por: F. S. Crispim
Antes de falar sobre um determinado assunto, é necessário saber sobre ele e não ser apenas um curioso. Uma experiência simplesmente prática também não dá muito fundamento para se falar acertadamente sobre determinado assunto. Para se praticar medicina por exemplo: No início dos séculos como não havia escolas, praticava-se por certos conhecimentos rudimentares e as vezes controvertidos. Com o passar dos anos foram criadas instituições para regulamentar a profissão e ter conhecimentos comprovados e se falar com certeza sobre assuntos relacionados ao corpo humano.
Desde que se conhece humanidade, existe música. Música que começou no Céu. Música se entende por uma ordenação lógica ou supostamente lógica de sons – como esses sons se movimentam com certo andamento. Música dos pássaros, animais e de todas as criaturas feitas pelo Criador. A voz do homem não pode ser considerada música por não ter sons ordenados – definidos. Logo após a queda, o homem começou a notar que poderia produzir sons a partir madeiras furadas ou qualquer outro material que viesse a consegui-los. Ai criaram-se vários instrumentos que serviriam para marcar tempos ou produzir sons.
Um som quando é produzido não soa sozinho. Vamos entender isso. Imagina que sopres numa flauta um som qualquer. Que seja um som grave. Junto com esse som grave soará vários sons em conjunto, que as vezes podemos ouvir ou não. Vai depender do material do instrumento e quanto mais grave mais audíveis esses sons se tornarão. Chamamos isso de série harmônica.
Hoje sabemos que quando tocamos um som, soa a sua oitava, quinta, quarta, terça, segunda, etc. Com base neste termos cada povo, cada cultura, vez sua própria escala, instrumentos. A escala que mais se ouve em todas as civilizações é a escala pentatônica. Primeiro vamos entender o que é uma escala: É uma sucessão de sons, ordenados do grave para o agudo – todos provenientes da série harmônica – O primeiros homens aprenderam isso intuitivamente. Construíram instrumentos e fizeram suas composições baseados nisso. Como o ritmo já lhe é nato, pois para andar precisamos ter ritmo, nosso coração tem seu modo de andar; somos naturalmente ritmados.
Ele também descobriu que podia também tocar sons simultaneamente e que cada combinação tinha uma característica própria. Essas combinações de sons expressavam situações ou sentimentos. Ele passou a verificar que as distancias melódicas – uma nota depois da outra – também expressavam várias situações ou sentimentos. Verificou-se, também, que as várias combinações rítmicas expressavam situações ou emoções. O homem com o passar do tempo foi construindo suas escalas e suas base rítmicas e harmônicas de acordo com o que ele queria construir.
Com todo o material citado acima temos todos o ingredientes para construirmos o que quisermos em termos musicais. Suponhamos que eu queira expressar uma floresta. Primeiro observo o barulho do vento – quais ritmos e sons expressam – ouço o cantar dos pássaros – quais ritmos e sons expressam. Bom com todo esse material em mãos. Preciso antes de mais nada, saber muito bem o que cada instrumento musical expressa, saber harmonização, contraponto e estruturação musical, etc. Aí vou procurar ao máximo reproduzir essa floresta.
Temos algo parecido como as quatros estações de Antônio Vivaldi, quadro de uma exposição de Mussorguisky, etc. Suponhamos que agora eu queira produzir uma música que expressasse a vida de boêmia, mulheres, vinho e nada para fazer. Escolheria os intervalos musicais suspensivos, de Sexta menor e maior, sétimas, quartas aumentados e diminutos, etc.; a rítmica bem sincopada, deslocamentos dos tempos, a harmonia com acordes suspensivos de sétima e nona sem resolução. Esta aí, então, uma música totalmente lânguida feita para boêmios.
E então? Se agora eu quiser fazer uma música para Deus?
Cada música que é composta tem uma finalidade específica. A sua cara. O que ela quer mostrar. O que se quer fazer sentir. Dizer como pessoas devem proceder – comer, falar, vestir, etc. – Não digo a música em si, mas o que resultou desta construção.
O maior problema de hoje é que pessoas que só aprenderam a construir casas de madeiras, queiram construir Catedrais. Pessoas que vieram do mundo, como eu, que aprenderam por quase toda vida, somente a ouvir construções do mundo, construir coisas para o mundo. Quando aceitamos a Deus, nossa vida não muda toda de uma vez. É uma mudança diária, conversão diária de nossos hábitos que herdamos do mundo: quer seja comer, beber, ouvir, etc.. Suponhamos que seja uma pessoa do mundo, que passei grande parte da minha vida ouvindo música sertaneja e caipira. Todas as minhas percepções musicais estão voltadas para tal construção. E como, ainda, não ajustei meu viver – gosto, roupa, ações, etc. – é lógico que o que me agradaria seria ouvir músicas com estruturas sertanejas e caipiras na Igreja ou músicas com influências nas suas estruturas que me lembrassem tais.
Levando-se em consideração que a grande maioria – mais de noventa por cento – das pessoas que trabalham com música nas Igreja ou em quaisquer instituições religiosas; conseguiram tais aptidões por simples repetição. Um determinado cristão que hoje é cantor de tal igreja, pode ser muito famoso ou não, apenasmente aprendeu a cantar e a formar seu gosto musical ouvindo tal cantor ou tal grupo. Teve em alguns casos aulas de canto. Estudou alguns rudimentos da música. Mais nada muito profundo. Hoje se acha grande cantor, formador de opinião, grande músico. A ponto de opinar os grandes conceitos da música. Sem, no entanto, ter profundos conhecimentos sobre o assunto. Levando em consideração que sua grande maioria, membro das igreja, são totalmente leigos no assunto. Então….Isto é um fato.
Se tais pessoas não tem sólidos conhecimentos, como podem dizer se isto ou aquilo é sacro ou profano! O maior problema da música num contexto geral, é que sua grande maioria aprendeu por simples repetição. Vejam o caso de Leandro e Leonardo, Sandy e Júnior, cantores e instrumentistas de Igrejas, em sua grande maioria global. Aprenderam pelo ouvir e repetir. Estas coisas não fazem de pessoas músicos. São muitos fatores que determinam um músico: Ouvir, repetir, pesquisar, estudos nesta área, e tudo mais correlacionados com música como um todo. Hoje, como antigamente, para ser músico é necessário somente ler um pouco de partitura, arranjar um professor de instrumento e pronto. Esta formado o músico !!?
Retornando a parte de como se constrói músicas. Para ser um bom construtor de casas, é necessário primeiramente saber interpretar uma planta, saber dispor tijolos, fazer alicerce, etc. Sabendo-se que cada construtor tem uma especialidade: pequenas casas, mansões, prédios, castelos, etc.. Do mesmo modo para se construir ou fazer música é necessário saber e ,não apenas repetir, suas matérias básicas de construções e a função de cada componente desempenha .
Bastaria um pouco disso para derrubarmos um bando de teorias sem o menor sentido, que pessoas formulam sobre música. Além do mais, que cada acorde, cada célula rítmica, cada instrumento, cada intervalo, cada frase, e suas várias combinações. Desempenham um papel importantíssimo nesta construção. Existem pessoas que foram criadoras do samba, da bossa nova, da valsa. E todos eles sabem que para se fazer valsa, por exemplo, é necessário saber sua estrutura.
Um construtor de casas populares não saberá fazer um arranha-céu, pelo fato de não possuir conhecimentos para tanto. Somente a partir de conhecimentos teóricos práticos é que poderá construir um arranha-céu. Assim como, como pode alguém que toda a sua vida, tocou e ouviu bossa nova ou até mesmo compôs, fazer música para Deus? Primeiro não será necessário, conhecer a Deus, e toda complexidade da estruturação musical? Saber o que mais Lhe agrada? Se o louvor é para Deus, alguém já Lhe perguntou o que o Senhor gostaria de ouvir? Pois o louvor não é para Ele, A quem mais deveríamos perguntar!? Ao pastor? Ao ancião? ou ao membro? Deus é quem dever dizer o que Ele gostaria de ouvir e não nós. Tenho que com certeza que não será bossa nova, ou samba, ou rock, ou outra música mundana qualquer, pois estas não foram feitas para Deus, se não foram feitas para Ele, para que oferecermos coisas imundas à Ele. Porventura aceitara isso de nossas mãos?
Não precisamos ir muito longe para fazermos música para Deus. Ler a sua palavra, jejuar, falar com Ele, Ter um comprometimento com sua causa, amar a Ele acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Eis os subsídios textuais para um composição para Deus. Não precisamos tomar nada emprestado do diabo, influências do rock, samba, ou qualquer outra coisa que foi inspirada por ele. Se temos sinceramente Deus em nossos corações, Ele nos mostrará o caminho. A nossa parte precisa ser feita antes, como falei anteriormente, saber os materiais de se construir músicas e suas funções e expressões.
Usando a escrita eu posso expressar dizendo: Eu amo você – dentro de certo contexto – que a pessoa entenderá o que eu quero dizer ou expressar. Na música é a mesma coisa. Se quero dizer que o dia está tenso e estou muito nervoso – usarei acordes, motivos, ritmos, instrumentação e demais ornamentos que expresse tal situação -. E quando executar tal música saberão que se trata de tal situação. Daí podemos concluir que a música fala por si só.
Quando se constrói uma estrutura, ela fala por si só. Um murro construído será sempre um muro, independente dos seus adornos: grande muralha da China, ou o muro de nossas casas. Quando se cantar música sertaneja, todos saberão que é música sertaneja, independente da letra que se ponha, quer seja secular ou sacra. A música vai desempenhar a função para a qual foi construída: dança, diversão, bailes, etc..
Qualquer um que conheça profundamente música e suas estruturações, mais focado para a área de composição, poderá compor o que bem lhe aprouver. Se conhecer a vida boêmia, poderá compor canções boêmias, se alguém lhe encomendar um peça fúnebre a comporá, se para um baile de máscaras também (antes de mais nada ele precisa se dar conta dos faltos que fazem este ambiente ser o que é). Se este compositor ( que não conhece a Deus) falar com alguém que conheça a Deus, e lhe explique quem é Deus, e como Deus funciona, etc., fará uma composição próxima de Deus.
Digo mais, se conhecer Deus em sua vida prática, sendo batizado com o Espírito Santo, comprometido com a causa de Deus, amando a Deus acima de todas coisas e demais atributos de um cristão. – Deus dá sabedoria aos que os pedem – O que não fará então !! Com certeza a sua música será o mais perto do nosso Senhor e Salvador: Jesus Cristo.
Não quis ser bastante técnico, para que o texto pudesse ser entendido por todos.
Martinho Lutero, Bach, assim como vários compositores, pegaram trechos de várias canções populares ou seculares e fizeram músicas para Deus. Nem sempre uma estrutura musical de origem profana ou secular desagrada a Deus. Tudo tem haver com sua estrutura, ou seja, de como a música foi construída. Pelo fato de uma música ser cantada por camponeses, ou num salão de dança a torna assim. Tudo tem haver com o que ela tem a dizer, música.
Não devemos esquecer que a música teve suas origens nos Céus. Foi satanás quem degradou tudo, mudou tudo para os seus propósitos. As maiores artimanhas dele para esses últimos dias é: misturar tudo, profano com letra religiosa. – Vale a pena salientar que os próprios satanistas, usam o hinário, música para Deus com letras de adoração ao diabo. Para não termos a compreensão do que estamos oferecendo à Deus, podemos oferecer uma coisa e no entanto ser outra. Estamos de um lado homenageando à Deus e o diabo ao mesmo tempo ser saber ou sabendo. Não podemos adorar a dois deuses. Temos que escolher um lado.
Também podemos concluir que o determina se uma música é sacra ou popular, não é a sua aceitação por determinado pastor, ancião ou comissão; com o passar do tempo ou não. Pois alguns dizem que tal música que a igreja repudiava, agora se canta no recinto da igreja. Não é o tempo que santifica a música ou sua letra. E sim o que ele tem a dizer sobre Deus em termos gerais ou reais.
Mas, o que realmente vem a ser música sacar !? Perguntem a Deus, que ele com certeza vos responderá. Aqui como simples mortais, caminhando para a imortalidade, podemos ver com que através de vultos, os sons celestiais.
O Deus de graça e paz, através de Seu Filho, nos conceda a visão para podermos enxergar o que Ele deseja de nós. Graça e paz para todos.
F. S. Crispim é bacharel em Canto – Universidade de Brasília.