por: W. E. Murray
Prestar culto a Deus é um dos grandes deveres e privilégios de todos os cristãos. É a base de toda a estabilidade e progresso espirituais. Os cristãos confiam em Cristo, e dar-Lhe graças, e consagrar-Lhe a vida em oração, tudo isso faz parte do culto. Oração é culto. Ler e estudar as Escrituras é, em certo sentido, prestar culto. Meditar nas santas verdades das Escrituras é, também, prestar culto.
Os excepcionais personagens do relatório bíblico salientam-se como exemplo de adoração. O salmista Davi era um grande homem de culto. Culmina o Salmo 23 com: “Habitarei na casa do Senhor por longos dias”, revelando seu desejo de estar na casa do Senhor. Mais uma vez os desejos de seu coração se dirigem para a casa de Deus: “Senhor, eu tenho amado a habitação da Tua casa e o lugar onde permanece a Tua glória.” Daniel devotava-se ao culto de seu Deus. Todos nós nos lembramos de seu costume de orar de manhã e à noite, com as janelas abertas para o lado de sua terra natal. Quando Noé saiu da arca, depois do Dilúvio, um de seus primeiros atos foi oferecer sacrifícios a Deus, prestando-Lhe culto, portanto. As viagens de Abraão bem poderiam ser traçadas pelos altares que ele deixou nos lugares em que acampava.
Dos cristãos do século XX, como dos cristãos de todas as épocas, requer-se que orem. Isso é adorar a Deus.
O apóstolo S. Paulo estava muito ansioso de que os seguidores do Senhor Jesus Cristo fossem cuidadosos quanto à freqüência dos cultos públicos. Ele diz em Hebreus 10:25: “Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” Ele menciona em outros lugares a frase: “comunhão dos santos”, que se refere à reunião em comum para o estudo da Palavra de Deus, oração, meditação, e atos de culto público. Notar-se-á que ele menciona que o culto se torna até de maior importância ao nos aproximarmos do fim dos tempos. Fala da importância do culto ao vermos que o dia se aproxima. Certamente quer ele dizer, neste texto, que o dia a que se refere é o dia da vinda do Senhor. Com que interesse devemos nós, no dia de sábado, ou nas quartas-feiras de oração, procurar os lugares de culto para comungar com nossos irmãos no culto de adoração a Deus!
Prestar culto dessa maneira será um testemunho para os que não crêem no Senhor. Reunir-nos com nossos irmãos no culto divino fortalecer-nos-á o coração e a alma. Desses lugares de culto sairemos refrigerados. As chamas da inspiração e da coragem com maior intensidade arderão em nosso coração ao adorarmos a Deus em espírito e em verdade.
Muitas vezes o culto cristão erroneamente se limita aos cultos da igreja. O culto tem sentido mais amplo. Nossas orações em família, de manhã e à tarde, fazem parte do culto. Nossas orações particulares dirigidas a Deus são culto também. Quando estamos cumprindo com nossos deveres, dia a dia, e pensamos nas bênçãos que o Senhor nos tem dado, podemos dizer que isso também é culto da mais elevada espécie. Sim, quando estamos empenhados em nossos deveres diários e nosso coração se eleva a Deus, de quando em quando, mesmo nas horas mais afanosas do dia, também isso é prestar culto de adoração a Deus.
Um dos mais belos exemplos de uma vida de oração é apresentado no comentário da vida do jovem profeta Samuel, feito pela irmã White. Diz ela o seguinte, quanto ao trabalho desse jovem de Deus, no serviço do santuário:
“Jovem como era ao ser trazido para ministrar no tabernáculo, tinha Samuel mesmo então deveres a cumprir no serviço de Deus, conforme sua capacidade. Estes eram a princípio muito humildes, e nem sempre agradáveis; mas cumpria-os da melhor maneira que lhe permitia a habilidade, e com coração voluntário. Levava sua religião a todo dever da vida. Considerava-se como servo de Deus, e o seu trabalho como o trabalho de Deus. Seus esforços eram aceitos, porque eram motivados por amor a Deus e por um desejo sincero de fazer a Sua vontade. Foi assim que Samuel se tornou cooperador do Senhor do Céu e da Terra.” — Patriarcas e Profetas, págs. 635 e 636.
Cada um de nós, que vivemos nestes últimos dias, deve tomar como exemplo este pequeno parágrafo, seja qual for o ramo de atividade em que estejamos empenhados. Podemos trabalhar com o mesmo espírito de adoração manifestado pelo jovem Samuel no tabernáculo.
Temos sido ensinados quanto ao dia de preparo, ao dia que precede o dia de descanso, o sábado. Muitas pessoas dão grande ênfase ao preparo material para o sábado no dia de preparação. O alimento é preparado na sexta-feira para o sábado. Limpamos e preparamos nossas roupas para que possamos aparecer de maneira apresentável no culto, no sábado. Mas cuidar do aspecto material de nossa vida no preparo para o culto é apenas uma parte do trabalho do dia de preparação. O dia de preparação também deve ser usado para o preparo de nosso coração para o culto de sábado! Ao examinarmos nosso coração, para ver se ofendemos a alguém durante a semana, e então darmos os passos necessários para endireitar esses erros com Deus e com nossos semelhantes, veremos que o culto do dia de sábado significará muito mais para nós. Se, no dia de preparação, quiséssemos considerar como podemos ser um auxílio para nossos irmãos, ao com eles nos reunirmos no dia de sábado, o culto seria tido em muito maior estima. Se os cristãos que são um tanto frios na experiência dedicassem o dia de preparação especialmente à oração ao Senhor para que sua vida espiritual fosse cada vez mais aquecida, logo descobririam ter obtido grandes bênçãos do culto de adoração a Deus.
Apelo, hoje, aos membros de nossas igrejas, onde quer que se encontrem, para que pensem mais seriamente na necessidade de elevar nosso culto a Deus. Ao chegarmos ao dia de sábado, oxalá estejamos todos preparados em corpo, espírito e alma para receber as maravilhosas bênçãos que Deus deseja derramar sobre nós nas horas de culto. Oremos pelas horas de culto de nossa igreja, para que Deus derrame Seu Espírito sobre essas reuniões. Pensemos em nosso próprio preparo para receber as bênçãos do Senhor. Assentemos em nosso coração que, pela graça de nosso Senhor Jesus Cristo, seremos adoradores de nosso Pai celeste e de nosso Senhor Jesus Cristo, em espírito e em verdade.
Fonte: Revista Adventista, abril de 1954, p. 2 e 3 – Disponível em: http://www.revistaadventista.com.br