por: Eliud Santos Vidale (“El Profe”) [1]
“A maior necessidade do mundo é a de homens – homens que se não comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens, cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao pólo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.“. – Ellen G. White – Educação, pág. 57.
O povo de Deus tem sido chamado a apresentar a última mensagem de advertência ao mundo, antes que o tempo da graça chegue ao seu fim (Apocalipse 22:11). Como cristãos Adventistas do Sétimo Dia, cremos que Cristo está prestes a vir e, de acordo com a mensagem dos Três Anjos de Apocalipse 14:6-12, devemos sair da Babilônia e abandonar seus pecados.
Lamentavelmente, tem havido, na Igreja Adventista, a presença de uma forte tendência de comprometimento com o mundo, ou com outros grupos que se autodenominam “cristãos” (Mateus 7:21), quando, na verdade, seguem e promovem o falso sistema de adoração que caracteriza a Babilônia de Apocalipse 14:8. Novas formas de culto, de música e de pregação estão invadindo nossa querida Igreja e, mesmo que nossas 27 doutrinas sigam firmes com o passar do tempo, nosso estilo, gosto e critério têm se assemelhado cada vez mais ao estilo, gosto e critério de outros grupos “evangélicos”, os quais anteriormente nem sequer pensávamos em tolerar.
Sabemos que o engano de Satanás será tão grande que chegará a confundir até os escolhidos (Mateus 14:14), aqueles que já haviam sido chamados por Deus para fazer parte do grupo que seria o detentor da verdade mesmo que se rompam os céus. Se é certo que continuamos a ver com receio e reprovação todas as atividades que realiza ou tem relação com a Igreja Católica Romana, é certo também que temos sido cada vez mais tolerantes com grupos não católicos cristãos e, inclusive, ultimamente os temos tomado como exemplos a serem seguidos nas questões que envolvem a adoração dentro da Casa de Deus.
É verdade que desde nossas origens adotamos música não Adventista para ser usada em nossos cultos – seja em forma hinos, ou melhor, de “corinhos”, seja na forma de cânticos. (Todavia existem adventistas que se surpreendem quando ficam sabendo que a maioria dos hinos do Hinário Adventista foi retirada da hinologia Metodista, ou Batista, ou de outras fontes inspiradas; e que 90% dos corinhos usados nos Encontros de Jovens e acampamentos não são de origem Adventista, inclusive o muito popular “no importa de donde tu vengas”; (dame la mano y mi hermano serás…)[2], um cântico carismático usado originalmente pela Igreja Católica em uma reunião inter-denominacional, ou ecumênica). Nossa adoração tem sido enriquecida com a contribuição deste tipo de música, cuidadosamente selecionada por nossos dirigentes e adaptada ao nosso estilo de culto. Entretanto, de uns anos para cá, provavelmente em um afã de inovar nosso estilo adventista ou de apresentar nossa mensagem de uma forma mais chamativa, temos ousado ir um pouco além do estabelecido por nossos costumes e tradições, sem nos darmos conta de que, assim, adentramos em um terreno muito perigoso.
É inspirador ver como nossos irmãos evangélicos de diferentes denominações reúnem grandes multidões em seus concertos, festivais musicais ou programas de juventude! E, talvez, quiséramos ver este mesmo fenômeno na Igreja Adventista, sobretudo quando percebemos o quanto é difícil levar as almas aos pés de Cristo ou quando nossos próprios jovens abandonam em grande número as fileiras da igreja. Contudo, devemos nos perguntar sinceramente: Qual é a mensagem que se está apresentando nessas reuniões? É o evangelho de Cristo em toda a sua plenitude (inclusive aquelas partes complicadas que te fazem ver a si próprio como pecador indigno e demasiado débil para fazer qualquer coisa por você mesmo)? Ou é a religião fácil, com uma máscara cristã-evangélica que se baseia no sentimento do momento e em oferecer “o que o povo gosta”?
O evangelho, o verdadeiro evangelho de Cristo, nunca foi muito popular (João 6:66), vai de encontro aos nossos gostos e nossa natureza carnal, é loucura para o mundo (I Coríntios 2:14), é uma renuncia a tudo o que nos pede o corpo (Romanos 7:15-24). Por isso são poucos os que entram pela porta estreita (Mateus 7:13-14). Poucos são os que respondem ao chamado de Deus ou que permanecem em Seu povo. E até aqueles que vemos descer pelas águas batismais podem regressar às trevas espirituais por não estarem dispostos a tomar a cruz de Cristo (Lucas 9:23).
Hoje, mais do que nunca, a Igreja Adventista, os jovens adventistas e os músicos adventistas devemos nos manter como os detentores da verdade. Não importa que sejamos criticados, julgados ou catalogados de extremistas, fanáticos ou antiquados pelos nossos próprios irmãos na fé. Nestes tempos (os últimos tempos), é uma questão de “tudo ou nada”, não podemos ser cristãos medíocres, não podemos ser os “modernos – despreocupados – controversos -muito legais – da última moda – cheios de estilo – aceitos pelos mundanos e admirados pelos jovens adventistas pelo atrevimento”. Estes são Adventistas que, através de sua própria vida, nos propõem, ao invés do exemplo de Cristo, o exemplo de alguns atuais artistas cristãos (Efésios 5:1-2; Filipenses 2:5-8). Não podemos ser amigos do mundo e amigos de Deus (Tiago 4:4), ou adotar os estilos do mundo em nossa forma de falar, em nossa vestimenta, nossa música, nossa alimentação e, ainda assim, dizer que somos filhos de Deus (I João 2:4).
Alguns irmãos bem intencionados pensam que nunca poderemos chegar a um consenso com respeito à música de nossa Igreja, ou que deveríamos ser tolerantes com aqueles que pensam diferentemente de nós sobre o tema da música. E, enquanto pensam assim, Satanás está fazendo estragos em nossas próprias igrejas e em nossas reuniões de jovens e em nossos acampamentos. Seu objetivo principal são os JOVENS, a geração que estará viva quando Cristo voltar (Amém!!!). E nós, os dirigentes, os músicos, os cantores, os pregadores, temos a obrigação de protegê-los e alertá-los contra os ataques do inimigo.
É a nossa salvação que está em jogo. Não podemos pensar “é só música”, e seguir nos lamentando pelo pouco que avançamos na pregação do evangelho, ou pelo desaparecimento de nossos jovens, quando tudo isso é devido aos enganos que nós mesmos temos permitido que contaminem nossas igrejas. Devemos nos unir, nós que temos mais experiência e mais luz nesses temas e, em nome do Senhor, resistir ao e repelir o diabólico ataque contra os nossos irmãos em Cristo. Decida-se por fazer algo grandioso pelo Senhor e desde já tome uma posição firme com respeito à Música Adventista. Compartilhe esta mensagem com todos aqueles que dela necessitam e que Deus nos ajude nesta luta.
Notas:
[1] Eliud “El Profe” Santos Vidale terminou a licenciatura em Teologia em 1990, em Montemorelos, México. Desde então está envolvido na Música Adventista. Tem trabalhado como Pastor de Campo e Maestro em um Colégio Adventista. Já colaborou em 11 gravações Adventistas de grupos e solistas, como tradutor e arranjador vocal e instrumental. Atualmente tem dois filhos e é o diretor do coro e pianista da igreja de Nuevo Laredo, México.
[2] Optamos por manter a letra da música no original pois não temos certeza de que esta canção seja conhecido no Brasil. Como o autor menciona que o cântico é bastante conhecido (“muito popular”), a tradução poderia causar estranhamento, pois o leitor brasileiro não reconheceria o hino. (Nota do Tradutor).
Publicado com permissão do autor
Traduzido por Adrian Theodor, em 25 de janeiro de 2006.