por: Carlos Renato de Lima Brito
Reflexões a respeito do uso da música na obra missionária
O propósito de missões não é a salvação dos perdidos, mas glória de Deus. Nós fomos criados para a glória de Deus (Isaías 43.7). Todas as coisas são dele, existem por Ele e foram feitas para Ele (Romanos 11.36). A salvação é concedida em Cristo, para que Deus seja glorificado (Efésios 1.6). Assim missões, seguindo o exemplo de Paulo (Efésios 3.8-21), é levar a mensagem de salvação aos povos, para que Deus seja glorificado.
É interessante como esse propósito missionário se concretiza com música. O salmista chama todas as nações a cantarem ao Senhor, anunciando entre todos os povos a sua glória (Salmo 96.1-3). O templo do Senhor construído por Salomão, que se tornou casa de oração para todos os povos, foi consagrado com óleo, sacrifícios e música, quando a glória do Senhor encheu aquele lugar (2 Crônicas 5.11-14). Aqueles que vencerão a besta, a sua imagem, seu número e seu nome, entoarão o cântico de Moisés e do Cordeiro, tocando harpas de Deus, estando em pé diante do mar de vidro, celebrando a consumação da ira de Deus (Apocalipse 15.1-4).
Deste modo, não há ação missionária correta sem levar as pessoas evangelizadas a cantarem louvores a Deus Pai e ao Filho Eterno. O ensino da música serve de estratégia missionária. O missionário pode ensinar violão em troca de uma aula de estudo bíblico. Aqueles que se converterem podem se integrar aos ministérios da nova igreja cantando em corais, grupos de louvor, grupos instrumentais, cuidando do som nos cultos, da projeção digital e tantos outros serviços ligados à música na Igreja. Esta estratégia torna a formação musical do obreiro cristão que irá trabalhar no campo missionário indispensável. Um bom conselho seria todo obreiro em formação lutar para aprender a tocar um instrumento harmônico como violão, teclado ou acordeão.
Um desafio se levanta diante da questão: que música seria utilizada no campo missionário transcultural? Ainda que a música esteja presente em todos os povos conhecidos, o sistema de música utilizado não é universal. Enquanto nós, ocidentais, dividimos uma oitava, o intervalo de Dó até o outro Dó, em doze partes iguais, os indianos dividem em vinte e quatro ou até vinte oito partes diferentes o mesmo intervalo, por isso, para nós, essa música soa tão estranha e até incômoda. É necessário que o missionário seja muito sensível às características culturais daquela música, identificando os elementos que não contradizem as Escrituras e utilizar aquela arte diferente da sua para glória de Deus.
Afinal, se todas as tribos serão representadas é provável que nenhum desses sistemas musicais faltará também.
Fonte: Publicado originalmente em https://violabrito.blogspot.com/2012/04/musica-e-missoes-reflexoes-respeito-do.html