por: Samuele Bacchiocchi
A Música Rock a Partir de uma Perspectiva Histórica
No best-seller The Closing of the American Mind, o professor da Universidade de Chicago Allan Bloom examina alguns dos fatores, os quais, em anos recentes, tiveram um impacto negativo no desenvolvimento intelectual, cultural, e moral dos jovens americanos. O livro permaneceu na lista dos mais vendidos do New York Times por mais de seis meses, vendendo mais de um milhão de exemplares. É evidente que muitas pessoas apreciaram a análise perspicaz que Bloom provê e que ele chama de “o fechamento da mente americana.”
No capítulo intitulado “Música”, Bloom descreve a música rock como “alimento impróprio para a alma”, que libera as “paixões mais baixas” e contra a qual não há “nenhuma resistência intelectual”. 1 Também poderíamos acrescentar que não há nenhuma resistência significativa contra a música rock por parte de muitas igrejas cristãs, que adotaram uma versão purificada de tal música para o seu culto de adoração e campanhas evangelísticas.
Bloom baseia sua conclusão na observação de seus alunos durante os últimos trinta anos. Ele observa que na geração anterior, quando seus alunos eram criados ouvindo música clássica, eles tinham um maior interesse pela aprendizagem mais elevada sobre a verdade, justiça, beleza, amizade, etc. Por contraste, os estudantes desta geração, que foram educados ouvindo música rock, mostram menos interesse pela aprendizagem mais elevada, estando mais interessados nos negócios e nos prazeres imediatos. 2
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A música clássica, de acordo com Bloom, é essencialmente harmônica, enquanto que a música rock é rítmica. Música harmônica apela mais à mente e faz seus ouvintes serem mais contemplativos. A música rítmica apela mais às emoções e faz seus ouvintes serem mais passionais. O efeito sobre o cérebro de uma exposição prolongada à amplificação elétrica de música rítmica é “semelhante ao efeito das drogas” 3. A tese de Bloom é apoiada por estudos científicos citados pela Dra. Juanita McElwain uma musicoterapeuta, que contribuiu com um artigo no (capítulo 5) deste estudo. Um estudo relatado pelo Scripps Howard News Service estabelece que “expor-se à música rock causa anormalidade nas estruturas neuronais na região do cérebro associada a aprendizagem e a memória”. 4
Bloom disse em uma entrevista que concorda com Platão de que “a música expressa as forças caóticas escuras da alma e o tipo de música no qual as pessoas são criadas determina o equilíbrio de suas almas. A influência da música rock sobre as crianças de hoje reafirma um papel central da música que havia caído em desuso durante quase cem anos. Uma vez que reconheçamos esta nova centralidade, contudo, teremos que discutir que paixões são despertadas, como são expressas, e que papel esta atividade ocupa na vida da sociedade”. 5
Em anos recentes houve uma discussão considerável do impacto revolucionário da música rock no comportamento mental, moral, espiritual, e social das pessoas. Porém ainda há perguntas significativas que permanecem sem resposta.
O que há na música rock que atrai tantas pessoas no mundo inteiro e que fez dela um tal fenômeno social revolucionário? Por que é que o Jazz ou o Blues, por exemplo, não exerceram o mesmo impacto revolucionário na sociedade? A música rock é só um estilo musical como muitos outros, ou encarna certas crenças “religiosas”, poderes hipnóticos, e sistemas de valores que são countraculturais e anti-cristãos?
Objetivo deste Capítulo. Este capítulo busca responder às perguntas anteriores, olhando bem de perto a evolução histórica e ideológica da música rock. O propósito desta pesquisa não é meramente informar o leitor sobre a história da música rock. Tal informação está facilmente disponível em estudos bem mais abrangentes. Ao invés disso, nossa preocupação é ajudar o leitor a entender a real natureza da música rock, traçando sua evolução ideológica e enfocando os valores que emergiram durante o curso de sua história. Esta análise continua no capítulo seguinte que examinará mais de perto a natureza da música rock.
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Este estudo mostrará que a música rock passou por um processo de endurecimento facilmente discernível. O que começou na década de 1950, como rock simples, tornou-se, gradualmente, num rock suave, folk rock, soul rock, funk rock, rock psicodélico, discoteca, hard rock, heavy metal rock, punk rock, thrash metal rock, rave rock e o rap rock. Novos tipos de música rock estão aparecendo, constantemente, enquanto que os velhos estilos ainda são aclamados.
Uma suposição popular de que estes vários estilos de música rock são apenas um outro gênero musical que as pessoas podem gostar ou não gostar, dependendo de suas preferências musicais ou culturais. Assim, não haveria nada de imoral com a música rock por si. É apenas seu uso impróprio que está moralmente errado. Mudando suas letras, os cristãos poderiam usar a música rock para adorar a Deus, legitimamente, e proclamar o Evangelho.
Este estudo é planejado para ajudar os leitores a entenderem os enganos desta suposição popular que é baseada numa concepção completamente errada da natureza intrínseca da música rock. Infelizmente a maioria das pessoas não percebe que há mais na música rock do que seus olhos possam ver. Eles ignoram que o rock não é um gênero musical genérico, mas uma música de rebelião. É um movimento revolucionário “religioso” contracultural e anti-cristão, que usa seu ritmo, melodias, e letras para promover, entre outras coisas, uma cosmovisão panteísta/hedonista, uma rejeição aberta à fé e valores cristãos, perversão sexual, desobediência civil, violência, satanismo, ocultismo, homossexualidade e masoquismo.
As características da música rock citadas acima ficarão evidentes quando traçarmos seu desenvolvimento histórico e as características ideológicas neste e nos capítulos seguintes. Os resultados deste estudo nos dão razão para concluir que a música rock não é um estilo musical neutro (amoral), mas uma música de rebelião que desafia Deus, rejeita a moralidade vigente, e promove todos os tipos de comportamentos pervertidos. Nenhuma outra música apareceu durante os últimos vinte séculos que rejeitasse tão deliberadamente todos os valores morais e as crenças que o cristianismo representa.
Como esta conclusão fica cada vez mais evidente durante o curso de nossa pesquisa histórica da música rock, colocaremos esta intrigante questão em pontos cruciais de nossa investigação sobre as suas características durante os anos sessenta, setenta, oitenta, e nossos dias: A música rock pode ser legitimamente adotada e transformada em um meio adequado para adorar a Deus e proclamar o Evangelho? Ao respondermos a esta pergunta, é importante nos lembrarmos que o meio afeta a mensagem. A resposta a esta pergunta se torna evidente por si mesma durante o curso desta investigação, conforme revelarmos os valores éticos e religiosos promovidos pelo rock.
Por uma questão de clareza o capítulo é dividido em quatro partes. A primeira parte traça as raízes da música rock até a música rítmica africana,
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que foi adotada em suas várias formas pelo Negro Spirituals, o Rhythm and Blues, e depois pela música rock and roll. Será dada consideração especial ao papel de Elvis Presley na promoção da música rock e de seus valores.
A segunda parte considera o desenvolvimento da música rock durante os anos sessenta, enfocando, especialmente, a influência dos Beattles. Estes “quatro fantásticos” jovens ingleses, como veremos, desempenharam um papel importante promovendo através de sua música rock o uso das drogas e a rejeição ao Cristianismo.
A terceira parte observa a música durante os anos setenta. Durante esta década vários fatores contribuíram para o aumento de tipos supersticiosos e satânicos da música rock, os quais promoviam várias formas de adoração satânica e atividades ocultas. Este aspecto alarmante da música rock é obviamente ignorado por aqueles que não vêem nada de errado na natureza intrínseca da música rock.
A última parte enfoca o processo de endurecimento da música rock, que aconteceu a partir dos anos 1980. Durante este período apareceram novos tipos de música rock, os quais sobrepujaram as anteriores na intensidade das batidas altas, vulgaridade e profanação. As informações recolhidas por esta pesquisa histórica servirão de base para analisarmos a intrigante questão de se a música rock pode ou não ser legitimamente adotada e transformada num meio adequado para adorar a Deus e proclamar o Evangelho.
Parte 1
O Início da Música Rock
No capítulo 2 observamos que a música rock retirou sua inspiração de seu lar original na África, onde a adoração religiosa é, freqüentemente, uma celebração corporal do sobrenatural através da música rítmica. Como Michael Ventura destaca, “O alvo metafísico do modo africano é experimentar a intensa reunião do mundo humano e do mundo espiritual. Estimulada pelos tambores sacros, aprofundando-se na meditação da dança, uma pessoa é, literalmente, possuída por um deus ou uma deusa. Deusas podem se apossar dos homens, e os deuses podem se apossar das mulheres. O corpo torna-se, literalmente, uma intersecção, o humano e o divino são unidos nele – e isto pode acontecer com qualquer um.”
“Em Abomey, África, estas deidades que falam através de humanos são chamadas vodun. A palavra significa ‘mistérios.’ Do seu vodun vem nosso vodu, e é no vodu que temos que procurar as raízes de nossa música… Vodu não é tanto a África no Novo Mundo quanto é a África conhecendo o Novo Mundo, absorvendo-o e sendo absorvida por ele, e reformando a metafísica antiga de acordo com que tem que enfrentar agora”. 6
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A aceitação popular da música rítmica africana tem sido facilitada pela convergência em nosso tempo entre a concepção imanente de “Deus em nós”, prevalecente entre os evangélicos, e a visão de Deus humanista/panteísta dominante em nossa sociedade. Observamos no capítulo 2 que, como ambos os grupos estão buscando satisfazer seu desejo íntimo por uma experiência aprazível do sobrenatural, a música rítmica africana provê um meio atrativo para se aproximar do infinito através de seu ritmo hipnótico.
Uma característica ímpar da música africana encontra-se em seus ritmos, que para os africanos são o tempero da vida. O musicólogo inglês A. M. Jones explica que “Ele [o africano] é intoxicado por esta harmonia rítmica ou polifonia rítmica, da mesma maneira que reagimos à harmonia dos acordes. É esta notável interação das batidas principais que o leva irresistivelmente, quando ouve os tambores, a começar a movimentar seus pés, seus braços, todo o seu corpo. Para ele isto é música verdadeira”. 7 A batida é realmente, a característica distintiva da música rock. Veremos que seu ritmo inconfundível, que influencia diretamente o corpo, distingue a música rock de todas as outras formas de música.
Uma suposição popular é de que o ritmo musical do Vodu africano está associado com a adoração ao Diabo. Isto não é necessariamente verdade. A cultura africana vê os seres sobrenaturais como sendo, inerentemente, nem bons nem maus, mas capazes de agirem de uma maneira ou de outra, dependendo das habilidades dos músicos, que praticam suas artes para o bem ou para o mal. A presença do oculto, do satanismo em alguns tipos de música rock, discutidos posteriormente neste capítulo, não representa a intenção original da batida do Vodu, que era comunicar-se com o sobrenatural, seja bom ou mal.
Negro Spirituals. As raízes da música rock são encontradas, geralmente, nos Negro Spirituals que se desenvolveram no interior do Sul dos Estados Unidos. Estas canções simples merecem nosso respeito porque elas expressam os sofrimentos e opressões do negro americano. Embora a música seja rítmica, os Spirituals sempre continham uma mensagem de esperança a ser encontrada na libertação de Deus para o Seu povo. O sofredor encontra a solução e a esperança final em Deus, que trocará suas roupas sujas por uma vestidura branca e os resgatará da morte numa carruagem de fogo. A teologia dos Spirituals pode nem sempre ser exata, mas a fé e confiança em Deus são inquestionáveis.
Com o tempo, houve negros que rejeitaram a mensagem de esperança dos Negro Spirituals, desenvolvendo uma outra forma musical para expressar seu
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sofrimento e desespero. Sua música, que é conhecida como “Rhythm and Blues”, tornou-se a expressão dos negros que rejeitaram qualquer solução divina para o seu infortúnio. O estado de espírito do Blues é a tristeza e o desespero, marcada por uma batida pesada, regular.
Hubert Spence observa: “O sentimento do ‘blues’ (N.T. – A palavra inglesa “blues” é sinônimo de tristeza, melancolia, depressão) era fortemente evidente, mas havia uma clara rejeição a qualquer solução fora do homem. Sua mensagem descrevia o homem ou se afogando em seu sofrimento, ou tirando sua vida por causa do sofrimento, ou participando de algum ato prazeroso (como a fornicação); através dessas ações o ‘blues’ era aliviado. E nos anos trinta, nos campos e choupanas da região do Delta do Mississipi, ocorreu a mutação deste estilo musical mundano, intensamente vigoroso. Era tocado pelos negros para os negros (naquela época eram chamados de Crioulos). Curtida na miséria, era uma música solitária, de alma triste, cheia de prantos e pontuadas por uma batida regular pesada”. 8
O Nascimento da Música Rock. Depois da Segunda Guerra Mundial, a batida do Blues foi intensificada pelas guitarras elétricas, baixos, e baterias. As primeiras gravações foram feitas por Chuck Berry, Bo Diddley, e John Lee Hooker. Estes discos “raciais”, como ficaram conhecidos na indústria fonográfica, foram tocados em 1952 pelo disc jockey Alan Freed, em seu programa de rádio de fim de tarde chamado Moondog Matinee, em Cleveland. Tomando emprestado uma frase que ocorria em várias canções de Rhythm-and-Blues, Freed chamou o estilo de “rock and roll.” Esta frase era usada no gueto como um eufemismo para as relações sexuais promíscuas que aconteciam no assento traseiro dos carros. Nesta perspectiva, como é o som do “rock cristão”?
Freed foi para a cidade de Nova Iorque tocar suas melodias na WABC, uma das maiores estações de rádio daquela época. A batida acentuada começou a contagiar a juventude americana. A popularidade de Freed não deveria durar muito. Em 1959 um escândalo de suborno levou Freed a renunciar. Ele tinha recebido propinas dos cantores de rock e grupos que promovia. Ele morreu cinco anos depois com a idade de 42 anos, bêbado e sem dinheiro. O homem que deu nome ao rock and roll era a sua primeira vítima.
Os escândalos que sacudiram a música rock não diminuíram o interesse por ela. Cantores como Bill Haley, Chuck Berry, e Buddy Holly contribuíram para popularizar a música rock. Uma influencia especial foi causada por um filme intitulado Blackboard Jungle, que mostrava uma canção de Bill Haley e os Cometas chamada “Rock Around the Clock.”
A verdadeira revolução veio quando Elvis Presley, aos 19 anos, começou a cantar as canções “raciais” no estilo negro. Presley fez sua primeira
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gravação profissional para Sam Philipps no dia 6 de julho de 1954 – uma data que muitos reconhecem como o verdadeiro dia do nascimento da música rock – ou seja, quando a música rock começou a chamar a atenção nacional e internacional. Depois do seu primeiro sucesso “Heartbreak Hotel” Presley se estabeleceu como o “Rei do Rock and Roll.”
A música rock era semelhante, em muitos aspectos, ao que já era popular antes, uma vez que era marcada por guitarras, pianos, trompetes, e outros instrumentos. Ainda assim, como Hubert Spence explica, “o som era muito diferente: uma batida de bateria constante permeou a música, e a tornou muito própria para a dança. A inversão do pulso ou síncope, tornou-se a característica dominante em seu ritmo”. 9 Esta característica distintiva da música rock merece uma cuidadosa consideração, por causa de seu impacto único no aspecto físico do corpo. Examinaremos o ritmo da música rock no próximo capítulo.
A Influência de Elvis Presley. O impacto abrangente de Presley em moldar o movimento rock é declarado de forma concisa no Dicionary of American Pop/Rock: “Presley representou não apenas um novo som, mas um novo visual (costeletas e corte de cabelo ducktail), novo vestuário (calça de camurça azul), nova sensibilidade (a zombaria), novas tradições (uma aproximação mais sensual para o amor), nova linguagem (‘todo mundo agitando’), e novas danças. Sua aceitação histérica era a expressão de uma geração jovem em conflito com e em rebelião contra a geração mais velha”. 10
As técnicas de palco de Presley foram fortemente viscerais no movimento e atraíam de suas platéias não apenas bajulação, mas também uma resposta excitada. Cada garota queria Elvis como seu namorado e amante. O impacto anárquico de sua música logo ficou evidente no comportamento destrutivo e nas revoltas de seus fãs durante seus concertos de rock em Londres, São Paulo – Brasil, Atlanta, e San Jose – Califórnia.
“A geração mais velha acordou. Este cantor garanhão, bufante e resmungão, estava mudando o modo como os jovens olhavam a vida. De repente o triunvirato da escola, família, e igreja tinha perdido o significado. Tudo o que importava era olhar, agir, ouvir, e ser como Elvis. Pastores, pais, e editores de jornais notaram e começaram a pregar contra a rebeldia que Presley simbolizava. Algo tinha que ser feito.” 11
Infelizmente quase nada poderia ser feito, porque Elvis tinha colocado em marcha um movimento que nem a sua morte (causada pelo vício da droga) poderia parar. Ele morreu em agosto de 1977 com quatorze tipos de drogas diferentes pulsando em seu corpo. Sua morte se tornou para seus fãs em sua apoteose, quer dizer, a deificação do seu ídolo. Sua propriedade Graceland se transformou em uma indústria multimilionária e num santuário
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virtual para a peregrinação de muitos adoradores de Elvis. Esta importante dimensão “religiosa” da música rock será examinada no próximo capítulo.
Um aspecto paradoxal da carreira musical de Presley era sua obsessão pelo fetichismo religioso. Ele passava horas lendo a Bíblia em voz alta e forçava os visitantes a irem a uma casa convertida em igreja na sua propriedade de Graceland, para se sentarem e escutarem suas leituras. Ao longo de sua carreira Presley teve quartetos gospel fazendo o vocal de sua música. Nos anos da sua juventude Presley freqüentou uma igreja Batista negra em Memphis (East Trigg), Tennessee, onde estudou as respostas das pessoas à música rítmica. Presley impregnou-se com o estilo gospel de cantar. Ele fez um teste, sem sucesso, para se unir ao Quarteto Gospel Blackwood. O Rock and Roll nasceu quando Presley gravou canções “Rhythm and Blues” como um menino rural branco que soava como um cantor gospel negro.
Presley e o Movimento Carismático. O interesse de Presley pela música Gospel, sugere a possível influência desta última na produção de sua música rock. Hubert Spence pergunta com sensibilidade: “Ousamos declarar que o nascimento da música rock de hoje estava em colaboração com os movimentos Neo-Pentecostais carnais? Movimentos supostamente sob o poder do Espírito Santo tornaram-se envolvidos com a parte visceral do homem. Verdadeiramente, a carne e o “Espírito” foram unificados no pensamento do homem. Esta era uma união que Satanás tinha tentado efetivar, enganosamente, durante muitos séculos na igreja. Lemos sobre este desejo dialético na igreja de Corinto. Hoje, o Movimento Carismático veio do mesmo ventre visceral”. 12
A sugestão de que o Movimento Carismático, que tem seus tentáculos em praticamente todas as denominações, inclusive em algumas igrejas adventistas, veio do mesmo ventre visceral do movimento da música rock, merece séria consideração por duas razões. Primeira, a popularidade do rock “cristão” nas igrejas carismáticas aponta para uma origem comum. Segunda, o compromisso de ambos os movimentos em usar o estímulo da música alta, rítmica para induzir um “clímax espiritual” extático também sugere uma origem comum. No capítulo 2 observamos que a busca por um “clímax espiritual” extático foi facilitada pela mudança gradual na história cristã de uma visão predominantemente transcendente de “Deus além de nós” para uma concepção claramente imanente de “Deus conosco.” Esta última torna a experiência pessoal e emocional de Deus mais importante do que qualquer apreensão intelectual de Deus através de Sua Palavra revelada.
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Em seu livro At the Cross Roads: An Insider’s Look at the Past, Present and Future of Contemporary Cristian Music, Charlie Peacock, artista premiado e produtor de Música Cristã Contemporânea, reconhece que “A experiência carismática chegou a ser percebida como um encontro mais pessoal, tangível, e valioso com Deus do que o encontro que ocorre através da leitura e meditação das Escrituras inspiradas pelo Espírito. As conseqüências desta visão da vida no Espírito foram significativas”. 13
Durante o curso deste estudo teremos oportunidades de refletir na extensão destas conseqüências. Veremos que a tentativa dos carismáticos para experimentarem um encontro direto com Deus por meio da excitação artificial provida pelo ritmo do rock “cristão”, no final das contas, manipula o próprio Deus, tornando-O um objeto de auto-gratificação.
À luz dos fatos que acabamos de revelar sobre a origem da música rock nos anos sessenta, deixe-nos colocar novamente nossa intrigante questão: Pode a música rock, a qual tem suas raízes na batida do Vodu como meio de experimentar um contato direto com o mundo dos espíritos, ser adotada legitimamente e transformada em um meio adequado para adorar a Deus e proclamar o Evangelho? Ao respondermos a esta pergunta, é importante nos lembrarmos que o meio afeta a mensagem.
Parte 2
A Música Rock nos Anos Sessenta
Vários fatores contribuíram para a popularização da música rock nos anos sessenta. Esta foi uma das décadas mais tempestuosas na história americana moderna. A mortandade na Guerra do Vietnã, o movimento “Deus está morto”, o surgimento do movimento hippie, assassinatos políticos, a disseminação das drogas que alteravam as mentes, o medo da guerra nuclear, os violentos protestos em muitos campi de faculdades, suspeitas das instituições tradicionais, e outros fatores, fizeram desta época uma época de grande desilusão entre os jovens.
A Música de Jesus. A terreno fértil da turbulência dos anos sessenta facilitou o rápido crescimento da música rock secular por um lado e o movimento de Jesus por outro lado. Muitos jovens que se haviam desiludido com a cultura da droga e com as instituições políticas, começaram a buscar algo mais profundo. Uma vez que eles haviam abandonado há muito tempo
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as igrejas tradicionais de seus pais, começaram a desenvolver seus grupos religiosos de estudo. Tornou-se bacana entre os jovens “experimentar Jesus” como anteriormente haviam experimentado as drogas.
Para apoiar a nova experiência religiosa, o movimento de Jesus introduziu a então denominada “Música de Jesus”, que depois ficou conhecida como Música Cristã Contemporânea. Esta música era uma versão purificada do rock secular, a qual se acrescentaram letras cristãs. Larry Norman é considerado um dos primeiros inovadores. Ele formou a banda de rock chamada “People”, gravando seu primeiro álbum Upon This Rock, que é considerado por muitos como a primeira gravação de música rock “cristã.” Norman se tornou controverso entre os evangélicos por causa de suas letras diretas que não soavam bem para a fé Cristã. A então denominada música rock cristã, era inspirada amplamente pelo rock secular, que naquela época era promovido com sucesso, especialmente pelos Beattles.
O Papel dos Beatles. Os Beatles são considerados como os músicos mais importantes a alcançarem o cenário do rock durante os anos sessenta. Eles eram quatro jovens ingleses com botas de salto alto, trajes pequenos, e com cortes de cabelo que pareciam uma tigela. Quando eles se apresentaram no Ed Sullivan Show em fevereiro de 1964, 68 milhões de pessoas (uma das maiores audiências da TV na história) sintonizaram suas TVs para assistirem sua performance. Inicialmente eles não se apresentaram de forma tão vulgar e imoral como haviam ficado conhecidos na Inglaterra. Suas canções como “Love Me Do,” “She Loves You,” e “I Wanna to Hold Your Hand”, pareciam ser bastante inofensivas. Os pais sentiram que podiam confiar suas filhas a eles, pois tudo o que eles queriam fazer era segurar as suas mãos.
Os Beatles foram tremendamente bem recebidos na América. Suas canções não saíam das listas de mais vendidos tanto na América quanto da Inglaterra. Pessoas de todas as idades abriram seus corações para os quatro fabulosos que pareciam ser um grupo de rock inocente, divertido. Mas demorou muito para que os Beatles revelassem suas verdadeiras cores.
No verão de 1966 John Lennon fez sua declaração controversa: “O cristianismo vai passar; vai desaparecer e encolher, não preciso discutir sobre isso; tenho razão e vamos provar que estarmos certos. Exatamente agora nós já somos mais populares que Jesus.” 14 Deste esse tempo em diante os Beatles se tornaram fortemente envolvidos pelas drogas e pelo transcendentalismo oriental.
Lennon admitiu que durante três anos esteve usando constantemente LSD. Ele acreditava que o LSD pudesse conduzir as pessoas à utopia pela qual estavam buscando. Os Beatles freqüentemente passavam a noite inteira sob a
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influência das drogas durante suas sessões de gravação. Destas sessões veio o álbum chamado Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club, que tornou manifesto o compromisso dos Beatles com as drogas.
Ao final de 1967, a maioria dos músicos de rock estavam usando LSD, chamado comumente de “ácido”. A lista incluía John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Mick Jagger, Keith Richards, Brian Jones, Pete Townsend, Steve Winwood, Brian Wilson, Donovan, Cat Stevens, Jim Morrison, Eric Clapton, e Jimi Hendrix.
Na sua história da música rock intitulada Hungry for Heaven: Rock and Roll Search for Redemption, Steve Turner escreve: Este [LSD] era a pastilha da estrada de Damasco. As pessoas começavam a viajar como materialistas empedernidos buscando um pouco de diversão, e emergiam com seus egos rasgados e esmagados, inseguros a princípio se veriam a Deus ou se eles eram deuses”. 15
A associação entre a música rock e a cultura da droga foi influenciada especialmente pelo Professor da Universidade de Harvard Timothy Leary, autor de The Psychedelic Reader (O Leitor Psicodélico) e The Psychedelic Experience (A Experiência Psicodélica). Era amigo íntimo dos Beatles, a quem chamava “Os Quatro Evangelistas.” Leary interpretou os efeitos do LSD sobre si mesmo como “sua experiência religiosa mais profunda” de sua vida e fundou a “League of Spiritual Discovery”, a qual fez campanha para o uso legal do LSD como o “catalisador sacramental para a nova consciência”. Em uma convenção de psicólogos na Filadélfia ele declarou: “As drogas são a religião do século XXI. Procurar religião sem drogas é como estudar astronomia a olho nu”. 16
O impacto sobre o público americano foi surpreendente. De repente a maconha, a cocaína, e o LSD eram “legais”, a coisa “in” a fazer. Canções como Lucy in the Sky of Diamonds, supostamente um acróstico para o LSD, poderia ser escutado melhor por uma pessoa que estivesse drogada. Viajar no LSD se tornou o meio de passagem ao cenário do rock. A música de Jimi Hendrix, The Grateful Dead, e Cream ressoaram com a consciência do LSD.
Para alguns grupos de rock o LSD se tornou mais que uma viagem para uma vaga ‘experiência psicodélica’. Estava “desajustando as mentes, arrancando demônios e monstros daquilo que pareciam ser as profundezas do subconsciente.” 17 Eric Clapton recorda-se de uma experiência alucinante em São Francisco enquanto tocava no palco com o grupo Cream. Ele sentiu “sua guitarra aparentemente ressonando com o mundo dos espíritos”. 18 Drogas e ritmo se tornaram a base do movimento rock, porque ambos funcionavam como estimulantes para experimentar um “clímax espiritual.”
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A Rejeição do Cristianismo. As visões teológicas dos Beatles se tornaram mais claras pelo que escreveram durante os últimos cinco anos (1965-1970). Quando eles voltaram da Índia em 1965, comportaram-se como se tivessem tido algum tipo de experiência de “conversão.” Porém, sua “conversão” não aconteceu na estrada de Damasco, mas no rio Ganges. Lá eles descobriram que o LSD revelava uma verdade supostamente escondida às pessoas, isto é, que o mundo inteiro é uma imensa divindade celestial e todos nós somos potencialmente divinos. Isto significa que as religiões monoteístas como o Cristianismo, o Judaísmo, e o Islã eram “out”; ao invés disso, as religiões panteístas como o Hinduísmo, o Budismo, e a Nova Era eram “in”.
“Na canção ‘I Found Out,’ as letras são muito ousadas: ‘Não existe nenhum Jesus vindo do céu. Agora que descobri eu sei que posso chorar.’ Ao longo da canção Lennon declara que viu através da religião ‘de Jesus até Paulo’ e que religião era simplesmente um tipo de droga. Na mesma canção ele declara, ‘Deus é meramente um conceito pelo qual medimos nossa dor.’
Em outra canção ‘God’, Lennon declarou que ele não acreditava na Bíblia, em Jesus, em magia, em Buda, no Ioga, ou até mesmo nos Beatles; ‘Eu só acredito em mim, em Yoko [sua esposa] e eu, e isso é realidade.’ Nas palavras finais da canção ‘God’, ele instruiu seus milhões de ouvintes, ‘E então queridos amigos, vocês só têm que continuar, o sonho acabou.'” 19 É evidente que para Lennon o Cristianismo é apenas um sonho fantástico que não oferece esperança para o futuro. A verdade é que suas canções não têm nenhuma mensagem de esperança – apenas um convite para experimentarem os prazeres temporários do momento. Às vezes Lennon era brutalmente blasfemo, atacando abertamente a Cristo, ao cristianismo e ao clero .
Paul McCartney, um dos componentes dos Beatles, anunciou, publicamente, em 1965: “Nenhum de nós acredita em Deus.” Seu assistente de imprensa oficial, Derek Taylor disse: “É incrível! Aqui estão quatro garotos de Liverpool. Eles são rudes, são profanos, são vulgares, e conquistaram o mundo. É como se tivessem fundado uma nova religião. Eles são completamente anti-cristãos. Quero dizer, também sou anti-cristão, mas eles são tão anti-cristãos que até me chocam, o que não é uma coisa fácil”. 20
Quando os roqueiros viraram as costas para o Cristianismo, engoliram ensinamentos hindus, especialmente os do guru de Maharishi Mahesh Yogi, fundador do Movimento de Regeneração Espiritual. No ensinamento hindu, a música rítmica liberta as almas aprisionadas no mundo da ilusão, habilitando-as a experimentar uma “consciência de deus”. O grupo de rock “The Who”, que adotou ensinamentos hindus, usou sua música como uma
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descrição alegórica de uma viagem da escuridão espiritual para a “realização de deus.”
A atração dos gurus indianos não durou por muito tempo para os músicos de rock. A fabulosa riqueza dos gurus, o número de Rolls-Royces, e o seu tratamento abusivo às mulheres, tudo revelava que eles eram menos que deuses. Esta desilusão pode ter contribuído para a obsessão com o Satanismo, que se tornou característico nos anos setenta.
É impossível calcular o impacto da música dos Beatles na civilização ocidental. Suas músicas e as letras promoviam filosofias caracterizadas pelo ateísmo, niilismo, rebelião, surrealismo místico, satisfação imediata, e uma vida construída nos altos e baixos da cultura da droga.
Um artigo na revista Time aponta, corretamente, que há mais na música dos Beatles do que os olhos podem ver: “A linha de batalha envolve muito mais que sua música. Envolve uma cultura de drogas, um tema anti-Deus, uma posição anti-americana, e pró-revolucionária. Envolvia um reconhecimento de que Lennon era mais que um músico”. 21 Como no caso de Elvis Presley, Lennon se tornou para os fãs do rock um ícone sobre-humano, um semideus. O culto aos heróis do rock é um aspecto significativo do cenário do rock a ser considerado no capítulo 4.
A Moda das Drogas e o Acid Rock. O fenômeno da moda das drogas ganhou impulso na última parte dos anos sessenta e tem continuado até nossos dias. De 1966 a 1970, o cenário das drogas e dos hippies influenciou a batida propulsora, hipnótica da música rock. Uma nova forma de música rock, conhecida como Acid Rock, começou a contaminar os ares em 1967. A ideia desta música era recriar a ilusão das “viagens” do LSD (ácido lisérgico dietilamina) por intermédio da música e do uso de luzes.
O acid rock era mais lento e apático que o hard rock e era usado tanto para induzir a uma “viagem psicodélica” quanto aumentar ainda mais a experiência ao tomarem essas drogas. A cultura das drogas da música rock daquela época fez as suas vítimas. A overdose de drogas é responsável pela morte de astros famosos do rock tais como Elvis Presley, Jimi Hendrix, John Bonham, Jim Morrison, Sid Vivious, Janis Joplin, Bon Scott, Keith Moon, Bob Marley, e outros.
A morte de Jimi Hendrix no dia 17 de setembro de 1970, causou uma tristeza de comoção mundial. Para alguns fãs do rock a morte de Jime era como se fosse a morte do próprio Jesus. Ele foi considerado como o guitarrista mais influente, dinâmico, e musicalmente competente de seu tempo. Para ganhar a atenção da multidão, Hendrix elevava sua guitarra à boca, arrancando as cordas
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com seus dentes e então sensualmente afagava a guitarra. Ele insinuava uma relação sexual usando a guitarra como sua parceira sexual.
No auge de sua apresentação, Hendrix destroçava sua guitarra e o amplificador, embebendo-os em fluido de isqueiro. Entre a fumaça e as chamas ele caminhava para fora do palco. Seu empresário carregava amplificadores, guitarras, e alto-falantes sobressalentes, porque Hendrix destruía pelo menos dois alto-falantes em cada show.
Hendrix era conhecido especialmente por seu estilo de vida orientado às drogas, expresso em canções tais como “Purple Haze.” Ele foi preso em várias ocasiões por porte de narcóticos. O uso da música rock e drogas eram para Hendrix um tipo de experiência espiritual – um modo de se ligar a um falso mundo espiritual. As drogas que ele glorificava finalmente tiraram sua vida. Ele tinha acabado de se apresentar em um enorme concerto em Isle of Wright na Grã Bretanha. Na noite de 17 de setembro de 1970, ele ficou no apartamento de uma garota alemã chamada Monika. Eles fumaram maconha juntos até às 3:00 da madrugada, quando foram juntos para cama. Às 10:20 da manhã Monika encontrou Henrix deitado de bruços, asfixiado em seu próprio vômito após uma overdose de droga.
A lição da morte de astros do rock tais como Presley e Hendrix é clara. A riqueza e a fama acumuladas pelos super-astros da cultura rock não provê paz interior e nem propósito na vida. A razão é que a paz interior e harmonia são encontradas, não por meio da magia das drogas ou da excitante música rock, mas através da Rocha Eterna que nos convida a vir a Ele e achar descanso n’Ele (Mateus 11:28).
Durante esta era as drogas tornaram-se o meio para trazer a cultura do rock à esfera da religião. Infelizmente foi uma religião profana, dominada pelo Príncipe do Mal. As sementes semeadas nos anos sessenta frutificaram nos anos setenta, enquanto a música satânica era produzida por numerosos músicos de rock.
À luz dos fatos que acabamos de revelar sobre a música rock nos anos sessenta, deixe-nos colocar novamente nossa intrigante questão: Pode a música rock, que nos anos sessenta rejeitou o cristianismo, glorificou a perversão sexual, promoveu as drogas, que foram responsáveis pela perda das vidas de alguns de seus heróis, ser adotada legitimamente e transformada em um meio apropriado para adorar a Deus e proclamar o Evangelho? Ao respondermos a esta pergunta, é importante nos lembrarmos que o meio afeta a mensagem. Se o meio é associado com a rejeição do cristianismo, perversão sexual e drogas, ele não pode ser legitimamente usado para comunicar as afirmações morais do Evangelho.
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Parte 3
A Música Rock nos Anos Setenta
A rejeição aberta ao Cristianismo, a desilusão dos ensinamentos hindus, e o uso das drogas para induzir a uma “experiência psicodélica”, cada um destes, a seu modo, contribuiu para o surgimento de uma música supersticiosa e satânica que dominou os anos setenta e continuou até nossos dias.
A Década da Música Satânica. Em seu livro Confronting Contemporary Christian Music, Hubert Spence, professor e presidente da Foundations Schools, fornece uma lista informativa dos grupos e títulos de canções que saíram durante os anos setenta e início dos anos oitenta com claras referências ao inferno e a Satanás. Ele escreve: “Primeiro nos títulos, havia ‘Go to Hell’ (Vá Para o Inferno) por Alice Cooper; ‘Highway to Hell’ (Rodovia para o Inferno) do AC/DC; ‘Hell Ain’t a Bad Place to Be;’ (O Inferno Não é Um Lugar Ruim Para Estar) ‘Good Day in Hell’ (Bom Dia no Inferno) pelos the Eagles. Alguns títulos de canções envolvem Satanás, Lúcifer, ou o Diabo: ‘Their Satanic Majesty’s Request;’ (O Pedido da Sua Majestade Satânica); ‘Dancing with Mr. D’ (Dançando com o Sr. D.); ‘Sympathy for the Devil'(Simpatia pelo Diabo) – todas dos Rolling Stones. Nesta última canção, ‘Sympathy for the Devil’, o próprio Lucifer fala e pede ‘cortesia’ e ‘simpatia’ de todos que se encontram com ele. Outros títulos de canções indicam temas de bruxas, feiticeiros, e encantadores, os quais são todos centralizados no oculto. Outras canções incluem ‘The Wizard’ (O Feiticeiro) do Black Sabbath, e ‘Rhiannon’ por Fleetwood Mac (dedicado a uma bruxa do País de Gales do mesmo nome)… Outras canções tratam de sacrifício humano, como uma do AC/DC intitulada ‘If you Want Blood, You’ve Got It.’ (Se você Quer Sangue, Você Terá.) O tema reapareceu na canção do Black Sabbath, ‘Sabbath, Bloody Sabbath’ (Sábado, Sábado Sangrento).” 22
Algumas das músicas rock são diretamente dirigidas a Satanás. Brian Johnson do AC/DC canta sobre Satanás matando impiedosamente as pessoas na canção “Hell’s Bells,” (Sinos do Inferno), dizendo,: “Eu sou um trovão retumbante, a chuva que cai, estou chegando como um furacão; meu relâmpago está flamejando no céu; você ainda é jovem mas vai morrer. Eu não levo prisioneiros, não pouparei nenhuma vida; ninguém vai lutar. Eu tenho meu sino, vou levá-lo ao inferno; Vou pegar você, sim. Satanás vai te pegar, os sinos do inferno, sim, os sinos do inferno.” Outro cantor do AC/CD, Bon Scott, canta sobre Satanás no sucesso “Highway to Hell,”(Rodovia para o Inferno), dizendo,: “Ei, Satanás olhe pra mim, Eu estou no caminho para a Terra Prometida, estou em uma rodovia para o inferno.” A canção “Bohemian Rhapsody” (Rapsódia Boêmia) gravada pelo grupo homossexual “Queen”, tem uma linha que diz: “Belzebu tem um demônio separado para mim.”
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Chris De Burg mistura blasfêmia com ocultismo em suas canções. A capa de seu álbum “Chris De Burg Live S.A.,” inclui a cruz cristã e o símbolo satânico da cruz invertida. Sua canção, “Spanish Train” (Trem Espanhol) termina com as palavras “O diabo ainda engana e ganha mais almas. Quanto ao Senhor, bem, ele está apenas fazendo o melhor que pode.”
Iron Maiden tem sido criticado por fazer mais músicas satânicas do que qualquer outra banda. A maior parte de suas letras são obcecadas com simbolismo infernal. O álbum “The Number of The Beast” (O Número da Besta), que é anunciado como sendo prensado nas chamas do inferno, inclui uma canção chamada “666”. A faixa de abertura de “Moonchild” (Filho da Lua) é supostamente cantada pelo diabo.
Influência Satânica. Como mencionado acima, o grupo Fleetwood Mac tinha um sucesso chamado “Rhiannon”, que era dedicado a uma bruxa do País de Gales. Stevie Nicks, o vocalista principal, às vezes dedicava canções de um concerto a “todas as bruxas do mundo”. Suas tendências satânicas são evidentes nas palavras de encerramento da canção “Salve, grande sombra de demônio, grande sombra de dragão.”
O nome do grupo “Black Sabbath” se refere a um ritual ocultista, que eles se tornaram conhecidos por apresentarem em alguns de seus concertos. Seu primeiro álbum, “Black Sabbath” apresentava uma feiticeira na capa. Seus álbuns incluem “We Sold Our Souls for Rock and Roll” (Nós Vendemos Nossas Almas pelo Rock and Roll), com uma capa apresentando o “S” satânico e “Sabbath, Bloody Sabbath” (Sábado, Sábado Sangrento), com uma capa mostrando um ritual satânico nu adornado com o número do anticristo, 666.
O historiador de rock Steve Turner descreve este período, dizendo: “Como nenhum outro grupo de rock antes deles, os Rolling Stones invocaram o demônio, intitulando um álbum ‘Their Satanic Majesty’s Request.’ Eles até mesmo invocaram a pessoa de Lúcifer e, em muitas ocasiões, tocaram em associação ao oculto. Em um especial de TV Jagger arrancou sua camisa preta para revelar uma tatuagem do diabo em seu peito”. 23
A música rock deste período também se relacionava com atividades de ocultismo. Estas incluíam a vida consciente após a morte na canção de Jefferson Starship “Your Mind has Left Your Body,” (Sua Mente Deixou Seu Corpo), e a canção de Gary Wright “Dream Weaver.” (Fabricante de Sonhos). A adoração ao sol está presente em canções tais como “Light the Sky on fire” (Ilumine o Céu com fogo) por Jefferson Starship. Também havia uma canção chamada “God the Sun” (Deus o Sol) cantada pelo grupo América.
Também pode ser vista a influência Satânica da música rock naquelas canções que encorajavam o suicídio. Por exemplo, havia a canção “Don’t Fear the Reaper” (Não Tema o Ceifeiro) cantado pelo Blue Oyster Cults; “Why Don’t You Die Young and Stay Pretty” (Porque Você Não Morre Jovem e Permanece Bela) pelo Blondie; e “Homocide” pelo Grupo 999 (que é 666 invertido).
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Outras canções promovem o abuso ou até mesmo o assassinato de crianças. Dead Kennedy gravou uma canção chamada “I Kill Children.” (Eu Mato as Crianças.) Parte da letra diz: “Deus me disse que o esfolasse vivo, eu mato as crianças, adoro vê-las morrer. Eu mato as crianças e faço suas mamães chorarem. Esmaga-las embaixo do meu carro, quero ouvi-las gritar; dar a elas um doce envenenado, para acabar com seu dia das bruxas”. O mesmo tema é encontrado nas canções as “Children of the Grave” (Crianças da Sepultura) do Black Sabbath e “Hell is for Children” (O Inferno é para as Crianças) de Pat Benatar.
Talvez um dos temas Satânicos mais asquerosos encontrados na música rock deste período, é a ideia de fazer sexo com demônios. “Muitos acreditavam que um demônio em forma feminina tinha poderes de união sexual com os homens durante seu sono. O sucesso de 1978 ‘Undercover Angel’ (Anjo Disfarçado) lidava com esta crença. Terry Gibb em seu sucesso de 1980 ‘Somebody’s Knocking’ (Alguém está Batendo), promovia relações homossexuais com demônios. E a canção de Alice Cooper ‘Cold Ethyl’ (Ethyl Fria) promovia a necrofilia, ou a coabitação com um cadáver mantido no congelador”. 24 E Alice Cooper também canta uma canção chamada “I Love the Dead” (Eu Amo os Mortos), na qual uma melodia evocativa fala aberta e graficamente sobre se envolver com sexo com um cadáver.
Símbolos Satânicos. O profundo envolvimento de alguns astros de rock com o oculto e a adoração satânica é refletida no uso por eles de símbolos satânicos. Como a Cruz e a água servem como símbolos do Cristianismo, da mesma forma os adoradores de Satanás desenvolveram seus próprios símbolos, que alguns astros de rock usam, especialmente nas capas de seus álbuns. Um exame atento de todos os símbolos Satânicos nos levaria além do escopo limitado deste capítulo. Mencionaremos apenas alguns poucos. 25
Um dos símbolos satânicos proeminentes usados por grupos de rock é o “S”, desenhado como um pequeno relâmpago serrilhado. Este símbolo é derivado de Lucas 10:18, o qual diz: “Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago.” O “S” impresso como um pequeno relâmpago serrilhado, aparece no nome do grupo de rock KISS e repetidamente no álbum “We Sold our Soul to Rock ‘n’ Roll” (Nós Vendemos nossa Alma ao Rock ‘n’ Roll), produzido pelo grupo chamado Black Sabbath. David Bowie é fotografado em um de seus álbuns com o mesmo “S” serrilhado, pintado em sua face.
Uma cruz invertida foi símbolo do Satanismo por séculos. É usada como pano de fundo para algumas das apresentações de Madonna. Foi uma característica da excursão mundial de 1981 dos Rolling Stones e apareceu na capa de um álbum do Duran Duran.
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Outro símbolo satânico é o pentagrama, uma figura de cinco pontas em forma de estrela simbolizando a adoração a Satanás. O grupo de rock Rush usa este símbolo extensivamente nas capas de seus álbuns. O símbolo satânico “Winged Globes” (Globos Alados) que consiste em um disco solar, é usado por grupos de rock tais como Aerosmith, Journey, Reo Speedwagon, e New Riders of the Purple Sage. Outros símbolos satânicos usados por grupos de rock incluem a serpente, a pirâmide egípcia, a cabeça de bode, o crânio, e o hexagrama. O grupo de rock Santana tem um álbum, Abraxas, que recebeu este nome por causa de um poderoso demônio da feitiçaria. Em outro álbum, Festival, eles apresentam um ídolo Hindu na capa com duas serpentes de cada lado do ídolo. As duas serpentes representam a dualidade do bem e do mal que podem viver em harmonia entre si.
Em seu livro Numerologia, Sybil Leek, uma das bruxas mais bem conhecidas da Inglaterra, afirma que “Muitos músicos de rock lançam feitiços e encantamentos sobre a sua música, e então, para demonstrar que fizeram um pacto com o demônio, colocam símbolos do ocultismo nas capas de seus discos. Tais símbolos incluem bolas de cristal, cabeças de bodes, cruzes de cabeça para baixo, caracteres das cartas de tarô, pirâmides, 2/4, símbolos do Zodíaco da quiromancia, o asno satânico, uma estrela de cinco pontas em um círculo, a língua estendida, e “Il Cornuto”. 26 O último símbolo é um sinal tradicional siciliano que consiste dos dedos indicador e mínimo estendidos, enquanto os outros dedos ficam dobrados em um punho. O símbolo é usado por praticantes das artes negras para repelir o “mal-olhado”. Os Beatles parecem ter sido a primeira banda de rock a usar este símbolo na capa de seu álbum “Yellow Submarine”.
Envolvimento satânico. Os símbolos satânicos usados por estrelas de rock são reflexos do seu envolvimento com o oculto e a adoração satânica. Alguns deles expressaram abertamente em entrevistas o seu envolvimento em atividades ocultas. Hubert Spence relata alguns exemplos: “O cantor e líder do grupo Meat Loaf declarou: ‘Quando eu subo num palco, fico possuído.’ O compositor, Jim Steinman disse, ‘sempre fui fascinado pelo sobrenatural e sempre senti que o rock era o meio perfeito para isto.’ O cantor e líder do grupo Queen, Freddie Mercury, disse, ‘No palco eu sou um demônio. Eu acho que posso ficar louco daqui a vários anos.’ David Bowie que tinha o desenho de pentagramas em suas paredes disse, ‘O rock sempre foi a música do Diabo porque deixa entrar os elementos mais básicos.’ Ozzie Osborne, formalmente do Black Sabbath, é um adorador professo do diabo. Ele disse, ‘eu sei que há alguma força sobrenatural me usando para produzir meu rock and roll.'” 27
“Os Rolling Stones excederam-se num concerto anos atrás em Altamont, Califórnia. Enquanto eles cantavam ‘Sympathy for the Devil’, vários
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membros dos Hell’s Angels (Anjos do Inferno) (uma gangue de motociclistas contratados para serem uma forca de seguranças dos Stones) foram para a frente do palco e bateram num menino negro até a morte diante de milhares de fãs gritando. Tais atitudes inspiraram Don McLean a escrever seu sucesso de rock ‘American Pie.’ Na canção ele descreve a cena horrorosa daquele concerto: ‘Enquanto eu o assistia [Mick Jaggar] no palco, minhas mãos cerraram os punhos de raiva. Nenhum anjo nascido no inferno poderia quebrar aquele encanto de Satanás. E enquanto as chamas subiram altas na noite, para começar o ritual de sacrifício, eu vi Satanás rindo com prazer. O dia em que a música morreu.'” 28
Outro exemplo do desrespeito total pela vida humana é dado pelo grupo de rock conhecido como The Who. Em 1979 eles apresentaram um concerto em Cincinnati, Ohio, no Riverfront Coliseum. À abertura daquele concerto foram pisoteadas onze pessoas até a morte pela multidão que lutava para entrar. Qual foi a resposta de Townshend, o líder da banda, para estas mortes trágicas? Puro cinismo. Em uma entrevista publicada pela revista The Rolling Stone, ele disse: “Nós somos uma banda de Rock and Roll. Você sabe, nós não ___ por aí, nos preocupando com onze pessoas que morreram”. 29 Tal indiferença insensível para com a perda de onze vidas humanas só pode ter sido inspirada pelo próprio Satanás, que, como disse Jesus, “foi homicida desde o princípio ” (João 8:44).
Em seu livro Dancing with Demons, Jeff Godwin dá surpreendente evidência de vários músicos de rock populares que estudaram a antiga batida da adoração satânica. Estes roqueiros incluem Brian Jones (Rolling Stones), John Phillips (The Mamas and the Papas), Paul McCartney (Beattles), Mick Fleetwood (Led Zeppelin) .30 Estes homens tiveram estudos com mestres satânicos para aprender a usar de forma eficaz o poder hipnótico da batida do rock em suas canções.
A presença da influência satânica no ritmo e nas mensagens de muitas canções de rock, faz-nos lembrar do objetivo de Satanás em promover não apenas o pecado e confusão, mas também na adoração de si mesmo. Isto era verdade antes dele ter sido expulso do céu (Isaías 14:12-16), era verdade quando ele tentou a Cristo oferecendo-Lhe todos os reinos do mundo em troca da adoração (), e ainda é verdade hoje em dia. Satanás sabe que a música rock é um instrumento muito eficaz que ele pode usar eficientemente para levar milhões a adorá-lo no lugar de Deus. Ele quer adoração e isto é exatamente o que ele está recebendo através da música rock.
O empresário de uma das maiores bandas de rock explica que o rock passou por quatro fases: sexo, drogas, punk rock, e pactos com Satanás. Falando sobre a última fase, ele diz: “Agora descobrimos a melhor motivação que existe para comprar um produto. A melhor motivação que existe é o compromisso religioso. Nenhum ser humano jamais fez um compromisso mais profundo
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que o compromisso religioso, então nós decidimos que nos anos oitenta vamos realizar cultos religiosos nos nossos concertos. Vamos anunciar a nós mesmos como o Messias. Vamos fazer aproximações e pactos com Satanás… e nós seremos adorados.” 31 A afirmação é assustadora porque fala de uma associação deliberada com Satanás.
Resumindo, o cenário do rock nos anos oitenta foi, verdadeiramente, um deserto moral e social que desafia qualquer descrição. Parece que quanto mais depravadas eram as letras, mais álbuns eram vendidos. O Motley Crue vendeu dois milhões de cópias de “South of the Devil” que diz: “As luzes se apagam; minha faca penetra; tire a vida dele; considere morto o bastardo.” A popularidade de tal música rock ultrajante, que descaradamente promove assassinato, violência, e adoração satânica, nos fornece uma das mais inegáveis evidências da natureza sacrílega e depravada da música rock.
À luz dos fatos que acabamos de revelar sobre a música rock nos anos setenta, deixe-nos colocar novamente nossa intrigante questão: Pode a música rock, que promove o desafio contra Deus, rejeição de valores morais aceitos, e glorificação de Satanás, ser adotada legitimamente e transformada em um meio apropriado para adorar a Deus e proclamar o Evangelho? Ao respondermos a esta pergunta, é importante nos lembrarmos que o meio afeta a mensagem. Se o meio é associado com a rejeição da fé cristã, sexo, drogas e práticas de ocultismo, ele não pode ser legitimamente usado para comunicar as afirmações morais do Evangelho.
Parte 4
A Música Rock a Partir dos Anos Oitenta
Ao traçarmos a história da música rock desde sua origem, através dos anos setenta, descobrimos um processo de endurecimento facilmente discernível. Veremos agora que este processo de endurecimento continuou pelos anos oitenta até nossos dias. O que começou nos anos cinqüenta como rock simples, transformou-se gradualmente em hard rock, heavy metal rock, punk rock, thrash metal rock, e rap rock, para nomear apenas alguns. Novos tipos de música rock estão constantemente aparecendo, sobrepujando a anterior na batida, intensidade, vulgaridade e profanidade.
David Marshall nota: “Rock, Hard Rock, e Heavy Metal contém letras. Kerrang, Thrash Metal, e Rave são apenas barulhos altos selvagens, interativos, uma explosão mental sem uma letra óbvia mas, de acordo com algumas fontes, contendo mensagens subliminares aqui e ali”. 32
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“O Rock and Roll nunca morrerá”, dizem seus seguidores. Eles têm razão, mas se o passado for um guia, a música rock atualmente em moda será sobrepujada por novos tipos de música rock que serão mais ultrajantes em glorificarem a perversão sexual, violências, drogas, e o satanismo. A razão não é difícil de se encontrar. A música rock é viciante como as drogas e os que criam dependência a ela estão constantemente buscando por tipos mais fortes de música rock para satisfazerem seus desejos. Com isto em mente, vamos observar, brevemente, alguns dos mais significativos desenvolvimentos no cenário do rock desde os anos oitenta.
Os Sex Pistols. Os anos oitenta levaram a sexualidade e o satanismo a novas alturas, nas performances dos Sex Pistols e Madonna. Os Sex Pistols são uma das bandas de rock mais vis pela imoralidade de suas letras, música e apresentação no palco. Eles foram catapultados ao estrelato do rock pela produção de sua canção “Anarchy in the U. K.” (Anarquia no Reino Unido). Eles foram banidos da Inglaterra. A música deles exaltava a homossexualidade, bestialidade, lesbianismo, sodomia, masoquismo, transexualismo, e outras formas de perversões.
Uma indicação de sua insanidade pode ser encontrada no álbum “God Save the Queen, She Ain’t No Human Being.” (Deus Salve a Rainha, Ela Não é Um Ser Humano). A canção insulta a rainha Elizabeth como não sendo um ser humano, no exato momento da celebração do seu aniversário de Jubileu de Prata. Malcolm McLaren, o fundador deste grupo de rock define sua filosofia, dizendo: “Rock and Roll não é só música. Você também está vendendo uma atitude. As crianças precisam de um senso de aventura e o Rock and Roll precisa encontrar um meio de dar isto a elas, mesmo que através das letras e propagandas mais duras e cruéis”. 33 Uma música que vende uma atitude de desafio aberto contra todos os valores morais aceitos, não deveria ter lugar na vida Cristã e na adoração.
Madonna: A “Relações Públicas” da sexualidade. Depois de Michael Jackson, o produto mais popular da cultura rock de nossa época é, sem dúvida nenhuma, Louise Ciccone, mais conhecida pelo nome que assumiu – Madonna. Ela foi criada em uma família de classe média ítalo-americana em Bay City, Michigan. À vista de sua educação católica, é incrível que ela tenha assumido o nome de “Madonna” ao desfilar sua sexualidade. Afinal de contas, para os católicos, Madonna representa a virgindade e a pureza da mãe de Jesus (N.T. – Madonna é a expressão italiana equivalente a Nossa Senhora). Ao assumir um nome que representa a virgindade, para promover seu comportamento sexual imoral, ela revelou sua determinação em profanar símbolos sagrados por intermédio de suas canções de rock. Um nome bíblico mais apropriado poderia ter sido escolhido por ela por causa de sua sedutora atração, é “Jezabel” – a mulher que, na história bíblica, se tornou o símbolo de sedução (Apocalipse 2:20).
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Em algumas apresentações Madonna usa uma cruz como um fundo de cena para sua exibição sexual. Em outras ela usa uma cruz invertida, a qual, historicamente, tem sido um símbolo de satanismo. Quando, em seus concertos, cantou suas indecorosas canções ‘Like a Virgin’ e ‘Vogue’, ela usava um sutiã de metal pontudo em seus concertos, ostentando sua sexualidade e escarnecendo o público com um suave convite ‘venha’. Ela tem propagado a pornografia através de dezenas milhões de cópias vendidas.
Na revista Rutherford Magazine, John Whitehead afirma: “Madonna está tentando provocar-nos a um reexame da definição tradicional do que é permissível e o que é ou não é pornográfico ou erótico…. A única coisa deixada é o hedonismo. Mas não é um hedonismo ancorado no ‘humanismo secular’ ou secularismo. É um hedonismo ancorado numa nova forma de paganismo” 34
Em seu livro Hole in Our Soul, The Loss of Beauty and Meaning in American Popular Music, Martha Bayles, uma crítica de arte e de televisão, nota que “Madonna está mais à vontade na decadência. Seu trabalho mais convincente, em termos de forma que expressa conteúdo, celebra o estilo de vida masculino efeminado no auge do seu hedonismo. Por exemplo, seu vídeo intitulado ‘Vogue’ apresenta um som contido, com uma influencia refinada, contra uma demonstração inexpressiva de vestir-se de forma elaborada com smoking, como usado nos clubes gays. Mais recentemente ‘Justify My Love’, e algumas das canções no álbum ‘Erotica‘, usavam um vocal sussurrante e uma batida informal característica para destacar, deliberadamente, a celebração sem sentido do sadomasoquismo… ‘Justify My Love’ recebeu incremento significativo nas vendas e aluguéis depois de seu banimento da MTV, e o livro pornográfico ‘Sex’ foi vendido ‘recatadamente’embalado em plástico Mylar [um resistente filme de poliéster].” 35
Madonna se destaca por sua habilidade em manipular de maneira cínica os símbolos religiosos para promover a sua agenda imoral através de suas canções de rock. A imensa popularidade que ela desfruta é um triste comentário sobre a decadência moral de nossa sociedade. Hubert Spencer escreve: “Nós, como país, ficamos tanto tempo sem exemplos de verdade, cultura honrada, que acreditamos que o resplendor e a composição extravagante de uma apresentação de rock são o padrão para a habilidade artística séria. E lembrem-se, ela [Madonna] ganha seu dinheiro vendendo pornografia como um evento cultural”. 36
A atitude sacrílega de Madonna com relação aos símbolos Cristãos, é compartilhada por inúmeros músicos de rock que, como ela, inserem elementos religiosos em seus nomes e apresentações. Alguns deles atraem o público com nomes como Jesus Jones, Faith No More, e MC 900 FT Jesus. No álbum “Born Again” da banda de rock Black Sabbath, há uma linha que diz: “O único bom cristão é um cristão morto.” Em outro álbum
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chamado “Welcome to Hell”, o grupo de rock Venon, diz: “Nós somos possuídos por tudo aquilo que é mau. A Tua morte, Deus, é o que exigimos.”
A audácia de alguns músicos de rock para pedir até mesmo pela morte de Deus, é um indicativo da profundidade de sua depravação, comunicada através de sua música rock. Deixe-nos colocar novamente nossa intrigante questão: Pode a música rock, alguma das quais profana e blasfema descaradamente a Deus e a fé cristã, ser transformada e adotada como um meio para adorar a Deus e proclamar o Evangelho? Ao respondermos a esta pergunta, é importante nos lembrarmos que o meio afeta a mensagem.
Michael Jackson: O Humano Divinizado. Os anos oitenta trouxeram à vanguarda o veterano Michael Jackson, que fez sua primeira estréia nacional em 1969 como membro da Família Jackson. Ele se separou, como artista solo, no meio da década de setenta e alcançou enorme popularidade nos anos oitenta. Seus dois álbuns “Off the Wall” e “Thriller”, o transformaram em celebridade internacional.
“Thriller”, o qual vendeu mais de quarenta milhões de cópias, revela a fascinação de Jackson com o sobrenatural e pelo sombrio. Tanto o álbum quanto o vídeo tratam com o oculto, especificamente ao horror de viver com cadáveres. Para pacificar os líderes da igreja Testemunhas de Jeová, a qual ele pertencia naquela época, ele colocou uma retratação no começo do vídeo, dizendo: “Devido às minhas fortes convicções pessoais, eu desejo enfatizar que este filme não apóia, de maneira alguma, uma crença no oculto – Michael Jackson.” A retratação não diminui o fato de que o álbum e o vídeo promovem, definitivamente, o oculto.
Nos dois vídeos “Bad” e “Dangerous” Michael Jackson se comporta conforme a mensagem dos títulos. Martha Bayles, uma crítica de TV e arte, nota que “Após assistir a esses vídeos nos quais Jackson, ininterruptamente, segura seus genitais, arrebenta janelas de automóveis e fecha sua braguilha (nesta ordem nada convincente), a maioria das pessoas meneia suas cabeças e diz que ele está fora da realidade”. 37
A verdade da questão é que Jackson não está apenas fora da realidade, mas às vezes fora de controle. As acusações de relações homossexuais com crianças, seu estranho matrimônio com a filha de Elvis Presley que logo o deixou, a criança que ele gerou com outra mulher fora do casamento, todas essas são indicações de sua decadência moral. Ainda assim “ele, cuidadosamente, tem se apresentado pelo mundo como um ícone da divindade. Seus vídeos o exibem fazendo regularmente gestos eróticos para a câmera; suas produções de palco, exibidas de forma extravagante, apresentam fortes implicações de sua
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divindade (manifestadas nas suas entradas e saídas), louvando-o como salvador do mundo”. 38 A triste realidade é que Jackson precisa desesperadamente de um Salvador para limpa-lo de toda sua vida depravada de pecado, refletida em sua música rock.
Heavy Metal. O desejo por letras mais agressivas, dominadas pelo barulho, obscenas, violentas, tem contribuído para o surgimento de tipos mais desagradáveis de música rock, como o “Heavy Metal” e a “Música Rap”. Nós daremos uma breve olhada em cada um deles, concluindo nossa pesquisa histórica da música rock.
Todos os observadores, favoráveis ou contrários, concordam que as bandas de Heavy Metal não apenas tocam uma das formas mais estridentes de música rock, mas que também criam um mundo imaginário para seus fãs exaltando o sexo, as drogas, e a violência. Stephen Davis, o biógrafo do Led Zepelim, o astro principal do Heavy Metal, descreve tal música como “criando seu próprio universo particular para seus fãs. A música é apenas parte disto. Alguma outra coisa está acontecendo”. 39
A “alguma outra coisa” que acontece nos concertos do Metal rock é mencionado por Tipper Gore, a esposa do ex-vice-presidente Al Gore. Ela escreve: “Nos concertos de [Metal rock], as bandas mais estridentes não apenas tocam sua música nos mais altos níveis de decibéis, mas executam o que eles descrevem como ‘atos de show de variedades’, que exaltam o sexo explícito, o uso de álcool e drogas, e a violência sangrenta. Alguns demonstram o comportamento anti-social mais extremo imaginável”. 40 Nós poderíamos dizer que as bandas de metal rock não só gritam, mas também dão razões para gritar.
De seu começo nos ano setenta a música rock Heavy Metal, tornou-se crescentemente mais ruidosa, vulgar e sádica. Martha Baytes descreve esta tendência dizendo: “Boa e velha promiscuidade foi pelo mesmo caminho do pássaro dodô, conforme os grupos de ‘speed metal’ e ‘death metal’, incrementaram seus shows com um sadismo sangrento. A metade dos anos oitenta foi o auge dos vídeos de rock que descreviam as vítimas femininas encadeadas, enjauladas, espancadas, e amarradas com arame farpado, tudo para aguçar os apetites de adolescentes de doze e treze anos de idade para as apresentações dos palcos, tais como aquela famosa, na qual o grupo W. A.S. P. canta sua canção de sucesso, ‘F___ como uma Besta’, enquanto fingem bater no crânio de uma mulher e a estupram com uma serra motorizada”. 41 Os astros do metal rock se vangloriam do fato de terem relacionamento sexual durante as apresentações, sessões de gravações, e fitas de vídeo. 42
Observadores do cenário do rock notam que os jovens envolvidos mais profundamente com o heavy metal, são adolescentes furiosos, perturbados, tais como desistentes da escola e fugitivos de casa. 43 “Estes adolescentes exibem uma combinação grotesca de ambição arrogante e desespero depressivo, baseada na convicção de que a única alternativa para o estrelato do rock é a morte na sarjeta. 44 Nem os
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astros dão muita orientação. Eles tão niilistas quanto seus seguidores, só que em vez de serem punidos pelo seu comportamento auto-destrutivo, eles são recompensados”. 45
É difícil de acreditar que até mesmo a música rock Heavy Metal, conhecida não só por sua batida trovejante, mas também por exaltar o sexo, as drogas, e a violência, seja adotada por bandas “cristãs” para louvar a Deus e alcançar os não salvos. Por exemplo, bandas “cristãs” heavy metal como Stryper, tem dividido o mesmo palco em concertos com grupos seculares, gravando sua música nos mesmos rótulos seculares que são vendidos nas mesmas lojas de varejo. Os quatro membros do Stryper se assemelham muito com os membros da banda KISS. Eles usam roupas apertadas de couro e tecidos colantes, usam muita maquiagem e correntes, e têm cabelos malucos. O grupo quer ser conhecido como “uma banda de metal para Cristo”. 46
Novamente precisamos colocar nossa intrigante questão: Pode a música rock heavy metal que promove descaradamente alguns dos piores tipos de comportamento violento e destrutivo, ser transformada e adotada como um meio para adorar a Deus e proclamar o Evangelho? Pode o mundo do Metal rock ser legítima e efetivamente infiltrado por ovelhas vestidas de lobos? Ao respondermos a esta pergunta, é importante nos lembrarmos que o meio afeta a mensagem.
Música Rap. Intimamente relacionado ao Heavy Metal e em grande parte dependente deste, está a “Música Rap”, que incorpora muitos dos sons e estilos do rock Heavy Metal. O termo “Rap” se refere à rima de palavras recitadas ou “batidas” de acordo com um acompanhamento musical fortemente rítmico conhecido como hip-hop. Em outras palavras, a música rap consiste em uma rima cantada apoiada por ritmos pesados. É vista como parte da tradição afro-americana. É produzida em “uma parte particular da montagem do som: Linguagem afro-americana adaptada a ritmos afro-americanos, e focalizando os problemas de ser criado e crescer sendo negro”. 47
A música rap é denunciada amplamente por jornalistas, líderes religiosos, e negros formadores de opinião, por causa de sua indecência chocante, especialmente por promover o abuso e exploração de mulheres. Em seu artigo em “The Corruption of Rock”, o jornalista britânico Michael Medved mostra que “as piores atitudes em relação às mulheres são exibidas por alguns dos músicos de rap. Na cultura rap, termos como ‘minha cadela’ ou ‘minha prostituta’ são usados, habitualmente, para descrever as namoradas. Um dos piores ofensores entre os músicos de rap é o NWA.” 48
O álbum em que o NWA é mais abusivo às mulheres é chamado “Nasty as they Wanna Be.” [*] Seu tema central é a mutilação dos
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órgão genitais de suas parceiras. Na Flórida um juiz rotulou este álbum como muito obsceno para os jovens. Apesar de sua linguagem abusiva e obscena o álbum vendeu 1.7 milhões de cópias.
Em seu artigo “How Rap’s Hate Lyrics Harm Youngsters”, Bob Demoss analisa o mesmo álbum onde ele descobriu que em menos de sessenta minutos havia 226 utilizações daquela palavra que começa com “F”, 163 vezes da palavra “cadela”, 87 descrições de sexo oral, e 117 referências explícitas dos genitais masculino e feminino. 49 Numerosos escritores e líderes de igreja têm condenado, fortemente, a violência promovida pelos rappers através de suas letras.
Hubert Spence nota que “Embora o crime e ódio tenham sido um efeito colateral contínuo na música rock, o som do rap fez crescer, de forma explosiva, o crime nas áreas de gangues. Até mesmo cidades pequenas estão sendo agora afetadas, os astros do rap se tornaram os professores destas gangues. Este tipo de música é uma das principais razões para o recente crescimento da tensão racial e temor nas ruas. Tais fogueiras sociais estão sendo alimentadas por estes proclamadores rítmicos do ódio e violência”. 50
A denúncia irrestrita da música rap por causa de sua indecência chocante por muitos líderes civis e religiosos, não evitou que bandas cristãs adotassem tal música para louvar a Deus e alcançar os não salvos. Numerosas bandas de “rap cristãos” anunciam seus serviços e oferecem seus álbuns na internet. É evidente que não importa quão chocante os novos tipos de música de rock sejam, há cristãos que estão preparados para tentar purifica-las, mudando suas letras.
Conclusão
A pesquisa histórica levada a efeito neste capítulo demonstra que a música rock passou por um processo de endurecimento facilmente discernível. O que começou na década de 1950, como rock simples, tornou-se, gradualmente, num rock suave, folk rock, soul rock, funk rock, rock psicodélico, discoteca, hard rock, heavy metal rock, punk rock, thrash metal rock, rave rock e o rap rock. Cada novos tipos de música rock mostrou ser mais sexualmente explícito, violento e vulgar do que os anteriores.
Al Menconi, bem conhecido por seu ministério planejado para ajudar famílias cristãs a avaliarem o conteúdo da música popular, faz a pergunta: “Como isto aconteceu? ” Sua resposta: “Uma canção de cada vez.” Para ilustrar quanta perversão a sociedade está disposta a aceitar, “se vier em pedaços pequenos”, Menconi fornece um exemplo com oito trechos de músicas rock, começando com a canção dos Beatles de 1964
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“I Wanna to Hold Your Hand”, para a canção de 1994 do grupo Nine Inch Nail “I Wanna F___ You Like an Animal” e a canção de 1998 de Janet Jackson “Tonight’s The Night”. 51
A intensificação da explicitação e perversão sexual é evidente por si mesma nestas canções. Em sua canção os Beatles “sugeriam que a agressividade física era aceitável sem um envolvimento emocional”. A canção do Nine Inch Nail é “agressiva e sugere o estupro”. A canção de Janet Jackson “foi a primeira canção popular a respeito do sexo lésbico”. Al Menconi conclui: “Qualquer canção, sobre qualquer forma de perversão é [hoje] considerada aceitável. Como isto aconteceu? Uma canção de cada vez”. 52
Chegou agora o momento de responder nossa intrigante pergunta introdutória, que foi várias vezes repetidas durante o curso de nossa pesquisa: Pode a música rock ser adotada legitimamente e transformada em um meio apropriado para adorar a Deus e proclamar o Evangelho?
A resposta é evidente por si mesma. A investigação da cosmovisão da música rock apresentada no capítulo 2 e de seu desenvolvimento histórico neste capítulo, indicam, fortemente, que qualquer tentativa para purificar a música rock secular pela mudança de suas letras, resultará no final das contas na prostituição da fé e da adoração cristã. Quatro principais razões apóiam esta conclusão.
(1) A Música Rock Distorce a Mensagem da Bíblia. A música rock, em qualquer de suas formas, distorce a mensagem da Bíblia simplesmente porque o meio afeta a mensagem. O meio utilizado para ganhar a juventude determina a natureza da mensagem para a qual eles são ganhos. Se a igreja utiliza um tipo de música rock, a qual é associada com sexo, drogas, satanismo, violência e a rejeição da fé cristã, ela obviamente não será capaz de desafiar a juventude a viver de acordo com as exigências morais do evangelho.
O Novo Testamento nos conclama a apresentarmos de maneira clara e convincente a santidade do caráter de Deus, o desespero do dilema humano, e a maravilhosa graça do evangelho. Estas questões de vida e morte não podem ser apresentadas com a frivolidade e o desrespeito da música rock.
Os ouvintes do rock religioso podem nunca ser humilhados pela majestade de Deus nem ser convencidos das exigências morais de Deus sobre as suas vidas. O incessante ritmo do rock, os movimentos, as luzes, e o comportamento dos cantores de rock contem tanto do que é sensual e sexualmente sugestivo que dificilmente podem comunicar a santidade e a pureza do Reino de Deus.
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Se nós adotamos uma aparência mundana para atrair as multidões, como poderemos pintar em cores vivas o contraste entre o reino deste mundo e o Reino de Deus? Paulo reconhecia que o evangelho não pode ser proclamado através de truques mundanos para chamar a atenção. Portanto, ele disse aos Coríntios: “A minha linguagem e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria [ou poderíamos dizer ‘com os sons excitantes das canções gregas’], mas em demonstração do Espírito de poder; para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens [ou poderíamos dizer ‘em excitações mundanas’], mas no poder de Deus” (I Coríntios 2:4-5).
O chamado Bíblico para “adorar o Senhor na beleza de sua santidade” (Salmos 96:9; 29:2; I Crônicas 16:20; II Crônicas 20:21), é comprometido pelo “uso de combinações de sons violentos, que entorpecem a mente, são vulgares, crus, hipnóticos, rebeldes, exageradamente repetitivos, um som sem criatividade, indisciplinado e caótico. Se os ouvintes não ouvem estas coisas, é porque o rock entorpeceu suas sensibilidades estéticas”. 53
O vestuário informal e comportamento interativo incentivados pela música rock tocada durante o culto na igreja cria uma atmosfera como o ambiente de um clube. Em meu ministério itinerante ao redor do mundo tenho sido confrontado com bandas de rock tocando em igrejas Adventistas ou reuniões de jovens. É comum nestes ambientes que alguns membros se vistam casualmente, como se estivessem assistindo a um concerto de rock. Além disso, assim que ouvem a batida da bateria eles começam a se balançar. Numa igreja em particular o balanço ficou fora de controle. Os membros se levantaram dos bancos da igreja e começaram a dançar nos corredores e alguns até mesmo na plataforma. É evidente que, criando uma atmosfera de boate, a batida do rock faz as pessoas esquecerem que estavam na igreja.
A música rock, em qualquer de suas formas, distorce a visão Bíblica de adoração, fazendo as pessoas crerem que a igreja é um lugar onde elas podem se divertir com Deus. O propósito da adoração na Bíblia não é a excitação centralizada em si mesmo, mas a adoração centrada em Deus (Salmos 96:2; 57:9; 47:6; Romanos 15:9; Atos 16:25).
(2) A Música Rock Compromete a Posição da Igreja por Separação. A ordem do cristão não é se conformar com o mundo, mas confrontar o mundo com as verdades reveladas de Deus (Romanos 12:2). A bíblia explicitamente nos admoesta: “E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as” (Efésios 5:11). João nos previne “não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo” (1 João 2:15).
Paulo compreendeu a verdade fundamental de que a aceitação do evangelho resulta em uma separação com o mundo “pela renovação da vossa mente.”
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(Romanos 12:2) Será que os vários tipos de música rock religiosa de hoje convidam os jovens a se separarem do mundo pela renovação de suas mentes? Dificilmente. A música popular apela de forma primária ao corpo em vez da mente; cultiva um gosto pelo rock secular e não pela música sacra. Ela comunica uma mensagem de solidariedade com o mundo e não de separação dele.
Larry Norman, um super-astro no cenário da MCC, reconhece que “de forma a poder decidir se a música cristã tem alguma fraqueza ou força, você precisa decidir qual é o seu propósito. Se ela é para não-cristãos – para convence-los de que Cristo é uma alternativa importante a ser buscada em suas vidas – então a maior parte da música cristã é falha, porque ela não comunica de forma convincente esta mensagem em particular. 54 De fato, a mensagem que ela comunica é uma mensagem de conformidade com o mundo em vez de separação dele.
O povo de Deus sempre esteve separado do mundo, pela sua recusa em participar das práticas incrédulas da sociedade secular. Os cristãos primitivos viraram o mundo pagão de cabeça para baixo, como vimos no capítulo 2, não através da purificação de formas pagãs de entretenimento (o circo, teatro, música), mas se abstendo completamente delas.
Para preservar nossa identidade cristã, temos que entender nossa cultura e recusarmos aceitar aquilo que viola os princípios morais que Deus revelou. “Se somos cegos ao espírito de nossa época, inocentemente nos embebendo das tradições e padrões culturais de uma sociedade não cristã, nosso caráter e testemunho serão debilitados. As defesas se esfacelam e antes que nos demos conta disto, estaremos acreditando, dizendo, fazendo, entendendo, e agindo como os não convertidos”. 55
Como cristãos, dificilmente podemos ser os “filhos da luz” expondo os atos das trevas, quando nos conformarmos tão intimamente com o mundo através da adoção de uma música que encarna o próprio espírito mundano de rebelião. Uma identificação tão íntima com o espírito do mundo, só pode deixar muitos confusos sobre o poder do Evangelho para mudar a velha natureza em uma vida completamente nova.
(3) A Música Rock Encarna o Espírito de Rebelião. Nossa pesquisa histórica demonstrou que a música rock promove, entre outras coisas, uma cosmovisão panteísta/hedonista, uma rejeição aberta à fé e valores Cristãos, perversão sexual, desobediência civil, violência, satanismo, ocultismo, homossexualidade e masoquismo. Nenhuma outra música surgiu durante os últimos vinte séculos que rejeitasse tão descaradamente todos os valores morais e convicções esposados pelo Cristianismo.
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O espírito de rebelião da música rock é reconhecido até mesmo pela mídia. Por exemplo, a revista Newsweek escreveu: “Não é só o som ensurdecedor e as batidas implacáveis – os garotos em um concerto heavy-metal não se sentam nos seus assentos, eles sobem neles se mexem – é o espírito de rebelião… Os fãs imitam o vestuário heavy-metal de seus ídolos – camisetas sem manga, jaquetas de couro, faixas de couro cravejadas nos pulsos – e no concerto, agitam seus punhos em uníssono sobre suas cabeças enquanto gritam a letra juntamente com a banda”. 56
Sendo a incorporação do espírito de rebelião de nosso tempo, a música rock dificilmente pode ser adotada para expressar o espírito de devoção Cristã e compromisso com Deus. Como Gary Erickson observa de modo perceptivo, “um cordeiro vestido em roupa de lobo é um modo estranho para alcançar o pecador ou o santo. Todo este cenário é confuso para o mundo e para a igreja”. 57
Nossa comissão cristã é comunicar o evangelho não através de sinais confusos, mas por intermédio de uma mensagem clara e direta. Paulo declara este princípio, dizendo: “Até no caso de coisas inanimadas que produzem sons, tais como a flauta ou a cítara, como alguém reconhecerá o que está sendo tocado, se os sons não forem distintivos? Além disso, se a trombeta não emitir um som claro, quem se preparará para a batalha?” (1 Coríntios 14:7-8; NIV).
A música rock, mesmo na sua versão “cristã”, não dá um claro chamado para “retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados” (Apocalipse 18:4). Os jovens que assistem as bandas de rock cristãs se apresentando, seja num concerto ao ar livre ou em numa reunião de jovens na igreja, podem facilmente fantasiar que estão num concerto de rock secular.
Isto é especialmente verdade quando bandas de rock cristãs profissionais imitam o cenário do rock secular com cabelos compridos, vestuário esquisito, efeitos de luzes, fumaça, bateria incessante, gestos vulgares e sons vocais esganiçados. Com tanta excitação visual e auditiva vinda diretamente da cultura do rock, os jovens podem facilmente ser levados a acreditar que a música de Babilônia não deve ser tão ruim afinal de contas. Finalmente, alguns serão tentados a voltarem à música de Babilônia, em lugar de atender o apelo de Deus para “retirai-vos dela, povo meu.”
(4) A Música Rock Pode Alterar a Mente. Outra importante razão pela qual a música rock não pode ser legitimamente cristianizada é que a sua batida hipnótica pode alterar a mente, debilitando a sensibilidade moral e inibições, e levando as pessoas a escrever, ver, e fazer as coisas mais horrorosas. Não se conhece nenhum outro gênero musical que tenha tal capacidade
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de alterar a mente. Este ponto ficará mais claro nos capítulos 4 e 8, onde examinaremos estudos científicos significativos sobre os efeitos fisiológicos e psicológicos da música rock.
Neste momento basta citar o testemunho de Jimmy Hendrix, que foi considerado o melhor guitarrista de rock que já existiu disse: “A música é uma coisa espiritual em si mesma. Podemos hipnotizar as pessoas com música, e quando elas estiverem em seu ponto mais fraco, podemos pregar ao seu subconsciente o que quisermos que elas digam. Por isso é que o nome ‘Igreja Elétrica’ fica piscando. A música flui do ar; e é por isso que eu posso me conectar com um espírito”. 58
A música rock pode hipnotizar as pessoas porque ela exerce seu impacto musicalmente e não liricamente. Como o sociólogo Simon Frith mostra em seu livro Sound Effects, Youth, Leisure, and the Politics of Rock ‘n’ Roll, “Uma aproximação baseada nas palavras é inútil para compreender o significado do rock… As palavras, se é que são notadas, são absorvidas depois que a música já deixou a sua impressão“. 59
A avalanche de decibéis, especialmente do hard rock, é planejada para destroçar as emoções e controlar a mente. O ex-astro de rock Bob Larson explica: “O rock, pelo menos nas suas formas mais brutais, não agradam aos ouvidos. Ele te esmaga o crânio, como um trem de carga. Você não ouve o rock alto; ele te batiza com uma liturgia de sexo, drogas, perversão e o oculto.” 60
Pensar que alguém pode purificar a música rock apenas mudando sua letra, é como acreditar que o veneno pode ter efeito inofensivo apenas porque é administrado com amor. O veneno mata, não importa como seja administrado. Da mesma forma, a batida do rock altera a mente humana, tornando-a suscetível a sentimentos e práticas erradas, não importando se as letras são sacras ou seculares.
A capacidade da música rock, em qualquer versão, para alterar a mente humana por meio de sua batida hipnótica, sem levar em conta a letra, torna a adoção de tal música para a adoração cristã moralmente errada. Os cristãos devem evitar qualquer substância ou meio que possa alterar suas mentes, porque é através da mente que servimos Deus (Romanos 12:2) e que somos renovados à imagem de Deus (Efésios 4:23-24; Colossenses 3:10).
Resumindo, a música rock não pode ser legitimamente transformada em música cristã simplesmente alterando sua letra. Tal divisão simplesmente não é possível, porque o rock “cristão”, ou qualquer outra categoria, ainda é música rock – uma música que incorpora um espírito de rebelião contra Deus e contra os princípios morais que Ele revelou para nossas vidas.
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Muito da discussão a respeito da música rock está enfocada hoje nos seus efeitos sobre os humanos, em vez de questionar se ela é ofensiva para Deus. O resultado é que muitos estão mais interessados em definir o que Deus poderia permitir do que naquilo que O agrada. É imperativo que mudemos nosso foco de nós mesmos para Deus e para ouvirmos o Seu chamado à santidade. Esta palavra é raramente usada hoje em dia, mas ainda assim a Bíblia nos conclama repetidamente a sermos um povo santo entre uma geração de mente secularizada e perversa. (Êxodo 19:6; Deuteronômio 7:6; 14:2; Salmos 1:1; Isaías 64:12; I Pedro 2:9; I João 2:2-6). Quando aceitarmos o convite de Deus para sermos um povo santo e para sairmos da Babilônia (Apocalipse 18:4), então a música rock da Babilônia não será mais uma atração para nós.
Notas
1. Allan Bloom, The Closing of the American Mind (New York, 1987), p. 73.
2. Ibid., pp. 70. 80.
3. Ibid., p. 80.
4. Robert L. Stone, ed., Essays On the Closing of the American Mind (Chicago, 1989), p. 237.
5. Allan Bloom, “Too Much Tolerance,” Essays On the Closing of the American Mind, ed. Robert Stone, (Chicago, 1989), p. 239.
6. Michael Ventura, “Hear that Long Snake Moan,” Whole Earth Review (primavera de 1987), pp. 28-33.
7. M. Jones, “African Music,” quoted in Leonard B. Meyer, Emotion and Meaning in Music (Chicago, 1990), p. 242.
8. Hubert T. Spence, Confronting Contemporary Christian Music (Dunn, NC, 1997), p. 62.
9. Ibid., p. 92.
10. Arnold Shaw, Dictionary of American Pop/Rock (New York, 1982), p. 287.
11. Steve Peters and Mark Littleton, Truth about Rock (Minneapolis, 1998), p. 15.
12. Hubert T. Spence (nota 8), p. 63.
13. Charlie Peacock, At the Cross Roads: An Insider’s Look at the Past, Present, and Future of Contemporary Christian Music (Nashville, 1999), p. 44.
14. Como citado por Hubert T. Spence (nota 8), pp. 79-80.
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15. Steve Turner, Hungry for Heaven: Rock and Roll Search for Redemption (London, 1994), p. 49.
16. Citado por David Marshall, Occult Explosion (Alma Park, Grentham, England), p. 42.
17. Steve Turner (nota 15), p. 86.
18. Ibid.
19. Como citado por Hubert T. Spence (nota 8), p. 83.
20. Citado por David Marshall (nota 16), p. 84.
21. Time (22 de setembro de 1967).
22. Hubert T. Spence (nota 8), p. 98.
23. Steve Turner (nota 15), p. 81.
24. Hubert T. Spence (nota 8), p. 94.
25. Para uma descrição dos vários símbolos satânicos usados pelas bandas de rock, veja Hubert T. Spence (nota 8), pp. 96-97.
26. Sybil Leek, Numerology (London, England, 1976), p.42
27. Ibid., p. 98.
28. Ibid., p. 99.
29. The Rolling Stone (26 de junho de 1980), p. 3.
30. Jeff Godwin, Dancing with Demons (Chino, California 1988), pp. 126-128.
31. Buzz (abril de 1982), como citado por John Blanchard, Pop Goes The Gospel: Rock in Church (Durham, England, 1991), p. 49
32. David Marshall (nota 16), p. 56.
33. Citado por Hubert T. Spence (nota 8), p. 70.
34. Rutherford Magazine (Janeiro de 1993), citado por Hubert T. Spence (nota 8), p. 70.
35. Martha Bayles, Hole in Our Soul. The Loss of Beauty and Meaning in American Popular Music (Chicago, 1994), p. 334.
36. Hubert T. Spence (nota 8), p. 71.
37. Martha Bayles (nota 33), p. 332.
38. Hubert T. Spence (nota 8), p. 72.
39. Stephen Davis, Hammer of the Gods: The Led Zeppelin Saga (New York, 1985), p. 116.
40. Tipper Gore, Raising PG Kids in an X-Rated Society (Nashville, 1987), pp. 50-51.
41. Martha Bayles (nota 33), p. 254.
42. Veja Tipper Gore (nota 37), p. 94; também David Mandelman, “The Devil and Sam Kineson,” Rolling Stones (23 de fevereiro de 1989), pp. 24-25.
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43. Veja Lionel Trilling, “From the Notebooks of Leonel Trilling,” selecionado por Christopher Zinn, Partisan Review 54 (Janeiro de 1987), p. 17.
44. See Janet Maslin, “The Personal Side of Heavy Metal,” New York Times (17 de junho de 1988), p. 7.
45. Martha Bayles (nota 32), p. 261.
46. “A Christian ‘Heavy Metal’ Band Makes its Mark on the Secular Industry,” Christianity Today (15 de fevereiro de 1985), p. 23.
47. Martha Bayles (nota 32), p. 363
48. Michael Medwed, “The Corruption of Rock,” The Sunday Times (28 de fevereiro de 1993), p. 6.
49. Bob Demoss, How Rap’s Hate Lyrics Harm Youngsters,” Reader’s Digest (agosto de 1994), pp. 88-92.
50. Hubert T. Spence (nota 8), p. 73.
51. Al Menconi, “Breaking Moral Barriers: One Song at a Time.” The American Family Association Journal (janeiro de 2000), p. 18
52. Ibid.
53. Calvin M. Johansson, Discipling Music Ministry. Twenty-First Century Directions (Peabody, Massachusetts, 1992), p. 29.
54. Larry Norman, Solid Rock (Carol Stream, IL, 1992), p.28
55. Calvin M. Johansson (nota 53), p. 57.
56. Cathleen McGuigan, “Not the Sound of Silence,” Newsweek (14 de novembro de 1983), p. 102. Ênfase acrescentada.
57. Gary Erickson, Music on the Rocks? (Shippensburg, Pennsylvania, 1993), p. 74.
58. Life (3 de outubro de 1969), p. 74.
59. Simon Frith, Sound Effects, Youth, Leisure, and the Politics of Rock ‘n’ Roll (New York, 1981), p. 14.
60. Bob Larson, Rock and the Church (Carol Stream, IL, 1972), p. 83
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[*] – Nota do Tradutor – Na verdade, o álbum “Nasty as They Wanna Be” não é da banda NWA e sim da banda “2 Live Crew”. Um site de promoção destes álbuns coloca da seguinte forma: “Um ano depois que [as bandas] N.W.A. e Too Short aumentaram significantemente o padrão do rap sexualmente explícito em 1986 com ‘Straight Outta Compton’ e ‘Born to Mack’, respectivamente, a [banda] 2 Live Crew deu um passo além, para a pornografia descarada com ‘As Nasty as They Wanna Be'”. (voltar)