Histórias de Hinos

Histórias de Hinos do Hinário Adventista – Nr. 553

Há um Rio Cristalino

Letra e Música: Robert Lowry (1826-1899)

Título Original: Shall We Gather at the River?

Texto Bíblico: E mostrou-me o rio da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro. (Apocalipse 22:1)


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1. Junto ao rio cristalino,
No país do bom Senhor,
Reunidos estaremos
Com os salvos, em louvor?

Coro:
Sim, às margens desse rio,
Na mansão de glória e luz,
Com os santos cantaremos
Em louvor ao Rei Jesus!

2. Antes que daquele rio
Nos possamos abeirar,
A justiça e santidade
Cristo vai nos outorgar.

3. Nós veremos breve o rio,
Finda a peregrinação,
E louvores sempiternos
Nossos lábios cantarão.


Ira David Sankey, conhecido hinista americano, diz em seu livro My Life and the Story of the Gospel Hymns (Minha Vida e a História dos Hinos Evangélicos):

Numa tarde mormacenta, em julho de 1864, o Dr. Lowry estava assentado à sua escrivaninha em Elliott Place, Brooklyn, quando as palavras do cântico “Há um Rio Cristalino” lhe vieram à mente. Ele as escreveu rapidamente, e então sentou-se diante de seu órgão e compôs a melodia que agora é cantada em todas as Escolas Dominicais do mundo. Falando a respeito do cântico disse ele:

“É música de banda, tem movimento de marcha, e por esta razão tornou-se tão popular, mas eu mesmo não lhe dou muito valor. Apesar disso, tenho ficado comovido em várias ocasiões ao ouvi-lo. Indo de Harrisburg a Lowisburg, certa vez, eu estava em um vagão cheio de lenhadores meio bêbados. De repente, um deles começou a cantar: ‘Há um Rio Cristalino’, e eles o cantaram muitas vezes, repetindo o coro de uma forma selvagem e exuberante. Não pensei muito na música ao ouvir aqueles cantores, mas pensei que o espírito do cântico, e suas palavras tão frívolamente cantadas, poderiam ficar no coração destes homens descuidados, e influenciar-lhes a vida e finalmente elevá-los a realizar a esperança expressa no cântico.

Outro fato em relação ao cântico foi evidenciado durante o centenário de Robert Raikes. Eu estava em Londres, e havia ido em uma reunião no Old Baily para ver alguns dos mais famosos obreiros de Escolas Dominicais de todo o mundo. Estavam presentes representantes da Europa, Ásia e América; sentei-me bem atrás, sozinho. Após vários sermões feitos em diversas línguas, eu estava prestes a sair, quando o presidente da reunião anunciou que o autor do cântico “Há um Rio Cristalino” estava presente e chamou-me para frente, pelo nome. Homens aplaudiram, e senhoras abanaram seus lenços quando fui para a plataforma. Foi um tributo ao cântico, mas, eu senti, depois que tudo acabou, que havia feito algo de bom no mundo.”


Um ano após o cântico ser escrito, no Dia da Criança em Brooklin, quando as Escolas Dominicais da cidade se reuniram num grupo surpreendentemente grande, foi cantado por mais de quarenta mil vozes. Não havia criança da favela ou abrigada na missão que não o soubesse.


Uma senhora americana, que havia recebido permissão para visitar o hospital militar do Cairo logo após terem trazidos homens feridos em uma escaramuça, escreveu:

“As três horas que pudemos ficar lá foram cheias de trabalho para o coração e as mãos. Um jovem soldado de um regimento da Escócia, atraiu meu interesse especial. Ele havia perdido um membro, e o médico dissera que ele não sobreviveria àquela noite. Parei perto do seu leito para ver se havia algo que pudesse fazer por ele. Estava deitado, com os lhos fechados, e ao moverem-se seus lábios, pude ouvi-lo murmurar ‘Mamãe, Mamãe’. Mergulhei meu lenço numa bacia de água gelada e banhei-lhe a testa que ardia em febre.”

-“Oh, isto é bom:” disse ele, abrindo os olhos. Vendo-me inclinada sobre ele, tomou minha mão e a beijou. “Muito obrigado, minha senhora; isto me faz lembrar de minha mãe.”

“Perguntei-lhe se poderia escrever para sua mãe. Ele respondeu-me que não, pois o cirurgião havia prometido fazê-lo, mas pediu-me que cantasse para ele. Hesitei por um momento, e olhei ao redor. Os últimos raios de sol incidindo sobre o Nilo chamaram minha atenção e me fizeram pensar no rio como cujas correntes alegram a Cidade de Deus. Comecei a cantar baixinho: ‘Há um Rio Cristalino’. Vi cabeças erguerem-se ansiosas para ouvir melhor, e logo mais, vozes de tenor e baixo fracas e trêmulas uniram-se ao coro:

‘Sim, às margens desse rio,
Na mansão de glória e luz,
Com os santos cantaremos
Em louvor ao Rei Jesus!’

“Quando acabamos o cântico, olhei para a face do menino, pois ele não tinha mais do que vinte anos, e perguntei: ‘Você estará lá?!”

“Sim, eu estarei, pelo que o Senhor Jesus fez por mim”, respondeu ele, com seus olhos azuis brilhando, enquanto uma luz que nunca incidiu sobre mar ou terra irradiava em sua face. Lágrimas encheram meus olhos, ao pensar naquela mãe, naquele distante lar na Escócia, atenta, esperando por notícias de seu filho soldado, que estava nos últimos momentos de vida num hospital egípcio.

“Volte, minha senhora, volte” eu ouvi por todos os lados ao deixar a barraca hospital. Eu voltei, mas não encontrei mais meu menino escocês, pois ao amanhecer ele descansara.

Fonte: Histórias de Hinos e Autores – CMA – Conservatório Musical Adventista


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