A Adoração

Em se Falando de Música

por: Carlos Biagi [1]

Nos últimos dias da história do mundo, torna-se cada vez mais preocupante saber em que consiste música de adoração e louvor. Muitos estão vestindo roupas do mundo nas músicas sacras. Alegam que só assim atingirão os corações, mas infelizmente não levam em conta que o próprio Deus quer cobrir com Sua glória as músicas que utilizamos para o Seu louvor. Só encontraremos harmonia na música sacra, quando executada em uníssono com as Sagradas Escrituras.

É triste termos na igreja grupos que, levantando a bandeira do ministério musical, oferecem um repertório mesclado, parte do qual não reverencia a Deus nem inspira a atmosfera dos Céus. Por outro lado, e em menor número, outros ficam presos à tradição, perdidos na forma e na regra, não passando de um louvor gélido, e tão vazio quanto ao primeiro. Sem dúvida, é imprescindível que na igreja haja o equilíbrio: haja boa música, executada e liderada por pessoas consagradas e humildes.

Biblicamente, a Palavra de Deus é representada pela espada, a afirmação da nossa fé, a expressão do nosso louvor a Deus, um ponto de referência mediante o qual influenciamos pessoas para a salvação. Entendemos ter a música enorme influência e importância no ministério evangélico.

“É um dos meios mais eficazes para impressionar o coração com as verdades espirituais. Quantas vezes à alma oprimida e pronta a desesperar, vêm à memória algumas das palavras de Deus – as de um estribilho, há muito esquecido, de um hino da infância – e as tentações perdem seu poder, a vida assume nova significação e novo propósito, e o ânimo e a alegria se comunicam a outras almas! Como parte do culto, o canto é um ato de adoração tanto como a oração. Efetivamente, muitos hinos são orações”. – Ellen G. White. Educação, pp. 166 e 167.

Alguém sabiamente escreveu: “Lembra-te da música sacra para cantares. Todos os dias cantarás e exaltarás ao Senhor, pois a verdadeira música sacra é música do Senhor teu Deus. Não cantarás músicas sacras profanas; nem tua esposa, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu empregado, nem a tua empregada, nem os teus parentes quando estiverem dentro da tua casa, que é a casa do Senhor. Porque estas músicas são meros entretenimentos, e vazias; mas a música sacra é celestial e diferente; por isso o Senhor a abençoou e santificou”.

Deus colocou influências e talentos em nossas mãos. É nosso dever apoiar e colaborar, levando sempre em conta os seguintes aspectos:

1. Seleção

Um grande número de especialistas são unânimes em nos dar informações claras sobre o que é realmente música de louvor a Deus. Destacamos dentre esses, a Sra. E. Margaret Clarkson, que afirma serem as boas músicas:[2]

  • Centralizadas em Deus, não no homem;
  • Teologicamente saudáveis;
  • Doutrinárias em seu conteúdo;
  • De linguagem clara e concisa;
  • Poéticas, revelando ordem e beleza;
  • Aquelas que conduzem na direção do Céu.

2. Liderança

Esta é uma das prerrogativas mais importantes e delicadas. O segredo está na comunhão diária e direta com Deus. Toda a sua influência deve ser canalizada de forma humilde e discreta sem perder a seriedade e com muito diálogo sem perder de vista os princípios. Valorizar eqüitativamente os instrumentistas, cantores e compositores, dando sempre uma palavra de apreço e orientação. Nunca descriminá-los em razão da diferença de talento ou preparo. Oferecer sempre oportunidades para que um número maior de pessoas participe do louvor a Deus. Promover, se possível, cursos e palestras, fornecer farto material para que todos os interessados tenham livre acesso. Manter intercâmbio, reconhecer os trabalhos de cunho espiritual e orar em prol daqueles que ainda não acordaram para a beleza da verdadeira música sacra. Enfim, se você tem a oportunidade de liderar, use sempre esse meio para servir a outros e nunca para a sua própria promoção.

3. Criação

Poucos são os que desenvolvem esse talento. Compor é sentir a presença de Deus, ver os seus desígnios e escrever os Seus desejos. Saber compor não é acompanhar as tendências culturais em busca das transformações, dos novos ritmos, harmonias ou uma nova identidade. Saber compor música sacra é deixar que Deus escreva por você, tirando do seu conhecimento e da sua efêmera capacidade letras, melodias e harmonias que existirão por uma eternidade; poderosa o suficiente para levar qualquer mortal à presença de Deus, inspirando segurança, repouso, conforto, luz, alegria, esperança e fé.

4. Incentivo

Você que lidera outras áreas e que infelizmente desconhece a área da música, pode às vezes chocar-se com os trabalhos daqueles que dão o seu máximo, na tentativa de tornar a música sacra à atmosfera do Céu, onde for executada. Por favor, antes de tudo, ore por eles; procure apóia-los e entendê-los.

Deus deu à Igreja a felicidade de ter um rico celeiro de talentos. Quando planejar uma semana de oração, uma campanha evangelística, etc., por mais simples que seja, convide um compositor para fazer a música oficial e leve todos os cantores de que dispuser. Procure pelo seu gesto mostrar que não é por obrigação que eles estão sendo envolvidos, mas pelo prazer de juntos louvar a Deus e testemunhar a outros. Com paciência e perseverança, reserve tempo para estimular os membros da igreja na formação de um grande coral. Crie situações e oportunidades para que o músico participe. Reconheça sempre o trabalho dele, estimulando e apreciando quando merecer. Há grandes bênçãos quando lideres e músicos se unem em torno do mesmo alvo.

Conclusão

“A música forma uma parte do culto de Deus nas cortes do alto. Devemos esforçar-nos em nossos cânticos de louvor, por aproximar-nos o mais possível da harmonia dos coros celestes”. – Ellen G. White. Signs of the Times, 22/06/1882.

“Todo o serviço deve ser efetuado com solenidade e reverência, como se fora feito na presença pessoal de Deus.” – Ellen G. White. Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 195.

No ministério musical e em todos os outros setores, Deus quer uma igreja atuante, forte, viva e eficaz; um povo que cante com o coração, diferente do mundo e suas implicações. Somos chamados a testemunhar de Deus e cantar do Seu amor. Que sejamos exclusivamente vasos do Seu manuseio!


Notas:

[1] O espaço virtual Música Sacra e Adoração agradece à Loide Simon por esta contribuição.

[2] Para o leitor interessado pelo tema, o espaço virtual Música Sacra e Adoração oferece três seções especiais sobre a visão bíbica acerca do uso da música no culto a Deus. As seções estão localizadas nesta página. Especificamente, este espaço virtual disponibiliza um artigo escrito pela Sra. Edith Margaret Clarkson, Quando o Hino é “Próprio”?


Fonte:Revista Adventista, Março, 1992, pp. 10-11.

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