por: Samir Machado
Uma das mais lindas palavras, com um significado tão nobre e maravilhoso, a adoração faz parte das primeiras expressões que formam o novo vocabulário e vida do discípulo. Ela é alvo de nossa profunda busca, e sempre reconhecemos que podemos ir mais além, “mergulhar” nas águas profundas do Espírito.
Conversando certa vez com nosso amado Daniel Souza, ele me disse algo que já estava em meu coração, mas, sem dúvida alguma, me trouxe uma clareza bem maior sobre o processo da adoração em nossas vidas: “Adoração é uma reação! Refletindo sobre isso, compartilho alguns aspectos importantes que refletem na vida de um verdadeiro adorador.
Somente adoram a Deus, homens submissos. Sem submissão, ninguém pode adorar a Deus! Para Deus, é realmente importante a nossa decisão de submissão. Desde o começo fomos criados com esse objetivo. Antes da queda do homem, em Gênesis cap. 1, este tinha um posicionamento natural de submissão a Deus. Depois da queda porém, essa decisão não é refletida naturalmente em nossas vidas. Quando entregamos nossas vidas a Jesus, quando Ele passa a ser o Senhor, retornamos para a vontade de Deus. Para o Seu governo. É por isso que chamamos Jesus de “Senhor”.
Para Deus isto importa tanto, que Jesus foi enfático para aqueles que dizem O conhecer, mas não O obedecem, conforme Lucas 6:46: “Por que me chamais: Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando”? Temos exemplos na Bíblia de homens que foram obedientes e de homens que não foram. Um dos mais lembrados por todos nós foi o de Saul. Saul foi o primeiro rei de Israel. Em I Samuel 11:6, a palavra diz que o Espírito de Deus se apossou de Saul. Ele tinha, portanto, todas as condições não somente para ser um rei bem sucedido, mas para ser um amigo de Deus. Que cooperador de Deus teria sido Saul! Ele foi o primeiro rei da história de Israel! No entanto, em algum momento, sua “visão” de reino, não foi a visão que Deus havia orientado. Deus não pode levar o seu projeto adiante com pessoas que não o obedecem. Ou que julgam o que é certo ou errado. No caso, foi o modo como procedeu Saul, cf. I Samuel 13:11-12.
E eu e você? Como estamos na avaliação de Deus? Andando em obediência, ou “sugerindo” a Deus a maneira como devemos andar? Espero, sinceramente, que estejamos nos submetendo completamente a Ele, porque se não estamos vivendo essa realidade, estamos vivendo apenas uma vida religiosa, e não o compromisso pelo qual fomos chamados por Deus. “Porque dele, por meio dele, e para ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11:36).
Cada um de nós tem diante de si situações que apontam para uma decisão. E é aí que se expressa a adoração na prática. Não somente com nossos salmos, cânticos e palavras, mas (e principalmente) com o nosso firme posicionamento em descansar na vontade de Deus. É esta atitude que vai fazer refletir em nós a verdadeira adoração.
Já que estamos analisando o livro de I Samuel, não poderíamos deixar de observar a vida de Davi. Afinal de contas, este é aquele de que a Bíblia diz “um homem segundo o coração de Deus”. A razão para que Davi tenha sido considerado assim, é que ele conhecia e reconhecia a autoridade de Deus. Ele entendia que todas as coisas estavam sob o controle de Deus. Davi faz diversas menções sobre isso: “Teu Senhor é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque Teu é tudo quanto há no céu e na terra; Teu Senhor é o reino e Tu te exaltaste por chefe sobre todos.” (I Crônicas 29:11).
Que rei era Davi! um rei que buscava em primeiro lugar o reino de Deus e a Sua justiça, e que reconhece que tudo pertence a Deus. Trazendo para a nossa realidade, toda a nossa esfera de atuação deve ser completamente submetida a Deus. Família, o meu “EU”, trabalho, estudos, ministérios, tudo isto centralizado em Deus! Ele é quem sabe e toma as devidas decisões. Não tomamos nenhuma decisão sem a autorização de Deus. Fomos chamados a viver este padrão de vida.
Quando O deixamos reinar, quando isso é o alvo do nosso coração, aí surge a reação! Aí fluirão de nossas vidas salmos de louvor, como os que fluíram da vida de Davi!
Hoje em dia, homens e mulheres tem sido levantados por Deus para levar a bandeira da Sua adoração. Sendo assim, é necessário que cada um de nós, discípulos de Jesus, que recebem esse chamado, seja exemplo de submissão a Deus, através do reinado de Jesus. Do contrário, estaremos com o foco errado. Estaremos buscando o “fogo” de Deus sem deixar que esse fogo, que é a presença do Espírito Santo tome o devido e real lugar em nossos corações. Estaremos “coando mosquitos e engolindo camelos”. Nos preocupando com rituais e não com a verdadeira mudança de Deus em nossas vidas através do Seu governo.
Todos nós que somos discípulos de Jesus não nos deixemos levar por nenhuma direção que não se volte para o Senhorio de Cristo em nossas vidas! Não deixemos o pecado fazer parte de nosso cotidiano porque muitos o tem aceito! E isto subirá como aroma suave a Deus! É verdadeira adoração. E assim, vamos cooperar com Senhor Jesus para que outros sejam impactados com o Seu Senhorio também. “Eu amo os que me amam. Os que me procuram me encontram” (Provérbios 8:17).
Os adoradores são íntimos de Deus!
Ninguém consegue expressar um amor muito profundo por alguém que não conhece ou não ouviu falar. Podemos até, por fruto do Senhor Jesus em nós, refletir amor para as pessoas que não conhecemos, mas não será como expressamos para aqueles que convivem conosco. Se eu, ao conhecer uma pessoa, conversar por breves cinco minutos com ela, terei mais liberdade e haverá uma possibilidade muito maior de expressar o meu amor por ela. Acontece que nestes cinco minutos, ainda que cinco minutos, eu me tornarei mais íntimo desta pessoa.
Uma vez, fui a um programa de rádio para anunciar o programa que eu começaria a fazer. O radialista daquele programa não me conhecia, mas durante meia hora intercalada por cânticos, conversamos. No final de seu programa, ele disse aos ouvintes: “Então, a partir de tal data e tal horário, o Samir, este irmão que já aprendi a amar, terá o seu programa…” O que aconteceu? Aquela meia hora foi tempo suficiente para que nós nos conhecêssemos e, de antes desconhecidos, agora já estávamos simpaticamente contando com a amizade um do outro.
A adoração a Deus, da mesma forma, vai se manifestar em nossas vidas, de acordo com a intensidade que zelamos pela intimidade com Deus. Se buscamos pouco, pouco refletirá adoração em nós. Se buscamos muito, certamente conheceremos mais ao nosso Deus. A Sua palavra nos diz: …”os que me procuram me encontram.” Provérbios 8:17.
Às vezes, há uma confusão, porque algumas pessoas pensam que a partir da nossa conversão nossa intimidade com Deus já é plena e suficiente. De fato, quando nos convertemos a Cristo, automaticamente temos comunhão com Deus. Mas intimidade é fruto do quanto queremos conhecer, ouvir, saber, aprender de Deus. Se eu ler a palavra, lá Deus irá se revelar a mim. Se eu orar e perseverar nessa atitude, estarei mais sensível à Sua voz. É um processo, sem dúvida, natural.
Dos doze discípulos de Jesus, um se destacava na intimidade com o Senhor. Este era João. Ele era tão íntimo do Senhor, que inclinava a cabeça no peito do Mestre para O ouvir(João 13:25 e 21:20). Acredito que o Senhor não orientava aos seus discípulos a fazerem isto. Esta era uma atitude de João! Por outro lado, sempre que Jesus ia a algum lugar e não iam todos os seus discípulos, em geral três o acompanhavam: Pedro, Tiago e João.
Portanto, intimidade com Deus é fruto prático na vida de uma pessoa. Quem se direciona até Deus, acaba conhecendo mais a Deus, mais de Deus. E quem O conhece mais O ama mais por vê-Lo como Ele realmente é. A pessoa que assim anda, acaba se rendendo completamente a Ele e se deixando reinar por Cristo. A adoração então, fluirá.
Com qual dos doze discípulos de Jesus queremos ser parecidos no que diz respeito a intimidade com o Senhor Jesus?
Fonte: Missão Vivos