por: Samuel Koranteng Pipim, PhD
Cavalos de Tróia: Avivamentos Falsificados, Igreja Emergente, e Movimentos Nova Espiritualidade
Parte 1 – O Verdadeiro Avivamento: O Que É e O Que Não É
O cavalo de Tróia. O termo descreve como os antigos gregos utilizaram um grande cavalo oco de madeira, cheio de soldados para ajudar a destruir a cidade fortificada de Tróia. A frase passou a se referir a engano e traição disfarçados como uma bênção.
Há muitos cavalos de Tróia invadindo nossa igreja hoje – evolução, homossexualismo, divórcio e novo casamento, novas formas de culto e de crescimento da igreja, a ordenação de anciãos e pastores, etc. (ver o livro “Here We Stand“). Nossa série de seminários é sobre os Cavalos de Tróia do Espiritismo, de que têm invadido a Igreja sob o disfarce de espiritualidade. A espiritualidade é a obra do Espírito Santo no coração do homem, enquanto que o espiritismo é obra de engano de Satanás. Iremos olhar alguns dos principais cavalos de Tróia do espiritismo que estão sendo trazidos para dentro da igreja por alguns líderes formadores de opinião e membros com pensamentos bem-intencionados.
E. G. White escreve: “Ensinos espiritualistas que minam a fé em Deus e em Sua Palavra estão atualmente penetrando as instituições educativas e as igrejas por toda parte. … mas, se bem que revestida de belas roupagens, essa teoria é perigosíssimo engano. …. O resultado de aceitá-la é separação de Deus “(Ciência do Bom Viver, p. 428).
Este seminário demonstrará como os ensinamentos místicos e espiritualistas são sutilmente penetrando nas igrejas cristãs, sob o pretexto de reavivamento, espiritualidade e uma abordagem pós moderna ao cristianismo. Você pode ser surpreendido com para onde os movimentos de igreja emergente e formação espiritual estão levando a igreja!
Todo mundo está interessado em “reavivamento”
Reavivamento está em toda parte. Fora da igreja, também há muitos movimentos que afirmam ou pretendem estar em reavivamento. Em nossa própria igreja, há muitas conversas sobre reavivamento (retiros de reavivamento, fins de semana, antes das reuniões evangelísticas, etc.) Este interesse no reavivamento poderia ser uma indicação de que Deus está prestes a fazer algo maravilhoso em nosso tempo – um verdadeiro reavivamento de está prestes a despontar.
Verdadeiro Avivamento. “Antes de os juízos finais de Deus caírem sobre a Terra, haverá, entre o povo do Senhor, tal avivamento da primitiva piedade como não fora testemunhado desde os tempos apostólicos. O Espírito e o poder de Deus serão derramados sobre Seus filhos.”(O Grande Conflito, p. 464).
Mas a conversa sobre reavivamento nos dias de hoje é realmente uma indicação do verdadeiro avivamento? Ou será que Satanás seqüestrou o termo para o seus propósitos sinistros? Afinal ele também seqüestrou outros termos cristãos – amor, fé, crescimento da igreja, adoração, etc. Considerando este fato, não deveria ser nenhuma surpresa que Satanás tentaria anular ou sabotar um verdadeiro movimento do Espírito de Deus.
Falso Reavivamento. “O inimigo das almas deseja estorvar esta obra [de reavivamento]; e antes que chegue o tempo para tal movimento, esforçar-se-á para impedi-la, introduzindo uma contrafação. Nas igrejas que puder colocar sob seu poder sedutor, fará parecer que a bênção especial de Deus foi derramada; manifestar-se-á o que será considerado como grande interesse religioso. Multidões exultarão de que Deus esteja operando maravilhosamente por elas, quando a obra é de outro espírito. Sob o disfarce religioso, Satanás procurará estender sua influência sobre o mundo cristão.”(O Grande Conflito, p. 464)
É por isso que é importante saber o que o verdadeiro avivamento é e o que ele não é. “Qualquer nova explosão de atividade na igreja, qualquer nuvem de poeira levantada pelo bater de pés animado, será saudado como renovação [revitalização] por alguém.” [N.T. – A frase é de Jim Packer, Professor de Teologia Histórica e Sistemática do Regent College, de Vancouver]
Noções Erradas Sobre Reavivamento: A seguir estão alguns destaques do perspicaz artigo “Isto é Reavivamento?” de Nancy DeMoss (Nota: Em O Grande Conflito, p. 558, Ellen G. White dá algumas características adicionais do falso reavivamento).
- Nem tudo o que é chamado de “reavivamento” é reavivamento.
- O fato de muitas pessoas estarem falando e promovendo o “reavivamento” não significa necessariamente que estamos, por isso, em meio a um processo de reavivamento.
- Grandes multidões, intenso entusiasmo, excitação de emoções, atividade energética, e “sinais e maravilhas” não são necessariamente prova de reavivamento.
- O reavivamento genuíno não será uma onda. Os assim chamados chamados “reavivamentos” são um movimento popular na igreja de hoje.
- Devemos precaver-nos contra [a possibilidade de] o “reavivamento” tornar-se apenas mais um programa popular ou de ênfase [momentânea] na igreja.
- Reavivamento não é um fim em si mesmo. Essa mentalidade acaba por conduzir à auto-contemplação, que é uma forma de idolatria. Reavivamento institucional não é substituto para o reavivamento pessoal.
- Não existem atalhos para o reavivamento.
- Podemos estar tão ansiosos para experimentar o fruto do reavivamento que ignoramos as condições de Deus para o reavivamento: humildade, arrependimento, contrição, oração e obediência.
- É improvável que Deus envie o reavivamento para aqueles cujo real motivo do coração seja construir ou melhorar as suas próprias reputações ou ministérios ou a colher bênção para si mesmos.
- O fato de que concordamos sobre a necessidade de arrependimento na igreja não significa que nós temos, de fato, nos arrependido.
- Não há reavivamento onde não há profundo quebrantamento e contrição acerca da seriedade do nosso pecado contra um Deus santo.
- Nem todas as orações e reuniões de oração nos levam a experimentar o [verdadeiro] reavivamento.
- Não temos direito de esperar desfrutar os frutos do reavivamento se não estamos dispostos a pagar pessoalmente o preço por isso.
Portanto, não podemos desvalorizar o termo “reavivamento” aplicando-o prematura ou descuidadamente a cada movimento religioso contemporâneo. Devemos reservar a sua utilização para o que é verdadeiramente enviado dos céus e iniciado por Deus. Temos de descobrir sobre o que trata o verdadeiro reavivamento, como experimentá-lo e como ele afeta nossas vidas como estudantes, jovens e membros da igreja.
Definição de Reavivamento
Há um grupo de palavras que são usadas frequentemente para (ou em associação com) reavivamento. Eles incluem: renovação espiritual, despertamento, visitação, derramamento do Espírito, e reforma. Estes termos se referem a metáforas bíblicas para a infusão de vida espiritual, na experiência cristã pelo Espírito Santo (ver Romanos 6:4; 8:2-11; Efésios 1:17-23; 3:14-19; 5:14) .
Estas palavras carregam a ideia de trazer de volta à vida o que estava morto ou morrendo. É uma ressurreição da morte para a vida. Talvez o exemplo mais notável desta metáfora é encontrado em Ezequiel 37. A partir de um estudo deste relato, podemos visualizar a seguinte definição de avivamento: “Reavivamento é a obra de Deus, através de Sua Palavra e Seu Espírito Santo para trazer à vida os mortos espiritualmente, para que possam fazer a obra de Deus (‘lutar como um exército’)“.
Dois Tipos de Reavivamento. Há uma distinção entre revitalização e reavivamento, e entre reavivamento pessoal e institucional.
1. Revitalização e Reavivamento. Embora isso possa ser um pouco artificial, podemos ver revitalização como referindo-se à visitação inicial de Deus, que desencadeia a experiência de renovação ou de ressurreição. Por outro lado, o reavivamento pode se referir ao estado da revitalização em que o povo de Deus continua. Podemos chamar a este reavivamento contínuo (este estado de revitalização) de reforma.
2. Reavivamento Pessoal e Institucional. Reavivamento também pode ser entendido no seu sentido estrito e amplo. No seu sentido mais restrito, o termo refere-se ao despertamento pessoal de um indivíduo. No seu sentido amplo, refere-se a uma coletividade, um corpo de pessoas – a igreja de Deus. Assim, temos reavivamento pessoal e reavivamento institucional.
Não pode haver um reavivamento institucional a menos que os indivíduos que constituem a igreja experimentem o reavivamento pessoal. Mas reavivamentos pessoais ocorrem constantemente sem que seja parte de qualquer igreja local.
Natureza do Verdadeiro Reavivamento
Existem quatro formas principais pelas quais podemos caracterizar ou descrever o verdadeiro reavivamento. Quatro coisas acontecem quando uma pessoa é reavivada:
1. O Céu Torna-se Real (Uma Realidade Escatológica). Reavivamento é um gostinho do céu. O aprofundamento da experiência da vida de uma pessoa durante o reavivamento é um antegozo e uma primeira parcela do próprio céu.
2. Jesus Torna-se Real (Uma Realidade Cristológica). Jesus também se torna muito real subjetiva e objetivamente. Em outras palavras, em um verdadeiro reavivamento há uma mudança na vida espiritual e na vida e ética da pessoa (piedade cristã e estilo de vida cristã). Uma é subjetiva e a outra objetiva.
Subjetivamente, a presença de Cristo é sentida de uma forma muito pessoal. Ele se torna o objeto do nosso amor pessoal, afeição, dedicação e desejo. Nós nos apaixonamos por ele. Exemplos: O hino de Fanny Crosby “Que segurança, Jesus é meu”; o de John Newton “Quão doce é o som do nome de Jesus”; o de Charles Wesley “Jesus, amante da minha alma” e as estrofes finais do hino “Tu, fonte oculta de repouso tranqüilo”; ou o de Bernard de Clairvaux, “Só ao pensar em ti, Jesus”. [N.T. – Os nomes dos hinos foram traduzidos literalmente, a fim de captar nuances do título original]
O que há em comum em todas esses cânticos de reavivamento é que Jesus é muito real – subjetivamente. Muitas das “músicas de louvor” contemporâneas não podem se comparar com estes cânticos de outrora. Somente esse fato coloca um ponto de interrogação em nossos reavivamentos contemporâneos.
No verdadeiro reavivamento, Jesus também se torna muito real objetivamente. Ele é cristocêntrico, no sentido em que, através de tal reavivamento, o cristão morre com Cristo em arrependimento e ressuscita com Ele para viver uma vida justa, uma vida de obediência amorosa à lei de Deus. Em outras palavras, há um componente ético no verdadeiro reavivamento . Há uma mudança no estilo de vida.
Portanto, quando dizemos que no reavivamento Jesus torna-se real subjetiva e objetivamente, o que queremos dizer é que essa pessoa reavivada anda com as duas pernas da santidade – espiritualidade e ética. Espiritualidade é o componente subjetivo e ética e o componente objetivo. As duas pernas são importantes. Sem uma dessas pernas a pessoa manca na sua caminhada espiritual, ou é aleijado. (Nota: Vou discutir isto em mais detalhes na minha próxima apresentação sobre a verdadeira espiritualidade).
3. O Espírito Torna-se Real (Realidade Pneumatológica). Uma pessoa verdadeiramente reavivada vive uma vida no Espírito. O Espírito Santo não só mudou a sua vida, mas habita em seu coração. O Espírito é dado como um “dom” permanente (Atos 2:38). O indivíduo já não é de si mesmo, mas do Espírito Santo (I Coríntios 3:16; 6:19).
Quando o Espírito se torna real em uma pessoa reavivada, o resultado não é riso selvagem, experiências e/ou manifestações exóticas (falar palavras ininteligíveis, cair ao chão, comportamento bizarro), como é característico de grande parte dos movimentos pentecostais, carismáticos, ou do movimento de sinais e maravilhas.
Em vez disso, o Espírito torna-se real na vida da pessoa no sentido em que a pessoa não anda segundo a carne, mas produz o fruto do Espírito. O apóstolo Paulo diz: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. … Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.”(Gálatas 5:22, 25).
Finalmente, uma pessoa que foi reavivada também recebe o poder do Espírito – através da dotação de dons espirituais específicos (plural), para fazer a obra de Deus ou para testemunhar (I Coríntios 12; Efésios 4, Romanos 12). Estas pessoas são ativas em ganhar almas e no evangelismo.
5 Acaso estarás sempre irado contra nós? Estenderás a tua ira a todas as gerações?
De acordo com David, quando há reavivamento, a gloriosa presença de Deus “descerá como chuva sobre a erva ceifada, como os chuveiros que umedecem a terra.” (Salmo 72:6).
Em segundo lugar, quando o reavivamento é experimentado há uma exaltação do povo de Deus (Salmos 85:6). A alegria substitui angústia. Há uma verdadeira alegria no Senhor, e não uma existência sombria, como a vida de um monge (cf. Filipenses).
Tudo isso é possível graças ao trabalho do Espírito na vida do crente. Mas há uma outra realidade que ocorre quando há um reavivamento.
4. Ganhar Almas Torna-se Real (Realidade Missiológica). A Escritura nos informa que onde há reavivamento há uma extensão do Reino de Deus – o trabalho de ganhar almas ocorre e há um envolvimento ativo da comunidade para a salvação das almas.
Salmo 51:7-13
7 Purifica-me com hissope, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais branco do que a neve.
8 Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que gozem os ossos que tu quebraste.
9 Esconde a tua face dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniqüidades.
10 Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto.
11 Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo.
12 Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário.
13 Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores a ti se converterão.
Os versículos 7-12 são sobre o reavivamento, o versículo 13 é a razão. O primeiro impulso de um coração convertido é ganhar almas.
Quando Deus reaviva a igreja, a nova vida transborda do indivíduo para a igreja e da igreja para os de fora. Há uma conversão de pessoas de fora e uma renovação da sociedade. Os cristãos se tornam destemidos para testemunhar e incansáveis em seu serviço pelo Salvador. Eles proclamam por palavras e ação o poder da nova vida, almas são conquistadas, e uma consciência de comunidade impregnada por valores cristãos emerge. Também em tempos de reavivamento Deus age rapidamente; sua obra se acelera. A verdade se espalha, e as pessoas nascem de novo e crescem em Cristo, com uma rapidez incrível.
Nas palavras do profeta Zacarias, que previu isso em termos da restauração pós-exílio de Israel:
“Assim diz o Senhor dos Exércitos: Naquele dia sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla das vestes de um judeu, dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco.” (Zacarias 8:23)
Resumo: Tal é a natureza do verdadeiro avivamento – o céu torna-se real, Jesus torna-se real, o Espírito Santo torna-se real. O resultado é que Deus abençoa abundantemente o indivíduo, e todos com quem esta pessoa entra em contato.
Embora os movimentos de reavivamento tenham variado ao longo da história e mesmo de um lugar para outro, pode-se perceber algumas características chave apresentadas em todos os reavivamentos, sejam bíblicos ou pós-bíblicos, independentemente das seus contextos históricos, raciais e culturais.
Quando há um verdadeiro avivamento, os cristãos não apenas vivem na presença de Deus (coram Deo), obedecendo à Sua palavra e sentindo profunda preocupação acerca do pecado e da justiça, mas há alegria na certeza do amor de Cristo e de sua própria salvação, espontaneidade constante na adoração, e atividade incansável no testemunho e serviço, alimentando estas ações através de louvor e oração.
A Urgência do Agora. “Um reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a maior e a mais urgente de todas as nossas necessidades. Importa haver diligente esforço para obter a bênção do Senhor” (Eventos Finais, p. 189).
“Chegou o momento de ocorrer uma profunda reforma. Quando essa reforma começar, o espírito de oração atuará cada crente e banirá da igreja o espírito da discórdia e contenda.” (Testemunhos Para a Igreja, v. 8 p. 251).
Nossa Responsabilidade em Encorajar o Reavivamento
Temos a obrigação de remover os obstáculos ao reavivamento e reforma. Se, de fato, “haverá um reavivamento entre o povo de Deus antes dos juízos finais de Deus sobre a terra”(A Fé pela Qual Eu Vivo, p. 326), então devemos fazer parte dele.
Se, de fato, o reavivamento da verdadeira piedade é a “maior e a mais urgente de todas as nossas necessidades”, temos de torná-la a nossa primeira prioridade;
E se, de fato, “chegou o momento” para tal obra de reavivamento e reforma, devemos nos permitir ser parte dela agora.
Devemos orar fervorosamente ao Senhor, usando as palavras do refrão de Edwin Orr: “Envie um reavivamento – e comece a obra em mim” O verdadeiro reavivamento começa com nosso reconhecimento de nossa verdadeira condição e com o arrependimento dos nossos pecados. Como o Rei Davi, o líder de Israel, devemos dizer ” Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno.” (Salmo 139:23-24).
Durante esta reunião (e além), cada um de nós deve dizer com o profeta Habacuque:
“Ouvi, Senhor, a tua palavra, e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos faze-a conhecida; na tua ira lembra-te da misericórdia.” (Habacuque 3:2).
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Fonte: Clique aqui para ter acesso ao material completo em inglês, publicado originalmente em http://www.drpipim.org
Traduzido por Levi de Paula Tavares em fevereiro de 2011