Entrevistas

Um Violinista Adventista de Renome Internacional

Entrvista com Jaime Jorge

A entusiástica mestria do violino de Jaime Jorge já deleitou muitas audiências ao redor do mundo. Cristão comprometido, Jaime dedicou seu talento especial ao compartilhamento do amor de Deus através de concertos clássicos.

Nascido em Cuba, em 1970, Jaime começou tocar violino quando tinha cinco anos. Aos 10, sua família mudou-se de Cuba para os Estados Unidos, onde o jovem Jaime começou estudar com o célebre violinista Cyrus Forough, um aluno do notável David Oistrakh.

Através dos anos, Jaime tem tocado em lugares e ambientes variados, desde auditórios de colégios a igrejas e até no famoso Carnegie Hall. Ele já se apresentou perante chefes de Estado e outras autoridades governamentais ao redor do mundo, incluindo as Américas, Europa, Ásia, Austrália e Rússia. Ele faz, em média, mais de 75 concertos anualmente, apresentando-se para cerca de meio milhão de pessoas — algumas vezes chegando a 44 mil numa uma única apresentação.

Jorge obteve prêmios por cinco de seus álbuns, dois dos quais foram gravados na Europa com a Orquestra Sinfônica da Rádio Nacional Tchecoslovaca, em Bratislava. Seu álbum natalino, Christmas in the Aire, foi gravado juntamente com os 75 membros da Orquestra Filarmônica Nacional da Hungria.

Jorge graduou-se na Universidade Loyola de Chicago. Após estudar Medicina por um breve período na Universidade de Illinois, ele deixou o curso de Medicina para servir integralmente a Deus com seu talento musical. Jaime casou-se com Emily, uma talentosa cantora, em agosto de 1997. Além de atender à sua repleta agenda de concertos, Jorge é professor-associado de música na Universidade Gardner-Webb, na Carolina do Norte.


Seu pai era pastor em Cuba. Foi difícil para você, como cristão, crescer num país comunista?

Todos os jovens cristãos cubanos sofriam algum tipo de importunação e alienação. Na escola, os alunos e os professores riam de nós. Freqüentemente éramos interrogados sobre nossas crenças e desprezados por não sermos comunistas. Mesmo em nossa vizinhança, algumas crianças não nos deixavam brincar com elas devido às nossas convicções religiosas. Nunca sabíamos se nos deixariam brincar, se nos excluiriam ou se ririam de nós.

A música sempre foi importante para sua família. Sua mãe era uma talentosa musicista. Mas, por que o violino o atraiu? O que o motivou a trabalhar tão arduamente para aprendê-lo?

Inicialmente, o que me atraiu no violino foi sua grande capacidade de comunicação: pode-se transmitir uma paixão profunda, ânimo e também ternura e afeição. Porém, o que me motivou a trabalhar de modo persistente foi o empenho de minha mãe em desenvolver o talento que Deus me havia concedido. Eu gostava de apresentações musicais, mas odiava ficar treinando. Ela me compeliu a praticar. Aprendi música com facilidade. Não me lembro de ter dificuldades como alguns ao meu redor. Mas, conforme fui crescendo, desenvolvi um desejo de me esmerar em tudo o que tocava e interpretava.

Quem mais o influenciou em sua espiritualidade?

Meu pai. Ele sempre teve um profundo comprometimento com o Senhor e em compartilhar o evangelho (ele trabalhou como pastor até sua aposentadoria, alguns anos atrás). Sempre pude constatar que ele vivia aquilo em que acreditava e pregava.

Jaime, uma vez você disse: “Quando olho para trás em minha vida, posso ver que os pontos mais baixos e difíceis sobrevieram-me quando eu estava longe de Jesus, mas Ele nunca me abandonou..” O que você faz hoje para alimentar seu relacionamento com Deus?

O único caminho para manter o relacionamento com Deus é passar tempo em estudo e oração. A única maneira de eu ser uma fonte de encorajamento e até de instrução para os outros é reabastecer diariamente esse manancial com Jesus. É por isso que me esforço em meu relacionamento pessoal com o Senhor. Nem sempre tenho êxito, mas é o único caminho que capacita para ajudar os outros.

Você estudou com dois dos maiores violinistas do mundo. Que outras influências inspiraram sua música?

Minha mãe, Paul e Stephen Tucker (que cuidam dos meus arranjos e produção) e outros artistas conhecidos (tanto clássicos como religiosos) como Itzhak Perlman, David Oistrakh, Yo-Yo Ma, Plácido Domingo, Herbert von Karajan, Oscar Peterson, Van Cliburn, Quincy Jones, David Foster e Larnelle Harris. Esses são apenas alguns. Também aprecio muito compositores como Beethoven, Mozart, Chopin, Rachmaninoff e Tchaikovsky. Todos esses artistas se esforçaram para atingir o mais alto nível possível no que fizeram. É isso que também faço. E admiro, principalmente, aqueles que renunciaram à ostentação e ao reconhecimento do mundo em favor de uma vida dedicada a compartilhar seus talentos para a glória de Deus.

Apesar de seu incontestável talento e interesse pela música, você começou a estudar Medicina. Foi difícil desistir do sonho de ser médico? Você está feliz por ter escolhido a Música em vez de Medicina? Quando sentiu o chamado de Deus para exercer seu ministério em tempo integral?

Nunca quis ser músico. Eu estava ciente da vida de sacrifícios e incertezas de um músico, especialmente de um músico cristão. Financiei algumas das minhas gravações e minha faculdade, inclusive parte do curso de Medicina, através de meus recitais. Mas logo após meu primeiro ano na Escola de Medicina da Universidade de Illinois, senti que o Senhor estava tentando atrair minha atenção. Então comecei a orar, mas não querendo realmente saber o que o Senhor tinha a me dizer. Finalmente, depois de orar durante oito meses (um pouco assustado), pedi um sinal a Deus. O sinal foi dado e então pedi um segundo sinal. Esse também foi dado e, naquele momento, decidi que deveria fazer o que o Senhor queria. Isso aconteceu em 1996. Não foi difícil desistir do sonho de ser médico, porque eu queria realmente fazer a vontade de Deus. Pensei que a Medicina era o plano divino para mim. Assim, quando tive certeza de Seus desígnios, senti completa paz. Nunca olhei para trás e lamentei esse fato ou me arrependi disso.

Você gravou vários álbuns até agora e produziu dois vídeos. Durante esses projetos, você teve muitos desafios, mas Deus sempre o ajudou. Que conselho daria aos jovens músicos que desejam gravar seu primeiro álbum?

Desde 1987 até agora gravamos 10 álbuns. Eles começaram de modo simples, humilde e com baixo custo. O melhor conselho que posso dar a alguém que deseje gravar um álbum? Bem, primeiro escolha as composições que sinta que Deus quer que você insira em seu álbum (e isso através da oração). Segundo, escolha melodias que as pessoas reconheçam e com as quais se identificam. Muitos artistas incluem somente músicas originais, mas, como as pessoas não os conhecem, fica difícil convencê-las a comprar um álbum de músicas desconhecidas. Terceiro, comprometa-se a gravar o melhor álbum possível que puder. Esforce-se na qualidade de sua apresentação. Estabeleça os mais elevados padrões e não pare até atingi-los.


Entrevista feita por Nicole Batten. Nicole Batten é diretora de publicidade da Pacific Press Publishing Association, em Nampa, Idaho


Fonte: Diálogo Universitário

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