Diana Goulart: Estas são as características mais típicas de alguns estilos:
Seresta – pede vozes mais próximas à estética lírica. Uso constante do vibrato (aquele “tremido” na voz). Valoriza-se o “vozeirão”, os arroubos na interpretação. Os finais devem causar impacto, como por exemplo terminar a última frase com uma nota bem longa e bem aguda.
Bossa-nova – é o oposto: procura-se um naturalismo absoluto, vozes coloquiais como numa conversa íntima, às vezes sussurrantes.
Jazz – não há um padrão vocal definido. As vozes podem ser límpidas ou soprosas, roucas ou cristalinas, com muita ou com pouca intensidade. Uso controlado do vibrato para dar expressividade a alguns trechos. É fundamental ter domínio do texto musical – compreensão rítmica, melódica e harmônica (ainda que intuitiva). Também é importante ter capacidade de improvisação.
Blues – a voz deve ser mais rouca, passando um sentimento de tristeza, um lamento; usa-se muito portamento (o cantor “arrasta” uma nota para cima ou para baixo), e é comum usar vibrato nos finais de frases.
Samba
a. Samba-enredo: voz potente, energética, com ataques bruscos (“grito de guerra”), geralmente com algum tipo de rouquidão ou aspereza.
b. Samba urbano: não precisa ser tão energético, mas deve ter vitalidade. Geralmente evita-se uma voz excessivamente “limpa”, cristalina.
Samba-canção – pode ter diversas leituras, mais próxima à seresta ou ao jazz. Depende da opção do intérprete e do tipo de arranjo usado.
Bolero – também depende muito da proposta estética de cada cantor; admite ampla escolha de recursos vocais, mas há uma tendência a favor das vozes mais “cheias”. Há uma valorização das regiões mais graves femininas e mais agudas masculinas, sempre com uso do vibrato.
Sertanejo – valorização dos sons agudos, que geralmente são emitidos com bastante volume. A sonoridade da voz pode ser anasalada, metálica. O vibrato é feito com esforço muscular, havendo movimentação visível de pescoço e cabeça.
Pop/rock suave – abrange toda a gama imaginável de tipos vocais. Distingue-se muito mais pela postura estética, pela atitude no palco e pelos arranjos do que por características vocais.
Heavy metal – atitude é fundamental. A voz deve ser agressiva, transgressora, gritada. Ao mesmo tempo e paradoxalmente, existe uma valorização dos cantores de rock com treinamento lírico, que atingem notas muito agudas com grande potência e clareza.
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Diana Goulart é professora de Canto, fonoaudióloga, pesquisadora do canto e palestrante sobre diversos temas ligados à voz e ao canto. Para informações mais detalhadas, visite https://www.dianagoulart.com.br