Comentários de César Luís Pagani
Texto Central: “Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor todas as terras.” (Salmos 96:1)
Davi havia recebido de Deus o dom natural da música e da poesia. Provou-se um fecundo compositor de cerca de 73 salmos. As composições de Davi abarcam variedade de temas que vão desde a revelação do que ocorre ao ímpio e ao justo, até suas experiências de apostasia, arrependimento e retorno a Deus. Também demonstram e ensinam os atributos divinos para nos dar, a saber, quem é o Deus a quem adoramos. Falam da preciosidade da infalível Palavra de Deus, do amor de Deus por Seu povo, dos desvios daqueles que eram a nação sacerdotal, da disciplina aplicada pelo Senhor para restaurá-los e da estupenda misericórdia manifestada a uma nação obstinada e de dura cerviz (pescoço duro, não sujeito a jugo).
Há muito poder no louvor a Deus. “Se louvássemos, como devemos, o santo nome de Deus, atear-se-ia a chama do amor em muitos corações… O louvor de Deus nos estaria continuamente no coração e nos lábios. Este é o melhor meio de resistir à tentação de condescender com a conversa ociosa, frívola.” Carta 42, 1900.
“Grandes têm sido as bênçãos recebidas pelos homens em resposta aos cânticos de louvor.” Ed, 162.
“Assim como os filhos Israel, jornadeando pelo deserto, suavizam pela música cânticos sagrados a sua viagem, Deus ordena a Seus filhos hoje que alegrem a sua vida peregrina. Poucos meios há mais eficientes para fixar suas palavras na memória do que repeti-las em cânticos. E tal cântico tem maravilhoso poder.” – Educação, págs. 167, 168.
Cântico contra o desânimo “O canto é uma arma que podemos empregar sempre contra o desânimo. Ao abrirmos assim o coração à luz da presença do Salvador, teremos saúde e bênção.” CBV, 254.
Louvor contra a tentação – “Com cântico, Jesus, em Sua vida terrestre, defrontou a tentação. Muitas vezes, quando eram proferidas palavras cortantes pungentes, outras vezes, em que a atmosfera em redor dEle se tornava pejada de tristeza, descontentamento, desconfiança temor opressivo, ouvia-se o Seu canto de fé e de santa animação.” – Ed, 165.
“A melodia de louvor é a atmosfera do Céu; e, quando o Céu vem em contato com a Terra, há música e cântico – ação de graças e voz de melodia'”. Idem, 161.
Imprescindível na vida devocional – “Deve haver uma viva ligação com Deus em oração, uma viva ligação com Deus em cânticos de louvor e ações de graças.” Carta 96, 1898.
Convidando anjos a cantar conosco – “Ao cantar aqui em baixo o exército de obreiros do Senhor seus cânticos de louvor, o coro no alto se lhe une em ações de graças, tributando louvores a Deus e a Seu Filho.” Testimonies, vol. 7, 17.
O louvor é poderoso! Quando Robert Murray McCheyne, um ministro evangélico escocês, ficava aborrecido com a frialdade do seu coração em relação às coisas do Senhor, cantava louvores a Deus até que se sentisse reavivado em seu espírito. Muitas vezes quem morava com ele podia dizer a que horas Robert acordava, porque começava o dia com um salmo de louvor.
Um dia, enquanto tentava preparar seu coração para pregar, escreveu em seu diário: “Desejo realmente me tornar santo?… Senhor, Tu sabes todas as coisas… senti tristeza por minhas forças se esvaírem que nem posso lamentar. Aproximando-se o anoitecer, minhas forças voltaram. Acalmei o espírito através da oração e [cantando salmos].”
Domingo
Entre Saul e Davi (I Samuel 16:6-13; I Samuel 17:45-47; I Samuel 18:14; I Samuel 24:10; I Samuel 26:9; I Samuel 30:6-8; Salmos 32:1-5; Salmos 51:1-6)
Quem era o antes anônimo pastorzinho, filho mais novo de Jessé, um criador de ovelhas no Estado de Judá? Membro de uma família com oito filhos homens, mais Zeruia (mãe de Joabe, Abisai e Asael) e Abigail.
Tornou-se herói nacional ao liquidar o gigante Golias – que tinha quase três metros de altura – com uma só pedra lançada de sua funda. Sempre fora um jovem de fé, valente, consultador ou consulente de Deus, harpista, poeta, cantor e compositor. É bem provável que não tivesse uma estatura próxima à de seu irmão mais velho Eliabe, que era o biótipo de rei que o profeta Samuel tinha em mente para substituir Saul (Ver I Sm 16:7). Davi era um jovem bonito, “ruivo, de belos olhos e de boa aparência” (I Sm 16:11). Também não cremos que fosse de pequena estatura, pois a armadura de Saul, que é descrito como sendo de elevada estatura, coube em Davi. Ele não a usou porque lhe tolhia os movimentos; não estava acostumado a ter peso extra sobre o corpo (Ver I Sm 17:38, 39).
Arma mais poderosa de Davi era sua confiança estrita no Senhor. Vocês acham que um simples pedregulho lançado por uma funda a uma distância de 10m poderia afundar-se no osso frontal de um gigante de três metros (o osso frontal de seu crânio deveria ter por volta de cinco centímetros de espessura)? Que potência isso exigiria (Caros professores de física Ester, Anselmo e outros, por favor, calculem para mim que sou zero na matéria)? Considerem, peço-lhes, a variável da força F (fé). “Davi se saía muito bem em todas as suas expedições porque o Senhor era com ele.” (I Sm 18:14)
A magnanimidade de Davi é outra virtude que salta aos olhos ao estudarmos a história dele e seu relacionamento com Saul (Ver I Sm 24:10). Respeito por uma autoridade ungida por Deus, embora totalmente apostatada, é outro traço personal do filho de Jessé (I Sm 26:9). Temor de Deus, outrossim, compunha seu espírito.
Como diz o texto bíblico, nas horas mais probantes ele “se fortalecia no Senhor” e O consultava para pedir conselhos e guia. Um bom exemplo para nós que vivemos dias angustiosos.
A graça divina concedida a Saul – “Contudo, tendo o Senhor posto sobre Saul a responsabilidade do reino, não o deixou entregue a si mesmo. Fez com que o Espírito Santo repousasse sobre Saul para revelar-lhe suas fraquezas, e sua necessidade de graça divina; e, se Saul tivesse depositado confiança em Deus, teria Deus estado com ele. Enquanto sua vontade foi dirigida pela vontade de Deus, enquanto se entregou à disciplina de Seu Espírito, Deus pôde coroar de êxito os seus esforços. Mas, quando Saul preferiu agir independentemente de Deus, o Senhor não mais pôde ser seu guia, e foi obrigado a pô-lo de parte. Então Ele chamou ao trono ‘um homem segundo o Seu coração’ (I Sm 13:14); não um que fosse irrepreensível em seu caráter, mas que, em vez de confiar em si, confiaria em Deus, e seria guiado por Seu Espírito; que, ao pecar, sujeitar-se-ia à reprovação e correção.” PP, 636.
Deus pode curar o coração mais endurecido. Sua graça é suficientíssima. Mas o que o Senhor não faz é transformar um ímpio que não deseja deixar de ser ímpio. Um ímpio que, convencido pelo Espírito Santo almeja perdão e santidade, tem todo o Céu à sua disposição. Deus olha o coração, penetra-lhe profundamente nos recessos mais íntimos da mente, e concede-lhe poder para ser santo.
“A grande honra conferida a Davi não teve como resultado ensoberbecê-lo. Apesar do elevado cargo que deveria ocupar, continuou silenciosamente com sua ocupação, contente com esperar o desenvolvimento dos planos do Senhor, no tempo e maneira que Lhe aprouvessem. Tão humilde e modesto como antes de sua unção, o pastorzinho voltou às colinas, e vigiava e guardava seus rebanhos com tanta ternura como sempre. Com nova inspiração, porém, compunha suas melodias, e tocava em sua harpa. Diante dele se estendia uma paisagem de rica e variada beleza. As videiras, com seus cachos, resplandeciam à luz solar. As árvores da floresta, com sua verde folhagem, inclinavam-se com a brisa. Via o Sol inundando os céus de luz, saindo como o noivo de sua câmara, e regozijando-se como um herói a percorrer o seu caminho. Havia os altivos cumes dos montes, dirigindo-se para os céus; a grande distância erguiam-se os áridos penhascos da muralha montanhosa de Moabe; por cima de tudo estendia-se o suave azul da abóbada dos céus. E além estava Deus. Ele não O podia ver, mas Suas obras estavam cheias de Seu louvor. A luz do dia, dourando a floresta e a montanha, prados e ribeiros, elevava a mente a ver o Pai das luzes, o Autor de toda a boa e perfeita dádiva.” Idem, 641.
Se você computar uma lista de pecados de Saul relatados na Bíblia, verá que foram menos numerosos que os de Davi, a quem Deus proibiu de construir um templo ao Seu nome: “Porém a mim me veio a palavra do SENHOR, dizendo: Tu derramaste sangue em abundância e fizeste grandes guerras; não edificarás casa ao meu nome, porquanto muito sangue tens derramado na terra, na Minha presença.” (I Cr 22:8)
Teria Deus feito acepção de pessoas entre Saul e Davi? Não! A diferença é que Davi era sensível ao toque do Espírito e se arrependia de seus pecados. Saul era orgulhoso, altivo e cheio de suficiência própria. Endureceu a tal ponto que pecou contra o Espírito Santo.
Segunda
Coração Contrito, Espírito Quebrantado (Salmos 51:17)
Um coração humilde e arrependido é valioso diante de Deus. Visto o Senhor respeitar a manifestação da livre escolha por parte dos seres pensantes que criou, se alguém prefere ter coração duro, impermeável, impenetrável, rebelde, Ele respeitará a decisão da criatura e não interferirá em seus negócios.
Mas um coração contrito, pesaroso, por causa de seus próprios pecados, por ter ofendido ao Deus que tanto o ama, é como o odor de suave perfume que se eleva até o trono gracioso.
Mas… “Nada é tão ofensivo a Deus nem tão perigoso para o espírito humano como o orgulho e a presunção. De todos os pecados é o que menos esperança incute, e o mais irremediável.” PJ, 154.
A palavra portuguesa “contrito” tem sua etimologia a partir do vocábulo latino “contritus”, com o sentido de triturado, abatido, esmagado.
Não há incompatibilidade com a alegria no culto – O que faz um coração contrito? Reconhece sua pequenez, dependência e inutilidade, e confessa seus pecados a Deus. Como seu possuidor tem toda a certeza de que eles serão perdoados pelo misericordioso e longânimo Pai, paz e alegria reinam em seu interior e ele pode adorar a Deus com contentamento. Há uma sensação de leveza de alma, de esperança, e fluem do mesmo coração louvor e ação de graças perante o Senhor.
O sacrifício que Deus aprecia
“O crente em Cristo é consagrado a fins elevados e santos… Chamado segundo o desígnio de Deus, posto à parte pela graça divina, investido da justiça de Cristo, imbuído do Espírito Santo, oferecendo o sacrifício de um coração quebrantado e contrito, o crente verdadeiro é de fato um representante do Redentor.” MM68, 81.
Esse sacrifício se caracteriza pela negação do eu. Ninguém pode oferecer um holocausto de si mesmo ao Senhor sem o poder do Espírito Santo.
Lembremo-nos de que, como pecadores, estamos destituídos da glória (excelência, caráter perfeito) de Deus (Rm 3:23). De que deveríamos, portanto, nos orgulhar? Orgulho de ser pecadores, de ser inimigos de Deus, de desprezar vilmente o sacrifício de Cristo?
O que o Senhor pede de nós e nos garante que poderemos dar com Seu poder à disposição? “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.” (Mq 6:8)
Um coração novo, desse jeito, deve ser implorado de Deus – “A mudança do coração representada pelo novo nascimento somente poderá ser levada a efeito pela atuação efetiva do Espírito Santo… O orgulho e o amor-próprio resistem ao Espírito de Deus; toda inclinação natural do ser humano se opõe à transformação da altivez e soberba na mansidão e humildade de Cristo. Se quisermos, porém, andar no caminho de vida eterna, não devemos escutar as insinuações do eu. Com humildade e contrição devemos suplicar a nosso Pai celestial: ‘Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto. ‘ Sl 51:10. À medida que recebemos a divina luz e cooperamos com a iniciativa do Céu, somos ‘nascidos de novo’ e livres da mancha do pecado pelo poder de Cristo.” The Youth’s Instructor, 9 de setembro de 1897.
Abrindo a porteira das bênçãos celestiais – “Longamente tem Deus esperado que Seus seguidores manifestem verdadeira humildade, para que lhes comunique ricas bênçãos. Os que Lhe oferecem sacrifício de um coração quebrantado e de um espírito contrito serão escondidos na fenda da rocha, e contemplarão o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. À medida que Jesus, o portador do pecado, o sacrifício todo-eficaz, é mais distintamente visto, os lábios deles afinam-se com o mais exaltado louvor. Quanto mais veem eles do caráter de Cristo, tanto mais humildes se tornam, e mais baixo se estimam a si mesmos.” MM65, 122.
Comparemo-nos com Cristo, com Sua vida perfeita. Seu serviço a Deus com nosso serviço; Sua devoção com a nossa; Sua humildade com a nossa e assim por diante. O que veremos? Infinita perfeição e santidade contrastadas com orgulho, ambição, egoísmo e pecaminosidade. Isso, porém, não nos deve desesperar. Recordemo-nos de que Cristo veio buscar e salvar o que se havia perdido. Estamos em Sua lista de salvação. Glória!
Terça
Davi: Uma Canção de Louvor e Adoração (I Crônicas 16:8-36)
A experiência pessoal de Davi com o Senhor demonstrou-se uma fonte de rico ensino sobre a bondade, a fidelidade, o infinito perdão e amor de Deus. Seus salmos nos inspiram.
Um aspecto que salta aos olhos é a gratidão do salmista expressa em louvores com intenso conteúdo de emoção espiritual.
Ao pedir aos sacerdotes e levitas que se santificassem antes de trazer a arca para Jerusalém, Davi demonstrou respeitoso temor pelo mais augusto símbolo da presença de Jeová – a arca do concerto. Talvez ele tenha se lembrado do episódio triste de Uzá sendo fulminado por desobedecer ao estrito mandamento do Senhor com relação ao transporte do objeto mais sagrado do santuário.
A majestade divina o impressionava muito. E assim deve ser conosco. Ao escrever a poesia do salmo registrado em I Cr 16 e passá-la a Asafe para ser musicada, ele parece vibrar de alegria e satisfação espiritual por ter um Deus tão maravilhoso como Soberano e Senhor.
Os verbos usados por ele são mui intensos: Louvar, Cantar, Gloriar-se, Alegrar-se, Buscar, Lembrar-se, Tributar glória e força, Tremer perante Ele.
A imagem que essa narrativa me passa é de uma criança saltando de alegria por estar perto de seu pai, correndo ao seu redor e chamando “papai, papai…”
Davi destaca a fidelidade incomparável do Senhor em Seu trato com Israel. Como cumpriu cada palavra do concerto que fez com Abraão, Isaque e Jacó, pais do povo judeu.
Não há dúvida de que o Espírito Santo impressionou o coração de Davi ao ele compor esse salmo laudatório. Davi parece querer contagiar o leitor com seu espírito de louvor. Almeja que todos tenham a mesma experiência de conhecer o Deus vivo, ao qual nada há que se assemelhe.
Davi cantou o louvor de Deus pelo amoroso trato com Israel. Se fôssemos compor salmos para louvar a Deus pela história da igreja adventista, que palavras de exultação e exaltação colocaríamos?
Ele diz que Israel era pequeno em número. Como começou a IASD? Mui pequena em número e desprezada por causa do desapontamento de 1844. Porém, o Senhor a tem conduzido através de mais de um século e meio já. Por muitas crises já passou ela. Porém, a mão do Senhor está ao leme e a guiará até Porto Canaã no final.
Assim como houve expurgo de pecadores em Israel, mormente no deserto, haverá sacudidura entre os que professam o nome do Senhor e só o bom trigo ficará.
Imagine agora aqueles que ficarem no crivo da grande peneira. Que louvores entoarão na vitória final!
Creio que todos terão um cântico novo em seu coração por causa da consumação da salvação. A hora da vitória será mais indescritível para aqueles que terão o privilégio de encontrar-se com Cristo e ser revestidos por Ele da imortalidade. Louvemos desde já o Senhor! Ele nos dará o avultado galardão da vitória!
“Ao recapitular a nossa história passada, havendo revisado cada passo de nosso progresso até ao nosso nível atual, posso dizer: Louvado seja Deus! Ao ver o que o Senhor tem executado, encho-me de admiração e de confiança na liderança de Cristo. Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado.” E Recebereis Poder, 231.
Quarta
O Cântico de Davi (II Samuel 22; Apocalipse 4:9-11; Apocalipse 5:9-13; Apocalipse 7:10-12; Apocalipse 14:1-3)
Foi em louvor a Deus pelo livramento das mãos de Saul e seus colaboradores, que Davi compôs o salmo registrado em II Sm 22. É, portanto, um salmo experiencial. Ele viveu a prova, contou com a proteção divina e, em gratidão, exaltou o Nome Santo através de sua arte.
Nesse cântico Davi várias vezes apresenta a Deus como Protetor sem igual. As imagens poéticas apresentam o Senhor como: “Minha Rocha”, “minha fortaleza”, “meu libertador”, “meu escudo”, “alto retiro”, “meu refúgio”, “meu Salvador”. São 50 frases cantadas expressando reverência, reconhecimento e gratidão.
É pena que naquela época não existissem notações musicais ou partituras para registrar a melodia. Segundo os especialistas, elas surgiram por volta do terceiro século antes de Cristo.
A música na adoração (textos de EGW)
O propósito da Música – A música faz parte do culto de Deus, nas cortes celestiais, e devemos esforçar-nos, em nossos cânticos de louvor, por nos aproximar tanto quanto possível da harmonia dos coros celestiais. O devido adestramento da voz é um aspecto importante da educação, e não deve ser negligenciado. O coração deve sentir o espírito do cântico, a fim de dar a esse a expressão correta. – Patriarcas e Profetas, pág. 594
“Guinchando” as palavras sagradas de hinos de louvor – Tenho ficado muitas vezes penalizada ao ouvir vozes não educadas, elevadas ao máximo diapasão, guinchando positivamente as palavras sagradas de algum hino de louvor. Quão impróprio essas vozes agudas, estridentes, para o solene e jubiloso culto de Deus! Desejo tapar os ouvidos, ou fugir do lugar, e regozijo-me ao findar o penoso exercício. Os que fazem do canto uma parte do culto divino, devem escolher hinos com música apropriada para a ocasião, não notas de funeral, porém melodias alegres e todavia solenes. A voz pode e deve ser modulada, suavizada e dominada. – Sign of the Times, 22 de junho de 1882 – Evangelismo, pág. 507 e 508
Uma balbúrdia de ruídos que confundem os sentidos – As coisas que descrevestes como tendo lugar em Indiana,o Senhor revelou-me que haviam de ter lugar imediatamente antes da terminação da graça. Demonstrar-se-á tudo quanto é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos seres racionais ficarão tão confundidos que não se poderá confiar neles quanto a decisões retas. E isto será chamado operação do Espírito Santo. O Espírito Santo nunca se revela por tais métodos, em tal balbúrdia de ruídos. Isto é uma invenção de Satanás para encobrir seus engenhosos métodos para anular o efeito da pura, sincera, elevadora, enobrecedora e santificante verdade para este tempo. É melhor nunca ter culto ao Senhor misturado com música do que usar instrumentos musicais para fazer a obra que, foi-me apresentada em janeiro último, seria introduzida em nossas reuniões campais. A verdade para este tempo não necessita nada dessa espécie em sua obra de converter almas. Uma balbúrdia de barulho choca os sentidos e perverte aquilo que, se devidamente dirigido, seria uma bênção. As forças das instrumentalidades satânicas misturam-se com o alarido e barulho, para se ter um carnaval, e isto será chamado de operação do Espírito Santo. Nenhuma animação deve ser dada a tal espécie de culto. – Carta 132, 1900 a S. N. Haskell – Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 36 e 37
Música aceitável se não for adequadamente conduzida será uma armadilha de Satanás – …Satanás opera entre algazarra e confusão de tal música, a qual devidamente dirigida, seria um louvor e glória para Deus. Ele torna seu efeito qual venenoso aguilhão da serpente. Essas coisas que aconteceram no passado hão de ocorrer no futuro. Satanás fará da música um laço pela maneira por que é dirigida. Deus convida o Seu povo, que tem a luz diante de si na Palavra e nos testemunhos, a ler e considerar, e dar ouvidos. Instruções claras e definidas têm sido dadas a fim de todos entenderem. Mas a comichão do desejo de dar origem a algo de novo dá em resultado doutrinas estranhas, e destrói largamente a influência dos que seriam uma força para o bem, caso mantivessem firme o princípio de sua confiança na verdade que o Senhor lhes dera. – Carta 132, 1900 a S. N. Haskell – Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 37 e 38
A Devida Proporção de Tempo Concedida ao Canto – Pode-se melhorar nossa maneira de dirigir reuniões campais, de modo que todos os que a elas assistirem recebam trabalho mais direto. Realizam-se algumas reuniões sociais na tenda grande, onde todos se reúnem para o culto; mas essas são tão grandes, que apenas um pequeno número pode tomar parte, e muitos falam tão baixo que apenas poucos os ouvem. … Em alguns casos muito tempo se dedicou ao canto. Cantou-se um longo hino antes da oração, e outro longo hino após a oração, e muito canto intercalado através de toda a reunião. Assim, momentos foram empregados imprudentemente, e não se conseguiu metade do bem que se poderia ter alcançado, se esses preciosos períodos houvessem sido dirigidos devidamente. – Review and Herald, 27 de novembro de 1883.
Instrumentos de Música – Seja o talento do canto introduzido na obra. O emprego de instrumentos de música não é absolutamente objetável. Eles eram usados nos cultos dos tempos antigos. Os adoradores louvavam a Deus com a harpa e o címbalo, e a música deve ter seu lugar em nossos cultos. Isto acrescerá o interesse. – Carta 132, 1898.
Um Serviço de Canto Não é um Concerto – O que me foi apresentado é que, se o Pastor ______ desse ouvidos ao conselho de seus irmãos, e não corresse da maneira por que o faz no esforço de obter grandes congregações, exerceria mais influência para bem, e sua obra teria efeito mais benéfico. Ele deve cortar de suas reuniões tudo quanto tenha semelhança com exibições teatrais; pois tais aparências exteriores não dão nenhuma força à mensagem que ele anuncia. Quando o Senhor puder cooperar com ele, sua obra não precisará ser feita de modo tão dispendioso. Ele não necessitará então fazer tantas despesas em anúncios de suas reuniões. Não porá tanta confiança no programa musical. Esta parte de seu serviço é realizada mais à maneira de um concerto teatral, do que de um serviço de canto em uma reunião religiosa. – Carta 49, 1902.
Música Aceitável a Deus – A música só é aceitável a Deus quando o coração é consagrado, e enternecido e santificado por suas faculdades. Muitos, porém, que se deleitam na música não sabem coisa alguma de produzir melodia ao Senhor, em seu coração. Este foi “após seus ídolos”. – Carta 198, 1899.
Qualquer coisa excêntrica no canto deprecia a seriedade e caráter sagrado do serviço religioso – Movimentos corporais são de pouco proveito. Tudo o que está ligado, de alguma forma, com o serviço religioso deve ser digno, solene e impressivo. Deus não se agrada quando ministros que professam ser representantes de Cristo representam-No tão mal como se fossem arremessar o corpo em atitudes de representação, gesticulando de modo indigno e vulgar, apresentando movimentos grosseiros e reles. Tudo isso diverte e despertará a curiosidade daqueles que desejam ver coisas estranhas, empolgantes e bizarras, mas não elevará a mente e o coração daqueles que as testemunham.
Pode-se dizer o mesmo do canto. Assumis atitudes não dignas. Pondes todo o volume e potência de voz que podeis. Abafais os acordes mais suaves e as notas de vozes mais harmoniosas que a vossa. Esse movimento corporal e a voz alta e estridente não faz harmonia àquele que ouve na Terra e aos que ouvem no Céu. Este canto é deficiente e não aceitável a Deus como melodia suave, doce e perfeita. Não há tais exibições entre os anjos como as que tenho visto algumas vezes em nossos cultos. O coro dos anjos não apresenta notas estridentes e gesticulações. Seu canto não irrita o ouvido. É suave e melodioso e flui sem o esforço que eu tenho presenciado. Não é forçado e estridente exigindo exercícios físicos. (…)
A exibição e contorções do corpo, a aparência desagradável da melodia forçada pareciam tão fora de lugar para a casa de Deus, tão cômicas, que as solenes impressões produzidas nas mentes foram removidas. Os pensamentos daqueles que crêem na verdade não permanecem tão elevados como antes do canto. – Manuscrito 5, 1874.
No passado – Iludidos pela música e a dança, e seduzidos pela beleza das vestes gentílicas, romperam sua fidelidade para com Jeová. Unindo-se-lhes nos folguedos e festins, a condescendência para com o vinho anuviou-lhes os sentidos, e derrubou as barreiras do domínio próprio. A paixão teve pleno domínio; e havendo contaminado a consciência pela depravação, forma persuadidos a curvar-se aos ídolos. Ofereceram sacrifícios sobre os altares gentílicos e participaram dos mais degradantes ritos. – Patriarcas e Profetas, pág. 479
Consequências – … A conformidade aos costumes mundanos converte a igreja ao mundo; jamais converte o mundo a Cristo. – O Grande Conflito, pág. 512
Quando Satanás toma conta – tem havido em …. uma espécie de reuniões sociais inteiramente diversas em seu caráter, reuniões de prazer, que têm sido um opróbrio às nossas instituições e à Igreja. Essas reuniões estimulam o orgulho do vestuário, orgulho da aparência, a satisfação do próprio eu, a hilaridade e frivolidade. Satanás é recebido como hóspede de honra e toma posse dos que promovem essas reuniões. A visão de um desses grupos me foi apresentada – grupo em que se achavam reunidas pessoas que professam crer na verdade. Uma delas achava-se a um instrumento de música, e cantava canções que faziam chorar os anjos da guarda; Havia ruidosa alegria, havia riso vulgar, abundância de entusiasmo e uma espécie de inspiração;mas a alegria era daquela espécie que unicamente Satanás é capaz de produzir. É com entusiasmo e uma absorção de que os que amam a Seus se envergonharão. Preparam os que deles participam para pensamentos e ações profanos. Tenho motivos para pensar que alguns dos que tomaram parte naquela cena arrependeram-se sinceramente do vergonhoso ato. – Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, pág. 306.
Exibição Musical – Exibição não é religião nem santificação. Coisa alguma há mais ofensiva aos olhos de Deus do que uma exibição de música instrumental, quando os que nela tomam parte não são consagrados, não estão fazendo em seu coração melodia para o Senhor. A mais aprazível oferta aos olhos de Deus, é um coração humilhado pela abnegação, pelo tomar a cruz e seguir a Jesus.
Não temos tempo agora para gastar em buscar as coisas que agradam unicamente aos sentidos. É preciso íntimo esquadrinhar do coração. Necessitamos, com lágrimas e confissão partida de um coração quebrantado, aproximar-nos mais de Deus; e Ele Se aproximará de nós. – Review and Herald, 14 de novembro de 1899.
Louvor Falso e Verdadeiro Louvor – Aparelhamento faustoso, ótimo canto e música instrumental na igreja não convidam o coro angelical a cantar também. À vista de Deus estas coisas são como galhos da figueira infrutífera, que só mostrava folhas pretensiosas. Cristo espera frutos, princípios de bondade, simpatia e amor. Estes são os princípios do céu, e quando se revelam na vida de seres humanos, podemos saber que Cristo, a esperança da glória, está formado em nós. Pode uma congregação ser a mais pobre da Terra, sem música nem ostentação exterior, mas se ela possuir esses princípios, os membros poderão cantar, pois o gozo de Cristo está em sua alma, e esse canto podem eles oferecer como uma oblação a Deus. – Manuscrito 123, 1899
A linha de separação entre cristãos professos e ímpios é agora dificilmente discernida – Os membros da Igreja amam o que o mundo ama, e estão prontos para se unirem a ele; e Satanás está resolvido a uni-los em um só corpo… – O Grande Conflito, pág. 593
Quinta
“Cantai ao Senhor um Cântico Novo” (I Coríntios 10:31; Filipenses 4:8; Colossenses 1:18)
Por três vezes no AT somos instados a entoar ao Senhor um cântico novo (Sl 96:1; 98:1 e Is 42:10 – VARA). Ora, perguntamos: “Por que um cântico novo se temos um maravilhoso hinário nos salmos, utilizado mesmo por Jesus no tempo em que viveu conosco?” Porventura não serviriam esses “velhos cânticos”? O que realmente quer significar “cântico novo”?
Sabemos que os 144.000 entoarão um cântico novo diante do trono de Deus, o qual EGW diz ser o hino de Moisés e do Cordeiro (Maranata, 326). Trata-se de um hino de livramento, de experiência nova vivida sob a abundante graça de Deus.
“Cantai ao Senhor um cântico novo, porque Ele tem feito maravilhas; a Sua destra e o Seu braço santo Lhe alcançaram a vitória.” (Sl 98:1)
Um novo canto pode ser expressão de profunda gratidão pelas maravilhas que Deus tem feito em nosso favor. Mas isso não exigiria que cada um de nós fosse um compositor? Como criaremos um novo cântico se não temos a menor noção de teoria musical? Tenho a impressão de que cada vez que tivermos uma nova experiência com Deus, devemos louvá-Lo por isso, cantando hinos já compostos, mas novos para nós em significado. A vivência espiritual dá novo sentido às palavras do hinário que cantamos há longos anos. Para nós o cântico será novo quando entendermos sua mensagem por experiência própria.
Lembro-me agora do relato da experiência do Prof. Valdecir Simões Lima, que compôs a poesia do hino 500 do HA. Ele havia recentemente perdido seu pai, o Sr. Sintique Lima. O impacto afetivo, emocional, sentimental foi imenso na vida de nosso compositor, e ele expressou, apesar das dores, sua estrita confiança em Deus. Recomenda que entreguemos nossa vida inteiramente nas mãos do Pai e Ele levará a bom termo tudo quanto acontece de doloroso conosco. Foi um cântico de experiência própria.
O princípio basilar para os cânticos de adoração é que eles sejam para glorificar a Deus. Isso não quer dizer que basta mencionar o nome do Altíssimo na música para exaltar-Lhe o nome. Linha melódica, harmonia, ritmo e andamento precisam elevar o espírito. Precisam ser o respaldo do louvor aceitável. Em segundo lugar, é preciso discernimento e firmeza para não aceitar toda e qualquer música que, embora tendo poesia religiosa, mais se assemelha a composições mundanas e até sacrílegas.
“A música constitui uma das partes da adoração a Deus nas cortes celestiais. Em nossos cânticos de louvor deveríamos nos esforçar tanto quanto possível para nos aproximar da harmonia dos coros celestiais. Tenho sido afligida por ouvir vozes indisciplinadas se elevarem no mais alto volume, literalmente berrando as palavras sacras de alguns hinos de louvor. Quão impróprias são essas vozes duras, irritantes, na solene e jubilosa adoração a Deus. Eu ansiei por tapar meus ouvidos ou voar daquele lugar e me sentir feliz quando o exercício terminou.” Review and Herald, vol. 77, no 44, 30 de outubro de 1900.
Vejam se este texto não se aplica também ao canto: “Quando falardes, que cada palavra seja perfeita e bem arredondada, cada sentença clara e distinta, até a última palavra.” TI6, 382. O cantar adoracional requer boa dicção, modelagem de cada palavra e “bem arredondada. O que o EP quer dizer com bem arredondada?
Temos o costume de cantar pela garganta, sem o apoio dos músculos abdominais e a boca quase inerte. Se você quer cantar arredondado, erga o palato mole ou véu palatino no céu da boca e forme um tipo de abóbada com ele. A pronúncia sairá mais aveludada e agradável ao ouvido.
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