Uma História Cronológica da Música Sacra – Parte 32

As Igrejas Americanas Adotam o Pop, o Spiritual e a Gospel-Song

a. Livro:O JAZZ – do Rag ao Rock” págs. 131 a 135, de Joaquim Berendt – Editora Perspectiva

Spiritual e Gospel-Song

Existem alguns observadores que chegam a afirmar que a música gospel teve papel mais importante no desenvolvimento do moderno rock, pop e jazz do que o próprio blues. Charles Keil conta que em Chicago, a capital mun­dial do blues, existem pelo menos 40 igrejas para cada local onde se toca blues ou jazz. Isso significa que o jovem negro tem 40 vezes mais chances de ouvir gospel do que blues…

O jazz e a gospel-song são tão intimamente ligados que a maioria das grandes cantoras do jazz iniciaram suas carreiras como cantoras de igreja. Entre elas podemos citar Sarah Vaughan, que representa, vocalmente, para o jazz moderno aquilo que Charlie Parker o foi como instrumen­tista; Dinah Washington, já falecida, que era considerada the queen do rhythm and blues e que era não apenas can­tora mas também pianista e a já citada Aretha Franklin. O contrário também aconteceu. A grande cantora do gos­pel, a já falecida Sister Rosetta Tharpe, veio do jazz onde, nos anos 30, foi uma famosa vocalista dos conjuntos de Cab Calloway e Lucky Millinder. E o mais famoso com­positor de gospel-songs, Thomas A. Dorsey, iniciou sua carreira nos anos 20 e início dos 30 em Chicago como um pianista de boogie-woogie e blues.

O guitarrista Danny Barker conta, a respeito de Bessie Smith: “Para as pessoas que iam muito à igreja antigamen­te nos Estados do Sul, como eu o fazia, não havia grande diferença entre o canto de Bessie Smith e o de um prega­dor ou evangelista.Ela era, em certo sentido, o que é hoje um BilIy Graham…”

E o tocador de banjo do início do jazz Bud Scott, cantava: “Buddy Bolden ia à igreja todo domingo era lá que buscava as ideias para o seu jazz…”

b. Entrevista: Winton Marsalis & Duke Ellington (O Estado de São Paulo)

Caderno 2 – Já que você citou o exemplo de Ellington, gostaria de saber se a ligação entre a música tradicional das igrejas evangélicas e o jazz, que você desenvolveu no disco In this House, on this Morning, foi sugerida pelas experiências similares dele.

Marsalis – Não exatamente. O caso é que tanto a música das igrejas evangélicas freqüentadas por negros como o jazz têm a mesma origem, o blues. Em outras palavras, tratam dos mesmos sentimentos, da angústia, da discriminação, de uma sensação de exílio no mundo.

Eu não fui o primeiro a fazer essa fusão e, como você lembrou, Ellington foi muito feliz quando ousou misturar tudo num mesmo caldeirão.

c. Filme: “A Cor Púrpura” de Spilberg (história verídica de 1906)

d. Música: Quincy Jones


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Fonte: Publicado originalmente em: http://www.grandeconflito.com