Comentários à Lição de Jovens – Escola no Ar
por: Pr. José Maria Barbosa Silva
Texto Central: “Na verdade, o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia. E temendo, disse: Quão temível é esse lugar! É a casa de Deus, a porta dos Céus”. (Gênesis 28:16 e 17)
Sábado
Prévia da semana
Se todos adorassem como eu, como seria o culto na minha igreja? Monótono, rotineiro, sem vida ou vibrante e inovador? Mudaria a ordem, a música, o púlpito, os bancos, as cortinas, a decoração? Renovaria o pessoal que compõe a plataforma cada sábado? Que precisa ser examinado e reexaminado em termos do culto adventista?
Estávamos numa reunião com vários líderes de jovens e estudiosos e amantes do Ministério Jovem. Na agenda, chegou o item: “Temário das lições da escola sabatina para os Jovens.” Conhecendo os verdadeiros problemas enfrentados pela faixa jovem (18 a 30 anos) a reação do grupo foi: “alguns temas estão respondendo ao que os jovens não estão perguntando.” Era verdade, mas isto está no passado.
Creio, no entanto, que o temário que é motivo de estudo neste trimestre responde a uma grande necessidade e expectativa, não só da faixa jovem, mas de toda a igreja. E sem dúvida a expectativa de todos é a de que os temas de cada lição sejam estudados e debatidos, colocando de lado as preferências pessoais e encaminhando-se para ideias e propostas que enriqueçam os cultos nas igrejas grandes e pequenas.
É só perguntar, e pode ter a certeza de que a maioria dos membros já sabe a ordem do culto. Temos praticamente engessado essa ordem e ficamos com medo de mudar, como se qualquer mudança fosse tirar fora um degrau na escada da adoração ou estivéssemos tateando em campo minado.
Parece que a maior preocupação não é o menu, o que vamos servir, mas sim em que ordem vamos servir, e, como.
Algumas igrejas tentam inovar, procurando agradar a todos, mas mesmo assim não conseguem dar maior significado ao culto.
Há muitos membros que se ressentem desta repetitividade, como dizia o Pr. Floyd Bresee: “Cantamos os mesmos hinos, fazemos as mesmas orações, e escutamos os mesmos anúncios sábado após sábado, e ano após ano. O culto tornou-se rotineiro com pouca participação dos adoradores.”
Será que o culto ocupa um lugar de prioridade na agenda da igreja, ou simplesmente nos acomodamos, ou, para evitar ver “debate acalorado” na comissão da igreja, preferimos ignorar uma tensão existente?
Estou olhando com esperança e expectativa (esperança fala de melhoria e expectativa fala do que viria de nós) para ver como a igreja vai reagir e fazer com que o culto adventista seja mais significativo e um momento de encontro com Deus aguardado por todos.
Domingo
Louvor emudecido
Imaginem uma paisagem do Éden em grande angular. A emoção de Adão e Eva, ao Deus lhes trazer os animais para que dessem nomes a eles! Adão e Eva vendo-se pela primeira vez! É realmente uma sucessão de acontecimentos espetaculares, de fazer transbordar o coração de alegria no seu grau mais superlativo possível. E, depois disso, eles terem o privilégio de se comunicar com Deus! Era adoração também no seu grau superlativo. Um encontro pessoal com Aquele que os tinha criado. Além de tudo isso, no melhor ambiente possível.
Durante quanto tempo eles estiveram no jardim do Éden, não sabemos. Assim o melhor ambiente e o supremo Pastor se uniam para fazer desses encontros um momento inesquecível. Era uma aproximação amistosa onde o casal escutava a voz de Deus. E, mesmo depois da queda, Deus os procurou, desejando encontrar-se com eles.
Pense: “No Éden, Deus estabeleceu o memorial de Sua obra da criação, depondo Suas bênçãos sobre o sétimo dia. O sábado foi confiado a Adão, pai e representante de toda a raça humana. Sua observância deveria ser um ato de grato reconhecimento por parte de todos os que morassem sobre a Terra, de que é seu criador e legítimo Soberano…” PP, 48
Desafio: “Louvor é o veiculo que nos leva à presença de Deus, e adoração é o que fazemos quando chegamos à Sua presença”. Judson Cornweel.
Você pode mencionar pelo menos duas diferenças entre louvor e adoração? (Por exemplo: “Louvamos a Deus pelo que Ele faz e o adoramos pelo que Ele é”).
Segunda-feira
Feitos para adorar
A adoração dos dois irmãos traz, em si, um feixe de lições que, por si só, tem muito a nos ensinar. Não tenho dúvidas de que Deus os instruiu como deveriam se apresentar, o que trazer e o que não trazer, a fim de que o culto fosse aceito por Ele.
Os dois vieram trazendo, cada um, a oferta que se identificava com o seu trabalho. Abel trouxe uma oferta dentre todos os seus animais. Ele deve ter dado o melhor deles e Caim uma cesta de frutos da terra.
O que é que estava por traz da oferta? Será que há muita diferença entre um cordeiro e uma cesta cheia de frutas?
Qual foi a reação de Deus? “Caim, eu vou dar nota 10 para o seu irmão e “I” (insuficiente) para você. Sábado que vem, você pode vir adorar como sabe que deve ser. Do Meu jeito, não do seu.” Caim teve oportunidade, podia ter dado ouvidos a Deus, aprendido e mudado. Mas não permitiu que aquilo que tinha escutado o incomodasse ou o transformasse. A diferença deles não estava no caráter, mas na oferta que estavam trazendo.
Todos nós devemos nos ver como pecadores e que precisamos de um sacrifício simbolizando alguém que tome o nosso lugar e morra por nós.
Como não somos maus, como Caim, voltamos para casa com a sensação de “dever cumprido”. Fui à igreja, levei a Bíblia, cantei, até dei oferta. Mesmo que isso seja importante, apenas isto não é adoração.
Pense: “Os descendentes de Sete foram chamados filhos de Deus; os descendentes de Caim, filhos dos homens. E quando se misturaram os filhos de Deus com as filhas dos homens, eles se tornaram corruptos…Muitos abandonaram o temor de Deus, ignorando Seus mandamentos. Mas houve uns poucos que continuaram na prática da justiça, temendo e honrando seu Criador.” Signs of the Times 27-02-1879
Desafio: A pergunta sempre é feita todas as vezes que decidimos ir à igreja. Nossa tendência é adorarmos do nosso jeito, vestindo-nos como queremos. Bíblia e hinário no I-Phone ou no celular, e pronto!
Vou adorar como Deus pede que eu adore ou como eu quero? Do meu jeito ou do jeito de Deus?Estou permitindo que o culto me transforme? Saio do culto mais amável e com uma visão melhor de Deus?
Terça-feira
Confiando nAquele que nos criou
Podemos traçar alguns contrastes entre a história de Eva e a de Noé. Imagine o ambiente onde estava Eva, todo rodeado pelas coisas puras e imaculadas que Deus criou, exceto apenas um lugar onde se encontrava a serpente, que a atraiu e traiu, enganando-lhe, através da exploração da sua curiosidade e aparente ingenuidade.
Por outro lado, Noé estava em um ambiente onde predominava a impiedade e o pecado, em um nível tal, que Deus resolveu realizar uma renovação geral. Além disso, está escrito que até aquele momento ainda não se conhecia a chuva. Até aquele tempo, a chuva era desconhecida.
O contraste ainda permanece quando analisamos a decisão tomada por cada um deles diante da ordem dada por Deus. Como Noé pode ter tido tanta convicção da ordem divina? Como pode ele ter coragem para acreditar no “impossível” aos olhos humanos?
Não é difícil imaginar os problemas que Noé teve que enfrentar para dar continuidade ao seu projeto “maluco”. Mas ele o fez com a segurança de quem sabia o que queria porque ele conhecia o Autor do projeto! Ele já tinha, antes disso, executado outros projetos do mesmo Autor, por isso a sua confiança era plena, e disso dava testemunho ao mundo! A sua adoração era testemunhada pelo mundo através da sua confiança!
Pense: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.”Malaquias 3:10
Desafio: Quantos projetos você já realizou com esse Autor? Se precisarem de alguém em quem se apoiar, poderiam ter você como uma referência da fidelidade de Deus? Qual é o grau de confiança que você passa através do seu testemunho pessoal? Poderia isso ser considerado como adoração?
Quarta-feira
Reconhecendo Deus
A maneira pela qual Abraão saiu para adorar e o seu cuidado com pequenos detalhes nos ensinam muito.
Uma das coisas importantes foi o item preparação. Veja só: reuniu seus empregados, cortou a lenha para o altar, colocaram a sela no burrinho, chamaram Isaque e puseram-se a caminho.
Depois de tudo feito, Abraão agora vai dedicar seu único filho, o filho da promessa. Ele disse: “eu e o menino iremos adorar.” Esta é a primeira vez que o verbo adorar aparece na Bíblia. Quando Deus é o objeto de adoração, adorar significa orar, louvar, prestar culto, oferecer sacrifício e, mais ainda, preparação sem correrias.
Descobriu alguma indicação quando estamos saindo para adorar a Deus?
Nós nos preparamos para ir ao trabalho, à escola, para as férias, até para dormir nos preparamos. E para ir à igreja? Estamos tomando tempo, preparando-nos calmamente para ir adorar a Deus? Escolhendo a melhor roupa, reunindo a família, levando o que se precisa para ir à igreja (Bíblia, lição, etc)?
Pense: “Abraão, amigo de Deus nos deixou um exemplo digno… Onde quer que armasse sua tenda,bem próximo, ao lado, erguia um altar. Chamava cada membro da família ao sacrifício da manhã e da tarde. Quando sua tenda era removida, o altar ali ficava.” Signs of the Times 07-08-1884
Desafio: O que estamos trazendo para adorar? O que temos? O que está faltando? Temos tudo, mas, temos o cordeiro? As pessoas hoje vão à igreja por diversas razões: ver os amigos, por curiosidade, louvar, escutar determinado orador, adorar, por hábito, receber bênçãos, confraternização, etc. Na sua igreja qual o motivo mais forte pelo qual os membros assistem?
Quinta-feira
Adorando com fé
Para nós que conhecemos a história de Jacó, sem dúvida o colocaríamos como uma das pessoas menos qualificadas para fazer seu culto ou ter o seu momento de adoração. Participou de um complô com sua mãe. Mentiu para o seu pai e tirou a primogenitura do seu irmão.
Mas como a graça vai ao encontro do errante, Jacó passou por uma experiência na hora menos esperada, e no lugar também que ele menos imaginava.
Depois de se sentir abençoado pela experiência que passou, sua reação foi:
“Este é um lugar para ser respeitado e temido. Este lugar fez o meu coração tremer. É um lugar sagrado. O Senhor estava neste lugar e eu não sabia.”
Ali, em Betel, Jacó teve uma tríplice experiência:
- teve uma visão: A visão foi a da escada entre o céu e a Terra, indicando que Deus não estava tão distante como ele pensava;
- ouviu uma voz: o que ele ouviu foi uma promessa de Deus dizendo “Eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores…” Gên 28:15. Mesmo que não ouçamos a voz de Deus como Jacó ouviu, podemos ter a certeza da promessa de Deus para nós:“Não te deixarei, nem te desampararei”;
- tomou um voto: finalmente, sua reação veio através de um voto.
Alguém resumiu toda essa experiência dizendo: “O que ele pensou era uma rua sem saída que se tornou a porta do céu.”
Pense: “E ele refletiu assim: Tenho sido tão fiel à minha promessa como Deus foi fiel à Sua? Ele viu e sentiu a necessidade de ser mais íntegro e decidiu com sua família afastar tudo aquilo que tivesse o sabor de idolatria. Decidiu limpar o acampamento, a fim de que sua família chegasse ao lugar sagrado livre de corrupção.”vSigns of the Times, 04-12-1879
Desafio: Jacó viu uma escada; Noé viu um arco-íris e Isaias viu o trono de Deus e serafins. Eram demonstrações visuais e sonoras. O culto adventista é essencialmente verbal, faltando comunicação simbólica. Seria este o motivo porque alguns jovens acham o culto maçante?
Sexta-feira
Cristãos como Caim
A lição apresenta uma lista de atributos de Caim que podem ser aplicados também ao cristão moderno:
- Caim acreditava em Deus (Gênesis 4:3);
- Cresceu numa família cristã, com valores morais (Gênesis 4:1);
- Conhecia o plano da salvação (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 71);
- Era um trabalhador dedicado e de sucesso, oferecendo sacrifícios a Deus como retribuição às bênçãos recebidas (Gênesis 4:3);
- Seguiu a ordem de Deus ao trazer o primeiro fruto do solo como oferta de gratidão (Gênesis 4:3; Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 71);
- Ele se aproximou de Deus num ato de adoração (Gênesis 4:3).
Por todas estas coisas, podemos imaginar que foi uma grande injustiça a rejeição de Caim. Porém, como também pode ser aplicado em nosso tempo, e para qualquer tempo, o xis da questão não está no que Caim fez, mas sim no reconhecimento de dependência de um Salvador, cuja fé poderia ser expressa apenas através do sacrifício de um cordeiro.
Portanto, cabe agora a mesma pergunta de reflexão apresentada no Desafio do comentário de quarta-feira:“O que estamos trazendo para adorar? O que temos? O que está faltando? Temos tudo, mas, temos o cordeiro?
Pense: O Cordeiro é o símbolo do Inocente entregando-se para cobrir as dívidas do culpado.
Desafio: Assinale a alternativa que mais se parece com a sua adoração:
- um favor que você está fazendo para Deus, levando alguma coisa que você produziu, recheado com os méritos de sua conduta politicamente correta;
- o reconhecimento da sua dependência dEle com a tristeza pela sua condição pecaminosa e a alegria de ter alguém que cubra isso por você?
O Pr. José Maria dispensa qualquer apresentação. Conhecido em toda a América do Sul, pois liderou a juventude como Departamental de Jovens para toda a Divisão Sul Americana, foi também Diretor de Desenvolvimento Espiritual do UNASP, para os três campi. Também é o autor das Meditações Matinais deste ano (2011).
Fonte: https://www.escolanoar.org.br
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