por: Natasha Romanzoti (HypeScience)
A música é uma parte importante das nossas vidas. A pesquisa sobre o seu impacto em adultos é diversificada, já em bebês é mais fragmentada e eclética.
Apesar disso, os cientistas sabem que os bebês podem ouvir e se lembrar de músicas mesmo quando ainda estão no útero.
O problema é que é difícil saber como as canções os afetam, uma vez que eles não podem simplesmente falar o que estão pensando ou sentindo.
O que sabemos
A maioria dos trabalhos sistemáticos descobriu que os bebês têm preferências claras por consonância sobre dissonância, e podem se lembrar do ritmo e do timbre de músicas que ouviram antes.
Além disso, eles preferem a voz feminina, e gostam ainda mais quando ela assume qualidades “maternais” (o tom de alta energia que todos nós adotamos quando falamos com bebês).
Mas suas reações emocionais à música são mais misteriosas. Que tipo de música os torna calmos e contentes? E felizes?
Trio científico
O pessoal da C&G’s Baby Club queria criar “uma canção cientificamente comprovada que deixa bebês felizes” para poder compartilhar com os pais do clube. Logo, eles convidaram um time de estrelas para fazer isso acontecer.
Três grandes mentes aceitaram o desafio: o especialista em psicologia de bebês Caspar Addyman, da Instituição Goldsmiths na Universidade de Londres, a psicóloga de música Lauren Stewart, e a música vencedora do Grammy Imogen Heap.
Embora o trio tenha concordado em criar uma música com o objetivo alegrar os nossos amados ser humaninhos, fizeram a ressalva de não usar a palavra “comprovada”, mas sim “testada”, visto que isso é algo difícil de se provar definitivamente.
As recomendações
O primeiro passo foi determinar o que já era conhecido sobre sons e música que podiam deixar bebês felizes.
O trabalho anterior de Addyman envolveu perguntar aos pais sobre rimas e sons que mais apelavam aos bebês. A pesquisa anterior de Lauren foi sobre “canções chiclete” que não saem da cabeça das pessoas.
Os pesquisadores passaram todas as informações que tinham sobre as preferências dos bebês para Imogen Heap, que além de ser uma excelente compositora, tem uma filha de 18 meses de idade.
Entre as recomendações dos cientistas, a canção deveria estar em uma escala musical maior com uma melodia simples e repetitiva, e possuir dispositivos musicais como mudanças de nota e aumento do tom para fornecer oportunidades para antecipação e surpresa. Como os batimentos cardíacos dos bebês são muito mais rápidos do que o nosso, a música também precisava ter um ritmo rápido. Por fim, deveria ter um vocal feminino energético, idealmente gravado na presença de um bebê.
O teste
Heap criou quatro melodias para os pesquisadores testarem, duas rápidas e duas lentas, com e sem simples letras cantadas. Cerca de 26 bebês entre 6 e 12 meses vieram ao laboratório, acompanhados de mães e alguns pais para fornecer sua opinião.
Surpreendentemente, a maioria dos pais e 20 dos 26 bebês compartilharam uma clara preferência por uma melodia particular, mais rápida.
As mães disseram qual canção preferiam, e qual canção achavam que os seus bebês preferiam. Os pesquisadores também filmaram as respostas dos bebês às melodias, analisando suas reações como rir, sorrir e dançar.
A canção
Com a melodia vencedora em mãos, Heap a transformou em uma canção engraçada para bebês. O segredo era torná-la boba e social. Cerca de 2.500 pais do C&G Baby Club votaram em sons tolos que faziam seus bebês felizes – entre eles, “bu!”, espirros, sons de animais e risos.
A música ainda levou em consideração o que os pais iriam gostar, visto que a felicidade é uma emoção compartilhada e o sucesso das canções para crianças provém do fato de que elas são interativas. Heap cuidadosamente elaborou as letras para contar uma história de como amamos nossos pequenos bebês onde quer que estejamos – do céu ao oceano, em uma bicicleta ou em um foguete.
De volta ao laboratório, mamães e bebês ouviram dois esboços ligeiramente diferentes da música completa. Desta vez, a melodia um pouco mais lenta pareceu funcionar melhor (163 versus 168 beats por minuto), talvez porque deu aos ouvintes um pouco mais de tempo para responder às letras.
Depois de uma última rodada de ajustes, cerca de 20 bebês foram reunidos em uma sala e ouviram a música inteira, juntos. Este não foi bem um teste científico, mas serviu para demonstrar que a canção funcionava – dois minutos e meio é geralmente muito tempo para prender a atenção de até mesmo um bebê, quem dirá duas dúzias. Quando “The Happy Song” tocou, no entanto, o trio de pesquisadores foi recebido por um mar de rostos encantados.