Histórias de Hinos

Histórias de Hinos do Hinário Adventista – Nr. 485

Levantai-vos, Jovens

Letra e Música: Philip Paul Bliss (1838-1876)

Título Original: Hold the Fort

Texto Bíblico: Eu vos escrevi, meninos, porque conheceis o Pai. Eu vos escrevi, pais, porque conheceis aquele que é desde o princípio. Eu escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e já vencestes o Maligno. (I João 2:14)


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1. Levantai-vos, jovens crentes, firmes pela cruz!
Desfraldai o estandarte do Senhor Jesus!

Coro:
Lealdade, ó jovens crentes,
A Jesus, Senhor!
Firmes, sempre, nos preceitos
Do bom Redentor.

2. Vede as hostes inimigas, Cheias de furor;
Oh, unidos combatamos, sempre, sem temor!

3. Avançai, com lealdade, firmes em Jesus!
Seja a Bíblia vosso guia, a celeste luz.


Ira David Sankey, conhecido hinista americano, diz em seu livro My Life and the Story of the Gospel Hymns (Minha Vida e a História dos Hinos Evangélicos):

Pouco antes de Sherman começar sua famosa marcha para o mar em 1864, e enquanto seu exército estava acampado nas vizinhanças de Atlanta em 5 de Outubro, as tropas de Hood, em movimento cuidadosamente preparado, passaram pelo lado direito do exército de Sherman, chegaram à retaguarda, e começaram a destruição da estrda de ferro que levava ao norte, queimando as torres de vigia, e capturando os pequenos fortes ao longo do caminho. As tropas de Sherman movimentaram-se rapidamente em perseguição às de Hood, procurando salvar as provisões e armamentos, bem como os postos avançados sendo que o principal deles estava localizado em Altoona Pass.

O General Corse, de Illinois, estava acampado ali com cerca de mil e quinhentos homens, sendo o Coronel Tourtelotte o seu imediato. Um milhão e meio de rações estavam guardadas ali e era necessário que as trincheiras que guardavam a passagem e protegiam os suprimentos fossem mantidas. Seis mil homens sob o comando do General French, foram instruídos por Hood para tomarem posições. O posto foi completamente cercado, e foi dada a ordem para a rendição. O General Corse negou-se a render-se, e uma renhida luta começou.

Os defensores foram vagarosamente acossados e encurralados em um pequeno forte na crista da montanha. Muitos haviam caído, e parecia desnecessário prolongar a luta, pois não havia mais esperança. Neste momento um oficial viu à distância, através do vale, a vinte milhas, o sinal de uma bandeira branca, sobre o topo da Montanha Kenesaw. O sinal foi respondido, e logo a mensagem lhes foi transmitida de montanha para montanha: “Não entreguem o forte. Estou chegando. W. T. Sherman.”

Vivas se fizeram ouvir; o ânimo dos homens foi revigorado com o reconhecimento do esforço que chegava, e, pelo fogo assassino, que matou e feriu mais da metade deles – Corse foi baleado três vezes na cabeça, e Tourtelotte tomou o comando, apesar de estar também muito ferido – resistiram por três horas até que os primeiros do exército de Sherman chegaram. French foi obrigado a bater em retirada.

“Este incidente histórico foi relatado pelo Major Whittle na reunião da Escola dominical em Rockford, Illiois, em maio de 1870. O Sr. Bliss estava presente, e o cântico ‘Levantai-vos, Jovens’, (Não Entreguem o Forte – no original em inglês), surgiu em sua mente. No dia seguinte Whittle e Bliss realizaram uma reunião na Associação Cristã de Moços em Chicago. Blisss foi à plataforma e escreveu o coro deste cântico no quadro negro. Cantou os versos pela primeira vez em público e o auditório uniu-se a ele no coro. Logo depois, publicou-o em folhas avulsas.

O Sr. Bliss disse-me, certa vez, pouco antes de sua morte, que esperava não ser conhecido pela posteridade apenas como o autor de “Levantai-vos, Jovens”, pois havia escrito muitos cânticos melhores. No entanto, quando assisti à inauguração do monumento a Bliss em Roma, Pennsylvania, notei a seguinte inscrição:

P.P. Bliss
Autor de “Levantai-vos, Jovens”

O pinheiro do qual Sherman transmitiu os sinais foi cortado poucos anos após a guerra, e foi transformado em muitas lembranças das quais recebi uma batuta para dirigir meus coros.


“Levantai-vos, Jovens” foi muito usado em nossas reuniões na Inglaterra, durante 1873-4. O Lord Shaftesbury disse em nossa reunião de despedida em Londres: “Se o Sr. Sankey não fez mais nada além de ensinar o povo a cantar ‘Levantai-vos, Jovens’, já conferiu uma benção inestimável ao Império Britânico”.

Em uma viagem à Suíça, 1879, parei um domingo em Londres, com a família de William Higgs, e assisti ao culto no Tabernáculo Metropolitano, junto com a Srª Higgs e três de suas filhas. O Sr. Spurgeon, viu-me e, no final da reunião, mandou um de seus diáconos convidar-me para ir a sua sala particular. Cumprimentou-me calorosamente e no decorrer da nossa conversa disse:

-“Há poucos dias recebi a cópia de um projeto de lei relacionado com o exército, que estava em estudo no Parlamento, acompanhado de uma carta de um membro do Parlamento, um cavalheiro cristão, pedindo-me que pregasse um sermão sobre o assunto em foco. Decidi pregar hoje à noite, e quero que você venha e cante: ‘ Levantai-vos, Jovens’.”

Respondi que não poderia deixar de atendê-lo e que apesar de não haver planejado cantar em público, em Londres, nesta viagem, eu o faria com prazer se pudesse ter um pequeno órgão para me acompanhar. Supunha que não iria ser atendido pois ele não aprovava o uso de órgãos em cultos públicos, e nunca havia usado um em sua igreja; mas, respondeu-me que quando chegasse à reunião, encontraria um instrumento na plataforma.

À noite, no final de seu sermão, ele anunciou que eu estava presente e que iria cantar ‘Levantai-vos, Jovens’, pediu a congregação que se unisse a mim cantando animadamente o coro. O órgão havias sido emprestado pelo “Students College”. Quando o coro foi cantado, podia-se ouvir a quadras de distância.

No final do culto, o Sr. Spurgeon exclamou: “Creio que depois disto, o nosso teto nunca mais cairá!”

Chegando à Suíça, cantei em muitas cidades. Atravessando o Lago Lucerne, e subindo o Rigi, cantei novamente “Levantai-vos, Jovens”, e isto foi de grande interesse para os camponeses suíços.

Uma demonstração da influência religiosa causada por este e outros cânticos americanos sobre o povo, foi observado quando dois atores se apresentaram no palco de um dos maiores teatros da Inglaterra, para imitar humrísticamente o Sr. Moody e eu. Ao iniciarem sua apresentação os ouvintes das galerias começaram a cantar “Levantai-vos, Jovens”, e continuaram cantando até que os atores deixaram o palco. Ao voltarem com o propósito de continuarem a apresentação, o cântico foi entoado novamente e continuou a ser cantado até que os atores desistiram desta parte do espetáculo.

Fui informado de que a notícia deste incidente enviada aos Estados Unidos nessa ocasião, pelo telégrafo chamou mais a atenção dos nossos patrícios para o trabalho em outras terras, do que todos os relatórios recebidos até então relacionados com o trabalho missionário de além mar.

Pouco tempo após o trabalho evangelístico de Harry Varley em Yorkville e Toronto, cerca de 1875, quando os cânticos da primeira edição de “Gospel Hymns” foram conhecidos em todo o país, um carpinteiro e seu ajudante estavam trabalhando em um edifício em Yorkville. O homem era cristão, e havia consagrado sua bela voz de tenor ao trabalho do Mestre. O menino, havia se entregado a Jesus, há pouco, e era também um cantor para Cristo. Certa manhã, ao se encontrarem na hora costumeira par o trabalho, travou-se entre eles o seguinte diálogo:

-“Você sabe quem vem trabalhar aqui hoje?”

-“Não, não sei”.

-“É Tommy Dodd”

-“Quem é Tommy Dodd?”

-“É pintor, o maior bêbado e espancador de esposa de Yorkville.”

-“Precisamos dar-lhe uma calorosa recepção.”

-“Sim, nós cantaremos o tempo todo, de forma que ele não possa falar palavrões.”

Desta forma, quando Tommy Dodd chegou, começaram a cantar “Levantai-vos, Jovens”, e continuaram até que ele deixou o seu trabalho, aproximou-se para ouvir, e pediu que o cantassem várias vezes. Finalmente juntou-se a eles, pois, gostava muito de cantar. Logo o convidaram para a reunião de oração dos moços e lá o Espírito o levou a render-se à Cristo. Daí em diante era encontrado na igreja, em vez de no bar, cantando os doces cânticos de Sião.

O Dr. R. A. Torrey, ao regressar de Londres recentemente, veio visitar-me e contou-me que quando ele e o Sr. Alexander estavam realizando reuniões em Belfest, um de seus mais entusiásticos auxiliares era um irlandês, conhecido como um obreiro ativo em toda a cidade. “Ele estava constantemente trazendo bêbados para a frente, e ajudando-os”, diz o Dr. Torrey, e “realiza reuniões ao ar livre em toda parte.

A história de sua conversão era muito interessante. Ele havia sido prisioneiro em Belfast. Certo dia a janela de sua cela estava aberta e o Sr.Sankey estava cantando ” Levantai-vos, Jovens”, em outro edifício. As palavras trazidas pelo ar penetraram pela janela, e encontraram guarida em seu coração. Lá na cela ele aceitou a Cristo sob a influência deste cântico. Creio que ele nunca viu o Sr. Sankey em toda a sua vida.”

Fonte: Histórias de Hinos e Autores – CMA – Conservatório Musical Adventista


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