A Adoração

Adoração – Parte 2

por: S. Júlio Schwantes

É tão natural a alma crente voltar-se a Deus em adoração como o é à flor abrir suas pétalas ao sol. Entretanto, pergunto, quantas vezes nos dirigimos à igreja movidos pelo desejo de adorar, e não pela mera curiosidade de ouvir o pregador favorito. Não creio que a pregação seja o elemento principal do culto. A igreja é mais do que uma escola ou sinagoga. É uma casa de oração, um santuário devotado à adoração pública. Nisto nos ensinam uma lição os católicos. Raramente perguntam pelo nome do pregador. O crente vai à igreja em primeiro lugar para ter comunhão com seu Deus, “o Alto e Sublime que habita na eternidade, e cujo nome ê santo.” Imbuído de tal espírito, para ele a reverência é uma atitude inteiramente espontânea. Não pode ser diferente.

Verdade é que as circunstâncias podem ou não favorecer uma atmosfera de reverência. Um recinto dedicado exclusivamente ao culto divino, com paredes altas, vitrais coloridos, colunas e arcadas, um órgão majestoso, já por si impõe respeito e silêncio. Nossas igrejas, infelizmente, são de construção muito humilde. A Deus devíamos oferecer o mais lindo edifício que nossos recursos alcançassem, mas geralmente esses recursos são escassos. Adicione-se a isto o fato do mesmo recinto ser usado pela Escola Sabatina com seu movimentado programa, e pela Hora Missionária e pelas Campanhas que de tempos em tempos são promovidas. Ver-se-á como as circunstâncias não favorecem uma atmosfera de reverência.

Admitindo que temos contra nós as circunstâncias, nem por isto devíamos permitir que um espírito de irreverência dominasse em nossa igreja . Ao contrário. Não só nossos corações deveriam manter ininterrupta comunhão com os céus, como também todos os nossos atos, nosso entrar e nosso sair, nosso ajoelhar e nosso levantar, nosso cantar e nosso calar, deveriam ser feitos como na presença dAquele perante cuja face toda a terra deve guardar silêncio.

No quinto volume dos Testemunhos, página 500, lemos:

“A menos que ideias corretas de verdadeiro culto e verdadeira reverência sejam incutidas no povo, haverá uma tendência crescente de colocar o sagrado e o eterno no nível do comum, e os que professam a- verdade serão uma ofensa a Deus e uma desonra à religião. Não poderão jamais com suas ideias incultas apreciar o céu puro e santo, e estar preparados para unir-se com os adoradores nas cortes celestiais, onde tudo é pureza e perfeição, onde todo ser tem perfeita reverência para com Deus e Sua santidade.”

A verdadeira reverência compreende nosso traje , nossa atitude respeitosa, nosso silêncio, o comportamento de nossos filhos, e até as críticas que soem ser tecidas sobre o sermão em casa. Ouvi ainda uma vez o Espírito de Profecia nos seguintes excertos do capítulo “Comportamento na Casa de Deus”, do Vol. 5:

“À alma humilde e crente, a casa de Deus na terra é a porta do céu. O cântico de louvor, a oração, as palavras pronunciadas pelo representante de Cristo são as agências apontadas por Deus para preparar um povo para a igreja de cima, para aquele culto mais elevado, no qual nada pode entrar que contamine. Quando os adoradores entram no lugar de culto, devem fazê-lo com decoro, dirigindo-se quietamente a seus lugares. Conversas triviais, cochichos e risadas não devem ser permitidos na casa de culto, nem antes nem depois do serviço. … Se quando o povo vem à casa de culto tem genuína reverência pelo Senhor, e guardam em mente que estão na Sua presença, haverá uma doce eloqüência no silêncio … Quando a reunião é aberta com oração todo joelho deve curvar-se na presença dAquele que é Santo, e cada coração deve ascender a Deus em silente devoção … Quando a bênção é pronunciada todos devem permanecer quietos, como que temerosos de perder a paz de Cristo … Que todos saiam sem acotovelamentos ou conversas em voz alta, sentindo que estão na presença de Deus, que Seus olhos repousam sobre eles, e que devem agir como se estivessem em Sua presença visível … Nossos presentes hábitos e costumes que desonram a Deus e rebaixam o sagrado e o celeste ao nível do comum, testificam contra nós … Por causa da irreverência na atitude, vestuário e comportamento e falta de uma disposição mental devota, Deus freqüentemente tem voltado Sua face dos que se congregam para o culto”.

Lamentando a sorte dos judeus impenitentes que se ufanavam do templo, mas não honravam o Senhor do templo, Jesus expressou Sua condenação nas seguintes palavras: “Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta”. Deus procurava verdadeiros adoradores e não os encontrou no templo de Jerusalém. Pelo que “Icabod” foi escrito em seu frontispício. Foi-se dele a glória de Deus. No frontispício de muitas igrejas de hoje tem sido escrito “Icabod“. Ouçamos a advertência dos céus, e sejamos contados entre aqueles que a Deus adoraram em espírito e em verdade. Amém.


Fonte: Revista Adventista, março de 1945, pp. 6 e 7 – Disponível em http://www.revistaadventista.com.br


Veja também a primeira parte deste artigo.

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