A Adoração / Apostilas

Adoração Bíblica – Capítulo Três

por: Arival Dias Casimiro

Princípios Bíblicos Acerca da Adoração Agradável a Deus

A Adoração na Nova Aliança

Cremos que o ensino do culto na Bíblia acompanha uma simultaneidade a revelação progressiva de Deus, culminando com Jesus Cristo. "Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade." (João 4:23-24). Logo, ao estudarmos acerca do culto, precisamos considerar as diferenças entre o culto no Antigo Testamento e no Novo Testamento, isto é, o culto antes de Cristo e depois de Cristo. O conceito de culto relaciona-se diretamente com a doutrina da Aliança.

A nova aliança

A palavra "aliança", "diathéke", no grego, significa "pacto", "concerto", ou "testamento". É por meio de uma aliança que Deus declara a sua vontade soberana e estabelece a sua maneira graciosa de se relacionar conosco. Sem as alianças, não haveria relacionamento do homem com Deus.

A adoração no Antigo Testamento, na velha aliança, foi temporária, imperfeita e apenas uma sombra da adoração que seria estabelecida por Jesus, na Nova Aliança: "Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda." (Hebreus 8:7). O sistema sacrifical era "sombra" ou "parábola": "É isto uma parábola para a época presente; e, segundo esta, se oferecem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no tocante à consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto, os quais não passam de ordenanças da carne, baseadas somente em comidas, e bebidas, e diversas abluções, impostas até ao tempo oportuno de reforma." (Hebreus 9:9-10).

A adoração cristã fundamenta-se na Nova Aliança: "Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção. Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne, muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!" (Hebreus 9:11-14).

Jesus Cristo veio. Ele é a base da Nova Aliança. Quais foram as mudanças na adoração?

  • Jesus Cristo é o único, perfeito e eterno sumo sacerdote de Deus (Hebreus 5:1-7).
  • Jesus Cristo realizou o único, definitivo, perfeito e eficaz sacrifício para tirar os pecados do seu povo (Hebreus 9:11-28). Ele põe fim aos sacrifícios da Antiga Aliança.
  • Jesus Cristo é o cumprimento de toda a lei cerimonial. Ele é o tabernáculo (João 1:14; 2:19-22), Ele é o Cordeiro de Deus (Hebreus 10:1-18) e Ele é o novo mediador entre Deus e os homens (I Timóteo 2:5).

Está franqueada ao crente a comunhão com Deus, pelo novo e vivo caminho aberto por Jesus Cristo (Hebreus 10:19-22). "Portanto, ofereçamos sempre por Ele (Jesus Cristo) a Deus sacrifício de louvor" (Hebreus 13:15a). O culto cristão ou na Nova Aliança apresenta as seguintes características:

A adoração que agrada a Deus

O culto precisa ser agradável a Deus. Os sacrifícios feitos no Antigo Testamento subiam como "aroma agradável a Deus" (Levítico 1:9,13,17; Números 15:3; 28:6). O adjetivo "agradável" também é aplicado no culto do Novo Testamento. "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional." (Romanos 12:1). A ideia de Paulo é que o culto cristão é a oferta da nossa vida como um sacrifício agradável a Deus, semelhante aos sacrifícios do Antigo Testamento.

É a mesma ideia utilizada para descrever a oferta dos filipenses: "Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus." (Filipenses 4:18). Veja outros textos: Romanos 14:18; 15:16 e Hebreus 12:28.

A adoração que agrada a Deus possui algumas características:

1 – Fundamenta-se no conhecimento: Jesus esclarece: "Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus." (João 4:22). A adoração verdadeira baseia-se no conhecimento. Deus só pode ser adorado se for conhecido. O salmista convoca o povo de Deus para adoração dizendo: "Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio." (Salmos 100:3). Quando conhecemos quem Deus é e aquilo que Ele faz, somos motivados a adorá-Lo. Confira: Salmos 106:1; 107:1; 118:1; 136:1.

O apóstolo Paulo ensinou este princípio aos Atenienses: "Porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio." (Atos 17:23). Paulo descreve, então, quem Deus é o que Ele fez e fará (Atos 17:24-31). Há uma frase em latim que sintetiza esta verdade: Lex credendi, lex orandi (aquilo em que cremos, determina como oramos).

Este conhecimento é de natureza espiritual e possível somente por meio de Jesus: "Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar." (Mateus 11:27).

2 – É em espírito e em verdade

O texto fundamental para compreendermos o conceito de culto no Novo Testamento é o de João 4:20-24: "Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade." (João 4:20-24).

A verdadeira adoração inaugurada por Jesus Cristo é "em espírito e em verdade". O que significa isso?

"Em Espírito" significa:

  • A adoração é interna e do coração. Não se prende mais a lugares sagrados, pois o crente é santuário de Deus (I Coríntios 6:19-20; I Pedro 2:5).
  • A adoração é simples. Não se prende mais aos rituais da lei cerimonial (Hebreus 10:19-22).
  • A adoração é reverente. A reverência e um santo temor e respeito à pessoa de Deus (Hebreus 12:28).
  • A adoração é no Espírito Santo (Filipenses 3:3). Ninguém pode adorar sem a ajuda do Espírito Santo (I Coríntios 12:3).

"Em Verdade" significa:

  • A adoração deve ser de acordo com a Bíblia. Ela está limitada a aquilo que é autorizado pela Escritura.
  • A adoração deve ser sincera, sem falsidade. Veracidade é contrário ao formalismo exterior (Mateus 15:8-9).

Sacrifícios espirituais

Este texto apresenta um contraste entre o culto no Antigo Testamento e o culto do Novo Testamento: "Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo." (I Pedro 2:4-5).

  • Primeiro, o culto é fruto da união do crente com Cristo. Ele é a Pedra viva, eleita e preciosa, e os crentes são pedras vivas.
  • Segundo, a igreja é uma "casa espiritual" em contraste com o templo do Antigo Testamento.
  • Terceiro, todo crente verdadeiro é um sacerdote de Deus, no sentido de ter acesso a Deus.
  • Quarto, os sacrifícios são espirituais em contraste com o sistema sacrifical do Antigo Testamento.
  • Quinto, os sacrifícios de adoração são agradáveis a Deus por meio de Jesus Cristo. O sacrifício de Jesus e a sua intercessão torna cada crente aceitável a Deus, juntamente com o seu culto.

A mesma ideia é repetida pelo o autor aos Hebreus : "Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome. Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação; pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz." (Hebreus 13:15-16 ).

O culto na Nova Aliança:

  • É por natureza um oferecimento: "…ofereçamos…"
  • É dirigido a Deus: "…ofereçamos a Deus…"
  • É mediado por Jesus Cristo: "Por meio de Jesus…"
  • É um sacrifício espiritual: "…sacrifício de louvor…"
  • É expressão de um novo estado espiritual: "…é fruto de lábios que confessam o seu nome."
  • É confessional: "…confessam o seu nome."
  • É ininterrupto: "…sempre…"
  • É acompanhado por atos de amor fraternal: "Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação; pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz."

Adoração Racional

O Novo Testamento apresenta cinco tipos de culto:

  1. vão ou inútil (Mateus 15:7-9);
  2. ignorante (Atos 17:22-23);
  3. "de si mesmo" (Colossenses 2:20-23);
  4. o culto verdadeiro (João 4:20-24);
  5. e o culto racional (Romanos 12:1).

Paulo declara: "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional." (Romanos 12:1). A expressão "culto racional" (grego = "logiken latreian") significa culto lógico e inteligível. O culto cristão requer entendimento: "Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera. Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente." (I Coríntios 14:14-15).

O Salmo 150 diz: "todo ser que respira louve ao Senhor." Os animais, as plantas e os homens respiram. Cada um, porém, é de uma espécie diferente. O homem, ser racional, deve louvar a Deus utilizando-se da sua mente.


Capítulo 2 Índice da Apostila Capítulo 4

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