por: Pr. Albino Marks
Introdução
Como adoramos nós a nosso Deus? Como você O adora? Compreendemos realmente o que significa apresentar-se à presença de Deus? Conhecemos Àquele a quem adoramos e é Ele real para nós?
Nos dias de Jesus, uma mulher samaritana procurou entender o ato de adoração, e colocou a questão perante o Mestre: “Nossos antepassados adoravam a Deus neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde devemos adora-lo”. – João 4:20 – BLH.
O que é importante no ato de adoração: o lugar, a maneira ou Aquele a quem adoramos?
Jesus deu orientações muito importantes: “Vocês, samaritanos, não sabem o que adoram”. Palavras duras de Jesus para uma mulher desejosa de entender o ato de adoração.
“Mas nós sabemos o que adoramos”.Você sabe o que adora?
A sua maneira de adorar, depende do lugar e das motivações deste lugar? No monte, com suas árvores, rochas, visão ampla? Ou Jerusalém, com suas recordações saudosas, sentimentais de glórias do passado?
O lugar não é o centro do ato de adoração; o centro do ato de adoração é Aquele a quem adoramos. O lugar não é o apelo para o ato de adoração, mas a presença dAquele a quem adoramos. Uma noite, em lugar solitário, Jacó estava dormindo sob o teto de uma árvore, e tendo uma pedra com alguns panos como travesseiro, quando despertou sob o impacto de uma visão gloriosa: “De fato o Deus Eterno está neste lugar, e eu não sabia disso”. – Gên. 28:16 – BLH.
Será possível, querido irmão, você estar na augusta presença do Soberano do Universo e não saber disso?
Pense: “Mas virá o tempo, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e em verdade. Pois são esses que o Pai quer que o adorem. Deus é Espírito, e por isso os que o adoram devem adorá-lO em espírito e em verdade”. – João 4:23 e 24 – BLH.
Desafio: “… chegaram a Jerusalém uns magos, vindos do Oriente, que perguntaram: Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? pois vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”. – Mat. 2:2 – PIBR.
O Enfoque da Nossa Adoração
Vivemos em dias em que está havendo um despertar para o espírito de religiosidade. As pessoas estão se voltando para a busca de algo ou de alguém que possa satisfazer os seus anseios. Esta busca em grande parte centraliza-se em Jesus. Cada um o faz a sua maneira.
Em Seu sermão profético, Jesus ensinou que um dos sinais da proximidade do grande dia de Sua volta, seria um movimento espiritual, mas com características de falsidade e engano.
Alguns aspectos da resposta de Jesus merecem destaque: a) Muitos virão assumindo o Meu nome; b) induzindo em erro muita gente; c) se fosse possível, até os eleitos; d) eis que vos preveni. Nas advertências de Jesus fica claro que a adoração pode ser corrompida, desvirtuada. Os processos de corrupção podem ser tão sutis que até mesmo pessoas que obtiveram pleno conhecimento da verdade, podem ser abaladas em suas convicções.
O problema de distinguir o falso do verdadeiro foi colocado perante Jesus pela samaritana, junto ao poço de Jacó: “Os nossos pais adoraram sobre esta montanha, e vós afirmais que é em Jerusalém que se encontra o lugar onde se deve adorar”. – João 4:20 – TEB.
Somente é possível conhecer a Deus pela revelação de Jesus. É através de Jesus que conhecemos Deus o Pai. Quando estudamos a palavra de Deus, mediante o Espírito Santo a nossa mente é iluminada para que possamos conhecer o Deus verdadeiro a Quem devemos adorar.
Pense: “Ora, sem a fé, é impossível agradar a Deus, pois quem se aproxima de Deus deve crer que ele existe e recompensa os que o procuram”. – Heb. 11:6 – TEB.
Desafio: “Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai, a não ser o Filho, e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo”. – Mat. 11:27 – TEB.
O Sábado e a Adoração
A Tradução Ecumênica da Bíblia traduz a ideia a respeito do sábado de modo muito significativo: “Que se faça do dia de sábado um memorial, considerando-o sagrado… mas no sétimo dia repousou. Eis porque o Senhor abençoou o dia de sábado e o consagrou”. – Êx. 20:8 e 11.
Os grandes feitos de homens e mulheres que marcaram acontecimentos importantes foram e continuam sendo transmitidos para as gerações seguintes por meio de memoriais. Estes memoriais de modo geral constituem-se de monumentos que evocam o personagem e o fato com ele relacionado. Para alguém conhecer o monumento de determinado acontecimento, precisa locomover-se para o local onde está erigido. O monumento erigido em memória à independência do Brasil, encontra-se nas proximidades do riacho Ipiranga.
O sábado foi feito por Deus o memorial de Sua obra criadora em relação ao planeta Terra e o consagrou para este fim. Para que todos os seres humanos de sucessivas gerações pudessem tomar conhecimento desse grande feito de Deus, Ele erigiu um monumento no tempo. Cada semana, o sábado, em torno de todo o planeta, traz à lembrança dos seres humanos de que existe um Deus criador e Pai Eterno. Se sempre os homens o houvessem observado como o memorial da criação e como dia de comunhão, não teríamos tamanha diversidade de profissões espirituais e não teríamos ateus em nosso mundo. Também não teríamos declarações não ponderadas de pretensos sábios humanistas.
“Que toda a terra tenha o temor do Senhor, que todos os habitantes do mundo O temam: Ele falou, aconteceu; Ele ordenou, passou a existir”.
No coração de Deus, este acontecimento de fé, de amor, de glorificação, estava previsto uma vez por semana a cada dia de sábado. Para isto Ele erigiu um monumento no tempo, que em verdade é um templo mundial no qual todos podem congregar-se para exaltá-lO e adorá-lO como Criador e Deus Eterno. Se assim acontecesse, os Seus filhos nunca esqueceriam a sua origem e paternidade divinas.
Pense: “Louvai-O, vós, todos os Seus anjos: louvai-O, vós, todo o Seu exército; louvai-O, sol e lua; louvai-O, vós, todas as estrelas brilhantes; louvai-O, vós, os mais altos dos céus, e vós, as águas que estais sobre os céus. Que eles louvem o nome do Senhor, pois Ele mandou, e foram criados. Ele os estabeleceu para todo o sempre; fixou leis que não passarão”. – Salmo 148:2-6 – TEB.
Desafio: Que espetáculo grandioso, que sinfonia gloriosa, que cânticos de louvor e exaltação, que ato eloqüente de adoração, que reconhecimento da soberania do Deus Eterno, teríamos entre os seres humanos, se todos se unissem ao louvor da natureza engrandecendo o seu Criador e Pai! Teríamos cada sábado vinte e quatro horas ininterruptas de louvor e exaltação a Deus.
Adoração de Coração
“Adorai ao Senhor na beleza da sua santidade…”. – Salmo 96:9
Quando analisamos as orientações divinas em Êxodo 39, sobre os paramentos dos sacerdotes, eles transmitiam mensagens de beleza, solenidade, esplendor, louvor, exaltação, recolhimento, comunhão e alegria. Todos os paramentos e seus detalhes tinham como objetivo impressionar o adorador com a beleza da santidade dAquele a quem adoravam.
O amor e a santidade de Deus estão intimamente entrelaçados. O amor de Deus atrai o pecador e a Sua santidade transforma-o em santo. Jesus ensinou que o processo de santificar é um ato de Deus: “Pai santo,… santifica-os na verdade”. – João 17:11 e 17 – BJ.
A santidade é comunicada por Deus através da atuação do Espírito Santo na vida do pecador justificado, no ato de adoração, transformando todo o seu comportamento. É a santidade que comunica um amor sem hipocrisia. Como Deus é santo, o Seu amor é íntegro, não contaminado por qualquer mancha de maldade ou hipocrisia. É a este estágio da experiência cristã, que Deus quer conduzir os salvos pela fé, mediante a santidade. É a santidade que regenera, por meio da Palavra para o amor e a conduta incorruptíveis.
A glória de Deus é o Seu caráter. A beleza de Sua santidade é o Seu caráter. Adorá-lo na beleza da santidade é colocar a nossa vontade em submissão à Sua vontade para que os atributos comunicáveis de Seu caráter atuem em nosso caráter, transformando-o.
Pense: “A verdade para este tempo deve aparecer em seu poder na vida dos que crêem nela e ser comunicada ao mundo. Os crentes devem apresentar na própria vida o seu poder de santificar e enobrecer”. – TS. vol. III, pág. 291.
Desafio: “Cantem ao Senhor, bendigam o seu nome; cada dia proclamem a sua salvação! Anunciem a sua glória entre as nações, seus feitos maravilhosos entre todos os povos! – Salmo 96:2 e 3 – NVI.
Expressões de Nossa Adoração
Falando do fruto do Espírito, Paulo declara que este fruto traz em si a alegria. A Bíblia está repleta de mensagens declarando de que a vida do filho de Deus deve ser de alegria. Jesus declarou: “Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa” – João 15:11 – NVI. Davi orou: “Devolver-me a alegria da tua salvação” – Salmo 51:12 – NVI.
O que é alegria? Os dicionários definem: “Contentamento, prazer moral” Há muitas coisas que podem criar o estado de alegria, prazer, mas nem todas estão relacionadas com a adoração a Deus. Junto ao monte Sinai, quando Moisés se deparou com “o barulho das aclamações … o som de cantorias.. e as danças. Moisés inflamou-se de cólera: arremessou as tábuas das mãos e as quebrou ao sopé da montanha” – Ex. 32:17-19 – TEB.
É importante observar que “o barulho das aclamações” ou “o barulho do povo gritando” – NVI, ou “a voz do povo que jubilava” – ARC.; “o som de cantorias” ou ” o som de canções” – NVI., ou “o alarido dos que cantam” – ARC. e “as danças”, nada tinham a ver com a adoração a Deus.
Expressões idênticas podem ter significados opostos ou completamente diferentes. A alegria de uma torcida de futebol; a tristeza de outra; a explosão de gritos frenéticos de um show de rock; a exuberância de expressões de alegria da festa carnavalesca, nada tem em comum com o ato de adoração ao Deus eterno.
O ato de adoração ultrapassa a tudo o que podemos imaginar como um acontecimento que cria sentimentos de alegria. O ato de adoração é revestido de solenidade, grandeza, esplendor, reverência, recolhimento, comunhão, perdão, reconciliação, beleza, alegria, louvor, exaltação.
Pense: “Depois Salomão mandou o povo para casa, feliz e com coração alegre por toda a bondade que o Senhor havia mostrado a seu servo Davi e a seu povo Israel. E eles abençoaram o rei”. – I Reis 8:66 – BV. Que espetáculo maravilhoso deve ter sido o retorno dos filhos de Israel aos seus lares depois de adorar. Suas vozes ecoando pelas quebradas das montanhas, e se espalhando em harmoniosas melodias pelos vales e prados floridos. Quisera ter estado lá e vivido estes momentos de glória.
Desafio: “Vinde cantemos ao Senhor, com júbilo, celebremos o Rochedo da nossa salvação”.”Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome; proclamai a sua salvação, dia após dia”. – Salmo 95:1 e 96:2
Alegria quando se dirige para o local de adoração; alegria no desfrutar da comunhão do Deus vivo, doador generoso de todos os benefícios; alegria ao volver para casa depois de um feliz período na presença do Deus Eterno.
O Efeito de Nossa Adoração
“Anunciai entre as nações a sua glória, entre os povos as suas maravilhas. Porque grande é o 7Senhor e mui digno de ser louvado, temível mais que todos os deuses… Tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome”. – Salmo 96:3, 4 e 8.
Para a igreja apostólica a adoração era o fogo procedente do trono de Deus para atear suas vidas em favor do evangelho. Suas vidas eram colocadas sobre o altar do serviço, e o Espírito Santo as inflamava com coragem e intrepidez. A igreja naqueles dias, espalhava-se como fogo em campo ressequido.
Provavelmente, como igreja deveríamos parar para reavaliar nosso culto de adoração. Produz ele, os resultados desejados por Deus?
Provavelmente cada um de nós deveria parar e avaliar a sua adoração individual. O que acontece em minha experiência espiritual quando participo do culto de adoração? Os resultados são aqueles esperados por Deus? A minha vida está sob o constante processo de transformação à semelhança da vida de Jesus? Estou crescendo em fé, amor e serviço. Este crescimento está condicionado ao crescimento na unidade do corpo?
Pense: “Enquanto a igreja estiver satisfeita com coisas pequenas, não estará em condições de receber grandes bênçãos de Deus. Mas por que não sentirmos fome e sede do dom do Espírito Santo, uma vez que esse é o meio pelo qual o coração pode ser conservado puro?… falai sobre isto, orai neste sentido, pregai relativamente a este assunto, pois, o Senhor está mais desejoso de conceder o seu Espírito Santo, do que os pais de darem boas dádivas a seus filhos”. – Rev. and Herald, 15.11.1892.
Desafio: Viemos para adorar! Transforme esta ideia na mais vibrante realidade em sua experiência espiritual.
Estudo Adicional
Moisés, no deserto de Midiã, estava apascentando suas ovelhas como de costume, quando observa um arbusto em fogo, mas não se consumindo. Ao intentar ver de perto o estranho fenômeno ouve uma voz: “Moisés, Moisés,… pare aí e tire as sandálias, pois o lugar onde você está é um lugar sagrado”. – Êx. 3:4 e 5 – BLH.
Lugar sagrado? Como assim? Ainda ontem passei com minhas ovelhas por ali!
Você consegue ver a sarça ardente da presença de Deus neste lugar? Como você entra neste recinto? De maneira indiferente ou com respeitosa reverência? Tire as sandálias, “cuida de teus passos quando vais à Casa de Deus”. – Ecles. 4:17 – BJ. (5:1) O lugar é sagrado; o Deus vivo está presente.
Como você se conduz neste local? Como em qualquer lugar comum, ou consegue sentir a presença do Invisível? “O Deus Eterno está no seu santo Templo; que todos se calem na sua presença”. – Hab. 2:20 – BLH.
Importante também é a maneira como adoramos. A verdadeira adoração é racional, inteligente e fundamentada em princípios orientadores.
Os sentimentos não são um guia seguro para o ato de adoração, porque mudam como as nuvens. A adoração genuína precisa assentar-se sobre alicerce mais firme.
Adorar em espírito e em verdade é render a vontade ao controle da vontade do Deus Eterno para que Este opere o seu querer, transformando a vida do adorador.
Pense: “Os males de um culto formal não podem ser acentuados com demasiada força, mas não há palavras capazes de descrever devidamente os profundos benefícios do culto genuíno”. – Test. Vol. 9 pág. 143.
Desafio: A adoração em espírito e em verdade culmina com o poder do Espírito Santo na experiência individual e coletiva dos crentes: “Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus”. – Atos 4:31 – ARA.
Fonte: Publicado originalmente em https://www.escolanoar.org.br