Comentários de César Luís Pagani
Texto Central: “Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para Seus adoradores.” (João 4:23)
“O culto dos samaritanos era defeituoso. Eles não aceitavam os escritos proféticos. O dos judeus era um culto carnal que tratava apenas da letra que se referia à distância aos tipos e cerimônias. O evangelho de Cristo mostrou o significado de todas essas ordenanças carnais e dos sacrifícios de lei, que tiveram todos sua consumação no oferecimento de Si mesmo. Assim a dispensação spiritual tomou o lugar da carnal que a prefigurava. A pregação do evangelho revelou a verdadeira natureza de Deus, da salvação, do ser humano, das coisas terrenas e das coisas espirituais e, por isso, ela é posta em oposição ao deficiente culto samaritano.” Commentaries by Dr. Adam Clarke.
O único culto que Deus aceita é aquele em que há adoração em espírito e em verdade. Mas o que é, de fato, um culto em espírito e verdade?
Se considerarmos os termos-chave da expressão utilizada por Jesus veremos que a adoração em “espírito” (Pneuma) é colocar o ser todo para cultuar a Deus, isto é, utilizando afeição, emoção, sentimento, consciência e inteligência. Deus não se agrada de cultos mecânicos ou tipo CD – simples reprodução de algo gravado.
“Em verdade” (aletheia), ou com sinceridade e segundo os padrões da verdade revelada. Adoradores de vida dupla que são, como dizia o inesquecível amigo e colportor Joel Faustino dos Santos, “querentes” ao invés de crentes e adventistas só no sétimo dia e não dos sete dias. Esses não Lhe podem cultuar a contento.
A vida cultual de um verdadeiro adventista é um prolongamento das verdades e influências que recebe da Palavra de Deus e na adoração congregacional na Santa Casa de oração; é um testemunho vivo de que a graça de Deus existe e realiza transformações poderosas. O culto real a Deus é prestado por novas criaturas em Cristo Jesus e que estão em pleno processo de santificação.
Não é culto um programa cheio de artifícios visuais, iluminação cênica, atitudes teatrais, em cujo decurso a atenção seja posta no elemento humano e não no Deus Espírito que está presente.
“Não haja extravagâncias ou excentricidades de movimento da parte dos que proferem a Palavra da verdade, pois tais coisas atenuarão a impressão que deve ser causada pela Palavra. Precisamos estar de sobreaviso, pois Satanás está resolvido, se possível, a misturar sua má influência com os serviços religiosos. Não haja ostentações teatrais, pois isso não ajudará a fortalecer a crença na Palavra de Deus. Antes desviará a atenção para o instrumento humano…” MM80, 357.
“Não devem os pastores [pregadores em geral] pregar opiniões de homens, não devem contar anedotas nem encenar representações teatrais, nem exibir-se; mas, como se estivessem na presença de Deus e do Senhor Jesus Cristo, têm de pregar a Palavra. Não introduzam na obra do ministério leviandades, mas preguem a Palavra de maneira que deixe em quem os escute, a mais solene impressão.” Review and Herald, 28 de setembro de 1897.
Jesus Cristo e Esse crucificado, ressurreto e Sumo Sacerdote deve ser exaltado em cada culto e sermão. Quando nosso bendito Redentor é adorado por cultuadores que O amam e servem, Ele lhes aceita a dedicação e os abençoa prodigamente.
Nosso Senhor encarnou-Se e veio revelar o verdadeiro Deus a quem devemos adorar. Ele não nos quis ensinar à distância, mas veio pessoalmente e Seu exemplo pessoal é um verdadeiro culto em espírito e verdade que deve ser copiado em minúcias.
Domingo
O Cântico de Louvor e Adoração de Maria (Lucas 1:46-55)
O princípio da adoração de Maria deu-se com a resolução do Concílio de Éfeso (431 a.D), onde foi cognominada a “mãe de Deus”. No ano 600 a.D. foi instituído o dogma da oração dirigida a Maria e aos santos como intercessores. A oração Ave-Maria foi criada em 1508 a.D. Sua última parte foi criada 50 anos depois. O dogma da Imaculada Conceição foi proclamado em 1854. A doutrina da assunção da Virgem Maria foi exposta em 1950 pelo papa Pio XII. Em 1965, Maria foi proclamada como “Mãe da Igreja” pelo papa Paulo VI. Os títulos da Virgem somam 119, inclusive com um muito curioso: “Nossa Senhora Desatadora de Nós.”
Há em todo o mundo 911 igrejas e 267 santuários dedicados a Nossa Senhora de Fátima, sem contar as outras que recebem os nomes de seus muitos títulos.
Não há por que negar o papel importantíssimo de Maria na primeira vinda de Cristo à Terra. Ela se submeteu a uma gravidez de risco social – dar à luz um filho sem estar casada. Gravidez nessas condições denunciava adultério, que era punido com morte por apedrejamento. Outro aspecto crucial é que ela educou o menino Jesus nos princípios das Escrituras em sua infância e adolescência. Padeceu duramente com o tratamento que os rabinos e líderes da nação deram ao seu Filho e, o pior: Acompanhou Seus excruciantes sofrimentos desde a prisão até a crucifixão. Profetizara Simeão que uma espada (símbolo de batalha e sofrimento) transpassaria a alma de Maria (Lc 2:35).
No cântico que ela compôs e entoou (conhecido como Magnificat) vemos a manifestação do Espírito Santo naquela jovem e fiel mulher.
A ela fora revelado pelo arcanjo Gabriel que o Messias prometido desde o Éden seria concebido em seu útero. E por que Maria foi escolhida? Porque achou graça diante de Deus (Lc 1:30). E que graça! Ela daria à luz ao Filho do Altíssimo (v. 32), o herdeiro do trono de Davi cujo reino duraria para sempre. Sua concepção e gravidez foi a única no mundo sem o concurso do gameta masculino. Em Maria a Divindade uniu-se para sempre à humanidade.
Sem pensar nas consequências sociais e morais que sua prenhez envolvia, ela se entregou totalmente ao cumprimento do propósito divino.
Talvez tenha sido difícil, de início, compreender que seria a mãe do Senhor divino-humano. Sua prima Isabel, inspirada pelo Espírito, revelou a Maria que ela era a mãe do Senhor (Kuryos) de Israel. Contou-lhe também que a criança que estava no ventre de Isabel remexeu-se de alegria ao ouvir a voz de Maria.
Com seu canto de felicidade ela louvou e adorou a Deus, reconhecendo-se pecadora mui agraciada pelo Céu. Espantou-se que Deus atentasse para uma pessoa tão pobre e tão humilde e lhe concedesse a graça inusitada. Sentiu-se alvo da misericórdia divina (“porque o Poderoso me fez grandes coisas” v. 49) e ficou feliz porque temia ao Senhor e buscava fazer o que era reto aos Seus olhos. Compreendeu que sua escolha era um ato soberano de Deus e de repercussão universal. Entendeu, pelo menos um pouco, que seu Filho era o Salvador prometido a Israel e o salvaria de seus pecados.
A voluntariedade de Maria – “Quando a Majestade do Céu Se tornou um bebê e foi confiado a Maria, não tinha ela muito que oferecer pelo precioso dom. Levou ao altar apenas duas rolas, oferta designada para os pobres; mas foram um sacrifício aceitável ao Senhor. Não podia apresentar tesouros raros como os sábios do Oriente, que foram a Belém para os depor diante do Filho de Deus; contudo a mãe de Jesus não foi rejeitada devido à insignificância de sua dádiva. Foi a voluntariedade de seu coração que o Senhor tomou em consideração, e seu amor tornou suave a oferta. Assim aceitará Deus a nossa dádiva embora seja ela pequena, se for o melhor que temos, e for oferecida por amor a Ele.” Review and Herald, 9 de dezembro de 1890.
O último encontro de Maria com seu Filho – “Os olhos de Jesus vaguearam sobre a multidão que se reunira para testemunhar Sua morte e Ele viu, junto à cruz, João amparando Maria, a mãe de Cristo. Tinha ela retornado à terrível cena, não suportando permanecer longe de Seu filho. A última lição de Jesus foi de amor filial. Olhando o rosto abatido de Sua mãe, e então a João, disse, dirigindo-Se a ela: ‘Mulher, eis aí o teu filho. ‘ Jo 19:26. Depois, ao discípulo: ‘Eis aí tua mãe. ‘ Jo 19:27. João bem compreendeu as palavras de Jesus e o sagrado dever que lhe foi confiado. Imediatamente removeu a mãe de Cristo da terrível cena do Calvário. Daquela hora em diante dela cuidou como filho obediente, tomando-a em seu próprio lar. O perfeito exemplo do amor filial de Cristo resplandece com não esmaecido brilho por entre a neblina dos séculos. Conquanto suportasse a mais aguda tortura, Ele não Se esqueceu de Sua mãe, e fez toda a provisão necessária para seu futuro.” HR, 224.
Segunda
Adoração e Serviço (Deuteronômio 11:16; Lucas 4:5-8)
Verdadeiramente, não pode haver serviço sem adoração e adoração sem serviço. As duas ações estão espiritualmente interligadas.
A resposta que Jesus deu a Satanás no deserto expressa muito bem essa grande verdade teológica: “Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a Ele servirás.” (Lc 4:8 – ver Dt 6:13)
“Adorarás” (προσκυνέω – proskyneō, significando cair de joelhos e tocar o chão com a testa, como expressão de profunda veneração) ou “humilhar-te-ás com amor” diante da grandeza incalculável do Senhor. Prestar culto ou adorar é declarar amor Àquele que nos amou primeiro, segundo a revelação da Palavra de Deus e os ditames de uma consciência biblicamente esclarecida. Como nosso Pai, Deus gosta de ouvir declarações de amor e ver demonstrações de nosso afeto por Ele.
“Servirás” (λατρεύω– latreuō, com o sentido de realizar serviços religiosos, ofertar dons, adorar a Deus na observância dos mandamentos ordenados para Sua adoração). Servir a Deus é também amar e servir ao próximo, fazer as obras de Jesus no poder do Espírito Santo, colaborar com o avançamento de Sua causa e combater o bom combate.
Os verbos gregos usados no texto por Lucas ao registrar as palavras de Cristo, estão no modo futuro do indicativo que traz a ênfase de mandamento pró adoração contínua. É um dever-privilégio adorar a Deus e servi-Lo. Se pudéssemos perguntar ao nosso anjo da guarda, ele confirmaria que tem adorado e servido a Deus desde a eternidade e que essa é sua suprema felicidade.
Nessa tentação, bem como nas outras, o Senhor Jesus nos ensina como rebater as investidas do inimigo: Satanás mostrou a Jesus os reinos do mundo ocultando astutamente o mal que neles havia. Caso Cristo o adorasse ali, ele alcançaria o objetivo que tinha desde que se tornou o diabo – ser adorado. Entendia que se o Filho de Deus se lhe curvasse ele seria reconhecido como um ser superior e divinizado. Estava até demonstrando disposição de abrir mão de seu controle sobre a Terra e sub-rogar (transferir) o domínio a Jesus, desde que Esse lhe fosse sujeito. Se o plano da salvação fosse consumado e Cristo morresse para redimir o homem, o maligno sabia que seu poder seria limitado e ele derrotado para sempre, devendo desaparecer com seus súditos e todas as obras más que praticou neste mundo. Jesus o desmascarou e mostrou que um filho obediente de Deus pode afrontar seu poder com a poderosa Palavra que saiu da boca do Eterno: “Está escrito.”
“Satanás pretendia como seu o reino da Terra, e insinuou a Jesus que todos os Seus sofrimentos poderiam ser evitados; que não necessitava morrer para obter os reinos deste mundo; se o adorasse poderia ter todas as possessões da Terra, e a glória de reinar sobre elas. Jesus, porém, permaneceu firme. Sabia que deveria vir o tempo em que Ele, pela Sua própria vida, resgataria de Satanás o reino, e que, depois de algum tempo, tudo no Céu e na Terra se Lhe submeteria. Preferiu Sua vida de sofrimento e Sua terrível morte, como o caminho indicado pelo Pai a fim de tornar-Se o legítimo herdeiro dos reinos da Terra, e tê-los entregues em Suas mãos como uma posse eterna. Satanás também será entregue em Suas mãos para ser destruído pela morte, para nunca mais molestar a Jesus ou aos santos na glória.” HR, 201.
“Os olhos de Jesus pousaram por um momento sobre a glória que Lhe era apresentada; mas volveu-Se e recusou contemplar o encantador espetáculo. Não poria em perigo Sua firme integridade detendo-Se com o tentador. Ao solicitar Satanás homenagem, despertou-se a divina indignação de Cristo e não pôde mais tolerar a blasfema pretensão de Satanás, ou mesmo permitir que ficasse em Sua presença. Então Cristo exerceu Sua autoridade divina, ordenando a Satanás que desistisse: ‘Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele servirás.’ Mt 4:10.” ME1, 286.
“Satanás deixou o terreno como inimigo vencido. Nosso Salvador atravessou o campo e saiu vitorioso. Estava desfalecendo no campo de batalha. Não havia um seio em que reclinasse a cabeça, nem mão a Lhe passar na fronte. Anjos vieram e O serviram. Auxílio assim podemos nós reivindicar. Cristo viu que era impossível o homem vencer em seu próprio benefício. Veio para trazer-lhe força moral. Isto é nossa única esperança.” Temp., 286.
“Para o mesmo fim, Deus chamou Seu povo na atualidade. Revelou-lhe a Sua vontade e dele requer obediência. Nos últimos dias da história deste mundo a voz que falou do Sinai, volve a dizer aos homens: ‘Não terás outros deuses diante de Mim.’ Êx 20:3. À vontade de Deus os homens opuseram a própria vontade, mas não podem fazer calar esse preceito. A inteligência humana pode não compreender cabalmente as obrigações que tem para com o Poder mais elevado, mas não poderá delas fugir. Acumulem embora os homens teorias e especulações, tentando opor a ciência à revelação e anular assim a Lei de Deus; com insistência sempre crescente o Espírito divino reiterará o preceito que diz: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele servirás.’ Mt 4:10.” TS2, 365.
Terça
Adorando o que Não se Conhece (João 4:1-24)
O Deus Verdadeiro revelou-Se também através das formas de culto e dos rituais ordenados a Israel. As formas, a rotina sagrada do culto e a liturgia não são de forma alguma dispensáveis. Só não podem substituir o espírito de adoração e verdade que agrada ao Ser adorado.
A primeira liturgia (conjunto dos elementos e práticas do culto religioso) foi estabelecida no Éden. Deus era visto pessoalmente e a comunhão acontecia com a visita diária do Senhor a Seus filhos recém-criados. O templo era o próprio jardim. Anjos estavam presentes. Por certo havia cânticos de louvor do primeiro casal e também dos anjos que faziam parte da congregação.
Depois do pecado, a liturgia mudou. Nossos pais vinham até a porta do Éden prestar culto a Deus, que agora não mais podiam ver em pessoa, mas ouviam Sua voz. Sacrifícios eram oferecidos os quais apontavam para Aquele que solucionaria o problema do pecado. Cremos que esse culto a Deus contivesse cânticos, orações e ensinamentos orais. “Mediante o sacrifício do Salvador possibilitou-se nova comunhão com Deus. Não podemos pessoalmente chegar à Sua presença; em nossos pecados não podemos contemplá-Lo, mas podemos ter comunhão com Ele em Jesus, o Salvador.” Ed, 28.
Era patriarcal – Diz o Dr. Joel Sarli em sua obra “Dinâmica da Liturgia Adventista”: “O pai tornou-se sacerdote da família. Onde quer que existisse um lar, um altar era edificado (Gn 12:7). O culto era muito simples e era, em realidade, o culto da família, que oferecia oportunidade de adorar a Deus. A família extensa dos tempos patriarcais foi o começo do culto de adoração coletiva.” (p. 1)
Pós-Sinai – O santuário foi construído e formas, normas, leis e liturgias estabelecidos para a prestação do culto a Deus.
“No Sinai várias coisas ocorreram que afetaram profundamente a forma de culto em Israel:
“a) a majestade da presença de Deus (Ex 20:18-21) Uma atitude foi exigida (Ex. 19:9, 10). Limites e lugares foram estabelecidos (Ex 19:12). [introdução do] som de instrumentos (Ex 19:13, 19)…
“b) A obrigação pelo quarto mandamento enfatiza um tempo separado para adoração e culto.
“c) O quarto mandamento declara a reverência que se deveria prestar ao nome de Deus.
“d) A lei cerimonial indicava a existência de um povo escolhido e peculiar.” Ibidem.
Depois do exílio um novo templo foi construído, mas sem a presença da arca do concerto e do glorioso shekinah. Surgiram também as sinagogas por causa da dispersão (ou Diáspora) para suprir a necessidade de lugar de adoração.
Jesus disse à mulher de Samaria que o templo centralizado não era mais tão vital, pois Deus procurava adoradores que O amassem em espírito e em verdade. Durante a Idade Média surgiram as igrejas de vilas, cidades e aldeias. Após a Reforma do século 16 os cristãos construíram igrejas sem ícones, estatuária e aparato sacerdotal. A Palavra de Deus, as orações e os cânticos estavam organizados em liturgias.
O ponto crucial da questão é conhecer primeiro o Deus a quem adoramos. Conhecer a Deus é tudo! A adoração, repetimos, não ocorre apenas no lugar especial de culto – o templo. Ela se estende a todos os lugares onde o adorador está, porque ele deve adorar em espírito e verdade e não puramente observando formas. A forma não substitui a pureza requerida na adoração.
Pode suceder que você e eu estarmos adorando um Deus que não conhecemos. “Mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em Me conhecer e saber que Eu Sou o Senhor e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas Me agrado, diz o Senhor.” (Jr 9:24)
Se julgamos ser Deus inexorável, vingativo, injusto, punidor e austero, dobramo-nos diante de um Deus inexistente. Por outro lado, se consideramos ser o Senhor um Deus conivente com o pecado, que perdoa todo e qualquer pecado sem que o homem se arrependa e se humilhe, que não leva em conta o que fazemos fora dos arraiais da igreja, também estamos cultuando uma falsa divindade.
Observe com atenção o que Deus disse de Si mesmo a Moisés: “E, passando o Senhor por diante dele, clamou: Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocente o culpado, e visita a iniqüidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até à terceira e quarta geração!” (Ex 34:6, 7) Esse é Jeová, que deve ser conhecido e adorado!
Quarta
Os Verdadeiros Adoradores (João 4:23-24)
Qual o perfil de um verdadeiro adorador do Senhor?
- “Os que querem ser adoradores do verdadeiro Deus devem sacrificar todo ídolo. Jesus disse ao doutor da lei: ‘Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento.’ Mt 22:37 e 38.” CPPE, 329. “Os primeiros quatro preceitos do decálogo não dão margem a que separemos de Deus nossos afetos. Nem coisa alguma deve partilhar nosso supremo deleite nEle. Não podemos avançar na experiência cristã enquanto não afastarmos de nosso caminho tudo quanto nos separe de Deus.” MJ, 377.
- Em sua devoção ele vai além das formas e cerimônias. “Era Seu desejo [de Cristo] erguer os pensamentos de Sua ouvinte acima de questões de formas, cerimônias e controvérsias. ‘A hora vem’, disse, ‘e agora é em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim O adorem. Deus é Espírito, e importa que os que O adoram O adorem em espírito e em verdade.’ Jo 4:23 e 24.” DTN, 327.
- O verdadeiro adorador é nascido do Espírito. Possui mente e coração renovados, é obediente e produz frutos para a glória de Deus. “A religião que vem de Deus é a única que leva a Ele. Para O servirmos devidamente, é mister nascermos do divino Espírito. Isso purificará o coração e renovará a mente, dando-nos nova capacidade para conhecer e amar a Deus. Comunicar-nos-á voluntária obediência a todos os Seus reclamos. Esse é o verdadeiro culto. É o fruto da operação do Espírito Santo. É pelo Espírito que toda prece sincera é ditada, e tal prece é aceitável a Deus. Onde quer que a alma se dilate em busca de Deus, aí é manifesta a obra do Espírito, e Deus Se revelará a essa alma. A tais adoradores Ele busca. Espera recebê-los, e torná-los Seus filhos e filhas.” DTN, 189.
- É fiel observador do santo dia de repouso. “Nenhuma outra das instituições dadas aos judeus tendia a distingui-los tão completamente das nações circunvizinhas, como o sábado. Era intenção do Senhor que sua observância os designasse como adoradores Seus. Seria um sinal de sua separação da idolatria, e ligação com o verdadeiro Deus. Mas a fim de santificar o sábado, os homens precisam ser eles próprios santos. Devem, pela fé, tornar-se participantes da justiça de Cristo. Quando foi dado a Israel o mandamento: ‘Lembra-te do dia do sábado, para o santificar’ (Êx 20:8), o Senhor lhes disse também: ‘E ser-Me-eis homens santos.’ Êx 22:31. Só assim poderia o sábado distinguir Israel como os adoradores de Deus.” Obra citada, p. 283. “O sábado não é apresentado como uma nova instituição, mas como havendo sido estabelecido na criação. Deve ser lembrado e observado como a memória da obra do Criador. Apontando para Deus como Aquele que fez os céus e a Terra, distingue o verdadeiro Deus de todos os falsos deuses. Todos os que guardam o sétimo dia, dão a entender por este ato que são adoradores de Jeová. Assim, é o sábado o sinal de submissão a Deus por parte do homem, enquanto houver alguém na Terra para O servir. O quarto mandamento é o único de todos os dez em que se encontra tanto o nome como o título do Legislador. É o único que mostra pela autoridade de quem é dada a lei. Assim contém o selo de Deus, afixado à Sua lei, como prova da autenticidade e vigência da mesma.” PP, 307.
- O verdadeiro adorador ama seus irmãos incondicionalmente e evita contendas. “Quantas igrejas não se têm desagregado, tornando a causa da verdade objeto de zombaria e injúria entre os ímpios! ‘Não haja contenda entre mim e ti’, disse Abraão, ‘porque irmãos somos’, não somente pelo parentesco natural, mas como adoradores do verdadeiro Deus. Os filhos de Deus, pelo mundo inteiro, são uma família e o mesmo espírito de amor e conciliação os deve governar.” PP, 132.
- O verdadeiro adorador tem o coração 100% dedicado a seu Salvador. Suas afeições pertencem totalmente ao Senhor. “Há em nossos tempos uma contínua repetição da festa de Belsazar e da adoração de Belsazar; e seu pecado se repete quando o coração, que Deus exige que Lhe seja dado numa devoção pura e santa, dEle se desvia para adorar a um ser humano, e os lábios são levados a pronunciar palavras de louvor e adoração que só ao Senhor Deus do Céu pertencem. Quando às afeições que Deus deseja que girem ao Seu redor se permite centralizar em objetos terrenos, uma mulher, um homem, ou qualquer coisa terrestre – Deus é substituído pelo objeto que encanta os sentidos e as afeições, e as faculdades que foram solenemente dedicadas a Deus, são devotadas a um ser humano manchado pelo pecado. Aos homens e mulheres que uma vez trouxeram a imagem de Deus, mas estão perdidos pela desobediência e o pecado, deseja Ele restaurar novamente, tornando-se eles participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção que pela concupiscência há no mundo. E quando homens e mulheres dedicam a propósitos ímpios as faculdades que Deus lhes deu, servindo a concupiscência, Deus é desonrado e os que assim agem são arruinados.” TM, 435.
Quinta
Adorando aos Seus Pés (Mateus 2:11; Mateus 4:10; Mateus 9:18; Mateus 20:20; Marcos 7:7; Lucas 19:37-40; João 9:38)
Lúcifer questionou a total divindade do Verbo lá no Céu, achando que ele, uma criatura, deveria possuir a mesma glória do Filho de Deus. . Por que Ele, o mais exaltado querubim, não foi chamado a participar do concílio secreto da Divindade quando da decisão da criação do homem? “Pouco a pouco Lúcifer veio a condescender com o desejo de exaltação própria… Se bem que toda a sua glória proviesse de Deus, este poderoso anjo veio a considerá-la como pertencente a si próprio. Não contente com sua posição, embora fosse mais honrado do que a hoste celestial, arriscou-se a cobiçar a homenagem devida unicamente ao Criador. Em vez de procurar fazer com que Deus fosse o alvo supremo das afeições e fidelidade de todos os seres criados, consistiu o seu esforço em obter para si o serviço e lealdade deles. E, cobiçando a glória que o infinito Pai conferira a Seu Filho, este príncipe dos anjos aspirou ao poder que era a prerrogativa de Cristo apenas…” MM02, 9. Ora, percebam o que a Sra. White diz. A homenagem pertencia somente ao Criador e a glória também. É um mistério esse anjo ousado querer ser igual ao Verbo e ao Criador.
Na Terra, hoje, ele continua a desmerecer Cristo através de teólogos e mestres especialmente “inspirados” por ele, rebaixando-O a uma simples criatura de Deus e não como o Deus Criador. Mas a Escritura replica-o com argumento irrespondível: “Todas as coisas foram feitas por intermédio [dia – meio ou canal] dEle, e, sem Ele, nada do que foi feito se fez.” (Jo 1:3) “O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dEle, mas o mundo não O conheceu.” (Jo 1:10)
A Bíblia não induz a qualquer dúvida sobre a divindade de Jesus. Pelo contrário, dá transbordantes provas e evidências de que o Nazareno era Deus encarnado em toda a Sua plenitude. “Porquanto, nEle, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade.” (Cl 2:9)
Os magos do Oriente, que não eram judeus, reconheceram-Lhe a divindade prostrando-se a Seus pés, quando era ainda um bebê recém-nascido e O adoraram. Quem lhes fez saber que aquele bebê era Deus encarnado? O Espírito Santo, sem dúvida. Tomé, depois de ter a prova que queria para acreditar que o Senhor havia ressuscitado, lançou-se a Seus pés e adorou: “Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20:28)
O mais incrível de tudo é que o próprio Satanás, nas tentações do deserto, sabendo que Jesus era verdadeiramente o Filho de Deus ou o Verbo feito carne, tentou por duas vezes fazer Cristo duvidar de Sua própria divindade, dizendo: “Se Tu és o Filho de Deus…” Ora, por que ele queria obter provas da divindade de Cristo, sugerindo-Lhe que fizesse milagres? Porque estava plenamente consciente de que Cristo, como humano, poderia ceder à tentação e comprovar Sua divindade. A própria tentação era o reconhecimento de que Jesus poderia fazer qualquer coisa que Deus faz. A maior prova o tentador obteve quando Cristo ordenou-lhe que se retirasse: “Retira-te Satanás!” (Mt 4:10) Ele não pôde resistir à ordem de Deus. Escafedeu-se ou fugiu precipitadamente.
O chefe da sinagoga (Mt 9:18) reconheceu que Cristo poderia devolver a vida à sua filha. Só Deus pode dar vida. A mãe de Tiago e João O adorou ao fazer-lhe o pedido pró-exaltação de seus filhos (Mt 20:20). Ora, não disse o próprio Cristo a Satanás: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás…”? Não fosse Ele o Deus do Céu e teria cometido grave blasfêmia ao aceitar a adoração da mulher. Os discípulos O adoraram quando de Sua ascensão ao Céu. O cego que Jesus curou (Jo 9:38) também O adorou após a realização do milagre. Essa, bem como a do chefe da sinagoga, foi uma adoração de louvor e gratidão.
“No princípio, Deus Se manifestava em todas as obras da criação. Foi Cristo que estendeu os céus, e lançou os fundamentos da Terra. Foi Sua mão que suspendeu os mundos no espaço e deu forma às flores do campo. ‘Ele converteu o mar em terra firme.’ Sl 66:6 ‘Seu é o mar, pois Ele o fez.’ Sl. 95:5. Foi Ele quem encheu a Terra de beleza, e de cânticos o ar. E sobre todas as coisas na terra, no ar e no firmamento, escreveu a mensagem do amor do Pai.” DTN, 20.
“Cerca de dois mil anos atrás, ouviu-se no Céu uma voz de misteriosa significação, saída do trono de Deus: ‘Eis aqui venho.’ ‘Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo Me preparaste… Eis aqui venho (no rolo do livro está escrito de Mim), para fazer, ó Deus, a Tua vontade.’ Hb 10:5-7. Nestas palavras anuncia-se o cumprimento do desígnio que estivera oculto desde tempos eternos. Cristo estava prestes a visitar nosso mundo e a encarnar. Diz Ele: ‘Corpo Me preparaste.’ Houvesse aparecido com a glória que possuía com o Pai antes que o mundo existisse, e não teríamos podido resistir à luz de Sua presença. Para que a pudéssemos contemplar e não ser destruídos, a manifestação de Sua glória foi velada. Sua divindade ocultou-se na humanidade – a glória invisível na visível forma humana.” DTN, 23.
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