Comentários de Maria José F. Vieira
Texto Central: “Como é agradável o lugar da tua habitação, Senhor dos Exércitos. A minha alma anela, e até desfalece pelos átrios do Senhor, o meu coração e o meu corpo cantam de alegria ao Deus vivo”. (Salmos 84:1 e 2 – NVI)
O termo Salmos vem de uma raiz que significa “Cantar com acompanhamento instrumental”. Conhecemos a letra dos Salmos, mas, em relação às melodias, infelizmente, não temos acesso. Eles seriam o equivalente a nossos livros de músicas e hinos, mas provavelmente eles tinham na memória estes cânticos que louvavam ao Deus Criador, Redentor, Mantenedor e Salvador. Escritos principalmente por Davi, tem em suas linhas a representação das emoções do povo israelita, escolhido para proclamar a primeira vinda de Jesus. Porém, eles podem ser usados por qualquer ser humano de qualquer época e lugar, pois as emoções são as mesmas.
Reconhecer a Deus como Criador de tudo leva a louvá-Lo e adorá-LO. Basta olhar para o equilíbrio do Universo. Pensar que os planetas não se chocam e saber que a Terra está girando em rotação e translação e nós não sentimos, já demonstra a ordem e o respeito com que Deus cuida de toda a Sua criação. Os Salmos 19, 90, 95, 100, foram escolhidos pela autora da lição para enfatizar o poder de Deus.
Há um texto no livro Patriarcas e Profetas que fala sobre os mistérios do Universo visível, que foi fonte de deleite para os nossos primeiros pais antes da queda: “As leis e operações da natureza, que tem incitado o estudo dos homens durante seis mil anos, estavam-lhes abertas à mente pelo infinito Construtor e Mantenedor de tudo…Em cada folha na floresta, ou pedra nas montanhas, em cada estrela brilhante, na terra, no ar, e no céu, estava escrito o nome de Deus. A ordem e harmonia da criação falavam-lhes de sabedoria e poder infinitos. Estavam sempre a descobrir alguma atração que lhes enchia o coração de mais profundo amor e provocava novas expressões de gratidão”.
Podemos observar a criação, que mesmo manchada pelo pecado, mostra as maravilhas e os cuidados de Deus em relação à escolha das cores, sabores, formas, sons e podemos nos deleitar. A teoria da evolução é a mais aceita pelas pessoas especialmente do meio científico, devido à necessidade de conceitos mais racionais e algo que tenha um objeto de origem. O Evangelho do apóstolo João, aquele que era o filho do trovão e se tornou o discípulo do amor, demonstra como ele entendeu a Divindade de Jesus e a origem de tudo a partir da Palavra, do Verbo “Antes de ser criado o mundo, Aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e era Deus. Desde o principio, a Palavra estava com Deus. Por meio da Palavra, Deus fez todas as coisa, e nada do que existe foi feito sem ela” (João 1:13).
Isto é muito profundo e nossa mente finita não tem a capacidade de entender e explicar como estas coisas aconteceram. Mas, podemos aceita-las pelo poder do Espírito Santo, pois nem a teoria da evolução, nem a criação podem ser comprovadas. É pela fé e pelo amor de Deus introjetado na mente, que podemos compreender e saber que o mesmo processo será usado quando formos resgatados e transformados num corpo glorioso na volta de Jesus (I Tessalonicenses 4:13-18)
O grande cientista Albert Einstein, com toda a matemática e física que conhecia, deixou-nos uma frase que demonstra o quão pouco sabemos do poder de Deus e quanto ele, um gênio da humanidade, sentiu ao se deparar com o inexplicável “Saber que existe algo insondável, sentir a presença de algo profundamente racional, radiantemente belo, algo que compreendemos apenas em forma rudimentar – é esta a experiência que constitui a atitude genuinamente religiosa. Neste sentido, e neste sentido somente, eu pertenço aos homens profundamente religiosos” (Einstein, o enigma do Universo, pag. 200).
O não conseguir explicar, mas saber que existe e é Amor, leva à adoração e ao louvor. Por este motivo, os salmos são até hoje uma fonte de inspiração, tanto na alegria, como na tristeza. No salmo 73, Asafe fica indignado com o “aparente sucesso” dos ímpios e reclama com Deus. As emoções envolvidas (barganha, indignação, raiva, negação, depressão, ansiedade) se transformam em aceitação quando ele compreende que seu único refúgio é Deus e que participa da exterminação do pecado por meio do ministério de Jesus no Santuário celestial. Ele não conseguia entender como um Deus amoroso tolerava coisas boas acontecendo aos maus e coisas ruins acontecendo aos bons. Nos versículos 14-17, podemos participar da angústia do salmista e dos questionamentos e soluções que encontrou ao se deparar com a justiça de Deus: “Em só refletir para compreender isto, achei mui pesada tarefa para mim; até que entrei no Santuário de Deus e atinei com o fim deles”.
O Santuário é o local em que se processa a libertação do pecado, mas também a condenação. Portanto, considerar Jesus, como o “amiguinho bonzinho” e que, “uma vez salvo, está salvo para sempre”, carrega o risco de perder a direção que Ele e só Ele determina e esquecer-se do juízo investigativo, alertado na mensagem do primeiro Anjo “Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo” (Apocalipse14:7). Se continuarmos a ler os próximos versículos, veremos a afirmação do apóstolo João que Deus é o Criador de tudo.
Devemos ter em mente, que Jesus nos limpou do pecado. Ele é nosso Pai, irmão, amigo, amante da nossa alma, mas também é o juiz (Daniel7:9-10). Ele também anseia o momento de estar conosco para sempre e comer do fruto da vide (Mateus 26:29) e encerrar de uma vez por todas, os resultados da introdução do pecado neste mundo. O tempo de Deus é diferente do nosso, pois Ele é longânimo e não quer que ninguém se perca (II Pedro 3:9) e este é mais um motivo de adoração. Porém, haverá um fim para o mal, que hoje sentimos de forma intensa como participantes de um mundo em que o amor de muitos se esfria e a natureza se rebela causando destruição, perdas e morte.
Sabemos, no entanto, que Jesus em breve virá, pois as profecias estão se cumprindo e o Evangelho eterno está sendo levado aos lugares longínquos que antes não tinham acesso à maravilha do plano da salvação. A porta da graça está aberta e Jesus intercede por nós. Vale relembrar o que está escrito no livro Primeiros Escritos, baseado nos Evangelhos e no livro de Apocalipse, na pag. 58: “Quando Jesus sair do santuário, os que são santos e justos serão santos e justos ainda, pois todos os seus pecados estarão apagados e eles selados com o selo do Deus vivo. Mas, aqueles que forem injustos e sujos, serão injustos e sujos ainda. Portanto, o que se há de fazer para livrar as almas do juízo, da ira vindoura, deve ser feito antes que Jesus saia do lugar santíssimo do santuário celestial”.
Apenas Jesus salva da morte eterna e “Ele salvará a todos que se achegarem a Ele” (Fé e Obras, pag. 37). Sem Ele pereceríamos como os animaizinhos sem a esperança de viver em um mundo com as coisas perenes e não transitórias, fugazes e assustadoramente finitas (Salmo 49). O mais importante e maravilhoso disto, é que a salvação está disponível para qualquer pessoa. Independe de ser comprada com ouro, dinheiro e poder. Por este motivo, o salmista proclama nos versículos 17 e 20: “pois, em morrendo, nada levará consigo, a sua glória não o acompanhará…O homem revestido de honrarias, mas, sem entendimento, é, antes, como os animais que perecem”.
Outra abordagem da lição consistiu em citar que os rituais são importantes para a manutenção da fé. Deus estabeleceu o sacrifício dos animais no antigo Israel de forma didática, para as pessoas não esquecerem que “o salário do pecado é a morte”. O mesmo ocorre atualmente nos rituais religiosos. Eles existem para que possamos refletir sobre a nossa vida, convivermos com os irmãos, cantarmos, ouvirmos a palavra, orarmos e intercedermos pelos outros em oração. Porém, o ritual não deve substituir a adoração ao Deus único e verdadeiro. Muitas vezes os rituais ocupam o centro da adoração, mas não é esta a recomendação bíblica e nem serve para amadurecimento espiritual isoladamente, que só ocorre quando Jesus é o centro da vida. Os rituais apontam para a salvação em Cristo, mas não substituem a comunhão com Deus. Daniel ficou longe do seu povo em Babilônia, mas mesmo longe dos rituais, não deixava de orar a Deus três vezes por dia e adorá-Lo.
O apóstolo Pedro compreendeu profundamente a diferença entre o ritual e Jesus e passou esta mensagem para o povo israelita, que ainda estava perdido em meio a rituais sem sentido e só por tradição. Em I Pedro 1:18,19 lemos: “Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata e ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo”.
Finalmente, a lição reflete sobre a importância de termos uma história e lembrarmos os grandes feitos de Deus no passado e também na nossa vida. As memórias constituem um alento para os momentos que não são tão bons, pois recordamos o poder que Deus tem e como, apesar de tudo que temos presenciado, Ele tem as mãos ao leme do curso da história da humanidade. Sabemos que Ele protege e conduz o Seu povo. A história também permite que não cometamos os mesmos erros cometidos no passado.
No Salmo 78:1-8, o salmista clama para que o “… povo pusesse sua confiança em Deus e não esquecesse Seus feitos”.
A Bíblia tem conselhos e serve para instruir em todos os setores da nossa vida (2Timoteo 3:16). Podemos meditar em como era nossa vida antes de conhecê-la e como é agora. Mesmo cometendo enganos, temos a bússola que nos direciona. O Salmo 119, o mais longo da Bíblia, indica “a importância das escrituras como base para o ensino da piedade e justiça”. (Escola Sabatina, pag. 86)
A lição nos estimula a lermos os salmos frequentemente, pois eles são fonte de inspiração e ajudam a reconhecer nossas emoções e as colocarmos aos pés de Jesus. Podemos também escrever nossos próprios salmos de adoração em reconhecimento por tudo que Deus é e faz na nossa vida.
Fonte: http://iasdmoema.org.br/escolasabatina.html
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