Curso de Fisiologia da Voz – Parte 09

por: Lisley Viana

Os Grupos Musculares da Respiração

Existe uma diferença de pressão entre o ar dentro dos pulmões e a superfície de contato com a parede torácica, que faz com que os pulmões fiquem aderidos ao interior dessa parede. Por isso, os pulmões acompanham literalmente todos os movimentos, ou qualquer mudança no volume do tórax.

Sozinhos, os pulmões não conseguem alterar seu volume, pois, para isso, precisam dos músculos.

Os movimentos da caixa torácica, assim como qualquer outro movimento corporal (andar, chutar, comer…) dependem de uma contração muscular.

O ato de respirar pode ser dividido em 2 momentos: a inspiração (entrada de ar) e a expiração (saída de ar).

Existe um grupo de músculos responsável por cada uma das etapas. É importante saber que nem todos eles são usados ao mesmo tempo, a depender da situação, torna-se necessária a presença de apenas alguns deles.

No entanto, em cada grupo, existem aqueles que são os mais solicitados, e são tidos como os principais; e os demais, são tidos como acessórios.

O grupo dos inspiratórios é bem grande, com mais de 15 músculos, que elevam as costelas ao se contraírem. Eles podem ser classificados como:

Músculos Inspiratórios Principais

  • Diafragma (principal)
  • Intercostais externos

Músculos Inspiratórios Acessórios

  • Esternocleidoccíptomastoideo (ECOM)
  • Escalenos
  • outros

O grupo dos expiratórios é menor, com cerca de 8 músculos, que atuam no sentido de abaixar as costelas:

Músculos Expiratórios Principais

  • Intercostais Internos

Músculos Expiratórios Acessórios

  • Músculos abdominais
  • Outros

A Respiração

A diferença de pressão que existe entre o ar ambiente e o ar de dentro do pulmão é que faz com que o ar entre. Algo parecido acontece com uma seringa ou um aspirador de pó.

Dentro do pulmão, a pressão é negativa, e devido à gravidade, em uma pessoa sentada ou de pé, a pressão da parte de baixo é mais próxima do zero que a da parte de cima. Por isso o ar entra primeiro na parte de baixo, e em seguida na de cima, e ao final da inspiração, todo o pulmão deve estar cheio por igual. Daí a importância de uma boa postura durante a inspiração, caso contrário, não é possível usar toda a capacidade pulmonar, o que interfere diretamente no “fôlego” e nas trocas gasosas de uma pessoa.

Quando o processo dessas trocas termina, começa a expiração. A caixa torácica vai voltando à sua posição inicial, empurrando o ar para fora. É como um elástico esticado que tende a voltar ao normal.


A Inspiração

A contração dos músculos inspiratórios aumenta o volume da caixa torácica, conseqüentemente do pulmão. Um exemplo deste movimento é a elevação da alça do balde, representado a inspiração. Isto causa aquele efeito da seringa, porque mais espaço para o ar vai surgindo.

O principal responsável por este efeito é o diafragma, por ser o mais forte. Os intercostais também são muito importantes, principalmente para aqueles que precisam de muito ar, como os cantores.

Há dois tipos de inspiração:

  • relaxada, a normalmente usada, e realizada pelos inspiradores principais;
  • forçada, feita pelos inspiradores principais mais os acessórios.

Os músculos acessórios não devem ser usados na respiração normal, principalmente para quem canta. Como a maioria deles está localizada na região do pescoço, e sua contração (tensão) pode prejudicar o som produzido pelas cordas vocais.


O Diafragma

O diafragma é um músculo plano, amplo, em forma de guarda-chuva, que fica entre o tórax e o abdome, e está preso nas costelas e na coluna.

Ao se contrair o diafragma, suas bordas levantam as costelas, enquanto o seu centro se abaixa, empurrando os órgãos do abdome.


Intercostais Externos

Os intercostais externos são, junto com o diafragma, fazem parte dos músculos inspiratórios principais. Eles estão localizados entre cada uma das costelas. Quando eles se contraem, eles elevam a caixa torácica, aumentando o seu volume, e promovendo a entrada do ar. Na figura abaixo, os intercostais externos estão representados pela cor vermelha. Leve em consideração que a ilustração está indicando apenas um grupo de músculos, entre um par de costelas. Na verdade, eles estão presentes unindo todas as costelas.

Na cor verde, vemos os intercostais internos, responsáveis pela expiração, explicada mais adiante. Observe na “visão superposta” como eles ficam posicionados atrás dos intercostais externos. O fato de eles serem inclinados em posições opostas causa os movimentos opostos de inspiração e expiração. Os intercostais internos abaixam as costelas, fazendo com que o ar saia na expiração forçada.

Esses músculos estão entre as costelas e atuam para que todas elas façam o mesmo movimento durante a inspiração ou expiração e atuam para que todas elas façam o mesmo movimento durante a inspiração ou expiração.


Acessórios

Estes músculos atuam no sentido de elevar as costelas na inspiração forçada. Devem estar relaxados na hora de cantar. Na ilustração fica mais visível que existem dois ECOMs, um de cada lado; com os escalemos ocorre o mesmo, estão em pares.


ECOM

Escalenos

Expiração

Existem dois tipos de expiração, a normal e a forçada. A expiração normal, relaxada é uma ação natural, assim como a volta de um elástico puxado. O diafragma e os intercostais externos simplesmente voltam ao normal. Os músculos da expiração apenas devem entrar em ação quando se precisar de uma expiração forçada, como soprar uma vela, numa tosse ou espirro, por exemplo.

A expiração dura cerca de 2 a 3 vezes mais que a inspiração. Mas, mesmo assim, um cantor deve ter total controle sobre o relaxamento do diafragma, para que sua volta à posição inicial seja o mais lenta possível, de acordo com a necessidade, e para não soltar o ar de vez.


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