A Forma da Adoração

O Tempo de Dançar Chegou?

por: Ciro Sanches Zibordi

[…] Bem, para mim nunca foi e nunca será tempo de dançar. Mas tenho de ser convincente em minhas explicações, uma vez que os amantes da dança (que já devem ser maioria) ficarão muito bravos comigo…

Por que o tempo de dançar não chegou e nunca chegará, pelo menos para quem deseja andar segundo as Escrituras? Por várias razões.

1) Ao longo da História, a dança nunca esteve presente na liturgia das igrejas cristãs. É claro que uma ou outra pessoa falava em “dança no Espírito”, e outras até cantavam, sem dançar, o famoso corinho “Se o Espírito de Deus se move em mim, eu danço como Davi”. Por que agora esse assunto tão controvertido deve ser tratado como natural? Por que a dança é agora tão essencial para um culto de louvor a Deus?

2) A Palavra de Deus diz que há diversidade de ministérios (I Coríntios 12:5), mas não nos esqueçamos de que isso alude à maneira multiforme de o Espírito Santo atuar. Essa menção de modo algum apoia todo e qualquer ministério inventado por pessoas que querem fazer prevalecer as suas preferências pessoais. Na Bíblia não há apoio ao chamado ministério da dança.

3) Os defensores da dança citam Miriã e Davi, mas as suas atitudes e ações, conquanto não tenham sido reprovadas por Deus, deram-se fora do culto coletivo a Deus. Foram atos patrióticos, pelos quais extravasaram a sua alegria. Daí o próprio Davi, ao organizar o culto, juntamente com Asafe, não ter feito nenhuma menção à dança, estabelecendo apenas cantores e músicos (I Crônicas 25:1).

4) Não há base bíblica para se introduzir danças no culto, tampouco chamá-las de ministério, como muitas igrejas estão fazendo. Há até exceções, como as coreografias infantis e adolescentes, feitas de maneira esporádica ou em ocasiões especiais. Mas as exceções não devem se transformar em regra, gerando modismos injustificáveis.

5) Não existe sequer um versículo nos mandando ou nos autorizando a dançar na casa de Deus! No Novo Testamento não há nenhum incentivo à sua introdução no culto.

6) Os dois únicos textos que poderiam — supostamente — ser usados como incentivo à dança estão nos Salmos 149 e 150, no Antigo Testamento. Mas não são passagens que falam propriamente da dança no culto da igreja do Senhor.

Alguns exegetas até discutem se o termo original traduzido em algumas versões em português para “dança”, nos textos mencionados, significa flauta ou harpa. Entretanto, mesmo aceitando-se que os Salmos Salmos 149 e 150 aludem à dança entre os hebreus — o que não seria nenhuma novidade (Juízes 11:34; Eclesiastes 3:4; Lamentações 5:15) —, eles nada têm que ver, diretamente, com o culto do Novo Testamento.

A mensagem da Bíblia se dirige a três povos: judeus, gentios e igreja (I Coríntios 10:32). E nem sempre um mandamento pode ser considerado “universal”, isto é, para todos. Se aplicarmos a nós o que dizem os tais Salmos, na íntegra, teremos de louvar a Deus com uma espada na mão e tomar vingança das nações, literalmente! “Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus e espada de dois fios, nas suas mãos, para tomarem vingança das nações e darem repreensões aos povos, para prenderem os seus reis com cadeias e os seus nobres, com grilhões de ferro” (Salmos 149:6-8).

Alguém dirá: “Ora, tudo isso pode ser aplicado de maneira figurada”. É mesmo? Então por que a dança deve ser aplicada de modo literal? Por que empunhar uma espada e tomar vingança das nações é figurado, e dançar não?! Por que não consideramos, então, que devemos dançar espiritualmente, e não com o corpo? É mais fácil priorizar preferências pessoais, para depois encontrar na Bíblia versículos isolados em apoio a invencionices?

7) Muitos têm citado I Coríntios 6:20 como apoio à dança no culto. Dizem que devemos glorificar a Deus com o corpo. Sabe o que é isso? Torcer a Palavra de Deus, fazendo-a dizer o que não diz. A simples leitura do contexto da passagem é suficiente para demonstrar que ela nada fala acerca da dança. Glorificar a Deus com o corpo significa não pecar contra o Senhor por meio do corpo (versos 18-20)!

[8)João não viu nenhuma forma de louvor com dança no Céu (Apocalipse 45), a menos que algum “adorador” queira chamar de coreografia a adoração dos 24 anciãos que se prostraram diante do Senhor!]

9) A dança no culto também não é uma questão cultural, como muitos pensam. Não é porque o brasileiro tem samba no pé que deve sambar na casa de Deus. Isso seria secularizarismo ou dessacralização, à luz de Romanos 12:1,2; Tiago 4:4; I João 2:15-17.

10) Nas Escrituras não há — repito — nenhuma passagem que apoie a dança no culto neotestamentário. “Ah, mas eu quero dançar, gosto de fazer isso e tenho certeza de que Deus a receberá”, alguém poderá argumentar. Ora, quem quiser, que dance e assuma a responsabilidade diante de Deus. Mas não diga que o culto precisa de danças para agradar ao Senhor. As nossas reuniões sobreviveram sem danças durante muito tempo.

11) Em várias igrejas, as danças só vêm sendo incorporadas ao culto porque lhes falta o principal: salmo, doutrina, revelação, língua e interpretação (I Coríntios 14:26). Um culto não pode sobreviver sem a genuína manifestação do Espírito, a Palavra de Deus e os verdadeiros louvores. Sem dança, ele subsiste — sempre subsistiu, ao longo da História.

12) Se nos conscientizarmos de que o culto é para Deus, e não para agradar pessoas; e se nos convencermos de que a maneira de Deus falar, no culto, não é por meio de danças, e sim pela Palavra, tudo ficará mais fácil, não é mesmo?

[…]Precisamos decidir: O que vamos fazer no templo, louvar a Deus ou buscar entretenimento? Com toda a franqueza, quem quiser diversão, deve procurá-la em outros lugares, pois o templo é lugar de oração, louvor e ensino da Palavra (Atos 2:42-47; 5:21).


Ciro Sanches Zibordi é pastor na Assembléia de Deus em Cordovil, Rio de Janeiro e articulista. Autor dos livros “Perguntas Intrigantes que os Jovens Costumam Fazer“, “Adolescentes S/A“, “Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria” e “Erros que os Pregadores Devem Evitar“, todos editados pela CPAD.


Fonte: Blog do Ciro


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