A Adoração

A Adoração Verdadeira

por: Elias Pinheiro

Antes de começarmos nosso estudo sobre o que viria a ser adoração verdadeira, não podemos deixar de frisar dois termos distintos, que são comumente confundidos em nossas igrejas: Louvor e Adoração.

E uma vez tendo o discernimento [da diferença entre][1] Louvor e Adoração, passaremos a nos aprofundar nesse que é um tema muito extenso e sério, Adoração. Aprenderemos o que é Adoração verdadeira ou falsa, e aprenderemos a discernir quando estamos adorando em verdade.

Louvor

Segundo o Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, do Ministério da Educação e Cultura, louvar significa elogiar; enaltecer; bendizer; glorificar; aplaudir.

O significado bíblico é mais abrangente. Compreende esses aspectos, porém vai além deles ao incluir outros elementos, quando se trata de louvar a Deus.

Segundo a bíblia, louvor é reconhecer, demonstrar agradecimento a Deus pelo que ele tem operado em nossas vidas.

Salmos 103:1-2 – Bendize oh minha alma ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga seu santo nome. Bendize ó minha alma ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios.

Adoração

Quando pensamos em adorar a Deus, geralmente imaginamos algo que emana de nós a fim de expressarmos louvor às qualidades de Deus.

Definição de Adoração

O dicionário Aurélio define adoração como culto a uma divindade; culto, reverência e veneração.

No sentido Bíblico, adoração vai muito além de um simples culto, muito além de reverencia mas uma intimidade com Deus, é estar na presença de Deus.

Não existe, ou pelo menos não conheço, alguma passagem das escrituras que nos dê uma definição clara e direta do que viria a ser ADORAÇÃO, mas existem diversas passagens, que vamos estudar hoje, de onde podemos pressupor essa definição.

Uma frase que define adoração que me marcou e me chamou a atenção quem me deu foi o Pr. Hilquias. Uma definição tão lógica, mas que nunca eu havia parado pra pensar.

“Adoração é um estilo de Vida”

O ponto inicial para entendermos a Adoração como estilo de vida, seria estudar a vida e experiência de duas pessoas que aprenderem esse sentido: Abraão e Paulo.

Abraão

Vamos começar nossa viagem bíblica ao passado, no século XX a.C, em Gênesis, e conhecer um pouco sobre quem foi Abraão e como foi a sua vida com Deus para entendermos o sentido da palavra Adoração.

Abraão, 8ª geração de Noé, amigo de Deus, também conhecido como o pai da fé, se pôs a obedecer a vontade de Deus quando seu povo passava fome em sua caminhada em direção a Canaã, a terra prometida.

Liderando o seu povo, enfrentou as contendas do povo contra Deus, mesmo diante todas os sinais e maravilhas que Deus operava naquele lugar, enfrentou todas as dificuldades e diversidades em nome do amor que sentia ao seu Deus.

A relação de intimidade de Deus com Abraão se deu nesse momento, quando Deus prometeu a Abraão um filho quando sua esposa tinha já 90 anos. E Abraão mostra sua total obediência ao seu Deus quando acatou o pedido de Deus para sacrificar seu filho Isaque em holocausto.

Foi nesse momento que podemos presenciar o maior ato de intimidade e adoração de Abraão para com Deus; quando ele deixa de lado toda lógica, inclusive o amor a seu filho para seguir a vontade de Deus, oferecendo seu filho em sacrifício, conforme Deus o havia pedido.

Gênesis 12:1 – O Senhor disse a Abraão: Sai da tua terra e da tua parentela e da casa de teu pai para a terra que eu te mostrarei.

Abraão aqui começa a viver a experiência de seguir o que é lógico aos olhos humanos saindo de sua terra para um lugar desconhecido

Gênesis 15:1, 3-6 – “Depois destas coisas veio a palavra do Senhor a Abrão em visão, dizendo: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão.(…) Disse mais Abrão: Eis que não me tens dado filhos, e eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro. E eis que veio a palavra do Senhor a ele dizendo: Este não será o teu herdeiro; mas aquele que de tuas entranhas sair, este será o teu herdeiro. Então o levou fora, e disse: Olha agora para os céus, e conta as estrelas, se as podes contar. E disse-lhe: Assim será a tua descendência. E creu ele no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça.”

A intimidade, a relação entre Deus e Abraão era de tamanho que ambos conversavam, não em sonhos, mas em visões, e não apenas uma vez, mas várias. Como por exemplos podemos citar:

Gênesis 12 – Deus pede a Abraão para que saia de sua terra.

Gênesis 15 – A aliança que Deus fez com Abraão quando prometeu a ele filhos mesmo sendo avançado em idade.

Gênesis 17 – Deus pede a Abraão sua circuncisão e de sua descendência.

Gênesis 18 – Deus revela a Abraão sobre a destruição de Sodoma e Gomorra (Abraão questiona a Deus).

Gênesis 21 – Deus promete que Isaac seria conhecido como semente de sua descendência. E do filho de Hagar faria uma grande nação.

Gênesis 22 – Deus pede Isaac, seu filho em sacrifício.

Isso é adoração, ter uma vida de intimidade com Deus, viver para Deus e viver de Deus.

Avançando um pouco no tempo, ano 50 d.C. vamos conhecer outro personagem que aprendeu o sentido da palavra adoração.

Paulo

Paulo, doutor da lei Judaica, criado em uma seita dos fariseus. Quando ainda se chamava Saulo, antes de sua conversão, foi considerado o maior e mais cruel perseguidor que o povo cristão já conheceu.

Além de perseguidor ele consentia com facilidade, na execução dos cristãos da época.

Mas após seu encontro com Jesus a sua vida foi transformada. Mesmo estando ciente de todas as conseqüências de sua conversão e de sua nova posição, ele optou por pagar o preço de ser chamado apostolo de Deus, passando nesse momento a ser perseguido.

Perseguido, apedrejado, preso, não deixou de seguir ao seu Deus. Mesmo na cadeia ele adorava e louvava seu Deus.

Após sua conversão Paulo se tornou um dos um dos maiores responsáveis pela disseminação do evangelho e sobre tudo do capítulo da fé. Escreveu 14 cartas, livros no novo testamento, sendo assim um instrumento usado por Deus para escrever boa parte do Novo Testamento.

Paulo permaneceu preso em sua própria casa pelo período de 2 anos, e não foi impedido de continuar a anunciar as boas novas do evangelho.

Paulo tinha uma vida tão intima com Deus que preferia a morte que a vida, para se encontrar com Deus.

Gálatas 2:19-20 – Porque eu pela lei estou morto para a lei, para viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo, e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim.

Paulo era tão intimo com Deus, que Deus o escolheu dentre os homens para ver a glória de Deus, o único dentre os homens a contemplar o 3ª Céu.

I Coríntios 2:9-10 – Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus preparou para aqueles que o amam.

Nesse ponto você deve estar se perguntando: “Como saber se estou adorando a Deus em verdade ou não? Aliás, existe adoração falsa?”

A Adoração Falsa

A resposta, infelizmente é sim, e o pior, não apenas uma maneira… Conheçamos algumas:

  • Existe adoração com forma mas sem substância. Nos últimos dias, como nos dias passados, falsos profetas virão (II Timóteo 3:1-8). Eles terão uma aparência de piedade e aprendem o que diz a Bíblia, mas, na verdade, negam a substância, o próprio poder da verdade e são réprobos quanto àquela fé uma vez dada aos santos. É fácil percebê-los pois eles querem propagar somente as coisas aprazíveis, fábulas e freqüentemente apregoam tradições dos homens como se fossem mandamentos de Deus. A adoração da forma correta leva-nos à substância da verdade, ao aperfeiçoamento (II Timóteo 3:16,17).
  • Existe adoração com os lábios, mas não de coração. Essa adoração pode ter uma aparência impecável, como se o povo estivesse chegando a Deus, assentando diante dele como o povo verdadeiro de Deus, ouvindo as palavras de Deus, mas por fim, o coração segue o pecado (Mateus 15:8,9). Essa é uma adoração falsa. Em Isaías 1:2-17, o povo de Israel tinha oblações, orações e o levantar das mãos, aproximação a Deus, reuniões solenes, holocaustos abundantes, mas não reconheciam o Senhor em seus corações. Isso era visto por Deus como iniqüidade e maldade (vv. 13,16) e Ele escondeu os Seus olhos deles. A adoração ocupou os lábios de todo o povo mas o coração deles estava longe de Deus. Não há adoração verdadeira se não houver obediência de um coração singular e temente a Deus.
  • Existe adoração com a lei, mas não com o espírito. Os Fariseus eram religiosos que faziam tudo pela lei com a esperança sincera de deixar a Deus o mais alegre possível. Socialmente eram bem aceitos. Religiosamente também. A cerimônia era exatamente conforme a lei que Deus estipulava mas, era uma adoração falsa. Deixaram o espírito da lei desfeito (Mateus 23:15,23). Por sinal, quando a Verdade passava por perto, os que adoravam por meio da letra da lei, zangavam-se. No fim da historia, crucificaram a Verdade, para que pudessem continuar em adoração pela lei. Não podemos classificar uma adoração verdadeira aquela que aborrece A Verdade.
  • Existe adoração com ignorância e é tida como adoração falsa. Jesus, em a sua conversa com a mulher Samaritana chegou a dizê-la que os Samaritanos adoram ao que não sabem (João 4:22). A instrução de Cristo é: que se não está adorando em espírito e em verdade, não está adorando ao Seu agrado. Jesus disse que os Fariseus erraram praticando seus ensinamentos com ignorância da verdade (Mateus 22:29, “Errais, não conhecendo as Escrituras …”). Paulo notou a existência da adoração com ignorância.
  • Existe adoração com sacrifício, mas não com obediência. O Rei Saul foi instruído para que destruísse completamente os Amalequitas. Tudo, homem, mulher, crianças e animais deviam ser destruídos. Nada deveria ser perdoado. O Rei Saul foi a cidade e feriu-a mas tomou o Rei Agague, rei dos Amalequitas, vivo, como também o melhor das ovelhas e das vacas, e também as de segunda ordem. Quando Samuel encontrou-se com o Rei Saul na volta da campanha de guerra, Samuel perguntou-o se a palavra do Senhor foi obedecida. O Rei Saul disse que sim. Mas os balidos das ovelhas e o mugido das vacas veio aos ouvidos de Samuel. Saul explicou que estas foram poupados porque podiam ser oferecidas ao SENHOR, em Gilgal. Samuel explicou que essa é uma adoração falsa, pois o obedecer é melhor que o sacrificar, e o atender melhor que a gordura dos carneiros (I Samuel 15: 21-22).

A Adoração Verdadeira

Ouvi uma frase, que ao meu ver traduz exatamente o que devemos buscar para que nossa adoração seja verdadeira e genuína:

O Amor leva à Verdade, a Verdade purifica o Amor.

Traduzindo: É o amor que você sente por Deus que lhe conduz a verdade, a uma adoração verdadeira, e em contrapartida, essa adoração verdadeira purifica o amor que você sente por Deus. Tornando assim um ciclo de amor para com seu Deus.

João 4:23,24 – Mas vem a hora e já chegou em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito e importa que os que o adoram, o adorem em espírito e em verdade.

É muito claro o que Deus procura no assunto de adoração. Ele quer ser adorado em “espírito e em verdade”.

Vemos aqui dois novos quesitos para nos enquadrarmos na figura de adoradores, vejamos os dois separadamente:

A Adoração Verdadeira:

1. Em Espírito

Por causa destas duas naturezas habitarem no crente, há conflitos. Uma natureza deseja os prazeres da carne e batalha contra a outra que vive segundo a justiça e a santidade (Gálatas 5:17). As tentações vêm ao crente através da sua carne. A adoração que agrada a Deus não é produto dos esforços do homem natural mas fruto do Espírito Santo que está no novo homem. Isso é o que significa “adorar em espírito”.

Só o que é produzido por Deus é aceito por Ele pois o que o homem natural toca, suja. Para podermos adorar a Deus verdadeiramente temos que estar “em espírito”, movidos e feito por aquela nova natureza nascida de Deus no crente. Isto seria visto naquele que é separado do mundo e obediente à Palavra de Deus. A adoração movida pelas emoções da carne e pelas maneiras e métodos de culto inventados pelo homem, mesmo que sejam dirigidas a Deus, são vãs e não aceitas por Deus, pois não são dEle. O que Deus aceita é feito por Ele e evidenciado pela santidade, silêncio, temor e por uma crescente obediência (Filipenses 2:13).

2. Em Verdade

Mesmo este estudo sobre a adoração verdadeira estando dividido em dois pontos (espírito e verdade) devemos entender que um não existem sem o outro. Importa a Deus que os que O adoram O adorem tanto em espírito quanto em verdade. Se adoramos o Senhor somente em um ponto, estamos adorando incorretamente. Mas, podemos, para maior clareza, os estudar separadamente.

A Necessidade da Verdade

O homem sempre precisa ter um equilíbrio. Por ele ter as duas naturezas, é preciso ser sempre lembrada a influência que a natureza pecaminosa pode exercer no crente. Por isso há tantos versículos na Bíblia sobre a necessidade do Cristão ser vigilante e sóbrio despertado do sono e ser espiritual. Também, por ter um inimigo astuto, cheio de ardis incansável que arma lutas espirituais contra nós precisamos de um alicerce forte no qual podemos nos estabelecer. A Palavra de Deus é o equilíbrio que o Cristão precisa. Ela é a verdade, mui firme viva e eficaz em meio a mentira e o engano sagaz que opera ao nosso redor. Ela nos aperfeiçoa para a defesa e resistência contra as astutas ciladas do diabo e o engano do nosso próprio coração. São provados os espíritos pela verdade e não por nossos pensamentos manipuláveis ou emoções enganadoras.

A esses o Senhor busca para habitar na sua presença

Salmo 15:1-2 – Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no seu santo monte? Aquele que vive com integridade e pratica a justiça, e de coração fala a verdade.


Notas:

[1] Todos os termos entre [colchetes] são de autoria dos editores do Música Sacra e Adoração.


Fonte: Publicado originalmente em http://www.netgospel.com.br


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