A Música da Nova Era

por: Levi Tavares, Elias Tavares e Adrian Theodor.

Introdução.

A discussão referente à música apropriada para a adoração é ampla e envolve diferentes aspectos técnicos ou filosóficos. A análise do fenômeno musical encara diversos questionamentos, dentre eles, um relacionado à música característica do movimento esotérico conhecido como Nova Era.

Estes questionamentos – bastante válidos, por sinal – provêm de pessoas preocupadas com a mensagem que a música, por si mesma, pode transmitir. Também com a possibilidade desta mensagem musical estar interferindo de forma negativa ou contrária na mensagem transmitida pela letra.

Apesar de um grande número de pessoas julgar a música típica da Nova Era como inapropriada para o culto cristão, é muito comum a falta de justificativa para essa inadequação. Quais seriam as características melódicas ou elementos estilísticos que poderiam ser prejudiciais ao culto? Ou será que a negação desse tipo de música simplesmente não passa de preconceito, por causa do rótulo “Nova Era”?

Na intenção de combater o uso intenso do ritmo nos cultos de adoração cristã, alguns líderes (músicos ou não), mesmo sem intenção direta de promover este movimento, aderem ao estilo da música da Nova Era, por sua ênfase melódica, tranqüilizante e meditativa.

Por ser o elemento transmissor da mensagem, a melodia é destacada por muitos escritores como a parte mais importante da Música Sacra. A síntese desta ideia pode ser encontrada na seguinte afirmação: “Se a transmissão da mensagem é o objetivo da Música Sacra, o seu elemento musical mais importante deve ser a melodia, não a harmonia ou o ritmo”.

Dentre os teóricos cristãos defensores desta abordagem, destacamos:

  • Dr. Thomas Cassidy: “A melodia deve ser forte e clara“. (Uma Filosofia Bíblica da Música Cristã).
  • Item 7 da Filosofia Adventista de Música de 1972: “[A música deve:] Dar primazia à mensagem da letra, que não deve ser sobrepujada pelos instrumentos musicais que acompanham“. (Filosofia Adventista de Música de 1972).
  • Item 5 Filosofia Adventista de Música atualmente vigente: “A música revela criatividade e obtém melodia de qualidade. Se harmonizada, deve ser usada de uma forma interessante e artística, com um ritmo que a complemente“. (Filosofia Adventista de Música).
  • Dr. Harold Lickey: “Realmente existe algo na perfeita união entre texto e música que eleva o poder das palavras a um nível completamente novo (faz com que as palavras alcancem um grau de poder muito mais elevado)“. (Panorama Atual da Música Religiosa – Parte 1).
  • Dr. Samuele Bacchiocchi: “A melodia é a parte mais destacada da música. É a ‘linha da narrativa’ de uma peça musical e consiste do arranjo horizontal das notas, que é reconhecido primeiro quando cantamos uma canção como ‘Tudo Entregarei’. Aqueles que cantam o que é chamado de harmonia, tal como as partes de contralto, tenor e baixo, estão cantando uma melodia que se “harmoniza” com as outras três partes“. (O Cristão e a Música Rock – Capítulo 5).

Assim, notamos que uma das principais características da música da Nova Era, o seu aspecto melódico, é também importante para a Música Sacra. Todavia, apesar desta similaridade na importância do aspecto melódico, existiriam outros pontos de convergência entre estes estilos, que justificariam sua adoção por cristãos sinceros, sem uma visão crítica?

Para responder a este ponto, devemos procurar identificar as diferenças e semelhanças entre as melodias sacras e da Nova Era. Somente assim seremos capazes de afirmar com certeza que a música conforme o estilo da Nova Era é completamente diversa da Música Sacra e, por isso mesmo, indesejável no uso do culto de adoração ao verdadeiro Deus. Unicamente com o conhecimento das diferenças estruturais entre um tipo musical e outro é que seremos capazes de evitar o uso, a influência e os efeitos nocivos da música da Nova Era.

Na intenção de compreender melhor a música usada pela Nova Era, destacamos que existem em seu meio dois estilos musicais diferentes: “Nova Era Pop” e “Nova Era Meditativa”. O primeiro é semelhante ao estilo “dance” ou “disco” ou mesmo ao “rock”, com letras que proclamam, direta ou indiretamente, os ideais da Nova Era. Uma das bandas mais conhecidas e também a pioneira neste estilo são os Beatles. O segundo é caracterizado por proporcionar ao ouvinte sentimentos de paz, tranqüilidade, introspecção ou meditação.

Trataremos, em nosso artigo, deste último estilo da música da Nova Era, já que o primeiro apresenta contraposições muito explícitas em relação à Música Sacra. Deste modo, ao tratarmos aqui da música da Nova Era, faremos referência a este segundo estilo, que possui alguns elementos musicais que podem vir a confundir aqueles que buscam a música apropriada à adoração.

Conscientes dos perigos inerentes à filosofia da Nova Era, é objetivo deste artigo construir uma reflexão sem preconceitos e, portanto, objetiva acerca dos aspectos musicais inseridos neste debate, procurando algo relevante para a adoração ao verdadeiro Deus.

Música da Nova Era X Música Sacra Cristã – Semelhanças Técnicas.

Da necessidade de compreender melhor as diferenças entre a Música Sacra e a música da Nova Era, partiremos para o entendimento de suas semelhanças técnicas.

Os dois estilos musicais abordados neste artigo possuem objetivos comuns (introspecção e paz) e, por isso mesmo, fazem uso de elementos musicais semelhantes. Dentre estes, podemos destacar:

  1. Melodia:
  2. Uso de melodias com predominância de intervalos de segundas e terças (evita-se o uso de intervalos com relações complexas entre si). Usam-se também intervalos cromáticos, mas apenas nas modulações ou em algumas variações.

  3. Harmonia:
  4. Considerando o contexto cultural em que foram compostas, observa-se um uso moderado das dissonâncias, as quais são sempre resolvidas; normalmente as modulações são construídas para graus vizinhos.

  5. Ritmo:
  6. Os ritmos são lentos, com poucas síncopes e sem marcação acentuada por instrumentos de percussão.

  7. Expressão:
  8. Uso constante do legatto, evitando-se acentuações. As grandes variações, tanto dinâmicas (intensidade) quanto agógicas (andamento) são também evitadas. Porém, a Música Sacra possui, em relação à música da Nova Era, maiores acentos expressivos, de acordo com a necessidade da letra.

Sabemos que nem a Música Sacra, nem a música da Nova Era se limitam às características de introspecção e paz do ser humano. A composição da Música Sacra leva em conta toda a expressão multifacetada e vibrante da vida religiosa, assim como a música da Nova Era pode possuir mais de um tipo, como destacamos acima.

Portanto, ao comentamos acerca das características introspectivas e pacificadoras da Música Sacra e da música da Nova Era, fazemos somente com a intenção de mapear suas semelhanças e diferenças técnicas, não com a intenção de limitar a amplitude e aplicação dos dois tipos musicais.

Existem ainda outras semelhanças entre a Música Sacra e a música da Nova Era que estão além dos aspectos técnicos.

Ambas possuem intenção espiritual e evitam elementos vulgares ou popularescos, que possam causar associações com emoções carnais, sensuais ou vulgares. Toda frivolidade costuma ser retirada, para que as tendências espirituais do ouvinte sejam estimuladas. Da mesma forma, quaisquer elementos musicais que causem associações mentais com estilos musicais corriqueiros serão cuidadosamente calibrados, para que o aspecto espiritual não seja prejudicado.

A seguir, abordaremos as diferenças técnicas entre a Música Sacra e a música da Nova Era.

Música da Nova Era X Música Sacra Cristã – Diferenças Técnicas.

1. Letra: Na Música Sacra a letra tem uma importância fundamental, por ser o elemento que expressa ou comunica as verdades divinas. Na música da Nova Era este elemento não possui o mesmo valor, pois o estilo musical está relacionado principalmente à criação de um clima de espiritualidade, e menos à transmissão de uma mensagem objetiva.

2. Melodia: As melodias sacras utilizam frases claramente demarcadas, muitas vezes usando um padrão de tema e contra-tema, ou “pergunta e resposta”. Normalmente as frases não são longas. Esta característica tem a ver com a importância da letra que, como destacamos acima, é conduzida pela melodia. Na Música Sacra, a melodia acompanha os versos poéticos.

A música do estilo Nova Era possui maior flexibilidade melódica, por não ter a preocupação primária de conduzir letras. Neste estilo musical, as melodias podem ser de dois tipos:

Frases Musicais Longas: As frases musicais podem ser tão longas que o argumento musical original se perde, causando no ouvinte certo abandono das coisas materiais, sólidas e racionais. É como se o ouvinte fosse levado a vagar com a melodia.

Frases Musicais Curtas: É comum o uso de um efeito conhecido como ostinato, no qual as frases musicais são repetidas de forma exaustiva, introduzindo-se periodicamente pequenas variações de intervalos, que dão certo movimento à melodia, sem avançar muito. Este tipo de melodia é muito utilizado nos mantras e causa, em ouvintes predispostos, certo tipo de hipnose, um distanciamento da realidade. Os compositores deste estilo reconhecem este fato ao dizer: “frases são repetidas muitas vezes e, pelo fato desta repetição, podem alterar o estado da consciência da pessoa”.

É comum utilizar os dois tipos de frase na mesma música, em arranjos com voz ou com instrumento predominante fazendo a melodia do primeiro tipo e o acompanhamento fazendo o segundo tipo. Este estilo é potencialmente poderoso, por combinar os efeitos dos dois padrões melódicos, reforçando seus efeitos sobre o ouvinte.

3. Harmonia: A principal característica harmônica da Música Sacra é a predominância do centro tonal. A tonalidade é sempre reforçada, seja através de referências (utilizando a dominante ou os graus relativos), seja através do retorno periódico ao acorde fundamental da tônica. Quando modulações (devidamente preparadas) estabelecem um outro centro tonal, este é mantido. O tratamento harmônico (sejam modulações ou dissonâncias) é feito de tal forma que aspectos da letra sejam enfatizados ou reforçados.

Na música do estilo Nova Era, a harmonia é pensada de forma a “expandir a consciência e chegar a experiências místicas”. Esta experiência musical é conseguida através do uso de modulações constantes, encadeadas, quebrando assim a referência tonal. Não estamos afirmando que a música do estilo Nova Era seja atonal, mas sim que ela causa uma alteração constante na referência tonal do ouvinte (o qual, em certo ponto, após tantas mudanças, mesmo que inconscientemente, desiste de tentar manter uma referência). O uso das dissonâncias é cuidadoso e trabalha com resoluções que sugerem caminhos tonais alternativos, ao invés de retornar ao centro tonal. Este efeito equivale a abrir mão de estar no controle, representa um desprendimento da materialidade.

4. Ritmo: Na Música Sacra, conforme destacamos acima, a melodia é o elemento musical predominante. O ritmo, por sua vez, será ordenado e regular, com poucas variações (exceto variações agógicas expressivas), uma espécie de “fio condutor” da melodia, permitindo que a música aconteça no tempo.

Não é nossa intenção aqui diminuir a importância do componente rítmico na composição e execução da Música Sacra; afinal, muitos dos grandes hinos sacros de chamamento à ação ou de vitória possuem ritmo forte e marcado, com características descritas como militares. Mesmo nos hinos com intenções diversas a estas, de caráter introspectivo e calmo, o ritmo é facilmente reconhecido e, de forma geral, a divisão de compassos é clara.

Além disso, alguns hinos compostos no século XVI (ou em períodos anteriores), possuem métrica derivada da acentuação natural da letra. Esta é uma herança direta do Canto Gregoriano, que não possuía marcação rítmica metrificada, e cujo andamento dependia da fluidez da frase poética. Insistimos em dizer que, portanto, na Música Sacra, o ritmo, ao mesmo tempo em que é ordenado e regular, serve à melodia, que é a guia da letra. Na Música Sacra, a agógica (variações no andamento) é usada com parcimônia, simplesmente com finalidades expressivas.

Na música da Nova Era, entretanto, o componente rítmico não se apresenta de forma precisa ou direta, é diluído na melodia. O efeito de diluição rítmica é obtido de três formas principais: ou o andamento é extremamente lento, ou a expressão musical como um todo é extremamente ligada, ou o ritmo aparece de modo não metrificado.

O objetivo das características rítmicas citadas acima é criar uma música extremamente fluída, sem ênfases ou acentos. A música construída desta maneira, sem acentos que chamem a atenção para uma frase melódica claramente delineada e consistente, leva o ouvinte a um desprendimento das sensações carnais e materiais conscientes, incitando-o a um estado alterado de consciência.

5. Variações Dinâmicas: Como já abordamos anteriormente, as variações expressivas na Música Sacra obedecem às necessidades da letra. Assim, dependendo da ênfase desejada pela mensagem poética, podem ocorrer variações dinâmicas (variações na intensidade).

A Música no estilo da Nova Era, todavia, não possui grandes variações dinâmicas, pois tem por objetivo manter um ambiente calmo, tranqüilo, e sem grandes mudanças (sempre lembrando que seu objetivo é causar o transe, do qual o ouvinte não deve ser despertado).

6. Ruídos extra-musicais: Completamente ausente na Música Sacra, a utilização de ruídos é parte integrante de algumas versões da música da nova era.

A música da Nova Era faz uso constante de diversos tipos de ruídos extra-musicais, como o som da chuva, o murmúrio das folhas ao vento, os sons do mar, do canto das aves ou da correnteza da água. Além destes, são comuns alguns ruídos acústicos, sintetizados, os quais dão uma sensação de mistério, de coisas etéreas e, mais uma vez, fluidez.

Os dois tipos de ruídos (imitação da natureza ou sintetizadores etéreos), têm intenção de criar um ambiente auditivo que substitua a própria experiência sensorial vivida do ouvinte. Para que o ouvinte deste tipo musical aprecie a música da Nova Era em toda a sua dimensão, é necessário que “entre no clima”, ouça os sons da natureza e relaxe. O que, mais uma vez, facilita seu transe, seu estado alterado de consciência.

O Dr. Wolfang H. M. Stefani, em um instigante artigo acerca da influência da Nova Era sobre a música ocidental, explica:

A música meditativa ocasionalmente emprega também compassos e sons místicos. Às vezes utiliza sons da natureza, como o som da chuva, o murmúrio das folhas no vento, os sons do mar, da correnteza da água, o canto das aves e outros sons da natureza.

É uma pena que Satanás tenha tomado alguns elementos da criação de Deus e os tenha incorporado na sua sutil música meditativa da Nova Era, para fazê-la parecer inocente e inofensiva. Mas não se engane, a música da Nova Era pode ser usada para inspirar um estado de transe que pode ser o primeiro passo num caminho escorregadio para outras formas perigosas de meditação mística da Nova Era e os estados alterados de consciência. Os perigos da meditação oriental mística e as diferenças entre esta e a meditação bíblica serão discutidos com maior amplitude. [1]

Música da Nova Era X Música Sacra Cristã – Filosofia.

Analisemos agora os aspectos filosóficos envolvidos tanto na música da Nova Era quanto na Música Sacra, a fim de compreendermos de forma mais ampla a disparidade entre estes dois estilos.

Sobre a música da nova era, o brasileiro Aurio Corrá, um importante músico do cenário musical da Nova Era diz:

na música da Nova Era os quatro elementos fundamentais da música – melodia, harmonia, timbres e textura dos sons -, entre outros elementos, como ritmo e performance, receberam tratamentos diferentes e específicos para atender às necessidades de um gênero reflexivo, calmo e meditativo. Ela se caracteriza pelo uso de estruturas harmônicas e pelo emprego de seqüências e construções que estimulem a sensibilidade e a quietude, evitando assim o jogo de tensão e revolução da harmonia tradicional da música ocidental, presente no jazz, no rock, no clássico, no pop, etc. As melodias são elaboradas de forma simples e muitas vezes dentro de frases repetitivas de arranjos instrumentais. O que o artista New Age busca é a construção de climas etéreos, no sentido de que as melodias não são usadas aqui como fator de “distração”. Sob esse aspecto, a New Age se mostra muito influenciada pela música minimalista, que busca o máximo de beleza com um mínimo de notas musicais que, por sua vez, é uma das formas musicais modernas que mais conseguiu mexer com as energias ambientais e corporais, como fazem os mantras indianos.” (ênfase suprida) [2]

É evidente que a experiência cristã também possui aspectos de reflexão, contemplação, quietude. De forma análoga aos objetivos da Nova Era, também buscamos o contato com uma realidade além do plano material. Desejamos contemplar a Deus e aprender dEle. Imploramos pelo dom do Espírito Santo. Queremos ser mais semelhantes a Jesus. Tanto é assim que a raiz da palavra religião vem da palavra latina religare, que significa conectar de novo, restaurar os laços. Todavia, a ligação cristã possui características diversas às existentes na Nova Era, como tentaremos demonstrar.

Em um artigo do Pastor Marcos Faiock Bonfim, temos:

“(…) a verdadeira Música Sacra apela aos instintos mais nobres, como o da busca do espiritual, por exemplo, e isso requer introspecção, paz. Esse tipo de música, talvez por estar em oposição à nossa tendência pecaminosa, acaba sendo naturalmente muito menos atrativa à pessoa que não possui discernimento espiritual”. [3]

Notamos, mais uma vez, fortes semelhanças entre alguns elementos da verdadeira Música Sacra e da música do estilo Nova Era: a introspecção, a busca da paz. Porém, na experiência cristã, diferentemente das experiências místicas relacionadas à Nova Era, é Deus quem inicia o contato, quem abre o caminho, quem desce até o homem e quem se dispõe a todos os sacrifícios. O texto magno da cristandade, João 3:16, é bem claro neste ponto: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Um outro texto que exemplifica esta atitude divina é o de Tiago 1:17: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, que não muda como sombras inconstantes”.

Após as semelhanças apontadas acima, encontramos o primeiro contraste entre o estilo da Nova Era e a Música Sacra: ao invés de ser uma busca humana por um estado alterado de consciência (que elevaria o ser ao imaterial, ao divino), a Música Sacra é uma obra humana que resulta do caminho inverso. O compositor ou executante de Música Sacra não busca elevação por suas próprias forças, mas reconhece sua pequeneza e indignidade diante a grandiosidade, o amor e a misericórdia divinos.

Por um lado, a música da Nova Era procura desenvolver capacidades inerentes ao ser humano, sendo, assim, supostamente capaz de transformá-lo em um ser melhor, possuidor de um alto grau de espiritualidade. Por outro, a filosofia Cristã, em contraste com a Nova Era, indica o seguinte: “Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma.” (João 15:5 – NVI). Para os cristãos, nenhuma elevação espiritual é possível ao ser humano sem o poder divino.

A Música Sacra é diferente da música da Nova Era por ter mais dois objetivos relacionados entre si: primeiramente, expressa a adoração do crente a um Deus Supremo; em segundo lugar, comunica (de forma poderosa e agradável) verdades divinas a um povo em pecado.

Enquanto a música da Nova Era busca um estado alterado de consciência, a Música Sacra expressa e comunica verdades divinas. A Música Sacra, neste sentido, é um resultado de uma vida modelada pela ação da divindade. Já a música da Nova Era pretende ser um meio de levar o homem a um grau de espiritualidade superior. Na primeira, o homem busca a Deus pelos méritos dEle e pela graça concedida por Ele, sendo elevado espiritualmente como conseqüência desta busca. Na segunda, o homem seria elevado espiritualmente por um meio externo (neste caso, a música) e somente após isso conseguiria comunicar-se com as coisas divinas.

Música da Nova Era X Música Sacra Cristã – Considerações Finais.

Após esta breve reflexão acerca das diferenças e semelhanças técnicas, além da filosofia, relacionadas à Música Sacra e à música da Nova Era, concluímos que ambas são diametralmente opostas em suas intenções e usos.

É certo que, em muitos casos, no momento de diferenciar uma da outra, será necessário instrução musical e discernimento espiritual. Todavia, ressaltamos o alerta: devemos rejeitar qualquer tipo musical que se assemelhe à música da Nova Era em nossos momentos de adoração, seja congregacional, seja individual!

Quando fazemos uso da música da Nova Era (que transmite, nela mesma, toda a filosofia deste ramo do esoterismo, como a busca de um deus interior, ou do alinhamento espiritual a forças cósmicas desconhecidas), estamos permitindo que nossa consciência seja levada a um caminho oposto ao da racionalidade (ressaltada como um dos aspectos da adoração em “espírito e verdade” de João 4:23-24 ou do “culto racional” de Romanos 12:1-2. Além de estarmos nos permitindo à condução de estados alterados de nossa consciência (hipnose). Ao fazermos isso, a quem estamos adorando?

Usar em nossos cultos de adoração a música da Nova Era, seria o mesmo que exercitar Yoga em nossos momentos de meditação e oração. Assim como a Yoga (que objetiva esvaziar a mente de qualquer pensamento, alinhando-a às chamadas “energias universais”), a música da Nova Era, como vimos, pode nos abrir a mente diretamente à ação do inimigo, permitindo a ele agir livremente sobre a nossa vida, uma vez que nós mesmos lhe abrimos as portas. Penso que, como cristãos, não é esse o nosso desejo.

Como nos diz o Dr. Wolfang H. M. Stefani, em artigo citado acima:

“Não se engane, a música da Nova Era pode ser usada para inspirar um estado de transe que pode ser o primeiro passo num caminho escorregadio para outras formas perigosas de meditação mística da Nova Era e os estados alterados de consciência”.

Que as nossas orações e esforços sejam direcionadas para alcançar cada vez mais sabedoria divina e discernimento espiritual. Somente através desta busca constante pelo poder de Deus é que seremos abençoados e permaneceremos em pé neste tempo em que o inimigo, “sabendo que lhe resta pouco tempo” (Apocalipse 12:12) atua de tal forma que, “se possível fosse, enganaria até os escolhidos” (Mateus 24:24).


Notas:

[1] – Stefani, Wolfang H. M., artigo A Nova Era na Música, disponível em https://musicaeadoracao.com.br/29133/a-nova-era-na-musica/

[2] – Corrá, Aurio. New Age: O Som da Harmonia. Urupês Editora e Comunicação

[3] – Bonfim, Marcos Faiock, “Perdido Dentro da Igreja” publicado em