por: Natán Hege
A Adoração Que Agrada a Deus
“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.” (João 4:23)
O verso acima indica que Deus procura adoradores verdadeiros. Ele os busca porque há muito poucos que o adoram da maneira que ele quer. E apesar das pessoas construírem mais e mais igrejas a escassez de verdadeiros adoradores, que começou no Jardim do Éden, se mantém até nossos dias.
É certo que muitos querem ser salvos. Mas, lamentavelmente, muito pouco do que se conhece como adoração de fato é adoração. Muito poucos, muito poucos mesmo, dos adoradores que Deus encontra, O adoram como Ele deseja ser adorado.
Adoradores mecânicos
A criação obedece a Deus de forma mecânica. Os astros, em suas órbitas movem-se de acordo com leis fixas, que podem ser estudadas através de cálculos matemáticos. Mas ainda assim estão adorando a Deus, pois o salmista declara: “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos.” (Salmo 19:1). As propriedades dos elementos naturais podem ser conhecidas pelo homem com absoluta precisão, porque seguem regras imutáveis. Todo o universo se inclina à vontade de Deus. Quando Deus fala, a criação responde. “Olhando ele para a terra, ela treme; tocando nos montes, logo fumegam” (Salmo 104:32).
Porém, o homem foi criado como um ser pensante, dotado de sabedoria, discernimento, sentimentos, emoções e livre-arbítrio. Ele pode escolher quais ações deseja realizar e com que intensidade irá se envolver nestas ações. Em nossa adoração, todos este atributos dirigem a nossa forma de adorar.
Adoramos mecanicamente quando cantamos ou oramos por mero costume. Adoramos mecanicamente quando cumprimos os ritos sem pensar e sem sentir. Adoramos mecanicamente quando nossas palavras ou nossos atos de adoração não estão unidos à nossa mente, às nossas emoções ou ao nosso espírito.
Os movimentos mecânicos de nossos lábios e de nossas mãos não são suficientes para adorar a Deus como devemos.
“Este povo Me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim; em vão Me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos humanos” (Mateus 15:8-9).
“O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens. Tampouco é servido por mãos humanas, como se necessitasse de alguma coisa. Pois é Ele mesmo quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas” (Atos 17:24-25).
Em sua busca de verdadeiros adoradores, Deus não faz caso dos que adoram mecanicamente.
Adoradores sensuais
Ao dizer sensual, refiro-me ao corpo e aos sentidos em oposição à mente e ao espírito. A adoração sensual nasce dos sentidos e das emoções. A adoração sensual é governada pelos desejos e pelas tendências de nosso corpo e, por sua vez, alimenta esses desejos e essas tendências.
Os animais oferecem adoração a Deus reagindo a seus sentidos e instintos segundo a natureza que Deus lhes deu. Embora seja verdade que a natureza bela e original deles foi manchada pela maldição que Deus pôs na terra por causa do pecado, os animais não podem decidir deixar de adorar a Deus. Quando um pássaro sente desejo de cantar, canta. E porque faz fielmente o que Deus quer que faça, em certo sentido adora a Deus com isso. Quando o pássaro quer deixar de cantar, não canta mais. Mas sempre louva a Deus, porque continua fielmente sendo um pássaro como Deus o criou. O pássaro, tal como qualquer outro animal, não tem alternativa a não ser seguir seus instintos, sentimentos e desejos.
O ser humano, apesar de ser diferente em seus atributos mentais, conforme vimos acima, também partilha destes instintos. Nossos corpos respondem automaticamente a nossos sentidos. Uma música suave com um ritmo natural (biológico) e um movimento natural faz com que nossos corpos relaxem. Por outro lado, se escutamos música com ritmo antinatural, nossos corpos ficam tensos.
Há cultos em que as pessoas gritam ou saltam. Tal adoração é sensual. Tais adoradores respondem aos impulsos que sentem em seus corpos. Gritam e saltam porque sentem vontade de fazê-lo, não porque saibam, através da revelação, que isso é o que Deus quer que façam.
Alguns hinos têm uma música muito linda e tocante. Isso é bom, se o hino eleva nossos pensamentos para Deus. Mas se esses hinos só tocam nossos sentidos, então adoramos sensualmente. Alguns pastores são muito dinâmicos em sua maneira de pregar. Não é errado, se pregam a verdade. Mas se o que nos comove é a força de sua voz, e não a verdade da mensagem, então adoramos sensualmente. Respondemos aos estímulos que recebemos, e não à verdade que quer tocar o nosso coração e a nossa mente.
A adoração sensual combina bem com nossa natureza pecaminosa que recebemos de Adão. Por isso, muitas pessoas adoram sensualmente, ou seja, são dependentes de seus sentidos e sentimentos para levá-las a um estado de espírito que chamam de “adoração”. E quando acontece que os sentimentos não cooperam? Há três opções: Ou tentam estimular seus sentidos buscando outra igreja, ou aumentando o volume da música, ou escolhendo outro hino, músico ou pregador.
Muitos vão aos cultos esperando que seus sentimentos os levem a chorar ou a testemunhar em êxtase. Mas se seus sentimentos não são tocados como eles esperavam, então voltam para casa decepcionados.
Será que nossos sentimentos são dignos de tanta confiança? Será que a adoração de que Deus se agrada está baseada no que sentimos?
Muitos poderiam responder rapidamente: “Claro que sim! É com meus sentimentos que me encontro com Deus”.
Mas, será que é bíblica essa resposta? Será que Deus está em nossos sentimentos como às vezes pode parecer?
Não é assim que o profeta Jeremias nos ensina: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9). Ainda que alguns tenham mais problemas do que outros, todos lutamos contra sentimentos que nos querem levar ao desânimo, à incredulidade e ao pecado. Nossos sentidos, nossos pensamentos e a condição de nosso corpo, tudo isso influi em nossos sentimentos.
O que influi em nossos sentimentos? | ||
Os sentidos | Os pensamentos | A condição do corpo |
audição visão olfato paladar tato |
pensamentos de alegria pensamentos de tristeza pensamentos de adoração pensamentos de culpa pensamentos de rancor |
saúde exercício dieta cansaço estresse |
Visto que não podemos controlar totalmente as nossas emoções com nossa própria vontade, tendemos a pensar que as emoções têm algum elemento sobrenatural. O argumento que nutre este ponto de vista é mais ou menos o seguinte: “Se minhas emoções mudaram e eu não as mudei, então foi Deus” Mas será que nossas emoções são um meio de comunicação confiável entre nós e o Espírito de Deus?
Suponhamos, por exemplo, que nos sentimos cansados e exaustos. Nossas emoções ficam sombrias, o desânimo toma conta de nós. O que significa isso? Será isso de Deus? Será do diabo? Ou será que é o resultado de trabalharmos muito e dormirmos pouco? Quando tentamos receber mensagens espirituais a partir de nossas emoções, sempre acabamos confusos.
É verdade que não devemos desprezar nossas emoções e sentidos, pois foi Deus quem os deu a nós. Ele nos deu a capacidade de sentirmos a felicidade e a tristeza, o prazer e a solidão, o desejo e a aversão… e muitas outras emoções e sentimentos. Mas, uma vez que as emoções se baseiam em nossa humanidade, elas são frágeis e instáveis. Não devemos permitir que nossas emoções nos dominem, e sim devemos pedir a Deus que Ele seja quem domine as nossas emoções.
Em sua busca de adoradores verdadeiros, Deus não escolhe adoradores sensuais, movidos pelos ventos instáveis das emoções. Ele deseja algo melhor.
Adoradores espirituais
“O espírito do homem é a lâmpada do Senhor; ela esquadrinha completamente o mais íntimo do coração” (Provérbios 20:27).
A adoração dos seres vivos vegetais é uma adoração automática; a dos animais é uma adoração sensual, baseada em seus instintos; mas a adoração humana tem que ser espiritual por ter sido criado à semelhança do Criador.
Para podermos adorar a Deus em espírito temos que reverter a decisão de Adão. Quando escolheu pecar, Adão deixou de crer em Deus e creu em si mesmo. Para reverter isto, temos que morrer para nós mesmos e sermos ressuscitados por Jesus Cristo com a vida nova de Deus em nosso espírito.
A verdadeira morte dos homens não é a morte física; na verdade, Jesus considera a morte física como um sono, do qual Ele pode despertar-nos facilmente, como fez com Lázaro.
“Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono. Disseram, pois, os seus discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo. Mas Jesus dizia isto da sua morte; eles, porém, cuidavam que falava do repouso do sono. Então Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto” (João 11:11-14).
Porém, esta mudança, revertendo as nossas prioridades e alterando a decisão de quem domina nossa vida, é possível somente em Cristo. Por meio dele podemos escolher viver, apesar de ainda estarmos em corpos corruptíveis e pecaminosos.
“Se Cristo está em vós, embora o vosso corpo seja mortal por causa do pecado, o espírito vive por causa da justiça” (Romanos 8:10).
Quando o Espírito Santo ilumina e aviva o nosso espírito, Ele nos dá graça para podermos adorar em espírito. Então, o mais profundo de nosso espírito produz a adoração que agrada a Deus, reconhecendo nossa indignidade e nos prostrando sobre nossos rostos diante do Senhor, desejando-O e reconhecendo-O como o Senhor da nossa vida.
Poucos adoram verdadeiramente a Deus em seus espíritos, mas são esses adoradores que Deus está buscando (leia João 4:23-24).
Para meditar:
Você costuma seguir a tendência humana de adorar a Deus mecânica e sensualmente? Em caso afirmativo, arrependa-se e peça a Deus que o ajude a adorá-lo em espírito.
Fonte: Hege, Natán – A Adoração – Publicadora Lâmpada e Luz, Farmington, New Mexico, EUA (2008) – Traduzido por: Eduardo Vieira da Silva
Sintetizado e adaptado especialmente para o Música Sacra e Adoração pela Profª Jenise Torres em Julho de 2013
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