por: Carlos Renato de Lima Brito
Dizem que o inventor da lâmpada elétrica fez centenas de tentativas até achar o material mais adequado para se usar no seu invento. A lâmpada elétrica só pode funcionar quando o meio adequado de produzir luz foi encontrado.
Algumas pessoas aprecem compartilhar a ideia errada de que Deus pode ser adorado por qualquer meio. Para estas pessoas, o que importa é o conteúdo e não o meio. Deste modo, qualquer ato, qualquer manifestação artística e qualquer procedimento pode adorar Deus.
Isto não é verdade! As Escrituras deixam claro que Deus se importa com o meio utilizado pelo adorador para se chegar a ele. O que percebemos das informações bíblicas é que quando o homem não utiliza os meio adequados para adorar Deus, Deus não aceita aquele tipo de adoração.
Deus se agrada de nossa adoração quando ela é realizada pelos meios revelados nas Escrituras. Existem muitos meios. Vamos compartilhar três meios pelos quais Deus pode ser adorado.
I. Adoramos Deus através de súplicas humildes.
A. Houve uma mulher no tempo da chegada do Senhor Jesus Cristo ao mundo que adorava a Deus, fazendo súplicas e jejuns constantes no Templo do Senhor (Lucas 2:36-38).
1. Ana era profetisa.
2. Sua linhagem poderia ser facilmente traçada, o que indica um zelo desta mulher em se alinhar com as promessas de Deus feitas ao seu povo.
3. Livre das obrigações de seu lar enquanto dona de casa e mãe, Ana se dedicava com mais concentração ao Senhor, como escreveu o apóstolo Paulo em I Coríntios 7:32-35.
4. Ana adorava noite e dia com orações e jejuns. Suas orações eram constantes diante de Deus, sendo acompanhadas da prática do jejum.
5. Esta piedade fez com que Ana estivesse pronta para receber o seu Rei.
a. Ela podia dar graças e compartilhar que a redenção de Israel que muitos estavam esperando já havia chegado.
b. Aquelas súplicas regadas pela tristeza e aflição de alma dos jejuns foram transformadas na alegria das ações de graças e do evangelismo.
B. Quando Cristo estava realizando seu ministério, pessoas se dirigiam a ele em adoração, pedindo que Jesus lhes fizesse um ato de amor e misericórdia (Mateus 8:2; 15:25).
1. Jesus nunca rejeitou esta adoração, porque a adoração é sempre apropriada a Deus. Jesus é o próprio Deus encarnado, cheio de graça e de verdade.
2. Deus é adorado quando estamos em aperto e clamamos pela misericórdia divina, suplicando que ele nos livre e nos conceda uma cura.
C. Pensamos que adorar é apenas cantar louvores festivos a Deus, estando empolgados e felizes pelas coisas que ele nos fez.
1. Certamente Deus foi adorado quando Israel realizou aquelas grandes celebrações nacionais no auge do seu rei sob o cetro de Davi e Salomão.
2. Foi também adoração rendida a Deus quando Jeremias entoou uma lamentação por causa da destruição de Jerusalém e do Templo, confessando ali os pecados da nação e se lembrando das misericórdias de Deus.
3. Pode haver adoração no riso dos que estão felizes e pode haver adoração no pranto dos contristados.
4. Devemos chegar a maturidade de adorar Deus em todas as ocasiões que Ele nos conceder.
a. Se Deus nos conceder tristeza, escassez, dificuldades e derrota, a modo apropriado de adoração será o clamor, a petição insistente, a oração e o jejum.
b. Se Deus nos conceder alegria, fartura, facilidade e vitória, o modo apropriado de adorá-lo é o cântico alegre, as ações de graças, as celebrações e o evangelismo.
c. É o que nos mostra com clareza o irmão do Senhor (Tiago 5:13-16).
5. Temos a terrível tendência de não dar graças a Deus quando estamos felizes e de não orar quando estamos tristes. Tanto a ingratidão quanto a auto-suficiência são incompatíveis com a adoração, são pecados que devem ser confessados e vícios de que nós precisamos de desintoxicação.
D. Na última aula, vimos que podemos adorar Deus por meio de ofertas de valor e podemos adorar Deus por meio de gestos respeitosos. Hoje vimos que podemos adorar Deus através de súplicas humildes. Vejamos outro meio de adoração.
II. Adoramos Deus por meio de cânticos de louvor (Apocalipse 5:6-10).
A. A cena apresentada pelo apóstolo João é grandemente impressionante.
1. Ele viu na mão direita daquele que estava assentado no trono um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos, que uma vez aberto, desencadearia todos os eventos do juízo final.
2. Um anjo clamou em alta voz: “Que é digno de abrir o livro e desatar-lhe os selos?”.
3. O livro e o seu conteúdo era tão importante que aquele que estava assentado no trono não podia abrir, os seres viventes não podiam abrir, os vinte e quatro anciãos não podiam abrir, nenhum dos anjos podia abrir nem mesmo qualquer outra criatura que havia sobre a terra.
4. Entendendo a importância daquele livro e da impossibilidade de ser aberto, João chorava muito.
5. Até que o discípulo amado foi consolado por um dos anciãos que disse: “Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, venceu para abrir o livro e seus sete selos”.
6. Neste ponto, João vê o Cordeiro de Deus que se aproxima do trono, toma do livro e é digno de abrir-lhe os selos.
B. Este Cordeiro possui uma aparência especial:
1. É um Cordeiro que tem a aparência de ter sido morto.
a. A humilhação do Senhor Jesus Cristo é a obra realizada por Cristo que o torna digno de julgar o mundo e restabelecer a paz eterna.
b. Ele passou pela morte para que o perdão dos pecados de todos aqueles que cressem nesta obra pudessem ser salvos.
2. O Cordeiro possui sete chifres.
a. Os chifres são sinais de força e poder nas Escrituras.
b. O fato do Cordeiro ter sete chifre mostra-nos que, apesar deste Cordeiro ter sido sacrificado, Ele possui todo o poder e toda autoridade.
3. O Cordeiro possui sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus.
a. Isto quer dizer que o Cordeiro possui toda virtude para governar.
b. Quer dizer também que o Cordeiro sabe de todas as coisas, sendo onisciente como somente Deus é.
C. O Cordeiro cuja aparência impressiona toma o livro da mão daquele que está assentado no trono.
1. Ele é o único que tem direito de fazê-lo, de se aproximar do grandioso Deus de modo tão íntimo e tomar o livro.
2. Ele é o único que pode abrir este livro santo e revelar ao mundo o seu conteúdo inenarrável.
D. A reação das pessoas que estão ao redor da cena é de adoração:
1. Os anciãos prostram-se diante do Cordeiro.
2. Eles têm instrumentos musicais em uma das mãos.
3. Na outra mão, eles têm taças de incenso. Essas taças de incenso são as orações dos santos. São feitas de ouro para nos mostrar a importância de nossas orações.
E. O que eles cantavam destacava a natureza e a obra do Cordeiro.
1. O Senhor é digno. Tu mereces a honra que tu estais recebendo.
2. O Senhor fez por merecer.
a. Foste morto.
b. Compraste com o teu sangue toda a humanidade representada em pessoas de todas as nações.
c. Não somente salvaste a humanidade da perdição, mas transformas-te toda a humanidade.
(1) Agora os seres humanos perdidos e pecadores fazem parte do Teu reino. O reino destes seres humanos redimidos será todo abrangente. Eles reinarão sobre toda a terra.
(2) Eles são sacerdotes santificados para Te adorar. Ministram eternamente para o Senhor o louvor e a adoração para que foram chamados e escolhidos para desempenharem.
3. Tudo isto é destacado através de um cântico.
F. O cântico é um meio muito importante de adoração. Ele foi instituído por Deus para fazer parte da adoração da Igreja (Efésios 5:19; Colossenses 3:16; Tiago 5:13; Hebreus 13:15).
1. O cântico na igreja é obrigatório. É um mandamento que se aplica a todos e não é somente para que “sabe” cantar.
2. O cântico deve ser a expressão do vai dentro da nossa alma.
a. Isto é uma exortação contra a hipocrisia. Deus não aceita adoração de lábios que o louvam em contradição com o coração.
b. Por outro lado, não é possível deixar de cantar quando se está com o coração cheio de piedade e alegria no Senhor. É impossível que um cristão esteja alegre sinceramente com o Senhor e deixar de cantar.
3. O cântico na Igreja só faz sentido se nos edificar. Para que o cântico realmente edifique, ele deve cumprir certos requisitos:
a. Deve expressar o caráter e as obras de Deus.
b. Deve ter um conteúdo extraído das Escrituras.
c. Deve vir acompanhado de uma música que me faça lembrar e sugira fortemente o ambiente reverente do culto de adoração ao Deus Santo e temível.
G. Estamos estudando sobre os meios de adoração. Já vimos no nosso estudo 2 meios de adorarmos Deus. Vimos que podemos adorar a Deus através de através de súplicas humildes, através de cânticos de adoração. Vejamos o último de meio de adorarmos a Deus.
III. Adoramos Deus, fazendo o bem aos outros (Hebreus 13:15-16).
A. Este texto deixa claro que nossa adoração a Deus é possível pela mediação de Jesus Cristo.
1. Não existe nenhum outro mediador humano, santo ou divino; somente Jesus Cristo pode fazer a ponte eterna entre Deus e os homens.
2. Crer em Cristo e crer em outros ao mesmo tempo é não crer que Cristo é suficiente para salvar. É afirmar que a obra de Cristo não foi suficiente para desfazer a inimizade entre Deus e o homem.
3. Se eu posso crer em minhas boas obras e nas boas obras de outros para me aproximar de Deus, é lógico dizer que Cristo morreu em vão e que Deus Pai é muito cruel. Havia outros meios de salvação e Deus ainda assim, sabendo disso, deixou seu Filho morrer sem necessidade.
4. Só Jesus é mediador e ele é suficiente para nos levar a Deus.
B. Este texto afirma também que o conteúdo da nossa adoração deve ser o sacrifício de louvor.
1. Há, primeiro, uma alusão à adoração do AT.
2. Na Antiga Aliança, o fiel trazia sua oferta a Deus que seria entregue no templo para ser sacrificada, a fim de cumprir um propósito espiritual. Este propósito poderia variar entre o perdão de pecados a ações de graças rendidas a Deus por tudo aquilo que Ele tinha feito.
3. O sacrifício aqui é o sacrifício de louvor ou a oferta pacífica do fiel que já tem seus pecados perdoados diante de Deus, mas quer alegrar-se com sua família por todas as bênção que ele tem recebido de Deus (Levítico 7:11-15).
a. Esta oferta poderia incluir mais do que animais sacrificados.
b. Esta oferta exigia pureza dos participantes e conservação da pureza da carne. Nada daquele sacrifício poderia ser deixado para o dia seguinte.
c. Toda carne deveria ser comida sem que esta passasse por qualquer processo de decomposição.
4. Há um Salmo no AT que nos mostra com força o que Deus prefere no que diz respeito a sacrifícios adoração (Salmo 50:7-15).
a. Deus declara primeiro que não nos repreenderá, não exortará como um juiz a nossa conduta, pelos sacrifícios de animais que fazemos.
b. A Deus pertencem todas as coisas que nós podemos ofertá-lo em termos materiais. Toda a riqueza deste mundo, toda todos os louvores, todas as pregações e todas as pessoas já pertencem a Deus.
c. Quando nós oferecemos a Deus louvores somos como o filho que vem dar um presente a seu pai, mas que o valor do presente foi ganho através do dinheiro que o próprio pai trabalhou para ganhar.
d. Então, que valor pode ter uma adoração que, em última análise, nunca será de alguém que oferece o que é absolutamente seu para o Deus que possui todas as coisas?
e. De acordo com este texto, Deus está mais interessado na atitude do adorador.
(1) Deus está interessado em sacrifícios de louvor. Ele não quer que cheguemos a Ele somente para pagamos uma dívida por causa do nosso pecado. Ele deseja que nos alegremos nele em tudo que ele nos tem feito.
(2) Deus está interessado que mantenhamos o nosso compromisso com Ele. Ele quer que todos nós cumpramos os votos que temos feito com Ele.
(3) Deus deseja que dependamos dele. Ele quer que clamemos a Ele no dia da angústia. A promessa de Deus é que Ele responderá às nossas súplicas desesperadas. É no desespero que encontramos o Senhor e estreitamos o nosso relacionamento com Ele e não dificilmente na bonança e em tempos de colheita.
5. Voltando ao texto de Hebreus 13:15, podemos afirmar que Deus está interessado no nosso relacionamento com Ele. Deus já resolveu para nós o problema do pecado. Ele perdoou nossos pecados através da obra do Senhor Jesus Cristo. Agora, baseados na condição de filhos de Deus e sacerdotes com Cristo, podemos nos aproximar de Deus com ofertas pacíficas e adorá-lo com ações de graças.
6. O texto nos informa que estas ofertas não devem se limitar ao individuo, mas deve promover o compartilhar entre irmãos (Hebreus 13:16)
a. De acordo com o texto, duas virtudes cristãs não podem ser negligenciadas: as boas obras e a comunhão.
b. Fazer o bem é por em prática a bondade e o amor que devem caracterizar o cristão. Na verdade, para as Escrituras, o amor que não é prático não é amor (1 João 3:16-18). A prática do bem está incluída na adoração.
c. A comunhão faz parte também da adoração. A comunhão é associação, é companheirismo, é ter em comum e relacionamento estreito. A comunhão implica generosidade e o compartilhar de bens e valores.
d. Quem está intrigado com seu irmão, seu parente, seu cônjuge, seu colega de trabalho e seu vizinho não está adorando Deus.
e. Deus se alegra com o sacrifício da prática do bem e detesta o sacrifício acompanhado com a maldade.
(1) Aqui somos lembrados de quem e o nosso cliente, aqui somos lembrados de quem devemos agradar.
(2) Por vezes, envolvidos em atividades de adoração, esquecemos de quem nós estamos adorando.
(3) Na adoração, tudo diz respeito a Deus. Ele é que deve se agradar e não nós. Ele é que deve ser glorificado. A obra dele é que deve ser destacada e a Palavra dele é que deve estar nos centro.
(4) Deus não se agrada da nossa adoração se no culto nós nos sentimos bem e ao mesmo tempo em casa estamos travando uma guerra familiar por motivos egoístas e sem amor.
(5) Deus não se agrada da nossa adoração se nos momentos de louvor cantamos alto e alegres e estamos lutando por posições de liderança no trabalho ou na Igreja através de meio ilícitos e cheios de crueldade.
(6) A adoração que agrada a Deus é a adoração que pratica o bem e que promove a comunhão.
Não caia na ideia de que, sendo para Deus, podemos fazer de qualquer jeito. Deus é a pessoa mais importante que existe, Ele merece o nosso melhor. Aliás, Deus já estabeleceu na sua Palavra os meios pelos quais ele deve ser adorado. Vimos nesta manhã três meios pelos quais Deus pode ser adorado: súplicas humildes, cântico de adoração e fazendo o bem ao próximo.
Fonte: ViolaBrito