Estudos Bíblicos: Adoração

Estudos Bíblicos: Adoração – Lição 04 – Alegria Diante do Senhor: Santuário e Adoração

Comentários de César Luís Pagani


Texto Central: “E regozijem-se ali perante o Senhor, o seu Deus, vocês, os seus filhos e filhas, os seus servos e servas, e os levitas que vivem nas cidades de vocês por não terem recebido terras nem propriedades” (Deuteronômio 12:12 – NVI)


Como já foi dito em comentário anterior, prestar culto à Divindade é “cultivar” Deus em nosso coração. O culto é dirigido unicamente a Ele, mas tem duas dinâmicas importantes. A atenção divina a nós e a nossa atenção (reverência, consagração) a Ele. Deus desce até nós e nós nos elevamos a Ele nas asas do louvor, da oração e do poder da Santa Palavra. “Habitarei no meio deles” é uma promessa preciosa.

O Senhor aprecia um espírito alegre em Sua presença. Quer que toda a congregação se regozije por ali estar em companhia dEle e dos santos anjos. Estaria Deus nos obrigando a ficar exteriormente alegres, mesmo quando estamos padecendo enfermidades, terríveis provações, perdas irreparáveis? Ora, Deus não está requerendo alegria emocional se não a pudermos ter no momento. Alegria (a verdadeira) é fruto do Espírito Santo e decorre do exercício da fé.

Mesmo que você esteja amuado, que a semana lhe tenha sido difícil, que você esteja ameaçado de demissão, que tenha tido problemas no lar com o marido, a esposa, os filhos, pense em motivos que alimentariam a alegria em seu coração quando diante do altar do Senhor: 1) O fato de você estar salvo. 2) O fato de estar sob a vista de Deus em Seu santo templo. Ele está prestando toda a atenção em você. 3) Deus o ama e está feliz com sua assistência ao culto. 4) A vinda de Jesus está às portas. 5) Você tem o privilégio de estar diante da glória do Altíssimo. 6) Apesar dos pesares, Ele não permitirá que você seja tentado além do que possa suportar. 7) Ele lhe está preparando um lugar no Céu, num palácio especial reservado em seu nome. 8) Você está sob constante proteção dos anjos e muitos outros motivos.

Experimente a alegria da fé. A fé alcança a alegria futura e perene quando Deus der o descanso final ao Seu sofrido povo. Aprenda a viver contente, como Paulo o fazia: “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação.” (Fp 4:11)

O espírito de reverência que se deve ter na presença do Senhor não permite alacridade, isto é, alegria ruidosa e descontrolada. Não é isso que o Senhor espera. Mas um contentamento íntimo por causa da salvação que Ele nos concedeu. Quando compreendermos melhor o valor da salvação e quanto ela custou, nossa exultação interior será transbordante.

“Celebrai com júbilo ao Senhor, todas as terras. Servi ao Senhor com alegria, apresentai-vos diante dEle com cântico.” (Sl 100:1, 2)

Venha para ver o Senhor e alegrar-se nEle. Muitos não conseguem ver as belezas do culto divino e por isso não se alegram. Robert Coleman, em seu livro Songs of Heaven, à p. 19, conta a história de um jovem que subiu ao Monte Lookout (729m de altitude) no estado de Tennessee, EUA. Famoso pelo panorama que oferece e que, em dia claro, estende-se até sete estados, naquela dia apresentava a beleza indescritível da folhagem do outono. Aos olhos parecia um pôr-do-sol iluminando um carpete de árvores que se estende até 50 kilômetros de distância. Ao descer, alguém perguntou ao rapaz o que ele tinha visto. “Foi a primeira vez na vida que enxerguei a cauda de um urubu e ele a voar”. Expressou uma visão comparável a muitos que cultuam sem noção do que deve ser central. Eles veem as janelas coloridas, o terno do dirigente, a estrutura do templo, o quadro acima do batistério, mas não enxergam o trono de Deus, nem Aquele que está assentado nele.


Domingo
“Para Que Eu Possa Habitar no Meio Deles”
(Êxodo 25:1-9)

“Tu o introduzirás e o plantarás no monte da Tua herança, no lugar que aparelhaste, ó Senhor, para a Tua habitação, no santuário, ó Senhor, que as tuas mãos estabeleceram.” (Êx 15:17)

O texto precedente faz parte do cântico de Moisés, entoado logo após a submersão total dos egípcios no Mar Vermelho. A habitação divina profetizada pelo grande líder hebreu era uma promessa condicional de que os israelitas conquistariam a terra prometida e Deus habitaria com eles no Monte Sião. Como a lição esclarece nada se havia falado de um santuário no meio do povo antes.

No terceiro mês da saída dos filhos de Israel do Egito, o Senhor escreveu a Lei dos Dez Mandamentos e a entregou ao povo através de Moisés.

O santuário (tabernáculo) foi levantado exatamente um ano após a data do Êxodo (Êx 40:1). Mas o verso em estudo fala de um monte onde Deus estabeleceria Sua habitação. O Monte Sião foi a sede de dois templos erigidos ao Senhor: o de Salomão e o de Herodes (nos tempos de Jesus Cristo). Mas Deus não habita em templos feitos por mãos humanas (At 17:24). No cântico de Moisés lemos que Deus reinará eterna e perpetuamente no templo que Suas próprias mãos estabeleceram, o que nos leva a pensar no Santuário Celestial e na glória da introdução do povo de Deus na Nova Jerusalém.

Aí você pode perguntar: “Mas não prometeu o Senhor habitar no meio de Israel?” Sim e isso fez durante todo o tempo em que o tabernáculo esteve em Canaã e depois no templo de Salomão, mediante o sinal visível de Sua presença – o shekinah. Mas a morada eterna de Deus não é em edifícios de feitura humana.

O templo terrestre era miniatura do templo celestial. Mesmo o magnificente edifício construído por Salomão não pode nem de longe ser comparada à glória da habitação divina.

Um detalhe interessante é que o shekinah manifestou-se só no templo de Salomão e isso até sua destruição pelos babilônios. Depois, não mais. “O segundo templo não igualava o primeiro em magnificência, nem recebeu o toque visível da presença divina, como no caso do primeiro templo. Não houve manifestação de poder sobrenatural para assinalar sua dedicação. Nenhuma nuvem de glória foi vista inundar o santuário recém-erigido. Nenhum fogo desceu do Céu para consumir o sacrifício sobre o seu altar. O shekinah não mais habitava entre os querubins no santo dos santos; a arca, o propiciatório e as tábuas do testemunho não se encontravam ali. Nenhum sinal do Céu tornou conhecida ao sacerdote inquiridor a vontade de Jeová.” PP, 596, 597.

Deus habitando conosco

“O shekinah [presença visível de Deus] se afastara do santuário, mas no Menino de Belém encontrava-se, velada, a glória ante a qual se curvam os anjos. Essa inconsciente criancinha era a semente prometida, a quem apontava o primeiro altar, construído à porta do Éden. Este era Siló, o doador de paz. Fora Ele que Se declarara a Moisés como o EU SOU. Fora Ele quem, na coluna de fumo e fogo, servira de guia a Israel. Este era Aquele que os videntes haviam há muito predito. Era o Desejado de todas as nações, a Raiz e a Geração de Davi, a Resplandecente Estrela da Manhã. O nome dAquele impotente Menino, inscrito nos registros de Israel, declarando-O nosso irmão, era a esperança da caída humanidade. A Criança por quem fora pago o resgate era Aquele que devia pagar o resgate pelos pecados do mundo.” DTN, 52.

Deus também disse que habitaria no crente: “Vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo.” II Co 6:16.

Permitindo que Deus edifique Sua habitação em nós

“A Providência tem guiado o povo de Deus para fora dos extravagantes hábitos do mundo, fora da condescendência com o apetite e a paixão, para se colocarem sobre a plataforma da renúncia e da temperança em todas as coisas. O povo ao qual Deus dirige será um povo peculiar. Não serão semelhantes ao mundo. Se seguirem a guia de Deus, cumprirão Seus propósitos, e cederão sua vontade à vontade dele. Cristo habitará em seu coração. O templo de Deus será santo. Vosso corpo, diz o apóstolo, é templo do Espírito Santo. Deus não requer que Seus filhos se neguem a si mesmos para prejuízo da força física. Requer que obedeçam à lei natural, a fim de preservarem a saúde física. O caminho da Natureza é o que Ele assinala, e é largo bastante para qualquer cristão.” CSS, 74.

Promessas de habitação da Divindade

Deus Pai e Cristo habitando em nós – “Se alguém Me ama, guardará a Minha palavra; e Meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.” (Jo 14:23)

O Espírito Santo habitando em nós, junto com o Pai e o Filho – “O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não nO vê, nem O conhece; vós o conheceis, porque Ele habita convosco e estará em vós.” (Jo 14:17)

Sendo fiéis e totalmente entregues a Deus, tornamo-nos habitação da Divindade. O shekinah estará em nós e nosso rosto resplandecerá de santidade assim como o de Moisés e o de Estêvão. Quanto mais nos santificarmos, mais brilhará o shekinah.


Segunda
Corações Dispostos
(Êxodo 35)

Sendo um Deus incomensuravelmente amoroso, o Senhor aprecia que Seus filhos demonstrem amor por Ele. Dadivar é uma forma de agradar ao Senhor. Já sabemos muito bem que Ele não precisa de nada que seja de “nossa” propriedade, mas aprecia corações voluntários que lhe fazem oferendas de amor.

O Criador não pode aceitar doações compulsórias ou extraídas a poder de apelos emocionais, manipulação coletiva, negociações e barganhas. Quando pediu que Israel trouxesse ofertas para a construção do tabernáculo, deixou claro que apenas aqueles que tivessem um “coração voluntariamente disposto” trariam dádivas aceitáveis.

Agora surge uma pergunta intrigante: Onde é que um povo escravo, sem um níquel, havia adquirido tantas riquezas para doar à construção do santuário? O rei Davi explica o segredo num de seus louvores a Deus: “Porque quem sou eu, e quem é o meu povo para que pudéssemos dar voluntariamente estas coisas? Porque tudo vem de ti, e das Tuas mãos to damos.” (I Cr 29:14) Pois bem, vamos à resposta da pergunta anterior. “Eu darei mercê a este povo aos olhos dos egípcios; e, quando sairdes, não será de mãos vazias. Cada mulher pedirá à sua vizinha e à sua hóspeda jóias de prata, e jóias de ouro, e vestimentas; as quais poreis sobre vossos filhos e sobre vossas filhas; e despojareis os egípcios.” (Êx 3:21-22)

Deus exigiu indenização dos egípcios pelo tempo que escravizaram Israel. Mas, ao ordenar que se trouxessem ofertas para a construção de Sua casa entre os homens, Ele não pediu todo o despojo extraído dos ex-escravizadores. Disse Ele: “Tomai do que tendes uma oferta para o Senhor…” (Êx. 35:5) Não disse: “Tomai aquilo que tendes…”

Embora tudo tenha sido criado por Ele e Lhe pertence por legítimo direito, permite que fiquemos com 90% dos bens para nossa sobrevivência, para a prática de mordomia e caridade.

O povo não apenas atendeu com presteza e grande liberalidade, como também designou homens hábeis, artesãos exímios; as mulheres fiandeiras encarregaram-se da parte de tecelagem e tapeçaria (versos 25, 26)

“Os filhos de Israel trouxeram oferta voluntária ao Senhor, a saber, todo homem e mulher cujo coração os dispôs para trazerem uma oferta para toda a obra que o Senhor tinha ordenado se fizesse por intermédio de Moisés.” (verso 29)

O espírito doador, estimulado pelo Santo Espírito do Senhor, chegou a tal ponto que os arquitetos, construtores e artesãos a serviço do santuário foram obrigados a rogar a Moisés que proibisse o povo de trazer mais.

“O plano de Moisés no deserto para levantar recursos foi altamente bem-sucedido. Não foi necessária compulsão. Moisés não fez grandes festas. Não convidou o povo para cenas de alegria, danças e divertimentos em geral. Nem instituiu sorteios ou qualquer coisa de natureza profana para conseguir recursos a fim de erguer o santuário de Deus no deserto. Deus pediu a Moisés que convidasse os filhos de Israel a trazerem suas ofertas. Ele foi autorizado a aceitar dádivas de todo homem que desse espontaneamente, de coração. Essas ofertas voluntárias vieramem tão grande abundância que Moisés proclamou ser o bastante. Eles deviam parar de trazer ofertas, pois tinham dado abundantemente, mais do que poderiam utilizar.” BS, 291, 292.

Motivação é que conta – “Foi-me mostrado que o anjo relator faz fiel registro de cada oferta dedicada a Deus e posta no tesouro, e também do resultado final dos meios assim providos. Os olhos de Deus tomam conhecimento de cada moeda devotada a Sua causa e da disposição ou relutância do doador. Os motivos que animam a dar são também anotados. Os crentes consagrados, abnegados, que devolvem a Deus o que é Seu, tal como Ele deles requer, serão recompensados segundo as suas obras.” Testimonies, vol. 2, pp. 518 e 519.

“É Deus quem abençoa os homens dando-lhes bens, e faz isto para que eles possam contribuir para o avançamento de Sua causa. Ele envia o sol e a chuva. Faz florescer a vegetação. Dá saúde e habilidade para se adquirirem meios. Todas as nossas bênçãos são recebidas de Sua mão generosa. Em retribuição Ele quer que homens e mulheres demonstrem sua gratidão, devolvendo-Lhe uma parte em dízimos e ofertas – em ofertas de ação de graças, em ofertas pelo pecado e ofertas voluntárias. Se o dinheiro entrasse para a tesouraria de acordo com este plano divinamente recomendado – a décima parte do que ganhamos e as ofertas liberais – haveria abundância para o avançamento do trabalho do Senhor.” AA, 75.


Terça
O Holocausto Contínuo
(Êxodo 29:38-39; Hebreus 10:1-4; I Pedro 1:18-19)

Ritual do contínuo ou tamid compreendia dois cordeiros de um ano por dia. Um era oferecido pela manhã e outro à tardezinha. O sacrifício da manhã e da tarde não se consumiam de pronto, mas ficavam a queimar sobre o altar toda a noite até pela manhã, e o fogo do altar arderá nele (Ver Lv 6:9; Êx 29:42) Durante o dia as ofertas queimadas individuais eram acrescentadas ao sacrifício regular da manhã, de maneira que havia sempre uma oferta queimada sobre o altar. “O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará”. (Lv 6:13). Não havia um só momento do dia ou da noite em que o contínuo não estivesse sendo consumido no altar. A graça perdoadora é ininterrupta.

C0m esses cordeiros deveriam ser juntados “a décima parte de um efa de flor de farinha” ou um quilo de farinha de trigo misturado com um litro de azeite de oliva, e mais um litro de vinho ( hb. Yayin ou termo genérico usado tanto para vinho fermentado como para não-fermentado).

Isso ensinava ao povo que eles eram pecadores contínuos e que necessitavam da expiação divina de suas transgressões. Por pecado contínuo queremos significar a natureza pecaminosa do homem e não pecados dos quais não há arrependimento. O sacrifício de Cristo não cobre pecados “de mão levantada”, sem contrição.

O sacrifício da manhã expurgava os pecados praticados durante a noite precedente e o da tarde, os pecados cometidos durante o dia.

“Como os sacrifícios matutino e vespertino eram para a nação e cobriam temporariamente todo pecado cometido durante a noite anterior ou durante o dia, compreende-se facilmente que alguns dos pecados assim cobertos não estavam confessados, e talvez nunca o viessem a ser. A menos que se creia que todo homem em Israel se apercebesse imediatamente de que havia transgredido, e confessasse os pecados, algum tempo devia mediar entre o cometer o pecado e sua confissão. Isto se acentuaria naturalmente mais ainda, se algumas semanas ou meses decorressem antes da confissão. No caso do impenitente, ou dos que apostatavam, seu dia de graça terminava no dia da expiação. A pessoa que, naquele dia, não afligisse sua alma, era ‘extirpada de seu povo’, isto é, seria posta fora de sob o pálio da igreja, excomungada. Lv23:29.” Andreasen.

“Quando os sacerdotes, pela manhã e à tardinha, entravam no lugar santo à hora do incenso, o sacrifício diário estava pronto para ser oferecido sobre o altar, fora, no pátio. Esta era uma ocasião de intenso interesse para os adoradores que se reuniam junto ao tabernáculo. Antes de entrarem à presença de Deus pelo ministério do sacerdote, deviam empenhar-se em ardoroso exame de coração e confissão de pecado. Uniam-se em oração silenciosa, com o rosto voltado para o lugar santo. Assim ascendiam suas petições com a nuvem de incenso, enquanto a fé se apoderava dos méritos do Salvador prometido prefigurado pelo sacrifício expiatório. As horas designadas para o sacrifício da manhã e da tardinha eram consideradas sagradas, e, por toda a nação judaica, vieram a ser observadas como um tempo reservado para a adoração. E, quando, em tempos posteriores, os judeus foram espalhados como cativos em países distantes, ainda naquela hora designada voltavam o rosto para Jerusalém e proferiam suas petições ao Deus de Israel. Neste costume têm os cristãos um exemplo para a oração da manhã e da noite. Conquanto Deus condene um mero ciclo de cerimônias, sem o espírito de adoração, olha com grande prazer àqueles que O amam, prostrando-se de manhã e à noite, a fim de buscar o perdão dos pecados cometidos e apresentar seus pedidos de bênçãos necessitadas.” CSS, 34.

Cristo ainda é o holocausto contínuo que queima no altar do amor e da redenção. A Ele devem ser dirigidas nossas orações pela manhã e à tarde. Nosso Sumo Sacerdote intercede por nós sem cessar.

Os israelitas sabiam perfeitamente que eram resgatados de sua vã maneira de viver, a qual haviam recebido de seus pais, pelo precioso sangue do Messias vindouro, cuja representação típica era vivida pelo cordeiro sacrificial. Compreendiam que o pecado era mortal e não poderia ser expiado simplesmente pela vida de um espécime inferior na escala animal. Fosse o caso e a vida do homem criado à imagem e semelhança de Elohim valeria apenas a existência de alguns animais inocentes.

Mediante a figura do cordeiro do holocausto era ensinado aos judeus que o próprio Deus Se encarnaria e morreria pelos pecados dos homens. Esse senso deveria trazer horror e temor porque as transgressões eram tão ofensivas a Deus, que exigiu um plano de custo infinito para o Céu.

O pecador precisaria ter consciência que ao ser cortada a garganta do cordeiro do sacrifício diário, ele próprio estava apunhalando o Deus encarnado em virtude de sua violação da Lei.

Ao nos dedicarmos a Deus pela manhã e pela tarde, estamos reconhecendo que o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado, e que dependemos exclusivamente de Seus méritos para que nossos pecados escarlates se tornem brancos como a neve.


Quarta
Comunhão com Deus
(Êxodo 25:10-22; Salmos 37:23; Salmos 48:14; Provérbios 3:6; João 16:13)

“Comunhão” tem sentido de sociedade, associação. Acredito que a recomendação paulina “orai sem cessar” também pode ser vertida “comungai sem cessar”. Comunhão carrega ainda o valor etimológico de “repartir”. Deus reparte Sua graça conosco e nós repartimos nosso afeto com Ele.

A lição coloca o conceito de relacionamento salvífico com Cristo. Isto é, uma ligação em que a Divindade Se liga com a humanidade e esta tem conexão com Deus, com resultados salvadores e eternos.

Não se pode comungar com Deus sem conhecê-Lo. Você não teria coragem de ser íntimo de uma pessoa que não conhece. E a possibilidade de conhecer o Senhor é ilimitada porque Ele Se revelou de muitas maneiras a nós.

Alguns propósitos da comunhão

Aumento de felicidade celestial – “Quando por meio de Jesus, entramos no repouso, o Céu começa aqui. Atendemos-Lhe ao convite: Vinde, aprendei de Mim; e assim fazendo começamos a vida eterna. O Céu é um incessante aproximar-se de Deus por intermédio de Cristo. Quanto mais tempo estivermos no Céu da bem-aventurança, tanto mais e sempre mais de glória nos será manifestado; e quanto mais conhecermos a Deus, tanto mais intensa será nossa felicidade. Ao andarmos com Jesus nesta vida, podemos encher-nos de Seu amor, satisfazer-nos de Sua presença.” MCP2, 651.

Energização do espírito de obediência – “Quando conhecermos a Deus como nos é dado o privilégio de conhecê-Lo, nossa vida será de contínua obediência. Mediante o apreço do caráter de Cristo, por meio da comunhão com Deus, o pecado se nos tornará aborrecível.” DTN, 668.

A iniciativa da comunhão sempre foi do Senhor. Veja, por exemplo, o santuário. Ele continha móveis e utensílios sagrados. Destacamos para os propósitos de nosso estudo a arca e o hilasterion ou propiciatório (cobertura da arca). A arca representava o trono de Deus, cujo fundamento é estabelecido com justiça e juízo (Sl 97:2). O propiciatório pode ser entendido em seu símbolo como um lugar de concessão de mercê. É o próprio emblema de Cristo que ficou entre nós e a glória de Deus para que ela não nos consumisse.

Algo que nos surpreendeu ao meditarmos na posição da arca no santuário, é que ela ficava geograficamente a poucos metros do povo. O shekinah fulgurava sobre a arca e a glória do Senhor não consumia nem o edifício e nem o povo que se aglomerava à sua porta. Aí podemos ter uma tênue ideia da grande compaixão e misericórdia de Deus. Como o Senhor Se impõe limites ao lidar com o pecador. Ele quer ficar o mais perto possível de Seu povo.

A Lei, dentro da arca, é o padrão de justiça para todo o Universo. Todos os seres criados e pensantes devem guiar-se pela Lei divina. A violação do mandamento implica em morte eterna ou extinção para sempre. Nós, terrestres, incorremos na terrível penalidade da Lei. Não havia outro recurso para livrar-nos da maldição da desobediência senão a propiciação de Cristo Jesus, que fez a expiação através de Seu sangue inocente.

Se a arca não tivesse um propiciatório, não nos restaria qualquer esperança de vida e do favor divino.

Mediante Cristo, Deus Pai vem a nós e fala conosco desde Seu trono cercado de querubins. Sua voz é retransmitida pelo Espírito Santo que usa a Palavra para nos orientar e educar na justiça.

Quanto mais comungarmos com Deus, mais santos seremos e o Senhor Se agradará de nós (Sl 37:23). Seremos guiados pelo Seu Espírito. As filosofias e culturas mundanas não terão influência sobre nossa conduta.

Lembram-se da hora tranquila da Revista Adventista?

Pois é, precisamos reavivar esse santo costume. “Todos quantos se acham sob as instruções de Deus precisam da hora tranquila para comunhão com o próprio coração, com a natureza e com Deus. Neles se deve revelar uma vida não em harmonia com o mundo, seus costumes e práticas; é-lhes necessária experiência pessoal em obter o conhecimento da vontade de Deus. Devemos, individualmente, ouvi-Lo falar ao coração. Quando todas as outras vozes silenciam e, em sossego, esperamos diante dEle, o silêncio da alma torna mais distinta a voz de Deus. Ele nos manda: ‘Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus.’ Sl 46:10. Este é o preparo eficaz para todo trabalho feito para o Senhor. Entre o vaivém da multidão e a tensão das intensas atividades da vida, aquele que é assim refrigerado será circundado de uma atmosfera de luz e de paz. Receberá nova dotação de resistência física e mental. Sua vida exalará uma fragrância e revelará um poder divino que tocarão o coração dos homens.” CBV, 58.


Quinta
Alegrar-se Diante do Senhor
(Levítico 23:39-44; Deuteronômio 12:5-7; Deuteronômio 12:12; Deuteronômio 12:18; Deuteronômio 16:13-16)

A ordem do culto, sua liturgia e partes repetitivas podem tornar-se tão familiares ao adorador que ele se “desligue” parcialmente do que tem diante dos sentidos. A repetição não deve ser considerada enfadonha, mas disciplinativa e pedagógica. Precisamos envolver-nos com as seções da adoração, parte por parte, para recebermos as ondas de alegria verdadeira que procedem de Deus.

Visto que o fascinante culto ritual do santuário hebreu portava manifestações do Deus vivo, não era sem motivo que o adorador ou cultor se alegrava na presença do Senhor. “Na Tua presença há plenitude de alegria, na Tua destra, delícias perpetuamente.” (Sl 16:11) “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na Tua presença, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!” (Sl 19:14)

Quem não se alegraria ao ver esse magnificente cenário de santidade? Deslumbrava os olhos, encantava o espírito e alegrava a alma.

Muito bem, admitimos a impressividade do culto hebreu, mas hoje não temos elementos cênicos teológicos como eles possuíam. Devemos ficar menos impressionados por isso?

Por mais modesta que seja a igreja, por mais simples a sua arquitetura, por mais pobre a sua congregação, Deus prometeu estar presente em cada culto e se formos tementes e reverentes, sentiremos a mesma alegria espiritual que os adoradores do templo de Salomão.

Essa é mais uma questão de espiritualidade interior do que da dinâmica dos elementos externos. Talvez uma imagem que nos ajude a extrair o máximo do culto divino e desfrutar maior alegria, é imaginarmo-nos como uma esponja viva que absorve cada gota do orvalho divino contido no culto. As pequeninas coisas que acontecem na hora sagrada têm muito conteúdo. É preciso percebê-las. “Nossas igrejas necessitam ser educadas para maior respeito e reverência pelo culto divino. Conforme o pastor dirige o culto divino estará ele educando e preparando o povo. Pequeninos atos que educam, preparam e disciplinam a alma para a eternidade, são de vastas conseqüências na edificação e santificação da igreja.” Ev, 314.

Quando estamos à plataforma, podemos olhar para a congregação e observar as reações dos presentes durante o culto divino. Enquanto partes da Palavra Santa são proferidas pelos dirigentes do culto, há pessoas totalmente distraídas em conversas, outras cochilando, outras ainda rindo de algo ou alguém ali presente.


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