Diana Goulart: Muita gente acha que um “bom cantor” é aquele que canta afinado, com um timbre agradável e com razoável potência (volume) de voz. Já o termo “bom intérprete” costuma descrever o artista que diz bem a letra de uma canção, transmitindo ao ouvinte a emoção contida nos versos.
Os ouvintes especializados costumam usar critérios mais específicos – por exemplo, o conceito de afinação é muito mais rigoroso, a qualidade vocal é avaliada minuciosamente, e a interpretação vai ser comparada com outros cantores dentro do mesmo estilo musical.
Pessoalmente, acho que um bom cantor tem que ser necessariamente um bom intérprete. O domínio da técnica é muito importante mas não é suficiente. E mais: a interpretação vai muito além da letra – na própria melodia, o artista encontra um sentido, traduz uma emoção, conta uma história. Prova disso é a música instrumental, onde não há voz humana, e também o canto que usa só sílabas, sem palavras. (1)
Outra experiência interessante nesse sentido é escutar músicas cantadas em uma língua que não conhecemos. Por exemplo, mesmo sem entender uma única palavra, é emocionante ouvir o coral sueco Amanda Ensemble cantar “Någonting Värmer” ou “Morfar Har Berättat”!
Resumindo, um bom cantor precisa unir técnica e interpretação, treinamento e intuição, usando com competência a voz para transmitir um sentimento, causando emoção em quem escuta.
(1) – O “scat singing” do jazz, por exemplo.
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Diana Goulart é professora de Canto, fonoaudióloga, pesquisadora do canto e palestrante sobre diversos temas ligados à voz e ao canto. Para informações mais detalhadas, visite https://www.dianagoulart.com.br