A Adoração / Debate Sobre a Música na Igreja

Não é Tempo de Celebrarmos

por: Marshall Grosboll

Uma reflexão espiritual acerca do movimento “Celebration”

A Igreja Adventista do Sétimo Dia é o verdadeiro movimento remanescente de Deus na profecia bíblica. Como tal, é objeto especial do ataque do inimigo da verdade e da justiça. Por isso o Senhor pede a Seus sentinelas que vigiem constantemente sobre a propriedade que Ele comprou. Quando percebemos perigo dentro da Igreja, todo fiel e verdadeiro Adventista do Sétimo Dia deve colocar de lado seus interesses pessoais e suas posições oficiais, e dar a mensagem de advertência necessária para proteger a Igreja, não importa o quão impopular seja esta advertência.

“À medida que assemelham seu caráter ao do Modelo Divino, os homens não se preocuparão com sua própria dignidade pessoal. Com interesse zeloso, vigilante, cheio de amor e consagrado, cuidarão dos santos interesses da Igreja, do mal que ameaça turvar e obscurecer a gloria que Deus se propõe que brilhe através dela.” Testemunhos para Ministros, 406.

Como membros de sua igreja, cada um de nós é responsável diante de Deus pela saúde e bem estar da igreja… “Se há um pecado que aborrece a Deus mais do que qualquer outro, do qual o seu povo é culpado, é permanecer indiferente a uma emergência. A indiferença e a neutralidade em uma crise religiosa são considerados por Deus como um crime grave, equivalente a pior hostilidade contra Deus.” Testimonies, vol. 3, 281

Muitos consideram que nossa igreja, com a chegada do movimento “Celebration”, está enfrentando o maior perigo e a pior crise que já experimentou. O movimento “Celebration”, é uma nova tentativa, dentro da igreja, para receber o Espírito Santo. O crescimento meteórico dessa nova paixão dentro da igreja é fenomenal demais para ser considerado levianamente. Este movimento é, realmente, ou a verdadeira manifestação do Espírito Santo ou uma manifestação falsificada do Espírito. Se for o verdadeiro derramamento do Espírito Santo seria temerário rechaçá-lo. Porém, se for a obra de falsificação de agentes satânicos, seria igualmente desastroso recebê-lo, ou permanecer neutro acerca dele. Nessa situação, assim como na escolha entre Cristo e Barrabás, não há campo neutro. O movimento “Celebration” não pode ser em parte bom e em parte mau, é ou um ou outro. Não existe harmonia entre Cristo e Belial, ou entre o Espírito de Cristo e o de Satanás. Manter-se neutro é tão mau ou até pior, do que decidir-se pelo rumo errado! “Os seguidores de Cristo não tem o direito de permanecer em um terreno neutro. Há mais esperanças para um inimigo declarado do que para alguém que se mantenha neutro.” Review and Herald, vol. 4, 386

O Tempo do Movimento

Ao considerarmos este movimento, vamos analisar dois aspectos: O tempo do movimento e a filosofia por detrás dele.

A Bíblia diz: “Tudo tem seu tempo certo debaixo do sol. Tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de colher; tempo de matar e tempo de curar; tempo de destruir e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir.” Eclesiastes 3:1-4.

Fazer algo bom no momento inoportuno pode ser o pior de todos os males. Podar uma árvore fora do tempo pode matá-la. Podar uma árvore no tempo certo pode salvá-la. Alegrar-se quando alguém morre ou entristecer-se quando alguém é curado, está fora do tempo certo. Adorar a Deus é um dever, mas adorá-Lo no domingo em lugar do Sábado, é rebelião. “A essência de toda a fé verdadeira é fazer o que é correto no seu devido tempo” Testimonies, vol. 6, 24. De fato, fazer algo bom no momento errado freqüentemente é pior do que o fazer o mal abertamente – pois é muito mais enganador. Adorar no domingo em lugar de faze-lo no Sábado, engana muitas pessoas que não seriam enganadas pelo ateísmo.

Um dos motivos de maior preocupação é o tempo do movimento “Celebration”. Como veremos, o Senhor disse que celebrar no momento errado – quando deveríamos estar lamentando por nossos próprios pecados e pelos pecados de Israel – torna-se um pecado imperdoável.

No Dia da Expiação no Antigo Testamento, o qual prefigura nossos dias, logo antes da segunda vinda de Jesus, aqueles que celebravam em vez de afligir as suas almas, eram “cortados” do povo de Israel. Levítico 23:29. Para nós, que vivemos no dia antitípico da expiação, o Senhor nos diz: “Chegai-vos para Deus, e ele se chegará para vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de espírito vacilante, purificai os corações. Senti as vossas misérias, lamentai e chorai; torne-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.” Tiago 4:8-10

Não é tempo de celebrarmos quando há uma apostasia tão difundida na Igreja. Aqueles que fazem da celebração o ponto focal da adoração em tempos de crise, não receberão o selo de Deus. Falando do tempo justamente antes do fechamento da graça a Bíblia diz: “E a glória do Deus de Israel se elevou acima do querubim sobre o qual havia estado (desde 1844) ao umbral da casa; e chamou Jeová ao varão vestido de linho, que tinha em sua cintura o tinteiro de escrivão, e lhe disse Jeová: ‘passa no meio da cidade, no meio de Jerusalém, e coloque-lhe um sinal na fronte aos homens que gemem e que clamam por causa de todas a abominações que se faz no meio dela. E aos outros disse: ouvindo eu, passai pela cidade depois dele, e matai ; não perdoe vosso olho, nem tenhais misericórdia.’ Ezequiel 9:3-5. Logo virá o tempo em que a profecia de Ezequiel 9 se cumprirá; essa profecia deve ser estudada cuidadosamente porque se cumprirá em sua totalidade.” Ellen G. White 1888 Materials, 1303

Em outro lugar a Irmã White comenta sobre esses versículos de Ezequiel 9: “Aqueles que suspiram e choram tem estado a oferecer as palavras de vida; tem aconselhado e suplicado. Alguns dentre eles que estavam desonrando a Deus se arrependeram e humilharam os seus corações diante Dele. Porém a glória do Senhor tem se afastado de Israel; muito embora muitos perseverem nos ritos da religião, o poder e a presença de Deus não está com eles.”

“No tempo em que sua ira se manifestar com castigos, estes humildes e consagrados discípulos de cristo, se distinguirão do resto do mundo pela angústia de suas almas, expressa em lamentações e choros, reprovações e admoestações. Enquanto outros procuram tapar com um manto o mal existente, e escusam a grande impiedade que prevalece por todos os lados, os que têm zelo pela honra do nome de Jeová e amor pelas almas não se calarão para obter o favor humano. Suas almas justas se afligem dia após dia, pelas obras e conversações profanas dos ímpios. São impotentes para deter a corrente de iniqüidade; por essa razão enchem as suas almas de pesar e desassossego. Choram diante de Deus, ao ver a religião desprezada nos mesmos lares daqueles que tinham tido grande luz. Lamentam-se e afligem suas almas porque na Igreja há orgulho, avareza , egoísmo, e enganos de todos os tipos. O Espírito de Deus que inspira a repreensão é pisoteado enquanto os servos de Satanás triunfam. Deus fica desonrado e a verdade é anulada.”

“A classe que não se entristece por seu próprio declínio espiritual, nem chora sobre os pecados dos outros será deixada sem o selo de Deus” Testemonies, vol. 5, 210-211

O que Deus pede hoje é um testemunho direto, como o que João Batista deu. “Neste tempo tão horrível, quando Cristo está para vir pela segunda vez, Os ministros fiéis a Deus terão que dar um testemunho ainda mais direto do que o de João Batista. Uma obra de responsabilidade e importância esta diante deles; e aqueles que pregam palavras irresponsáveis, Deus não os reconhecerá como seus pastores. Uma terrível calamidade os espera.” Testimonies, vol. 1, 321. Este testemunho nos convida a uma meditação séria e um arrependimento profundo em lugar de júbilo e diversão.

Isaías Predisse o Movimento “Celebration”

Em uma profecia notável para o nosso tempo, quando Deus nos chama a um arrependimento profundo e genuíno por causa da apostasia que prevalece dentro da igreja, Isaías profetizou que alguns estariam celebrando em vez de arrepender-se, e que esta rebelião constituiria um pecado imperdoável

Isaías 21 e 22 são os paralelos do Antigo Testamento ao Apocalipse. Repetindo a mensagem do segundo anjo, diz: “Caiu, caiu Babilônia.” Isaías 21: 9. Isso só pode referir-se a Babilônia espiritual, em um sentido primário, porque se refere à segunda queda de Babilônia. A Babilônia do tempo de Nabucodonosor caiu uma só vez, enquanto a segunda queda se refere a queda da Babilônia espiritual em Apocalipse.

Enquanto Isaías 21 trata acerca da Babilônia espiritual, o capítulo 22 trata acerca do Israel espiritual. “Oráculo acerca do vale da visão.” Verso 1. Em profecia “vale” se refere comumente a um povo, enquanto monte se refere a adoração, religião Deus ou deuses. O hebraico usa uma palavra que significa “vale largo” quando se refere aos ímpios, porem usa uma palavra que significa “vale estreito” quando se refere aos justos. Veja Joel 3:14; Isaías 22:1. Este simbolismo vem possivelmente do Sinai, onde Deus falou da “montanha” ao povo que estava no “vale” abaixo. Aqui, Deus tem uma mensagem para o Vale da Visão, o povo da profecia. No Apocalipse, o povo da profecia, que guarda os mandamentos, refere-se a igreja remanescente de Deus. Apocalipse 12:17; 19:10, Esta identificação do objeto do capítulo 22 é confirmada mais adiante no verso 4, onde a igreja é chamada de “filha do Meu povo”. Nos dias de Isaías, Deus chamava a Israel de “Meu povo” (Isaías 51:16), enquanto que o Israel espiritual e identificado aqui como “filha do Meu povo”.

Isaías 22 descreve a condição do povo de Deus nos últimos dias chamando-o de “cidade turbulenta, cidade alegre “. Mas ainda assim seus membros são mortos, embora eles “não sejam mortos com espada, nem mortos em guerra”. Verso 2.

Hoje, como essa profecia o predisse, nossos membros são mortos. Nossos jovens estão abandonando a igreja em massa. Na América do Norte, o número de membros que assistem a Igreja esta, de forma geral, em declínio. Muitas das Igrejas tem menos do que a metade dos membros freqüentando aos cultos, mesmo que ocasionalmente. Mesmo contando os bebês e as visitas, muitas das igrejas sentem-se afortunadas se conseguem alcançar a metade do número que está registrado em seus livros. Nosso povo está morto, não por martírios nem por causa de guerra com o inimigo, mas por causa da apostasia. O poder de Deus foi aparentemente removido da Igreja e nos estamos tentando substituí-lo pelas relações públicas, música excitante, cultos “Celebration” e programas coloridos. Assim, enquanto os filhos de Deus estão mortos, e não em batalha, são uma “cidade turbulenta, cidade alegre”. A fim de sentir-se seguros em meio a esta condição, os líderes unem-se em uma confederação para apoiarem-se uns aos outros. Veja o verso 3.

Deus e seu povo lamentam esta condição na igreja. Ele diz: “chorarei amargamente; não vos canseis mais em consolar-me pela destruição da filha do Meu povo. Porque dia de alvoroço, e de atropelamento, e de confusão é este da parte do Senhor DEUS dos Exércitos, no Vale da Visão;” Versos 4-5. Deus não pode mais proteger o Seu povo por causa de sua condição espiritual. “Tirou-se a cobertura de Judá; e naquele dia olhaste para as armas da casa do bosque. E vistes que as brechas da cidade de Davi eram muitas.” Versos 8-9.

O povo de Deus faz todo o possível para cobrir suas perdas e coloca-las de lado – exceto por uma coisa. Olham para as instituições que os homens estabeleceram, contam as casas de Jerusalém, sacrificam algumas instituições para salvar outras, consolidam, planejam de forma esperta o futuro – porém não buscam a sabedoria dAquele que, no princípio, estabeleceu a Igreja mediante o Espírito de Profecia. Veja os versos 8-11.

“O Senhor Deus dos exércitos vos convidou naquele dia para chorar e prantear, para rapar a cabeça e cingir o cilício.” Verso 12. “Porém” o que Deus encontra na Sua igreja? Ele encontra “gozo e alegria, matam-se bois e degolam-se ovelhas, come-se carne, e bebe-se vinho.” Verso 13.

E qual é o resultado dessa apostasia – de celebração, quando o Senhor chama para um arrependimento profundo? “Mas o Senhor dos exércitos revelou-se aos meus ouvidos, dizendo: Certamente esta maldade não se vos perdoará até que morrais, diz o Senhor Deus dos exércitos.” Verso 14. Assim como em Ezequiel 9 e em Levítico 23, esta rebelião constitui um pecado que não pode ser perdoado. O tempo de prova terminará logo e aqueles que estão celebrando enquanto o Senhor pede tristeza pelo pecado, se encontram sem mediador. “Satanás concebe inumeráveis planos para nos ocupar a mente” – seu objetivo é manter-nos celebrando festivamente dentro da Igreja, até que a porta da graça seja fechada eternamente e não estejamos preparados. O Grande Conflito p. 488. Esse dia se aproxima rapidamente.

Uma Nova Teologia para um Novo Movimento

O movimento de celebração é um produto da Nova Teologia que foi introduzida na igreja progressivamente desde a década de 1950, e que foi defendida por Desmond Ford na década de 1970. A Nova Teologia ensinou que, como Jesus tinha uma natureza humana diferente da nossa, não podemos ser como Ele foi. Nunca podemos esperar vencer o pecado e viver uma vida como a que Jesus viveu. “Ele é nosso Substituto”, foi-nos dito, “e não o nosso Exemplo.”

O evangelho, de acordo com a Nova Teologia, são as boas novas de justificação. A santificação não faz parte do evangelho. Jesus perdoa os nossos pecados sem que façamos nada de nossa parte, exceto por aceita-lo como nosso Salvador. Nós continuaremos pecando até que Ele venha, mas ainda seremos salvos por causa da justiça de Jesus. E isto foi chamado de “boas novas”.

Lembro-me de um proeminente pregador em uma manhã de Sábado, em uma reunião campal da Conferencia, que eu estava ajudando há alguns anos atrás. Falou a respeito da alegria de guardar o Sábado. A Escritura é clara que, embora o Sábado seja supostamente um dia de gozo, supõe-se que esse gozo seja proveniente da vitória sobre o pecado, não porque Deus nos permita continuar no pecado. Mas o pregador afirmava que o sábado deve ser um dia de gozo porque Deus nos aceita no pecado, tal qual somos. Assegurou que deveríamos nos regozijar e nos alegrarmos quer tenhamos defeitos de caráter ou não – não porque Deus pode nos ajudar a vencer esses defeitos, mas porque Deus nos aceita com felicidade enquanto continuamos pecando.

Fiquei perplexo e angustiado por causa dessa teologia pervertida que ensinava as pessoas a se regozijar por estando em pecado, porém fiquei ainda mais surpreso ao ouvir os comentários de prazer daqueles que haviam ouvido aquela mensagem.

Este é um cristianismo superficial, “se na realidade fossem um com Cristo, se seu Espírito habitasse neles, veriam a maldade do pecado. Não só confessariam, mas também abandonariam aquilo que Deus abomina.” The Youth’s Instructor, 562

“Aquele que está verdadeiramente arrependido não esquece os pecados cometidos, nem se despreocupa deles tão logo obtenha o perdão. Ao contrário, quanto mais clara seja a evidência do favor divino, mais lamenta o seu estado pecaminoso. Detesta e aborrece a si mesmo, e se surpreende de Ter continuado em rebelião por tanto tempo. Renova seu arrependimento perante Deus; se agarra decididamente a mão de Jesus Cristo, e aprende que o arrependimento é uma experiência diária e contínua, que só termina quando a vida eterna triunfe sobre a morte. Aquele que se arrepende desta maneira, estima a justiça de Cristo acima da prata e do ouro e acima de todo laço e afeto terreno.” Signs of the Times, vol. 3, 167

“Aquele que está verdadeiramente arrependido, aquele que é regenerado, odeia o pecado. Todo tipo de egoísmo o angustia. O incomoda a indiferença para com Deus da parte daqueles que o rodeiam. Não se exalta a si mesmo ao cumprir seus deveres, mas aborrece o egoísmo. ‘Abomino o que sou’ é a linguagem dos santos de todas as idades que tiveram uma clara visão da pureza e santidade de Cristo.” Signs of the Times, vol. 3, 139

“Quando a Igreja estiver unida, terá virtude e poder; porém se parte dela se inclina para o mundo, e muitos são dados a concupiscência, que Deus aborrece, pouco Lhe será possível fazer por eles A incredulidade e o pecado separam muitos de Deus.” Testemonies, vol 2, 149.

É o espírito de Satanás que nos leva a sermos indiferentes ao pecado, e essa indiferença e cegueira ao pecado, a qual tem crescido continuamente na igreja desde que a Nova Teologia foi introduzida, lançou os alicerces para o movimento Celebration. Ninguém que compreenda verdadeiramente o significado do pecado e a apostasia de Laodicéia dentro da igreja se unirá ao movimento Celebration – pelo contrário, formará parte do movimento que chama à contrição e ao arrependimento.

O Movimento Encontra um Lar

A Nova Teologia lançou os alicerces para que o movimento Celebration fosse aceito em nossa igreja, porem, qual foi o elemento catalisador que levou este movimento a se materializar?

Por muitos anos tem havido, dentro da organização, um interesse crescente no crescimento estatístico, nos “números”. Tivemos os “Mil Dias de Colheita”, seguido pela “Colheita 90”. Estes programas motivaram o desejo de batizar grande quantidade de pessoas em todo o mundo. Literalmente, milhões se uniram à igreja, freqüentemente sem uma preparação adequada.

Nas Américas Central e do Sul e em países do terceiro mundo foi testemunhado um crescimento dramático. Em contraste ao crescimento explosivo Adventista nesses países, a igreja da América do Norte tem crescido muito lentamente. Sendo antigamente o pilar da denominação adventista, a América do Norte tem se tornado mais e mais insignificante em comparação com as outras divisões. Já não domina mais o campo mundial durante as reuniões da Conferência Geral.

No inicio do século, no meu estado do Kansas havia 100 igrejas adventistas. Hoje a população do Kansas aumentou em cerca de um milhão de habitantes, porém o número de igrejas adventistas se reduziu para 56. Em uma igreja após outra, localizadas em comunidades prosperas tenho perguntado: “qual é a situação de sua igreja em comparação ao que era trinta anos atrás”? Em quase todos os casos, a assistência se reduziu. De alguma maneira, o poder do evangelho tem se retirado do movimento adventista no mundo ocidental. Muito embora haja algumas exceções, as escolas filiais, as academias, os desbravadores, o evangelismo, as reuniões de oração e a recolta, todos eles estão se retraindo, em comparação com o progresso obtido em anos anteriores. Ao que parece, todas as tentativas de reavivamento falharam. Em poucas palavras, a condição da igreja na América do Norte, Europa e Austrália tem se tornado vergonhosa.

Durante vários anos, tentando mudar esta situação, temos convidado pregadores evangélicos, não adventistas, de outras igrejas e seminários, para falarem aos nossos ministros e dizer-lhes como podemos crescer como as outras igrejas. Temos copiado seus programas, tais como seus conceitos de Testemunho do Novo Testamento, pensando que o que funcionou para eles, funcionará também para nós; porém não tem sido assim. O conceito de “Igreja Amorosa” foi um dos programas que fracassou. Os programas de gerenciamento de conflitos Laboratório I e Laboratório II, também não produziram os efeitos esperados. Nem o gerenciamento por objetivos produziu os milagres para nossa organização interna. Como foi predito em Isaías 22, temos olhado em todas as direções, buscando qualquer solução para os nossos problemas, porém não temos procurado ao Criador da Igreja – para Aquele que a projetou há muito tempo. Isaías 22:11. Isaías diz, no versículo 13, que a próxima tentativa buscada seria a “Celebração”.

A cada fracasso, o desejo de conseguirmos um programa que produza bons resultados se intensifica. Desenvolvemos um grande interesse pela vinda do Espírito Santo para que este produza “números” nos países desenvolvidos da mesma maneira que tem ocorrido em outros países. E, uma vez que temos ido para fora de nossa igreja em busca d a sabedoria das igrejas guardadoras do domingo, agora estamos olhando para algumas dessas igrejas que guardam o domingo e que supostamente tem a manifestação do Espírito Santo – isto é, as igrejas Pentecostais – para que possamos obter o que não temos conseguido nas demais igrejas evangélicas.

Muitos dos nossos pastores têm procurado as igrejas pentecostais para aprender o segredo do seu poder. Em anos anteriores não havia qualquer confusão quanto à origem desse poder – sempre acreditamos que era uma manifestação falsa do Espírito Santo. Provávamos todas as manifestações do Espírito Santo com versos tais como Isaías 8:20. Acreditávamos que o poder pentecostal era espiritualista, e que este ajudaria a unir o protestantismo apóstata com o catolicismo, e que sob essa tríplice aliança a América marcharia “nas pegadas de Roma, pisoteando os direitos de consciência”. O Grande Conflito, 588

O resultado deste novo esforço para revitalizar a nossa igreja pela introdução do pentecostalismo é o movimentoCelebration. É interessante que as duas igrejas mais proeminentes do movimento Celebration, em Portland, Oregon, e em Colton, California, são conduzidas em templos de igrejas pentecostais.

Quão surpreso fiquei ao ouvir um pastor de uma de nossas maiores Associações, em uma reunião de reavivamento que havia sido anunciada com todas as cores na contra-capa de uma revista da União, dizer que seu melhor amigo era um ministro pentecostal. Falou de como o Espírito Santo está se manifestando nas igrejas de hoje, e que agora está se introduzindo também em algumas igrejas adventistas. Mas ele disse que a maioria dos adventistas tem tanto medo do Espírito Santo que, se Ele viesse, fugiriam da sala. O presidente da Associação e outros líderes apoiaram suas palavras com muito entusiasmo. Seu propósito era começar uma nova igreja Celebration na sua Associação.

Muitos dos livros e materiais do movimento Celebration adventista têm sido simplesmente recopiados de livros e materiais pentecostais. E todo o formato de serviço religioso dessas igrejas tem um estilo pentecostal.

Preparando-me para este artigo, visitei uma dessas igrejas. Já havia ouvido relatos de outras pessoas e não sou do tipo que visito um lugar duvidoso somente para ver por mim mesmo. Mas pensei que os relatos haviam sido exagerados. Tive uma surpresa agradável na entrada quando observei a forma modesta dos presentes se vestirem – sem jóias nem roupas frívolas (embora logo tenha notado que outros líderes da igreja não se vestiam da mesma maneira). Mas dentro me esperava uma surpresa. Um espetáculo musical estava acontecendo, com as luzes apagadas e refletores focalizando os “atores”. Em seguida vieram à frente uma banda musical e vários cantores. A música tinha o ritmo característico do rock. Quando o pastor fez um chamado para orar, centenas vieram à frente. Havia imposição de mãos por parte dos anciãos enquanto o pastor e sua esposa oravam, e muitos balançavam as suas mãos para frente e para trás, na maneira pentecostal. Durante todo o serviço houve palmas, gracejos, riso e uma atmosfera muito alegre. Ao concluir o serviço, aumentando o volume com música de rock cada vez mais forte, a banda e os cantores deram rédea solta a música, os cantores batiam palmas e se movimentavam de um lado para outro.

A congregação parecia ser um amálgama interessante – tudo era aceitável. Muitos acham que isso é maravilhoso. Eu também me alegro vendo pessoas que representam uma variedade de filosofias e vestimentas na igreja, se essas pessoas forem não-adventistas que estão procurando a verdade; porém não era esse o caso nessa igreja. Embora Deus nos aceite tal como somos quando O encontramos pela primeira vez, Ele espera que um crescimento prático e espiritual aconteça daquele ponto em diante. O caminho para o céu não é o caminho largo que inclui todo o tipo de prática e estilo “cristão”, é o caminho estreito que Cristo percorreu.

Pergunto-me o que teria dito Jesus se estivesse ali. Estou certo que teria considerado esse culto como um sacrilégio. Não irei outra vez a esse tipo de culto, pois não creio que o Senhor poderia me proteger da influencia maligna que prevalece ali. Isso lhe parece muito exagerado, muito retrógrado – Mas nós não ensinamos sempre a nossos membros que não assistam a reuniões espíritas ou a cultos religiosos pentecostais porque o Senhor não nos protegeria em tais locais?

O Movimento Celebration se Estende

Ellen G. White nos diz que “Os acontecimentos finais serão rápidos”. Testemonies, vol. 9, 11. Temos visto com que rapidez a Europa Oriental se voltou do comunismo para o Papa. Porém em nenhuma outra ocasião os eventos finais se desenvolveram mais rapidamente do que o movimento Celebration. Quantos haviam ouvido falar de uma Igreja de Celebração há dois anos atrás? Hoje é um movimento mundial. Pastores em toda a América têm sido treinados nos conceitos de “Celebração”. Pastores da Austrália e da Nova Zelândia, a caminho para a Associação Geral, se detiveram para receber treinamento nos conceitos de “Celebração”. Igrejas de Celebração estão brotando por todos os lugares como se impulsionadas por um poder especial.

Por duas vezes no passado, Satanás tentou introduzir esta experiência espiritualista na Igreja – logo após o desapontamento de 1844 e novamente no começo do século. Em ambos os casos se supôs que era o derramamento do Espírito Santo, e foi associado com a música, tambores e o excitamento das pessoas. A Sra. White predisse que esse fenômeno regressaria a igreja.

“As coisas que descrevestes como tendo lugar em Indiana, o Senhor revelou-me que haviam de ter lugar imediatamente antes da terminação da graça. Demonstrar-se-á tudo quanto é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos seres racionais ficarão tão confundidos que não se pode confiar neles quanto a decisões retas. E isto será chamado operação do Espírito Santo”. Mensagens Escolhidas, vol. 2, 36. O Senhor afirmou aqui que “isto ocorreria justamente antes da terminação do tempo da graça”. Em Isaías 22 diz que o Senhor não fará expiação por aqueles que se unem a esse movimento, porque o tempo da graça terminará. Certamente, estamos vendo o desenrolar dos últimos eventos da história! Este não é um tempo para ser um cristão sonolento, porém como Paulo disse: “conhecendo o tempo, que já é hora de levantarmos do sono; porque agora esta mais perto a salvação do que quando cremos” Romanos 13:11

“Mas”, alguns podem dizer, “nossa igreja esta se transformando em uma Igreja de Celebração, mas nos não vemos aqui todos os extremos mencionados acima. Nossa igreja está incorporando somente os aspectos bons do movimento Celebration.” Mas vamos considerar a raiz do assunto. Eva descobriu ser impossível separar o bem do mau quando comeu da arvore do conhecimento do bem e do mal.

Consideremos ainda outro aspecto: as duas igrejas mais proeminentes do movimento Celebration começaram como igrejas Celebration. É impossível transformar uma igreja tradicional em uma Igreja de Celebração de um instante para outro. Tem que haver um processo de condicionamento. Muitas vezes tenho ouvido presidentes de Associações aconselhando os ministros a não rápido demais com as pessoas. Assim como em todas as outras áreas da vida, as mudanças devem ser efetuadas um passo de cada vez.

Uma pessoa não se transforma em alcoólatra da noite para o dia! No principio o álcool parece ser um divertimento muito prazeroso. Aquele que o toma pensa que jamais chegará aos “excessos” de um alcoólatra. Mas precisamos observar o alcoólatra para compreender onde o consumo do álcool pode nos conduzir. Assim, se alguém quer ver o resultado final do movimento Celebration, deve observar o caráter das igrejas que começaram como igrejas Celebration, sem a bagagem do adventismo tradicional na congregação para retardar o processo.O pastor da Igreja de Celebração de Colton, Califórnia descobriu que não poderia introduzir todas suas ideias na Igreja Adventista de Azure Hills, porque muitos dos seus membros objetaram as suas ideias, como, de fato, deveriam ter feito. Portanto os pastores que desejam introduzir o conceito de Celebração em igrejas já estabelecidas, precisam agir lentamente, passo a passo – porem o caminho que percorrem conduz às mesmas práticas das Igrejas de Celebração mais proeminentes. Assim, mesmo os primeiros indícios de Celebração devem encontrar uma oposição firme em cada congregação. E uma vez que uma igreja se transforma em Igreja de Celebração, é o dever de todo Adventista do Sétimo Dia fiel e verdadeiro abandonar esta congregação apostata.

É Tempo de Falar

Já é tempo de todo Adventista do Sétimo Dia fiel e verdadeiro levantar a sua voz contra esse movimento apóstata que existe em nossa igreja, mesmo que fazendo isto sejamos perseguidos por isso.

“Hoje se necessita muito mais que uma mera teoria para alcançar os corações, é necessário um testemunho comovedor para alarmar e despertar ; que inquiete os que estão sujeitos ao inimigo, então almas honestas serão levadas a decidir pela verdade. Em alguns existiu, e ainda existe, uma inclinação a tomar medidas que não causem distúrbios. Estes não vêem a necessidade de um testemunho direto.”

“Na igreja existem pecados que Deus odeia, porém raras vezes são mencionados por medo de criar inimigos. Levantou-se uma oposição contra o testemunho direto. Alguns não suportariam esse testemunho. Eles desejam ouvir palavras agradáveis. Se os pecados de outros indivíduos são mencionados, eles se queixam de severidade e simpatizam com os que estão em erro. Como Acab perguntou a Elias: És tu que perturbas a Israel – Eles são prontos a suspeitar e duvidar daqueles que dão um testemunho direto; E como Acab, ignoram o mal que motivou a censura e a correção. Enquanto Deus tenha uma Igreja, Ele terá aqueles que levantarão a sua voz sem se deter… ainda que ouçam ou deixem de ouvir. Vi que indivíduos se levantarão contra um testemunho claro.” Spiritual Gifts, vol. 2, 283-284

Perseguições já têm se levantado contra aqueles que denunciam o movimento Celebration. Sabemos de pelo menos um que teve seu nome excluído porque se opôs a esse movimento, e sem dúvida, outras exclusões se seguirão.

Quando a perseguição se levantou em Battle Creek contra o testemunho direto, Ellen White escreveu aos líderes da igreja, e lhes recordou de como ela e outros haviam sido perseguidos em suas igrejas denominacionais anteriores, e por essa razão as abandonaram e chamaram outros a sair delas também. Então referindo-se a nossa própria igreja , ela disse: “Esperamos que não exista outra vez a necessidade de sair dela.” The Ellen G. White 1888 Materials, 357. Porém Ellen White entendeu que ela tinha que chamar o povo para sair da Igreja de Battle Creek , e teve que dizer aos estudantes que não assistissem a escola ali. Também temos que reconhecer que não devemos freqüentar um lugar onde o Espírito de Deus não mais habita. O movimento Adventista do Sétimo Dia triunfará, porém, como nos dias da Sra. White, haverá necessidade de fazer um chamado para sair de certas congregações e instituições dentro da Igreja.

Comentando a respeito dos adventistas que não aceitaram toda a verdade, a mensageira do remanescente disse: “Me foram mostrados aqueles que crêem possuir a ultima mensagem de misericórdia e a necessidade que tem de estar separados dos que estão bebendo diariamente novos erros. Vi que nem os jovens nem os velhos deviam assistir a essas reuniões; porque é ruim anima-los enquanto estão ensinando o erro que é um veneno mortal para a alma, e enquanto apresentam como doutrina mandamentos de homens. A influência de tais reuniões não é boa. Se Deus nos livrou dessas trevas e erros, devemos nos destacar firmemente na liberdade com que nos emancipou e regozijarmo-nos na verdade. Deus sente desagrado conosco quando vamos escutar tais erros, sem estarmos obrigados a ir, porque a menos que Ele nos mande aquelas reuniões onde se ensina o erro pelo poder da vontade, não nos guardará. Os anjos deixam de exercer seu cuidado vigilante sobre nós, e ficamos expostos aos golpes do inimigo, para ser colocados em trevas e debilitados por ele e por seus anjos maus, e a luz que nos rodeia se contamina de trevas.”

“Vi que não temos que desperdiçar tempo ouvindo fábulas. Nossos pensamentos não devem ser distraídos dessas formas, devemos nos ocupar com a verdade presente e com a busca da sabedoria, a fim de obter um conhecimento mais cabal de nossa posição para que com mansidão possamos dar razão de nossa esperança baseando-nos nas escrituras. Quando doutrinas falsas e erros perigosos se inculcam na mente, esta não pode se dedicar a verdade há que preparar a casa de Israel para que subsista no dia do senhor.” Primeiros Escritos, 124-125

Conclusão

Foi mostrado a Ellen White o conflito final do povo remanescente de Deus: “Vi que alguns, com fé robusta e gritos clamavam perante Deus. Estavam pálidos e seus rostos demonstravam a profunda ansiedade resultante de luta interna. Grossas gotas de Suor banhavam sua fronte…
Os anjos maus os rodeavam, oprimindo-os com trevas para ocultar-lhes a visão de Jesus … De quando em quando Jesus enviava um raio de luz aos que angustiosamente oravam, para iluminar seu rosto e dar alento aos seus corações.
Vi que alguns não participavam dessa obra…ao contrário mostravam-se indiferentes e negligentes, sem cuidar-se de resistir as trevas que os envolviam, e essas trevas os encobriam como uma densa nuvem. Os anjos de Deus se afastaram deles e acudiram em auxilio aos que dedicadamente oravam. Vi anjos de Deus que se apressavam para auxiliar todos quantos de empenhavam em resistir com todas as forças aos anjos maus e procuravam ajudar-se a si mesmos invocando perseverantemente a Deus.” Primeiros Escritos, 269-270

Brevemente, antes da vinda de Jesus, cada cristão deve passar pela experiência do Getsêmani. Aqueles que desenvolveram uma experiência superficial baseada no emocionalismo, não suportarão este tempo. Porém aqueles que têm aprendido a defender a verdade e os princípios, receberão ajuda para permanecerem firmes.

Haverá um verdadeiro derramamento do Espírito Santo. Porém não será acompanhado de música mundana, palmas, leviandade, trivialidade e fanatismo – ao contrário, nos levará a uma profunda contrição de alma. Mas antes do verdadeiro derramamento do Espírito Santo virá um movimento falso, assim como antes da segunda vinda de Cristo haverá uma segunda vinda falsa. Não será muito melhor esperar pelo Espírito Santo verdadeiro e pela verdadeira Segunda Vinda”

Algum dia haverá uma verdadeira Igreja de Celebração. Haverá a música mais bela e mais santa nesta igreja. Haverá júbilo e alegria. Nessa igreja não haverá pecado nem tentador que destrua, porque será a celebração dos redimidos de todas as épocas, celebrando em redor do trono. Assim como posso esperar pelo Espírito Santo verdadeiro e pela verdadeira Segunda Vinda, também posso esperar por uma Igreja de Celebração verdadeira.

“E naquele dia se dirá: Eis que este é o nosso Deus, a quem aguardávamos, e ele nos salvará; este é o SENHOR, a quem aguardávamos; na sua salvação gozaremos e nos alegraremos“. Isaías 25:9


Este artigo foi publicado na revista Our Firm Foundation de dezembro de 1990

O original em inglês está disponível em: https://www.stepstolife.org


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