Técnica Vocal e Fisiologia

Pergunta 64: Como eu faço para cantar igual a este cantor?

Diana Goulart: Cantar “igual” a alguém depende da combinação de vários fatores, sendo que os principais são:

O timbre – é a identidade sonora, a qualidade característica que faz você reconhecer o dono daquela voz (como quando você atende o telefone e reconhece um amigo só pela voz, antes que ele se identifique). Cada pessoa tem um timbre de voz único, pessoal, que é determinado por fatores inatos (como a forma dos ossos da face, por exemplo, ou o comprimento das pregas vocais) e adquiridos (maior ou menor tensionamento de alguns músculos envolvidos na fonação, por exemplo). O timbre é o componente mais difícil de imitar, pois você precisa reproduzir artificialmente, da forma mais aproximada possível, uma sequência de movimentos e ajustes musculares muito sutis, sequência esta que costuma ser totalmente automática.

A expressão facial e corporal – é a maneira como o cantor usa o sorriso, o olhar, os gestos, a movimentação em cena durante suas apresentações.

A divisão – é concepção rítmica de cada um, ou seja, é a maneira de dizer as sílabas de cada palavra ao longo da melodia, distribuindo a duração de cada nota e de cada silêncio.

O fraseado – é forma de encadear as notas da melodia; está também relacionado com a divisão.

Agora, eu me pergunto porque alguém desejaria aprender a cantar igual a um modelo. Quem sabe você quer simplesmente cantar tão bem quanto ele?

Talvez você queira se especializar no estilo deste cantor, e nesse caso, começar pela imitação pode ser um bom caminho – mas não se esqueça que o objetivo é buscar, aos poucos, a sua própria identidade vocal e artística.

Pode ser que este cantor seja seu ídolo, e você queira se identificar completamente com ele – nas roupas, no penteado, na atitude e, claro, na voz. Isso é bastante comum na adolescência; depois, voltamos ao que foi dito acima: a imitação é o primeiro passo da aprendizagem, e depois deve dar lugar a uma forma original de cantar.

A cultura em que vivemos nos oferece uma enorme variedade de tendências artísticas, e felizmente podemos ter estas múltiplas referências na nossa formação. Não é preciso ficar repetindo o que já foi feito, assim como não é preciso evitar nem negar as influências. Fazer arte é criar o novo a partir do que vemos, sentimos e ouvimos, é descobrir um jeito original de contar o que já se sabe; e cantar é ter prazer em ouvir a sua própria voz!


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Diana Goulart é professora de Canto, fonoaudióloga, pesquisadora do canto e palestrante sobre diversos temas ligados à voz e ao canto. Para informações mais detalhadas, visite https://www.dianagoulart.com.br


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