por: Ciro Sanches Zibordi
Neste artigo procurarei discorrer com equilíbrio sobre a adoção de danças e coreografias por parte das igrejas.
A chamada adoração extravagante, com danças e todo tipo de manifestação corporal, é uma novidade que parece ter chegado para ficar no meio evangélico.
Reconheço que existem grupos chamados de ministérios de dança e coreografia nas igrejas, executados por pessoas sinceras. E eu não quero aqui ser um estraga-prazeres; porém, é necessário considerarmos este assunto segundo a Bíblia e sem preconceito:
1) O termo “extravagância” significa: “esquisitice, estroinice, dissipação, libertinagem” (Dicionário Michaelis). E, nesse caso, o adjetivo “extravagante” não pode combinar com a adoração, haja vista o que dizem estes textos sagrados: II Crônicas 20 (todo o capítulo precisa ser lido); Eclesiastes 5:1; Efésios 5:18,19; Colossenses 3:16; Amós 5:23; Isaías 29:13; João 4:23,24; Salmos 57:5; Neemias 8 (todo o capítulo).
2) Alguns internautas acham que eu exagerei ao comparar as coreografias e danças do megashow de 07/07/07, realizado na praça da Apoteose (Rio de Janeiro), com o que acontece em ajuntamentos de astros como Madonna (para o leitor saber do que estou falando, veja o artigo O Diabo agradece a preferência!.
Entretanto, não quis ofender uma parte do povo de Deus, e sim alertá-la quanto à imitação das práticas mundanas. Aliás, em Neemias 8:6, está escrito: “E Esdras louvou ao Senhor, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém! Amém!, levantando as mãos; e inclinaram-se e adoraram o SENHOR, com o rosto em terra”. Este texto mostra que a adoração deve ser reverente, e não extravagante.
3) De acordo com os eruditos – entre eles o mestre Antonio Gilberto, que lida há anos com traduções bíblicas e é o editor da edição brasileira da Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD) -, a melhor tradução para Salmos 149:3 e 150:4 é mesmo “Louvem o seu nome com flauta” e “Louvai-o com o adufe e a flauta”, respectivamente. Ou seja, essas passagens não apóiam (como muitos pensam) nem incentivam a dança no culto coletivo a Deus. Ademais, ainda que alguma tradução apresente a palavra “dança”, o contexto deixa claro que as passagens se referem ao povo de Israel (Salmos 149:2). Leia com atenção todo o Salmo 149 e veja se é possível aplicar tudo o que ali está escrito nos dias de hoje!
4) As danças de Miriã e Davi foram patrióticas, como parte da comemoração de uma vitória, e não como parte integrante de um culto litúrgico (tanto que Davi depois ofereceu um culto a Deus sem dança). Embora Deus não tenha rejeitado aqueles gestos e manifestações pessoais, isso não é uma justificativa para se introduzir na casa de Deus ou no culto ao Senhor (independentemente do local) todo tipo de manifestações corporais do mundo, como coreografias, balé, shows de rap e bailes como parte da liturgia. Além disso, aquelas danças isoladas (de Davi e Miriã) não respaldam as chamadas night ou “baladas” gospel, etc., outro modismo perigoso.
5) Na Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, não vemos apoio ao chamado “ministério da dança”. Davi e Asafe, que organizaram o ministério do louvor nos tempos do Antigo Testamento, o fizeram apenas com músicos e cantores (I Crônicas 25:1-7). Se Davi – que, aliás, é o mais citado pelos defensores da chamada “dança no Espírito” – e Asafe apoiassem a “adoração corporal”, teriam estabelecido, além de cantores e músicos, dançarinos, coreógrafos…
6) Não há no Novo Testamento nenhuma passagem que apóie a introdução da dança no culto público e coletivo. Isso é uma influência do secularismo (ou mundanismo, cf. Romanos 12:1,2; I João 2:15-17; II Timóteo 4:10; II Coríntios 4:4; Tiago 4:4; Mateus 7:13,14; João 6:60-69). Antes de me criticarem e, cheios de indignação “santa”, verberarem contra mim, dizendo que estou defendendo uma opinião particular, pessoal, e não uma verdade bíblica, procurem em todas as páginas neotestamentárias alguma passagem que corrobore as danças e as coreografias no culto a Deus… É claro que o ser humano sempre busca o que o agrada, porém Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo” (Lucas 9:23).
7) E mais: uma coisa é extravasar-se, saltando, pulando, movimentando-se em um momento de extrema alegria (casos de Miriã e Davi). Isso é bíblico (Salmos 9:2; Atos 3:8). Outra coisa, bem diferente, é dançar ao som de ritmos eletrizantes ou fazer coreografias que atraiam a atenção do público para as(os) bailarinas(os), como ocorreu no citado apoteótico megashow. Isso é antibíblico, secular (mundano) e não se coaduna com o culto a Deus em espírito e em verdade.
Fonte: Ciro Sanches Zibordi