Histórias de Hinos

Histórias de Hinos do Hinário Adventista – Nr. 031

Sublime Amor

Letra e Música: Frederick M. Lehman (1868-1953)

Título Original: The Love of God

Texto Bíblico: Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. (João 15:13)


Acompanhe o hino no Youtube


1. Sublime amor, o amor de Deus,
Que lira não traduzirá!
Maior que o mar, maior que o céu,
Jamais alguém compreenderá!
Ao pecador em aflição,
Seu Filho, Deus entregou;
Ao sofredor deu Ele a mão,
E as culpas lhe perdoou.

Coro:
Sublime amor, o amor de Deus!
Oh! Maravilha sem-par!
Pôr esse amor, eternamente,
A Deus iremos louvar.

2. Se em tinta o mar se transformasse,
E em papel o céu também,
E a pena ágil deslizasse,
Dizendo o que esse amor contém,
Daria fim ao grande mar,
Ao esse amor descrever,
E o céu seria mui pequeno
Pra tal relato conter.

3. Excelso amor; o amor de Deus,
Que nos remiu da perdição!
Em gratidão proclamaremos
Tão grande amor e salvação.
E quando enfim no lar dos Céus,
Em gozo e glória eternal,
Pra sempre ali desfrutaremos
Do grande amor divinal.


A poesia “The Love of God” (O Amor de Deus) foi escrita por Frederick M. Lehman em 1917.

Lehman nasceu em 17 de agosto de 1868 em Schwerin, Alemanha. Quando tinha 4 anos de idade emigrou para a América com sua família, estabelecendo-se em Iowa, onde viveu a maior parte de sua infância. Estudou para o ministério no Northwestern College em Naperville, Illinois, tornando-se um pastor Nazareno e servido a várias igrejas nos estados de Iowa e Indiana. Em 1911, mudou-se para Kansas City, Missouri, onde ajudou a fundar a Nazarene Publishing House.

No início de 1917, enquanto estava se preparando para mudar para a Califórnia, Lehman participou de uma reunião campal, onde ouviu um poderoso sermão sobre o amor de Deus, o qual o impressionou profundamente. Neste sermão foram citados os seguintes versos (em tradução livre):

“Se pudéssemos com tinta encher o oceano,
E os céus fossem feitos de pergaminho;
Se cada haste na terra fosse uma pena,
E cada homem um escriba por profissão,
Descrever o amor do Deus altíssimo
Secaria totalmente o oceano
Nem poderia um pergaminho conter toda a descrição
Embora fosse estendido de céu a céu.”

Com a mudança para a Califórnia ele e a família enfrentaram dificuldades financeiras e, tentando se recuperar, aceitou um trabalho embalando laranjas e limões em caixotes de madeira, na cidade de Pasadena.

Em 1948 ele escreveu um panfleto intitulado “História do Cântico ‘O Amor de Deus’”, no qual
escreveu: “Um dia, durante curtos intervalos de folga do nosso trabalho, pegamos um pedaço de papel e, sentados sobre uma caixa de limão vazia encostada na parede, com um toco de lápis, adicionamos as duas primeiras estrofes e o refrão da música.” (*)

Porém, a origem dos versos que impressionaram tão profundamente o coração de Lehman, e que ficaram conhecidos como uma estrofe deste hino, é deveras intrigante. Em seu panfleto ele escreveu: “Estas palavras foram encontradas escritas a lápis na parede do quarto de um paciente em um asilo de loucos depois que ele foi levado para o túmulo. A opinião geral era de que esse interno havia escrito essas palavras em momentos de sanidade”

A identidade do interno é desconhecida, bem como os motivos que o levaram a ser internado. Mas os responsáveis por limpar e repintar a cela depois da morte do paciente notaram as palavras e as copiaram, preservando-as assim para as próximas gerações.

Verificou-se posteriormente que essas palavras que inspiraram Lehman de forma tão tocante eram parte de um poema acróstico judaico intitulado Akdamut Millan (ou apenas Akdamut), que foi escrito em 1050 d.C. por um poeta judeu, o Rabi Meir Bar Yitzach Nehorai – um cantor, ou “cantor da sinagoga”, de Worms, Alemanha. O Rabi Meir escreveu o Akadamut como uma introdução à leitura dos Dez Mandamentos. Atualmente, é um poema litúrgico na tradição judaica Ashkenazi. Adoradores Ashkenazi recitam o Akadamut no primeiro dia de Shavuot.

O paciente no manicômio provavelmente ouviu esse poema em uma liturgia judaica, talvez quando criança ou jovem adulto antes de entrar no manicômio. Presumivelmente, durante um momento de lucidez reminiscente, o paciente então rabiscou as palavras na parede. Frederick Lehman ouviu aqueles versos no sermão, compôs outras duas estrofes bem como o refrão. Lehman também compôs uma melodia, que foi harmonizada por sua filha, Claudia L. Mays.

Assim, o poema sobre o amor de Deus, escrito por um rabino judeu do século 11, foi imortalizado e tornado conhecido em todo o mundo durante o século 20 por um pastor cristão, alemão.

Frederick M. Lehman morreu em Pasadena, Califórnia, em 1953. Ele escreveu centenas de outros hinos ao longo de sua vida, mas poucos se tornaram amplamente conhecidos até nossos dias.


(*) Observação dos editores do Música Sacra e Adoração: Na versão que temos em nosso hinário brasileiro, o poema do rabino Meir é a segunda estrofe.
Agradecemos à internauta Simone dos Reis Soares por nos indicar fontes para pesquisa, a partir das quais redigimos este história.


Veja a partitura cifrada deste hino

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