A Adoração

Bases Bíblicas Para Uma Teologia de Música e Adoração

por: Levi de Paula Tavares

Antes de começarmos a discorrer sobre o assunto propriamente dito, devemos esclarecer que é muito comum haver uma certa confusão entre música e letra. É normal a pessoa fazer uma análise de valor de uma canção apenas pela análise da letra, porque este é o componente mais objetivo do conjunto. Mas entendemos que letra é uma coisa, música é outra. E por “música” estamos falando do fenômeno sonoro, composto de Melodia, Harmonia e Ritmo. Assim, a música é o meio pelo qual a mensagem da letra alcança o ouvinte.

Portanto, para definirmos se uma canção é apropriada ou não para a adoração, não basta analisarmos se a letra é teologicamente correta, uma vez que cremos firmemente que a música causa uma influência por si mesma sobre o ouvinte (como bem sabem os responsáveis por trilhas sonoras de filmes) e, assim sendo, para ser apropriada para a adoração, esta música deve ser pautada pelos princípios gerais que orientam a adoração.

Uma boa letra não santifica a música que lhe serve de veículo. Pelo contrário, sendo a canção um todo, qualquer uma das duas que esteja em desacordo com os princípios bíblicos irá contaminar a outra e a adoração assim ofertada será falsa. Nada que seja profano deve ser apresentado na adoração a um Deus santo. “Não profanareis o meu santo nome, e serei santificado no meio dos filhos de Israel. Eu sou o Senhor que vos santifico” (Levítico 22:32) Ambas, tanto a letra quanto a música devem ser “sacras”, ou ambas estarão impróprias para a adoração.

Isto posto, devemos esclarecer que não existem textos bíblicos dizendo que não podemos usar rock, assim como não existem textos que digam que modelo de carro devemos comprar ou quantos centímetros deve ter o cabelo das mulheres, ou de que cor devemos pintar a igreja. Mas isto não quer dizer que somos deixados sem uma direção neste sentido. A Bíblia apresenta princípios, que devem ser aplicados ao contexto em que vivemos, contexto este que envolve a cultura, as tradições, a história, etc…. Assim, o princípio da modéstia cristã no vestuário gerará resultados diferentes em culturas diferentes, mas, se estes princípios forem aplicados sob a orientação do Espírito Santo, buscando com humildade fazer a vontade de Deus, estes resultados nunca estarão desonrando a Deus nem causando escândalo ao Seu nome. Da mesma forma, temos princípios que podem e devem ser aplicados à música utilizada na adoração e são estes princípios que pretendemos analisar neste artigo.

Adorar é ofertar a quem é o legítimo doador de todas as coisas. A esse Deus benevolente deve se oferecer o melhor sacrifício de louvor (veja Hebreus 13:15-16), sem esquivar-se ao valor (veja II Samuel 24:20-24).

Seria um engano, ingênuo ou consciente, acharmos que toda e qualquer expressão de adoração que parte do homem é verdadeira. O homem possui um coração enganoso e uma mente limitada (Jeremias 17:9; Isaías 55:8-9). Essas duas coisas produzem um erro que não é percebido facilmente pelo homem, especialmente quando a maioria ao seu redor está envolvida no erro (II Timóteo 3:1-5; II Timóteo 4:3-4).

Não é sábio colocarmos a nossa base de sustentação naquilo que é enganoso e limitado. Devemos usar o que é firme e eterno. Só a Bíblia é a base firme para estipular o que é a adoração verdadeira. Se a Bíblia é a nossa base “mui firme” (II Pedro 1:19; Hebreus 4:12); se ela é a nossa única regra de fé e prática, então tudo o que não concorda com ela tem que ser julgado falso (Isaías 8:20).

Conta-se a história de um homem que, durante uma campanha eleitoral, leu em um adesivo de pára-choque o seguinte: “Já tomei minha decisão. Por favor, não me confundam com os fatos”. Esta história nos faz lembrar do debate atual sobre o uso da música popular para adoração ou evangelismo. Muitos cristãos têm opiniões fortes a favor ou contra o uso de tal música. Como cristãos, não podemos fechar nossas mentes na procura por verdades bíblicas, porque somos chamados a crescer em “graça e conhecimento” (II Pedro 3:18). Às vezes pensamos que sabemos tudo o que a Bíblia ensina sobre certa doutrina, mas quando começamos a investigar o assunto, logo descobrimos quão pouco sabemos.

A importância da música na Bíblia é indicada pelo fato de que as atividades criadoras e redentoras de Deus foram acompanhadas e celebradas por música. Na criação a Bíblia nos diz “quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus” (Jó 38:7). Na encarnação, o coro celestial cantou: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre homens, a quem ele quer bem!” (Lucas 2:14). Na consumação final da redenção, a grande multidão dos remidos cantará: “Aleluia! porque já reina o Senhor nosso Deus, o Todo-Poderoso.” (Apocalipse 19:6).

No capítulo 148 do livro de Salmos, toda a natureza é convidada a elevar louvores ao seu Criador:

1 Louvai ao Senhor! Louvai ao Senhor desde o céu, louvai-o nas alturas!
2 Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todas as suas hostes!
3 Louvai-o, sol e lua; louvai-o, todas as estrelas luzentes!
4 Louvai-o, céus dos céus, e as águas que estão sobre os céus!
5 Louvem eles o nome do Senhor; pois ele deu ordem, e logo foram criados.
6 Também ele os estabeleceu para todo sempre; e lhes fixou um limite que nenhum deles ultrapassará.
7 Louvai ao Senhor desde a terra, vós, monstros marinhos e todos os abismos;
8 fogo e saraiva, neve e vapor; vento tempestuoso que escuta a sua palavra;
9 montes e todos os outeiros; árvores frutíferas e todos os cedros;
10 feras e todo o gado; répteis e aves voadoras;
11 reis da terra e todos os povos; príncipes e todos os juízes da terra;
12 mancebos e donzelas; velhos e crianças!
13 Louvem eles o nome do Senhor, pois só o seu nome é excelso; a sua glória é acima da terra e do céu.
14 Ele também exalta o poder do seu povo, o louvor de todos os seus santos, dos filhos de Israel, um povo que lhe é chegado. Louvai ao Senhor!

Mais maravilhoso que toda a natureza cantando é o convite que é estendido aos seres humanos para cantarem. “Vinde, cantemos ao Senhor, com júbilo, celebremos o Rochedo da nossa salvação.” (Salmos 95:1). “Salmodiai ao Senhor, vós que sois seus santos, e dai graças ao seu santo nome.” (Salmos 30:4) “Oh! que os homens exaltem a Deus por sua bondade, e pelos trabalhos maravilhosos para os filhos dos homens.” (Salmos 107:8). Deus e o louvor de Seu povo estão tão entrelaçados que o próprio Deus é identificado como “meu cântico”: “O Senhor é a minha força e o meu cântico” (Êxodo 15:2).

Mas a Bíblia menciona, especificamente, que o cântico deveria ser dirigido a Deus. Seu propósito nunca é a satisfação pessoal, mas para a glorificação de Deus.

Então cantaram Moisés e os filhos de Israel este cântico ao Senhor, dizendo: Cantarei ao Senhor, porque gloriosamente triunfou; lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro.” (Êxodo 15:1)

E Miriã lhes respondia: Cantai ao Senhor, porque gloriosamente triunfou; lançou no mar o cavalo com o seu cavaleiro.” (Êxodo 15:21)

Louvai ao Senhor, invocai o seu nome; fazei conhecidos entre os povos os seus feitos. Cantai-lhe, salmodiai-lhe, falai de todas as suas obras maravilhosas. Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração dos que buscam ao Senhor. Buscai ao Senhor e a sua força; buscai a sua face continuamente.” (I Crônicas 16:8-11)

Regozijai-vos no Senhor, vós justos, pois aos retos fica bem o louvor. Louvai ao Senhor com harpa, cantai-lhe louvores com saltério de dez cordas. Cantai-lhe um cântico novo; tocai bem e com júbilo.” (Salmos 33:1-3)

Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, todos os moradores da terra. Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome; anunciai de dia em dia a sua salvação.” (Salmos 96:1-2)

Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os habitantes da terra; dai brados de alegria, regozijai-vos, e cantai louvores. Louvai ao Senhor com a harpa; com a harpa e a voz de canto. Com trombetas, e ao som de buzinas, exultai diante do Rei, o Senhor.” (Salmos 98:4-6)

Louvai ao Senhor. Louvai ao Senhor, porque ele é bom; porque a sua benignidade dura para sempre.” (Salmos 106:1)

Louvai ao Senhor. Louvai, servos do Senhor, louvai o nome do Senhor. Bendito seja o nome do Senhor, desde agora e para sempre. Desde o nascimento do sol até o seu ocaso, há de ser louvado o nome do Senhor.” (Salmos 113:1-3)

Louvai ao Senhor todas as nações, exaltai-o todos os povos. Porque a sua benignidade é grande para conosco, e a verdade do Senhor dura para sempre. Louvai ao Senhor.” (Salmos 117)

Louvai ao Senhor. Louvai o nome do Senhor; louvai-o, servos do Senhor, vós que assistis na casa do Senhor, nos átrios da casa do nosso Deus. Louvai ao Senhor, porque o Senhor é bom; cantai louvores ao seu nome, porque ele é bondoso.” (Salmos 135:1-3)

Louvai ao Senhor. Ó minha alma, louva ao Senhor. Louvarei ao Senhor durante a minha vida; cantarei louvores ao meu Deus enquanto viver.” (Salmos 146:1-2)

Louvai ao Senhor! Cantai ao Senhor um cântico novo, e o seu louvor na assembléia dos santos!” (Salmos 149:1)

Cantai ao Senhor; porque fez coisas grandiosas; saiba-se isso em toda a terra. Exulta e canta de gozo, ó habitante de Sião; porque grande é o Santo de Israel no meio de ti.” (Isaías 12:5-6)

E ainda: Louvai ao Senhor, todos os gentios, e louvem-no, todos os povos.” (Romanos 5:1)

falando entre vós em salmos, hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração,” (Efésios 5:19)

Cantar, na Bíblia, não é limitado à experiência da adoração, mas se estende à totalidade da existência de uma pessoa. Crentes que vivem em paz com Deus têm uma canção constante em seus corações, embora esse cântico talvez nem sempre seja vocalizado. É por isso que o salmista diz: “Louvarei ao Senhor durante a minha vida; cantarei louvores ao meu Deus, enquanto eu viver“. (Salmos 146:2); ” Cantarei ao Senhor enquanto eu viver; cantarei louvores ao meu Deus enquanto eu existir.” (Salmos 104:33). Em Apocalipse os que saíram da grande tribulação são vistos em pé diante do trono de Deus, enquanto cantam um novo cântico que diz: “Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação“. (Apocalipse 7:10). Cantar louvores a Deus é uma experiência que começa nesta vida e continuará no mundo por vir.

É interessante notarmos que, biblicamente, a música não é apenas uma dádiva de gratidão do homem para Deus, é também um dom de Deus. Exaltando a Deus por sua libertação, Davi disse: “E me pôs nos lábios um novo cântico, um hino de louvor ao nosso Deus” (Salmos 40:3).

A música é um presente de Deus à família humana, parte de sua criação, parte de um todo ” que era muito bom” (Gênesis 1:31) criado por Deus no principio. O grande Artista divino fez os homens à sua imagem, com gosto pela beleza, e com suficiente criatividade e capacidade estética para expressá-la e desfrutá-la (Gênesis 1:27, 28). Deus é a grande gênese da música. Por um tempo Lúcifer foi apenas seu diretor do coro, até que pôs em dúvida a dignidade do único objeto do louvor celestial (Isaías 14:12-14). Neste contexto o homem, como mordomo do Criador, é responsável por usar, preservar e desenvolver o dom da criatividade, e da expressão musical. Podemos ter diferenças de estilo ou tipos de música, mas nenhum cristão que busca agradar a Deus se oporá à música em si, porque ela faz parte da provisão da graça de Deus para a família humana.

Isaías 6:1-8 tem um relato que é freqüentemente citado nos estudos sobre a adoração. Aqui nos defrontamos com um completo esquema litúrgico, e não é exagero afirmar que, depois das instruções levíticas do Pentateuco, Isaías 6 talvez seja o mais importante texto sobre adoração das Escrituras hebraicas. Observemos e analisemos o seu conteúdo:

“1 No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as orlas do seu manto enchiam o templo.
2 Ao seu redor havia serafins; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto, e com duas cobria os pés e com duas voava.
3 E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; a terra toda está cheia da sua glória.
4 E as bases dos limiares moveram-se à voz do que clamava, e a casa se enchia de fumaça.
5 Então disse eu: Ai de mim! pois estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio dum povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos!
6 Então voou para mim um dos serafins, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz;
7 e com a brasa tocou-me a boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado o teu pecado.
8 Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.”

Versos 1-4 – Visão da Majestade Divina – A verdadeira adoração envolve essa percepção da transcendência de Deus. Sua glória e seus atributos são exaltados. É o aspecto contemplativo do culto, em que nossa mente e coração são conduzidos pela leitura da Palavra, cânticos e orações a uma visualização espiritual da pessoa de nosso Criador, Redentor e Juiz. Trata-se sempre de uma experiência de santo deslumbramento diante da beleza e perfeição do Senhor. Reuniões “cristãs” que não produzem esse senso de contato com o Grande e Soberano Deus podem ser chamadas por vários nomes, menos de “cultos”. Cultuar envolve sempre calar-se quebrantado diante daquele que nos elegeu e salvou, de forma incompreensível.

Verso 5 – Visão de nossa própria finitude e pecaminosidade – Cultuar implica em reconhecer o quanto somos pequenos e impuros, carentes do Deus Santo. A Igreja Antiga denomina esse momento do culto de Sanctus. É quando nos dobramos em lamentação porque somos pecadores, porque somos inerentemente poluídos com a corrupção, e entristecemos diariamente ao Espírito Santo que habita em nós. É então que gememos suplicando por misericórdia, anelando pelo dia de nossa redenção, quando seremos plenamente libertos do pecado.

Versos 6-7 – Confissão e recebimento de perdão – No culto Deus age em nosso favor, e ministra a nós conforme a nossa necessidade. Sempre recebemos algo de Deus, ao nos prostrarmos diante dele em adoração autêntica. Assim sendo, apesar de enfatizarmos o culto teocêntrico, temos de reconhecer que as necessidade humanas são atendidas, dentro do princípio de Salmos 37:4 e Mateus 6:33: buscando primeiro a Deus, somos abençoados naquilo que precisamos, segundo a sua soberania.

Verso 8 – Consagração – Pode-se dividir este verso em duas partes: A exortação divina e a aceitação por parte do adorador. A consagração sempre envolverá ação. Quem cultua de verdade, está disposto a ouvir o chamado divino, dispondo-se para obedecê-lo com amor e alegria.

Caberia aqui um pequeno intervalo nas nossas considerações para fazermos uma sinopse do que foi dito até agora e meditarmos: Qual tipo de música é apropriado para esta seqüência litúrgica? Parece ser evidente que nestas quatro áreas que acabamos de analisar caberiam quatro tipos diversos de música, porque os momentos pessoais do adorador são completamente diferentes em cada etapa. Existem momentos mais recolhidos e momentos mais expansivos, e a música deve acompanhar e enriquecer estas diferentes experiências espirituais. Mas, como vimos nos textos bíblicos anteriores, estas música diversas sempre estariam voltadas para Deus, nunca para o homem. Também já vimos que a adoração pode ser falsificada, adulterada pelos nossos gostos não santificados e nossa natureza carnal (I Coríntios 2:14-15). Cabe, portanto nos colocarmos humildemente nas mãos do Espírito Santo para que Ele nos guie na verdadeira adoração.

O “Novo Cântico” da Bíblia

Nove vezes a Bíblia fala em cantar “um novo cântico”. Sete vezes essa frase ocorre no Velho Testamento (Salmos 33:3; 40:3; 96:1; 98:1; 144:9; 149:1; Isaías 42:10) e duas vezes no Novo Testamento (Apocalipse 5:9; 14:2-3). Muitos crentes sinceros defendem a ideia que a música religiosa popular contemporânea é o cumprimento profético do “novo cântico” bíblico, porque as canções populares têm letras e melodias “novas”.

Porém, um estudo do “novo cântico” na Bíblia, revela que essa frase não se refere a uma composição nova, mas a uma nova experiência, que possível louvar a Deus com um novo significado. O “novo cântico” na Bíblia não está associado a letras mais simples ou música mais rítmica, mas com a uma experiência sem igual de libertação divina. A palavra grega traduzida por “novo” é kainos, que significa novo em qualidade e não em tempo. O significado cronológico da expressão é dado pela palavra grega neos.

Somente a pessoa que experimentou o poder transformador da graça de Deus pode cantar um cântico novo. É digno de nota que a famosa exortação de Paulo em Colossenses 3:16 “louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais” é precedida pelo seu apelo: “uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Colossenses 3:9-10). O “novo cântico” celebra a vitória sobre a velha vida e as velhas canções; ao mesmo tempo, expressa gratidão pela vida nova em Cristo experimentada pelos crentes.

A Música no Templo

Muitos dos envolvidos no ministério da música contemporânea apelam para os diferentes estilos de música do Velho Testamento para “fazerem do jeito deles”. Eles acreditam que a música produzida por instrumentos de percussão e acompanhados por dança eram comuns nos serviços religiosos. Por conseguinte, defendem que alguns estilos de música rock e danças são apropriados para os cultos na igreja hoje.

Um estudo cuidadoso da função da música do Velho Testamento revela o contrário. Por exemplo, no Templo os músicos pertenciam a um clero profissional, só tocando em ocasiões restritas e especiais, e usavam alguns poucos instrumentos musicais específicos. A transição de uma vida insegura, nômade no deserto para um estilo de vida permanente na Palestina sob a monarquia, proveu a oportunidade para se desenvolver um ministério de música que satisfizesse as necessidades da congregação adoradora no Templo. Antes desta época as referências sobre música estavam principalmente com as mulheres que cantavam e dançavam ao celebrarem eventos especiais. Com o estabelecimento por Davi de um ministério de música profissional pelos Levitas, a produção musical ficou restrita aos homens.

Os livros de Crônicas descrevem com detalhes consideráveis como Davi organizou o ministério musical dos Levitas. De acordo com o primeiro livro de Crônicas, Davi organizou esse ministério em três estágios. Primeiro, ele ordenou aos chefes das famílias levíticas que designassem uma orquestra e um coro para acompanharem o transporte da arca até a tenda em Jerusalém (I Crônicas 15:16-24).

O segundo estágio aconteceria depois que a arca tivesse sido colocada em segurança na tenda em seu palácio (I Crônicas 15:1-3). Davi organizou a apresentação regular de música coral na hora das ofertas queimadas com os corais posicionados em dois locais diferentes (I Crônicas 16:4-6, 37-42). Um coro se apresentava sob a liderança de Asafe diante da arca em Jerusalém (I Crônicas 16:37), e o outro sob a liderança de Hemã e Jedutun diante do altar em Gibeão (I Crônicas 16:39-42).

O terceiro estágio da organização do ministério de música por Davi, aconteceu no final de seu reinado quando ele planejou o serviço musical elaborado que seria realizado no templo que Salomão construiria (I Crônicas 23:2 a 26:32). Davi fundou um conjunto com 4.000 Levitas como artistas em potencial (I Crônicas 15:16; 23:5). Deste grupo ele formou um coro levítico profissional com 288 componentes. O próprio Davi se envolveu juntamente com seus oficiais na escolha de vinte e quatro líderes das turmas, cada uma tendo doze músicos num total de 288 (I Crônicas 25:1-7). Estes, por sua vez, seriam os responsáveis pela seleção do restante dos músicos.

O ministério de música no templo foi próspero por várias razões, as quais são pertinentes para a música da igreja hoje. Primeiro, os músicos levitas eram maduros e musicalmente treinados. Lemos em I Crônicas 15:22 que “Quenanias, o chefe dos levitas, ficou encarregado dos cânticos; essa era sua responsabilidade, pois ele tinha competência para isso.” (NVI). Ele se tornou o líder da música porque era um músico hábil e capaz de instruir a outros. O conceito de habilidade musical é mencionado várias vezes na Bíblia (I Samuel 16:18; I Crônicas 25:7; II Crônicas 34:12; Salmos 137:5). Paulo também faz menção a isto quando disse: “cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento” (I Coríntios 14:15, NVI).

Segundo, o ministério da música no templo teve êxito porque seus músicos eram espiritualmente preparados. Eles foram separados e ordenados para esse ministério como o foram os outros sacerdotes. Falando aos líderes dos músicos levitas, Davi disse: “santificai-vos, vós e vossos irmãos. . . Santificaram-se, pois, os sacerdotes e levitas” (I Crônicas 15:12, 14). Foi entregue aos músicos levitas o sagrado encargo de ministrarem, continuamente, diante do Senhor (I Crônicas 16:37).

Terceiro, os músicos levitas eram trabalhadores em tempo integral. I Crônicas 9:33 declara: “Quanto aos cantores, chefes das famílias entre os levitas, estavam alojados nas câmaras do templo e eram isentos de outros serviços; porque, de dia e de noite, estavam ocupados no seu mister“. Aparentemente o ministério musical dos levitas requeria uma preparação considerável, porque lemos que “Davi deixou ali diante da arca da Aliança do Senhor a Asafe e a seus irmãos, para ministrarem continuamente perante ela, segundo se ordenara para cada dia; ” (I Crônicas 16:37). A lição bíblica é que os ministros da música deviam estar dispostos a trabalhar diligentemente no preparo da música necessária para o culto de adoração.

Finalmente, os músicos levitas não eram artistas cantores convidados para entreter as pessoas no templo. Eles eram os ministros da música. “São estes os que Davi constituiu para dirigir o canto na Casa do Senhor, depois que a arca teve repouso. Ministravam diante do tabernáculo da tenda da congregação com cânticos“. (I Crônicas 6:31-32). Através de seu serviço musical os levitas “ministravam” ao povo. Outros cinco trechos no Velho Testamento nos dizem que os levitas ministravam ao povo por sua música (I Crônicas 16:4, 37; II Crônicas 8:14; 23:6; 31:2).

O ministério dos músicos levitas está bem definido em I Crônicas 16:4: “Designou dentre os levitas os que haviam de ministrar diante da arca do Senhor, e celebrar, e louvar, e exaltar o Senhor, Deus de Israel“. Os três verbos usados neste texto – “celebrar”, “louvar”, e “exaltar” – sugerem que o ministério da música era uma parte vital na experiência de adoração do povo de Deus.

Uma indicação da importância do ministério da música pode ser vista no fato de que os músicos levitas eram pagos com os mesmo dízimos que eram dados para o sustento do sacerdócio (Números 18:24-26; Neemias 12:44-47; 13:5, 10-12). O princípio bíblico é que o trabalho do ministro da música não deveria ser “uma obra por amor”, mas sim um ministério apoiado pela renda do dízimo da igreja. É razoável supor, porém, que, se uma pessoa leiga se oferece para ajudar no programa musical de uma igreja, tal serviço não precisa ser remunerado, uma vez que tal serviço é voluntário e não é em tempo integral.

Davi não instituiu apenas o tempo, o lugar, e as palavras para a apresentação do coro levítico, mas ele também “fez” os instrumentos musicais para serem usados no seu ministério (I Crônicas 23:5; II Crônicas 7:6). É por isso que eles são chamados “os instrumentos de Davi” (II Crônicas 29:26-27).

Além das trombetas que o Senhor tinha ordenado por Moisés, Davi acrescentou címbalos, alaúdes, e harpas (I Crônicas 15:16; 16:5-6). A importância desta combinação de instrumentos como sendo uma ordem divina é indicada pelo fato de que esta combinação foi respeitada por muitos séculos, até a destruição do Templo. Por exemplo, em 715 A.C., o rei Ezequias “estabeleceu os levitas na Casa do Senhor com címbalos, alaúdes e harpas, segundo mandado de Davi e de Gade, o vidente do rei, e do profeta Natã; porque este mandado veio do Senhor, por intermédio de seus profetas” (II Crônicas 29:25).

Os címbalos eram constituídos por dois pratos de metal com suas beiras dobradas, medindo, aproximadamente, 27 a 42 centímetros de largura. Quando golpeados verticalmente em conjunto, eles produziam um toque, como um tinido. Alguns apelam para o uso dos címbalos para argumentar que a música do templo tinha uma batida rítmica como a música rock de hoje, e, por conseguinte, a Bíblia não proíbe instrumentos de percussão e música rock na igreja hoje. Tal argumento ignora o fato de que, como explica Kleinig (John W. Kleining, The Lord’s Song: The Basis, Function and Significance of Choral Music in Chronicles (Sheffield, England, 1993)p. 82-83), “os címbalos não eram usados pelo cantor-mor na condução do cântico, batendo o ritmo da música, mas sim para anunciar o começo de uma estrofe ou de um cântico. Uma vez que eles eram usados para introduzir o cântico, eram brandidos pelo líder do coro em ocasiões ordinárias (I Crônicas 16:5) ou pelos três líderes dos grupos em ocasiões extraordinárias (I Crônicas 15:19)”.

De modo semelhante, Curt Sachs (Curt Sachs, Rhythm and Tempo (Nova York, 1953), p. 79) explica que “A música no templo incluía címbalos, e o leitor moderno poderia concluir que a presença de instrumentos de percussão indicaria ritmos precisos. Mas há pouca dúvida de que os címbalos, como em qualquer outro lugar, marcavam o fim de uma linha e não o ritmo dentro de um verso… Não parece existir uma palavra para ritmo no idioma hebraico”.

O terceiro grupo de instrumentos musicais era composto por dois instrumentos de corda, os alaúdes e as harpas que eram chamados “instrumentos de música” (II Crônicas 5:13) ou “os instrumentos para os cânticos de Deus” (I Crônicas 16:42). Como indicado por seu nome descritivo, sua função era acompanhar os cânticos de louvor e ação de graças ao Senhor (I Crônicas 23:5; II Crônicas 5:13). Os músicos que tocavam as harpas e os alaúdes, eles próprios cantavam os cânticos, acompanhando a si mesmos (I Crônicas 9:33; 15:16, 19, 27; II Crônicas 5:12-13; 20:21). Grande cuidado era tomado para se assegurar que o louvor vocal do coro levítico não fosse eclipsado pelo som dos instrumentos.

Alguns estudiosos argumentam que instrumentos como tambores, tamboril (que era um pandeiro), flautas, e o dúlcimer, foram banidos do Templo, porque estavam associados à adoração e à cultura pagãs, ou porque eles eram tocados, costumeiramente, por mulheres, para o entretenimento. Este bem poderia ser o caso, mas isso apenas mostra que havia uma distinção entre a música sacra, tocada dentro do Templo e a música secular tocada do lado de fora.

Uma restrição foi colocada aos instrumentos musicais e às expressões artísticas usadas na Casa de Deus. Deus proibiu vários instrumentos, os quais eram permitidos fora do templo nas festividades nacionais e no prazer social. A razão não é que certos instrumentos de percussão fossem maus em si mesmos. Os sons produzidos por quaisquer instrumentos musicais são neutros, como uma letra do alfabeto. Em vez disso, a razão é que estes instrumentos eram comumente usados para produzir música de entretenimento, a qual era imprópria para a adoração na Casa de Deus. Através da proibição desses instrumentos e de estilos de música, como a dança, associados ao entretenimento secular, o Senhor ensinou ao Seu povo uma distinção clara entre a música sacra, tocada no templo, e a música secular, de entretenimento, usada na vida social.

A restrição no uso desses instrumentos deveria ser uma regra válida para as futuras gerações. Quando o Rei Ezequias reavivou a adoração do Templo em 715 A.C., ele seguiu meticulosamente as instruções dadas por Davi. Nós lemos que o rei “estabeleceu os levitas na Casa do Senhor com címbalos, alaúdes e harpas, segundo mandado de Davi. . . porque este mandado veio do Senhor, por intermédio de seus profetas“. (II Crônicas 29:25).

Dois séculos e meio mais tarde quando o Templo foi reconstruído sob a liderança de Esdras e Neemias, a mesma restrição foi aplicada novamente. Nenhum instrumento de percussão foi permitido para acompanhar o coro levítico ou tocar como uma orquestra no Templo (Esdras 3:10; Neemias 12:27, 36). Isto confirma que a regra era clara e válida por muitos séculos. O canto e a música instrumental no templo deveriam diferir daquela usada na vida social do povo.

A lição para nós hoje é evidente. A música na igreja deveria diferir da música secular, porque a igreja, como o antigo Templo, é a Casa de Deus na qual nos reunimos para adorar ao Senhor e não para sermos entretidos. Percussão instrumental, que estimula fisicamente as pessoas com uma batida alta e constante, é tão imprópria para a música na igreja de hoje quanto foi para a música do Templo no antigo Israel.

A Música no Novo Testamento

Ao tentarmos analisar a música no Novo Testamento, deparamos com uma absoluta falta de informações a respeito do tema. O Novo Testamento faz silêncio sobre qualquer cargo “musical” na igreja. Com exceção do livro do Apocalipse, no qual a música faz parte de um rico drama escatológico, apenas uma dúzia de passagens se refere à música.

Das doze referências à música no Novo Testamento, cinco se referem a ela metaforicamente (Mateus 6:2; 11:17; Lucas 7:32; I Coríntios 13:1; 14:7-8) e, por conseguinte, não são relevantes ao nosso estudo. As sete restantes derramam luz importante, especialmente quando são vistas dentro do contexto mais abrangente da adoração na sinagoga, a qual era conhecida e praticada pelos cristãos.

São encontradas quatro referências à música nos Evangelhos. Duas mencionam música instrumental e dança em conjunção com o luto pela morte de uma menina (Mateus 9:23) e com a celebração no retorno do Filho Pródigo (Lucas 15:25). Duas passagens são paralelas e mencionam Cristo cantando um hino com os Seus discípulos no final da Última Ceia (Mateus 26:30; Marcos 14:26). Muito provavelmente esta era a segunda porção do Aleluia judaico, cantado na conclusão da Páscoa. Consistia dos Salmos 113 a 118.

Um texto se refere a Paulo e Silas que cantavam enquanto estavam em prisão (Atos 16:25). Não temos como saber se eles cantaram salmos ou hinos cristãos compostos recentemente. Os exemplos acima nos falam que a música acompanhava várias atividades na vida social e religiosa do povo, mas não nos informam sobre o papel da música na igreja.

São encontradas poucas instruções relativas à música para a igreja nas Epístolas. Tiago afirma que, se uma pessoa está alegre, “Cante louvores”. (Tiago 5:13). A implicação é que o canto deveria brotar de em um coração alegre. Presumivelmente os cânticos de louvores não aconteceriam apenas reservadamente em casa, mas também publicamente na igreja. Outros textos sugerem que cantar hinos de louvor fosse uma característica do serviço da igreja.

Informação mais específica nos vem através de Paulo, proporcionando uma maior percepção no papel da música no serviço de adoração do Novo Testamento. No contexto de suas advertências com respeito às manifestações arrebatadoras na igreja de Corinto, Paulo pede equilíbrio na elaboração da música, aconselhando que o canto seja feito com a mente e também com o espírito: “cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento“. (I Coríntios 14:15). Aparentemente alguns cantaram em êxtase, sem que a mente tomasse parte. O cântico sem sentido é como o discurso sem sentido. Ambos desonram a Deus. Como diz Paulo: “porque Deus não é de confusão, e sim de paz“. (I Coríntios 14:33). O perigo se encontra em reduzir a emoção a sua expressão superficial: o sentimentalismo. Isto resulta em desconectar a música do conjunto da realidade cultual, de seu contexto teológico e experimental, e impor com insistência as preferências individuais.

Cantar deveria ser para a edificação espiritual e não para excitação física. Paulo diz: “Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação“. (I Coríntios 14:26). Este texto sugere que o culto na igreja era bastante informal, assim como na sinagoga. Cada um contribuía de alguma forma na experiência da adoração.

Os dois textos paulinos restantes (Efésios 5:19; Colossenses 3:16) são os mais informativos acerca da música no Novo Testamento. Paulo encoraja os efésios, “enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais“. (Efésios 5:18-19). De modo semelhante, o apóstolo aconselha os Colossenses: “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração” (Colossenses 3:16).

Ambas as passagens provêem a indicação mais antiga de como a igreja apostólica fazia diferença entre salmos, hinos e cânticos espirituais. É difícil fazer distinções firmes e rápidas entre estes termos. A maioria dos estudiosos concorda que os três termos se referem, livremente, às várias formas de composições musicais usadas no culto de adoração.

A frase “aconselhai-vos mutuamente … com salmos, e hinos, e cânticos espirituais,” sugere que o canto fosse interativo. Presumivelmente uma parte do cântico era responsiva, com a congregação respondendo ao líder do cântico. O canto devia ser feito com “gratidão” e “de todo o coração”. Através de seus cânticos, os cristãos expressavam sua gratidão incondicional “ao Senhor” por Sua maravilhosa provisão em salvá-los.

Nenhuma das referências sobre música no Novo Testamento examinadas acima faz qualquer alusão a instrumentos musicais usados pelos cristãos do Novo Testamento para acompanhar o canto. Aparentemente os cristãos seguiam a tradição da sinagoga proibindo o uso de instrumentos musicais nos cultos da igreja por causa de sua associação pagã.

Paulo entendia, indubitavelmente, que a música poderia ser um recurso efetivo para ajudar a igreja a cumprir as tremendas tarefas da evangelização dos Gentios. Ele sabia o que funcionaria para atrair as pessoas. Ele diz: “Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; ” (I Coríntios 1:22). Mas ele escolheu não usar a linguagem dos gentios ou dos judeus para proclamar o Evangelho. Por que? Porque ele queria alcançar as pessoas, não lhes dando o que elas queriam, mas pregando-lhes aquilo que elas necessitavam. “Mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus“. (I Coríntios 1:23-24).

A igreja primitiva entendia a verdade fundamental de que a adoção da música pagã, e dos instrumentos usados para produzi-la, poderiam, eventualmente, corromper a mensagem cristã, sua identidade, e seu testemunho, além de tentar as pessoas a voltar aos seus estilos de vida pagãos. Eventualmente isto foi o que aconteceu. A partir do quarto século, quando o cristianismo se tornou a religião do império, a igreja tentou alcançar os pagãos adotando algumas de suas práticas, incluindo sua música. O resultado tem sido a secularização gradual do cristianismo, num processo que continua ainda hoje. A lição da história é clara. Evangelizar as pessoas com sua linguagem secular, no final das contas resultará na secularização da própria igreja.

Separação do Mundo

A base bíblica para não misturarmos o sagrado com o profano é extensa. Deus nunca aceitou uma adoração dividida. Deus sempre se mostrou muito zeloso, não apenas na afirmação da Sua própria santidade, mas também de que Seu povo seja Santo. Estão listados abaixo alguns textos a este respeito, deixando perfeitamente claro o nosso dever de nos separarmos de tudo o que é mundano, inclusive da música de estilo mundano:

não somente para fazer separação entre o santo e o profano, e entre o imundo e o limpo, mas também para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o Senhor lhes tem dado por intermédio de Moisés.“(Levítico 10:10-11)

E sereis para mim santos; porque eu, o Senhor, sou santo, e vos separei dos povos, para serdes meus.” (Levítico 20:26)

Não profanareis o meu santo nome, e serei santificado no meio dos filhos de Israel. Eu sou o Senhor que vos santifico” (Levítico 22:32)

Porque és povo santo ao Senhor teu Deus, e o Senhor te escolheu para lhe seres o seu próprio povo, acima de todos os povos que há sobre a face da terra.” (Deuteronômio 14:2)

Agora, pois, temei ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com verdade; (…) e servi ao Senhor. Mas, se vos parece mal o servirdes ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; (…) Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.” (Josué 24:14-15)

(…) Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; mas se Baal, segui-o. (…)” (I Reis 18:21)

Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. (…)” (Mateus 6:24)

Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.” (Mateus 7:16-19)

Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos; pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? ou que comunhão tem a luz com as trevas? Que harmonia há entre Cristo e Belial? ou que parte tem o crente com o incrédulo? E que consenso tem o santuário de Deus com ídolos? Pois nós somos santuário de Deus vivo, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Pelo que, saí vós do meio deles e separai-vos, diz o Senhor; e não toqueis coisa imunda, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso. Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo.” (II Coríntios 6:14-20)

ensinando-nos, para que, renunciando à impiedade e às paixões mundanas, vivamos no presente mundo sóbria, e justa, e piamente” (Tito 2:12)

Porque se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados,” (Hebreus 10:26)

A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: (…) guardar-se isento da corrupção do mundo.” (Tiago 1:27)

Porventura a fonte deita da mesma abertura água doce e água amargosa? Meus irmãos, pode acaso uma figueira produzir azeitonas, ou uma videira figos? Nem tampouco pode uma fonte de água salgada dar água doce.” (Tiago 3:11-12)

Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” (Tiago 4:4)

Como filhos obedientes, não vos conformeis às concupiscências que antes tínheis na vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso procedimento; porquanto está escrito: Sereis santos, porque eu sou santo.” (I Pedro 1:14-16)

Filhinhos, vós sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo. Eles são do mundo, por isso falam como quem é do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus; quem conhece a Deus nos ouve; quem não é de Deus não nos ouve. assim é que conhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro.” (I João 4:4-6)

Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vem do Pai, mas sim do mundo. Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre.” (I João 2:15-17)

Princípios Gerais

A Bíblia, como dissemos a princípio, fornece princípios gerais, que devem ser aplicados ao contexto em que vivemos. Esta aplicação não pode ser feita com base no nosso gosto pessoal, porque, como vimos, o homem possui um coração enganoso e uma mente limitada (Jeremias 17:9; Isaías 55:8-9). A este respeito, disse Jesus: ” Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 7:21). Apenas o coração transformado, guiado pelo Espírito, pode tomar decisões e fazer escolhas que agradem verdadeiramente a Deus (I Coríntios 2:14; Romanos 8:7-8). Por esta razão, este assunto não pode ser considerado um assunto técnico, do ponto de vista musical, mas uma questão teológica, pois o que buscamos é fazer a vontade de Deus também neste ponto. O que é necessário é que nossa mente esteja alinhada com a mente divina, ou o nosso louvor será profano e a nossa adoração, falsa. ” Este povo honra-me com os lábios; e o seu coração, porém, está longe de mim” (Mateus 15:8), disse Jesus, referindo-se aos líderes espirituais de Seu tempo.

Seguem abaixo alguns textos bíblicos, sendo que muitos deles não são usados normalmente no contexto da Música Sacra e Adoração. Uma vez que apenas o Espírito pode nos guiar na verdade (João 16:13), gostaria de convida-lo a, antes de ler estes textos, pedir humildemente a orientação divina, para que a compreensão das verdades divinas seja perfeita. Como o nosso assunto é Teologia da Música e Adoração, estes textos devem ser lidos aplicando-se a verdade neles contida a este contexto. Devemos tentar responder, sob orientação divina, a seguinte questão: Quais estilos musicais estariam de acordo com estes princípios? Esta não é uma tarefa simples; mas se colocarmos de lado nossos gostos pessoais, nossas tendências adquiridas e permitirmos que Deus nos guie, teremos uma compreensão clara da vontade de Deus nesta área.

E vi outro anjo voando pelo meio do céu, e tinha um evangelho eterno para proclamar aos que habitam sobre a terra e a toda nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.” (Apocalipse 14:6-7)

Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus.” (I Coríntios 10:31)

E tudo quanto fizerdes, fazei-o de coração, como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que do Senhor recebereis como recompensa a herança; servi a Cristo, o Senhor.” (Colossenses 3:23-24)

Mas aquele que tem dúvidas, se come está condenado, porque o que faz não provém da fé; e tudo o que não provém da fé é pecado.” (Romanos 14:23)

mas qualquer que guarda a sua palavra, nele realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus. E nisto sabemos que estamos nele; aquele que diz estar nele, também deve andar como ele andou.” (I João 2:5-6)

Mas o que sai da boca procede do coração; e é isso o que contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas as coisas que contaminam o homem; mas o comer sem lavar as mãos, isso não o contamina.” (Mateus 15:18-20)

Guarda com toda a diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” (Provérbios 4:23)

Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo.” (I Coríntios 6:19-20)

Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; ” (I Coríntios 3:16-17)

Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.” (Filipenses 4:5)

Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar; ” (I Pedro 5:8)

Eu lhes dei a tua palavra; e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno. Eles não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade.” (João 17:14-17)

Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no Maligno. Sabemos também que já veio o Filho de Deus, e nos deu entendimento para conhecermos aquele que é verdadeiro; e nós estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.” (I João 5:19-20)

Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, seja isto que ocupe o vosso pensamento.” (Filipenses 4:8)

Se, pois, fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; porque morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” (Colossenses 3:1-3)

Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:1-2)

Depois de termos lido estes textos em oração, temos uma dura advertência da parte do próprio Cristo: ” E por que me chamais: Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu vos digo?” (Lucas 6:46)

Conclusão

Infelizmente, o debate corrente sobre o uso de música popular contemporânea na adoração ignora grandemente os pressupostos teológicos que devem guiar a experiência da adoração. Uma vez que a nossa adoração deve ser voltada somente a Deus, a teologia desta adoração não pode ser esquecida e nem mesmo diluída pelos valores culturais esposados pela sociedade mundana em que vivemos inseridos (João 17:11). Alguns líderes de música estão insistindo na adoção de rock religioso contemporâneo e outros estilos híbridos nos cultos de adoração com base no gosto pessoal e considerações culturais. Mas a música e o estilo de adoração não podem ser baseados somente em gostos subjetivos ou tendências populares. A missão profética e a mensagem da igreja deveriam ser refletidas em sua música e estilo de adoração. A resposta para a renovação da nossa adoração será encontrada, não na adoção de música popular religiosa, mas em um reexame de como nossa teologia deveria ser refletida nas várias partes do culto na igreja, inclusive na música.

Ao se aproximar o glorioso acontecimento pelo qual tanto aguardamos, a volta de nosso Senhor Jesus, temos diante der nós, como igreja, um desafio e uma urgência sem precedentes para reexaminar a base teológica para a escolha e execução de nossa música. Esperamos e oramos para que a igreja responda a este desafio, não pela aceitação sem questionamentos da música popular contemporânea, que é estranha à missão e mensagem da igreja, mas pela promoção da composição e cântico de músicas que expressem adequadamente a esperança que arde em nossos corações (I Pedro 3:15).


Bibliografia

Artigo “Base Bíblica do Culto“, sem especificação de autor.

Bacchiocchi, Samuele – “O Cristão e a Música Rock”, capítulos 6 e 7.

Faustini, João Wilson – “Música e Adoração” – Publicação Coral Religiosa “Evelina Harper” (1973) – Distribuído pela Imprensa Metodista, capítulos 2 e 3

Gardner, Calvin G. – Artigo “A Adoração Verdadeira

Hustad, Donald P. – “JUBILATE! – A Música na Igreja” – Edições Vida Nova – 1986, capítulos 1 e 2

Plenc, Daniel O. – Artigo “A Adoração e a Música na Igreja

Tags: