por: Ramon Chrystian A. Lima
No Antigo Testamento encontramos regras explícitas quanto à adoração deixadas por Deus aos homens. “Conforme a tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus pertences, assim mesmo o fareis.” (Êxodo 25:9)
Neste período foram estabelecidas regras muito claras e bem definidas. Quando voltamos nossos olhos ao Novo Testamento, podemos ter dificuldades para encontrar essas diretrizes. Examinaremos, portanto as indicações sobre as formas de adoração nos escritos dos apóstolos.
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, no partir do pão e nas orações.” (Atos 2:42) Este verso nos trás à luz um fundamento geral no qual estão a doutrina, a comunhão, a ceia e as orações.
1. A Adoração Envolve a Doutrina
Doutrina vem do termo grego didachê que significa instrução. A ideia que o texto nos apresenta é a ideia do disciplulado. Jesus nos deixou a ordenança: “Ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado(…) .“(Mateus 28:19, 20) “(…) o que mais importa a respeito de um homem é o que ele crê a respeito de Deus. Para crer torna-se essencial saber, ser instruído.”(SHEDD, 1987 p.68).
A Bíblia é clara ao dizer “Consequentemente, a fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo.” (Romanos 10:17) A bíblia é a palavra de Deus deixada como manual para vivos. Para nós que vivemos neste mundo. A palavra nos norteia em como proceder diante dos mais variados cenários da nossa vida. “O Antigo Testamento foi a Bíblia da igreja (primitiva). Nas reuniões eram feitas exposições de textos dentro da nova visão cristã.” (SHEDD, 1987 p.68)
Jesus fundou uma nova escola em que os ensinos devem fundamentalmente ser vividos por quem aprende e não meramente serem entendidos como uma matéria qualquer. Não conformados com o presente século (Romanos 12:2) , deixamos os ensinos fluírem em nossas vidas assim como Paulo diz à igreja dos tessalonicenses: “Também agradecemos a Deus sem cessar o fato de que, ao receberem de nossa parte a palavra de Deus, vocês a aceitaram, não como palavra de homens, mas conforme ela verdadeiramente é, como palavra de Deus que atua com eficácia em vocês, os que crêem.“(I Tessalonicenses 2:13) Atuar com eficácia significa fazer o que precisa ser feito para parecermos mais com Cristo.
A adoração deve dar lugar central a palavra de Deus. Sendo adoradores, somos propagadores das verdades do Senhor, enquanto propagadores contamos com o auxílio do Espírito Santo que fala aos nossos corações: “E, quando vos conduzirem às sinagogas, aos magistrados e potestades, não estejais solícitos de como ou do que haveis de responder, nem do que haveis de dizer. Porque na mesma hora vos ensinará o Espírito Santo o que vos convenha falar.” (Lucas 12.12)
É muito importante observarmos que o Espírito nos ensina (didachê), mas fica claro para nós que necessitamos de um real contato com o Senhor para termos consistência no aprendizado e no ensinar. Quando Pedro e João pregavam, as pessoas percebiam que eles haviam estado com Jesus. Ficaram com Jesus um bom tempo aprendendo, vivenciando, entendendo os ensinos. O pote deles estava cheio. Havia alimento para distribuir. A fé vem pelo ouvir a palavra de Deus (Romanos 10:17)
Os ensinos de Deus produzem fé e a fé descrita no livro de hebreus no capítulo 11 significa “compromisso, dedicação e disposição para cumprir as ordenanças do Senhor.” (SHEDD, 1987 p.71)
2- A Prática da Adoração Envolve Comunhão e Ceia
A igreja primitiva perseverava na comunhão. “Os crentes ficavam juntos (…) como família de Deus, isto é, regularmente.” (SHEDD, 1987 p.72) Podemos perceber em Atos 2 que havia um mesmo espírito nos irmãos da igreja. Cooperação, ajuntamento, familiaridade faziam parte de suas vidas.
A ceia do Senhor é o símbolo máximo de nossa comunhão, pois somos todos iguais, ao mesmo tempo que nos leva à uma esfera de comunhão com o Senhor Jesus. “Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor.” (I Coríntios 1:9)
A comunhão precisa ser vivida além de ser aprendida: “Nisto conhecemos o amor, em que Cristo deu sua vida por nós e devemos dar a nossa vida pelos irmãos. Ora aquele que possuir recursos deste mundo e vir a seu irmão padecendo necessidade e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (I João 3:17,18)
3- A Prática da Adoração Envolve as Orações
As orações bíblicas fomentam uma busca à Deus. Valorizam a comunhão com o Senhor. Nossas orações devem exaltar a Deus. Nossas orações devem agradecer a Deus. Se contarmos as bênçãos que o Senhor nos concede, difícil será enumerá-las. Nossas orações devem ter um momento de confissão. Quando confessamos, reconhecemos a santidade do Senhor sobre nós e nos colocamos à disposição dele para trabalhar em nossas vidas. Nossas orações podem ter pedidos por nós, por nosso país, por nossa comunidade, por nossas necessidades. Pedidos estes que não dão ordens ao Senhor, mas pede o derramamento de sua benevolência e favor sobre nós.
Concluímos que a prática da adoração envolve vários aspectos. Primeiro relembramos que o ato de adorar traspassa o momento do culto coletivo. Adorar requer nossa busca a Deus, busca essa que inclui o estudo da sua palavra e o ensino. Cumprir o “ide” de Jesus é fator extremamente importante na construção de uma adoração genuína. A música precisa ser usada como agente discipulador, praedicatio sonora (um sermão em sons). A comunhão com os irmãos também está no cerne da teologia da adoração, pois ela faz parte dos efeitos que o contato com o Senhor promove em nós. A oração torna-se vital, pois é principalmente através dela que expressamos nossa humanidade a Deus, conversamos com ele a sós, temos um contato com o Senhor e com isso, somos edificados para a glória do Senhor.
Bibliografia
SHEDD, Russel P. Adoração Bíblica. 1ed. São Paulo: Vida Nova, 1987. 170 p.
Fonte: Letra Sonora