por: Tércio Sarli
Vivemos num mundo triste. Por toda parte o sofrimento, a angústia, a solidão, a dor! Em cada coração em cada lar, em cada vida, há sempre uma sombra de pesar uma mágoa, uma saudade. Aqui é um ente querido que partiu ceifado pela morte; ali, uma enfermidade que rouba a alguém a tranqüilidade e a alegria; acolá, é uma inimizade, um problema de família, uma preocupação, um desentendimento uma ansiedade. Pode-se ser feliz num mundo assim? Sim pode-se. Não que possamos ficar livres dos problemas todos. Enquanto estivermos neste mundo, estamos sujeitos à aflições e as dores comuns à humanidade. Mas a verdadeira felicidade pode coexistir mesmo com a dor e o sofrimento.
O alicerce da felicidade é a esperança. E ninguém tem maior e mais preciosa esperança que o cristão.
O cristão, pois, pode ser feliz, apesar das circunstâncias. Disso não há maior exemplo que o apóstolo Paulo. Perseguido caluniado, preso, apedrejado, açoitado, e, apesar de tudo ele podia escrever: “Em tudo somos atribulados, porém, não angustiados; perplexos, porem não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos não destruídos.” II Coríntios 4:8 e 9. Não seria interessante sabermos o segredo de Paulo para uma vida assim? Porque a felicidade também se aprende. Talvez seja uma das mais importantes coisas que temos de aprender na vida. Mas hoje vamos descobrir apenas um de seus segredos, um dos caminhos para encontrar a felicidade, a satisfação, o contentamento, a alegria de viver. Comecemos perguntando a Paulo:
– Que conselho prático o senhor nos daria para vivermos felizes?
Paulo: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, alegrai-vos.” Filipenses 4:4.
– Mas por que o senhor acha que, mesmo em meio às provações e tristezas, devemos regozijar-nos?
Paulo: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, E as que se não são eternas.” II Coríntios 4:17 e 18.
Ai está o segredo de Paulo: o regozijo, o louvor. Não era apenas um conselho, era um modo de vida. Lucas descreve o episódio da prisão de Paulo pelo carcereiro de Filipos que, depois de açoitar a Paulo e Silas com varas, e com muitos açoites, os colocou na prisão e lhes amarrou os pés no tronco. E diz o relato bíblico: “Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais companheiros de prisão escutavam – Atos 16:25. E foi nessa atmosfera de louvor em meio às aflições, que Deus operou o grande livramento. Não só os apóstolos foram libertados, mas o próprio carcereiro converteu-se e tornou-se um cristão.
Agora, novamente a pergunta: Em um mundo de problemas e tragédias, que motivos poderá haver para regozijo e louvor? A resposta vem através de alguns valiosos trechos do Espírito de Profecia[1], que poderão ser úteis para sua “Hora Tranqüila” de meditação, caro leitor, ou para serem considerados em alguma reunião de oração de igreja!
O caminho do triunfo: “Assim como os filhos Israel, jornadeando pelo deserto, suavizam pela música cânticos sagrados a sua viagem, Deus ordena a Seus filhos hoje que alegrem a sua vida peregrina. Poucos meios há mais eficientes para fixar suas palavras na memória do que repeti-las em cânticos. E tal cântico tem maravilhoso poder.” – Educação, págs. 167,168.
Cântico contra o desânimo “O canto é uma arma que podemos empregar sempre contra o desânimo. Ao abrirmos assim o coração à luz da presença do Salvador, teremos saúde e bênção.” – A Ciência do Bom Viver, pág. 254.
Jesus enfrentava as tentações com cânticos: “Com cântico, Jesus, em Sua vida terrestre, defrontou a tentação. Muitas vezes, quando eram proferidas palavras cortantes pungentes, outras vezes, em que a atmosfera em redor dEle se tornava pejada de tristeza, descontentamento, desconfiança temor opressivo, ouvia-se o Seu canto de fé e de santa animação.” – Educação, pág. 165.
Louvor, a atmosfera do Céu: “A melodia de louvor é a atmosfera do Céu; e, quando o Céu vem em contato com a Terra, há música e cântico – ação de graças e voz de melodia'”. – Idem, pág. 161.
Gratidão promove saúde: “Coisa alguma tende mais promover a saúde do corpo e da alma, do que um espírito gratidão e louvor. É um positivo dever resistir melancolia, às ideias e sentimentos de descontentamento – dever tão grande como é orar.” – A Ciência do Bom Vive pág. 251.
O cântico de esperança: “Por entre as sombras cada vez mais profundas da última e grande crise da Terra, a luz de Deus resplandecerá com maior brilho, e o canto de confiança e esperança ouvir-se-á no mais claros e sublimes acordes.” – Educação, pág. 166.
Jesus encontrava felicidade nas horas de estudo Meditação e louvor: “Estudava a Palavra de Deus, e as horas de maior felicidade para Ele eram aquelas em que se podia afastar do cenário de Seus labores e ir… entreter comunhão com Deus…. O alvorecer encontrava-o muitas vezes em algum lugar retirado, meditando, examinando as Escrituras, ou em oração. Com cânticos saudava a luz matinal. Com hinos de gratidão alegrava suas horas de labor, e levava a alegria celeste ao cansado e ao abatido” – A Ciência do Bom Viver pág. 52.
Use você também o louvor para alegrar o caminho de sua existência e para enfrentar com ânimo e coragem a vicissitudes da vida e as tentações. Decore ou escreva alguns de seus hinos prediletos para que você possa cantá-los, sempre que surgir uma oportunidade: andando para trabalho ou para a escola, viajando, ou mesmo nos momento de sua devoção particular. Você poderá comprovar por experiência própria o extraordinário poder do louvor.
Nota:
[1] O “Espírito de Profecia”, para os Adventistas do Sétimo Dia, neste contexto, são os escritos de Ellen G. White. Todos os textos citados neste artigo sem a referência de autoria, são de Ellen G. White. (Nota dos editores do Música Sacra e Adoração).
Fonte: Revista Adventista, Seção “A Hora Tranqüila”; Fevereiro de 1981.