A Adoração

Para Que Adorar?

por: Ron Owens

Adoramos a Deus porque o amamos. Foi por isto que nascemos: para adorar. E adoramos como indivíduos e como igreja a fim de atribuir ao Senhor o valor e a honra que lhe pertencem, e para apresentar-lhe nossos corpos como sacrifício vivo. No Novo Testamento, adoração envolve tudo isto.

Na Nova Aliança, o adorador torna-se a oferta de adoração. No Velho Testamento, os cordeiros que eram sacrificados não sabiam o que estava acontecendo; eram sacrifícios mortos. Mas no Novo Testamento, a oferta torna-se um sacrifício vivo. Um sacrifício vivo sabe o que está acontecendo. Nós, os que oferecemos o sacrifício, ao mesmo tempo somos o sacrifício. O adorador é a oferta de adoração. O que Deus está procurando em mim e em você como indivíduos, e também na igreja, é a oferta das nossas vidas sobre o altar da adoração.

O Trono

O capítulo 4 de Apocalipse contém a descrição de uma cena de adoração no céu. E uma palavra deve saltar das páginas durante a leitura desta passagem: o trono. Dez vezes só neste capítulo, João fala a respeito do trono. Parece que esta imagem superava a tudo o mais na mente e na memória de João, enquanto tentava relatar sua visão. Ao observar a perfeita adoração no céu, vemos que tudo gira em torno daquele trono. Todas as formas da criação, a igreja, o mundo angelical, tudo está em sujeição àquele que está no trono.

Quando nos reunimos para adorar, a congregação está ali para se encontrar com aquele que está sentado no trono. Não existe verdadeira adoração sem um encontro com aquele trono. É o mesmo trono que Isaías viu. Assim como ocorreu aqui nesta passagem no céu, sempre que adoramos estamos reconhecendo que toda autoridade, poder, domínio, controle e supremacia pertencem àquele que está no trono.

Isaías disse: “Vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono” (Is 6.1). Era como se Isaías tivesse de perder a visão do trono terreno antes que pudesse ver “o trono”. Na vida de tantas pessoas hoje nas igrejas, até mesmo na vida de dirigentes de louvor e de pastores, há outros tronos, e por esta razão não conseguem ver claramente “o trono”. Ó como nós mesmos precisamos ser adoradores a fim de que nosso povo se torne adorador também!

Portanto, o foco da adoração precisa ser Deus, se quisermos realmente adorar. Quando as pessoas entram no culto hoje, será que é fácil para elas enxergar a Deus? Geralmente, enxergam uma porção de outras coisas que servem de obstáculo para se ter uma compreensão correta de quem Deus é, o Deus que vieram adorar.

Hoje é o homem que está no centro do palco, no centro das atenções. Não estou me referindo tanto ao físico quanto ao espiritual. Deus não dividirá sua glória com homem ou mulher, seja quem for. No momento em que o homem assume o controle, Deus fica de lado. O povo pode ouvir música, mas está ouvindo a Deus? Pode ouvir um sermão, mas está se encontrando com Deus? Pode apreciar uma boa apresentação, mas está conhecendo ao Deus Todo-poderoso?

Vivemos numa sociedade que tem uma sede insaciável por entretenimento. Isto tomou conta da igreja também. Até o desenho arquitetônico dos nossos prédios mostra que nos tornamos mais um teatro do que igreja. O lugar do púlpito ficou tomado por um palco para “apresentações religiosas”. Tanto a pregação como o louvor se transformaram em apresentações profissionais.

Não existe espaço para entretenimento num culto de adoração. O povo não precisa ver como os músicos e os pregadores são pessoas dotadas e habilidosas; precisa ver como Deus é santo. Precisa ter um encontro com ele. No entanto, a congregação freqüentemente sai mais impressionada com o cantor do que com o Salvador, mais impressionada com a personalidade do pregador do que com o poder do Espírito Santo. No entretenimento o homem é o foco, enquanto que na adoração o foco sempre é Deus.

Devemos lutar com todo nosso ser para manter o foco da congregação no lugar certo. Afinal, nossa audiência na adoração é o próprio Deus. É sua aprovação que devemos buscar.

“Não importa se o mundo ouviu, se aprovou, ou se entendeu; O único aplauso que devemos buscar é o aplauso daquelas mãos que foram pregadas na cruz!”

“Então ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono, e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos” (Ap 5.13).

Mais do Que Contemplar

Reconhecer a grandeza, a soberania e a majestade daquele que se assenta sobre o trono é uma parte essencial da adoração. Mas sem uma resposta pessoal àquele que está no trono, a adoração é incompleta. Em Apocalipse 4.10 vemos a resposta daqueles que estão adorando no céu. É uma resposta de submissão. Verdadeira e autêntica adoração exige uma atitude de coração em submissão por parte do adorador. Se realmente vemos Deus no trono, como pode haver alguma outra resposta da nossa parte, senão submeter-nos àquele que tem toda autoridade e soberania?

Entretanto, na adoração praticada nas igrejas hoje, quantas pessoas têm algum pensamento de submeter suas vontades àquele sobre quem estão cantando, e a quem dizem estar adorando? Você acha que Deus ouve o que lhe estamos cantando, mesmo que tenha um som maravilhoso, se não tivermos qualquer plano ou intenção de submeter nossas vidas a ele?

Nos capítulos 4 e 5 de Apocalipse, os adoradores estão prostrados em humildade e submissão. Não pode haver outra resposta apropriada à visão do trono. Nas nossas vidas, estamos muito mais nos empavonando do que nos submetendo, nos exaltando do que nos humilhando. Onde há soberba, não pode haver adoração. Na exaltação humana, Deus se retira, e permanece do lado de fora da igreja.

Digo isto com temor, e o digo como músico: No mundo da “música cristã”, é mais comum Deus ser usado para exibir o talento do homem, do que o talento do homem ser usado para expressar a Deus.

A passagem considerada como chave para o avivamento é 2 Crônicas 7.14, que começa assim: “Se meu povo se humilhar…” Então antes de orar, que também é essencial, vem a humilhação, porque Deus não ouvirá a oração de uma pessoa orgulhosa ou soberba. Ele só ouve a oração dos humildes. A parábola do fariseu e do publicano mostra claramente a quem Deus vai responder.

O lema da igreja galesa em 1904 e 1905 era: “Dobre a igreja e salve o mundo“. A igreja galesa se dobrou diante de Deus, e foi “dobrada” ou quebrantada por ele. Em pouco tempo o mundo inteiro estava sentindo os efeitos. Todo avivamento na história começou com humilhação e arrependimento por parte dos filhos de Deus.

Há um outro aspecto nesta passagem do Apocalipse. Em volta do trono, há vinte e quatro assentos, ou tronos menores, onde se assentam vinte e quatro anciãos com coroas nas cabeças. O que significa uma coroa? Representa autoridade e direitos. E o que estes anciãos estão fazendo vez após vez? Tiram as coroas das cabeças e as colocam aos pés daquele que se assenta no grande trono. Abdicam-se dos seus direitos e os entregam a um outro.

Não temos direitos. Nos países democráticos fala-se muito dos direitos de cidadãos, e podemos dar graças a Deus por estes direitos. Mas nas coisas do espírito, entregamos nossos direitos a outro. Fomos comprados por um preço, o preço do sangue do Filho de Deus.

Aprendemos a reivindicar nossos direitos e o fazemos na igreja também. “Posso fazer isto com meu corpo”; “Tenho controle sobre minhas decisões”. Não é verdade. Nosso corpo é templo do Espírito Santo. Como crente não tenho mais direitos.

São estas coisas que dividem a igreja, a família, a comunidade. Dividem equipes, ministérios, cooperadores.Cada um quer seguir sua tendência, seu gosto, sua preferência. Cada um tem direito de escolher a igreja que corresponde melhor ao seu gosto de música, de pregação, de estilo.

A adoração encontra sua consumação na entrega dos nossos corpos, de toda nossa vida, em serviço àquele que estamos adorando. A adoração não termina no culto. Saímos do culto para adorá-lo em serviço.

No Novo Testamento servir e adorar são sinônimos, pode-se usar tanto um como outro. Romanos 12.2 fala do “culto racional”, que é servir a Deus e que faz parte da adoração. Você acha que oferecemos a Deus algo que realmente lhe agrada se saímos do culto sem nenhuma intenção ou entrega prática para servi-lo durante a semana?

É responsabilidade dos líderes de adoração ajudar o povo a entender o que viemos fazer nos cultos da igreja. Quando realmente formos um povo que pratica a adoração em seu sentido completo, não teremos que nos preocupar em como ganhar novos membros ou em ver novas conversões. Verdadeiros adoradores serão sal e luz no mundo em que vivem, e a vida de Deus se multiplicará.

Este lugar, ó Senhor, é o altar,
A oferta, minha vida;
Meu corpo, Senhor, entrego a Ti,
Como sacrifício vivo.
Senhor, entrego-lhe todos meus direitos,
Minha vontade, meus talentos também.
Coisa alguma quero reter para mim mesmo,
Entrego meu tudo a Ti.


Ron Owens é músico e líder de louvor, e é associado do Dr. Henry Blackaby no Escritório de Oração e Despertamento Espiritual da North American Mission Board.


Fonte: Revista Impacto


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