1882, Amélia também contribuiu com hinos para seis outras coletâneas na Inglaterra.

A tradução deste hino foi feita pelo Pr. Antonio Ferreira de Campos (1866-1950), por alguns anos um dos obreiros mais ativos na região de Campos, RJ. Foi batizado por Salomão Ginsburg em junho de 1895. Dentro de um mês, a igreja Batista de Campos o licenciou para pregar, e a junta de Richmond o aceitou como um obreiro nacional. Ginsburg apreciava muito este novo obreiro, escrevendo assim:

“O Pr. A. Campos tomou conta deste campo (Campos) em 1895, e está fazendo um grande e bom trabalho. Ganhou a simpatia do povo, que, conhecendo seu grande talento para o jornalismo, o fez Redator-Chefe do jornal local. Podem imaginar o bom resultado de ter um jornal secular onde o evangelho não foi esquecido. Ele está fazendo um nobre e bom trabalho. É um esplendido pregador e bom organizador, como também um hábil escritor.”

Campos fundou a Associação Cristã de Moços da cidade. Esta organização chegou a ter 200 membros, dos quais dois terços eram católicos. O canto congregacional teve parte importante nas suas assembléias, “fato que estimulou hinistas como Ginsburg e Campos a produzir e dedicar hinos apropriados para o seu uso”. Certamente, Vida Tens Em Olhar, foi traduzido neste período.

A melodia LATAKIA, tão apropriada para este hino de convite, foi escrita para esta letra por E. G. Taylor (séc XIX). O hino apareceu em Sacred Songs and Solos (Cânticos e Solos Sacros) de Sankey, de onde, certamente, foi trazido ao Brasil. Não existem, porém, mais informações disponíveis sobre a melodia ou sobre seu compositor.

Bibliografia: Ginsburg, Salomão L., Foreign Mission Board Report, SBC Annual, 1900, p. 96.


Veja a partitura cifrada deste hino

Veja este hino também no Ministério Cristo Vai Voltar


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