por: Wesley Jr.
"Artista de Deus" |
"Instrumento de Deus" |
Usa Deus na música |
Deus o usa na música |
Através dela canta a Deus |
Deus canta através dele |
A sua voz fala de Deus |
Deus fala em sua voz |
Leva Deus às multidões |
Deus é elevado por ele perante as multidões |
Usa a Deus para encantar |
Deus o usa para salvar |
Vê as bênçãos de Deus na música |
Vive as bênçãos de Deus na música |
Usa Deus para mostrar sua face |
Usa sua face para mostrar a Deus |
"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor!… |
… mas aquele que faz a vontade de meu Pai" |
Poderíamos encontrar muitos outros confrontos entre esses dois títulos, mas creio já ser suficiente para fazer a seguinte indagação: O que tem maior valor, um raro, bem feito e caríssimo instrumento ou o músico que usa tal instrumento para produzir uma linda melodia?
Poderíamos responder a essa pergunta de diversas formas, discriminando talvez, cada detalhe técnico que compreende desde a fabricação de um instrumento de qualidade, até a formação acadêmico musical de um talentoso músico, entretanto, quero tocar em um ponto muito mais sensível dessa questão: Quem é mais importante, eu e você que somos instrumentos belos, raros e de mais alto preço feito por Deus, ou o Deus que nos usa como tal instrumento para produzir lindas melodias?
A resposta a essa pergunta seria até mesmo um tanto óbvia, pois nenhum cristão em sã consciência, baseado nesse conceito espiritual, diria que o instrumento é mais importante que aquele que o toca. Mas por vezes muitos de nós, músicos cristãos, temos nos considerado importantes demais ou independentes do toque divino, deixando de ser apenas um "Instrumento de Deus" e nos tornando assim um "Artista de Deus".
Diz o maestro Flávio Santos: "… o movimento CCM (Música Cristã Contemporânea) se caracterizou pelo surgimento dos chamados artistas cristãos. Diversos artistas da música evangélica se tornaram conhecidos e a música evangélica seguiu um caminho que em resumo foi o seguinte: A cada cd ou novo lançamento gospel o nome Jesus ou Deus foi desaparecendo." Fonte: Músicos Cristãos: Ministros ou Artistas?
A alusão a esse termo ("Artista de Deus") remete-se mesmo àqueles que, imbuídos de boa intenção, deixam levar-se pelo ambiente sutil de "glamour" (em menor ou maior grau) existente atualmente no meio evangélico musical em geral.
Como diferenciar então um "Artista de Deus" de um "Instrumento de Deus"?
O mesmo conceito bíblico aplicado ao profeta verdadeiro pode ser aplicado também para responder a essa questão: "Pelos seus frutos, os conhecereis…" Mateus 7: 16. Dessa forma peço a cada um avaliar-se junto a Deus e ver que frutos sua "música cristã" tem produzido, pois não pretendo incidir em conceitos pré-concebidos, incorrendo no erro de julgar quem quer que seja.
Reflita também no conselho inspirado: Diz Ellen White – "Exibição não é religião nem santificação. Coisa alguma há, mais ofensiva aos olhos de Deus, do que uma exibição de música instrumental, quando os que nela tomam parte não são consagrados, não estão fazendo em seu coração melodia para o Senhor. A mais aprazível oferta aos olhos de Deus, é um coração humilhado pela abnegação, pelo tomar a cruz e seguir a Jesus." (Evangelismo, p. 510).
Fato é que, com ou sem intenção, muitos músicos, têm se dedicado mais ao comércio de CDs – DVDs e até mesmo a "Shows de música cristã" que a nobre tarefa de levar a voz de Deus aos corações, chegando ao ponto de transformar a si próprio ou ao seu grupo em empresa, visando basicamente a parte comercial que o nome de Deus pode trazer.
É errado ter seu sustento e o de sua família, exercendo seu ofício como músico cristão? Então quem sabe, é errado ter lucros e maiores recursos financeiros provenientes desse ofício? De modo algum, pois na bíblia encontramos muitos exemplos de grandes instrumentos de Deus que foram ricamente abençoados financeiramente por Ele, dos quais podemos citar: Abraão, Davi, Salomão e vários outros. O erro está em colocar o "eu" em detrimento ao grande EU SOU, colocar sua imagem frente à face de Deus, seguir as próprias vontades no lugar da sábia vontade de Deus, tentar produzir o milagre da música salvadora sem o toque de Deus em sua vida.
Observação para meditar: Os personagens bíblicos citados realmente foram muito abençoados por Deus, até mesmo do ponto de vista financeiro. Mas eles não ganharam este dinheiro comercializando sua adoração. Na verdade, não existe nada no relato bíblico que possa ser utilizado como embasamento para o movimento atual em torno da indústria fonográfica. O ministério dos levitas era uma coisa completamente diferente (tanto é assim, que não foi citado aqui como exemplo) e, embora eles fossem sustentados com recursos do dízimo (pois eram sacerdotes, ou ministros), nenhum deles era rico. Portanto, talvez fosse necessário rever este parágrafo.
Um instrumento por mais caro, belo e raro que possa ser não produz uma nota sequer sozinho, nem tão pouco boa música, é necessário ter o toque de um bom músico para isso. Cada um de nós, é com toda certeza de um valor inestimável (João 3:16), de uma raridade e beleza inequívoca para Deus( Isaías 43:1). Muitos de nós somos dotados de maravilho e admirável talento musical, mas temos de ter sempre em mente que por mais fantásticos que possam ser nossos talentos, devemos ser apenas instrumentos nas mãos do grande Maestro que é nosso Deus e assim, ao termos a total e irrestrita consciência disso e nos entregarmos como tal em suas mãos, poderemos ser usados para produzir melodias de bênçãos transformadoras de corações.
Fonte: Vocal Ellos