por: Pr. Jael Enéas
A semana do “arquiteto” do louvor começa cedo. Não importa o nome que a função recebe na igreja, se ancião da música, diretor do louvor, regente congregacional ou diretor de música. O fato é que todos percebem quando o “arquiteto” está por perto. O culto é diferente! Você põe o pé na igreja e logo pressente que a atmosfera é de adoração transcendente. É que por detrás de um culto significativo, existem várias equipes e um “arquiteto”, aquele que faz a “gestão do louvor” ou a “gestão litúrgica”.
Tudo começa com o planejamento compartilhado, quando as diversas equipes se reúnem para “sonhar” com uma igreja mais relevante, onde círculos de amizade se transformam em círculos de discipulado. Por isso, quem promove o louvor, tem que ser um “arquiteto” plural, proativo, perspicaz, que pense num edifício onde todos se sintam bem. E, isto requer bom senso e sensibilidade do Espírito Santo.
Profissionais da arquitetura, além de otimizar espaços, designs e fluxo de pessoas, se preocupam com a escolha de materiais, cores e o melhor paisagismo. Assim, também acontece num culto de adoração. Ao ouvir o pastor, anciãos e as diversas equipes da igreja, quem organiza a música começa, então, seu trabalho de “arquitetar o louvor”. É um trabalho de escolha, intuitivo, por vezes técnico, feito com oração, aconselhamento e humildade. Ele não é um mero executor da escala de música, até porque, a igreja é um organismo vivo, com necessidades sentidas.
A semana começa com uma agenda de contatos. E, um dos primeiros contatos é com o pastor ou com aquele que vai ser o orador. Verifica-se o tema do sermão, dialoga-se sobre aspectos importantes da aplicação do texto bíblico e conversa-se sobre como será o apelo. Com esta informação em consenso, busca-se o grupo de louvor e o pessoal do instrumental para compor juntos a atmosfera de adoração. A ordem litúrgica e os hinos a serem cantados é uma fina arte, feita com escolha criteriosa, tendo em mente a diversidade humana e a unidade do Espírito. Escolher é parte do ministério do “Arquiteto do Louvor”, da mesma forma, como profissionais da arquitetura tem que escolher com técnica e esmero os móveis, as cores e as plantas para seus projetos arquitetônicos.
Um edifício sem pessoas não tem sentido de existir, por isso, humanizar ambientes é uma discussão atual. O arquiteto Glaucus Cianciardi (2010)[1] falando sobre decoração de um ambiente, diz que:
“Uma casa, por si, não é um lar. É um objeto arquitetônico inanimado…Somente após um processo de domínio territorial tal espaço se transforma em lar. A decoração faz parte dessa apropriação. Decorar é… conferir sentido a um lugar, tornando-o mais significativo do que um abrigo.”
De igual forma, um templo só terá vida se as portas estiverem abertas. Por esta razão, o louvor será sempre organizado pensando nos adoradores, ávidos para um encontro com Deus. Quando eles chegam, não esperam encontrar um edifício “inanimado”, mas, sim, um lugar acolhedor. Tudo deve ter um sentido: a recepção, o louvor, o sermão, as pessoas. Quem dirige o louvor deve ter a perspicácia do “decorador”, que escolhe a decoração de acordo com o ambiente.
O “Arquiteto do Louvor” faz o mesmo. Antes de propor o “roteiro” de hinos, ele “sente” as necessidades espirituais da comunidade, assim, cada letra, cada melodia, terá um sentido especial para o viajor cansado, o enlutado que chora, para o ferido que tateia em busca de esperança. A atmosfera de adoração é uma construção articulada, feita sob égide do Espírito Santo.
O lado mais tocante do louvor é quando você adorador “entende” a proposta e se une em adoração, em unidade, em espírito. O editor do Comentário Bíblico Adventista em língua portuguesa, Vanderlei Dorneles, (2014)[2] afirma que:
“Pela invocação do nome de Cristo, ao adorar a Deus, os fiéis adentram literalmente as cortes celestiais. O nome de Cristo, pelos méritos de Seu sangue, desfaz toda barreira de separação e eleva os crentes à audiência com o próprio Deus, no santuário celestial.”
À beira do poço, Cristo disse a mulher samaritana que “está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura” (João 4: 23)[3]. Nenhuma arquitetura de louvor terá sentido se sua voz não for ouvida na audiência dos crentes. Então, faça da sua vida um “Hino de Louvor”.
[1] CIANCIARDINI, Glaucus. Psicologia para Decoração. Revista Mente e Cérebro, n. 204, Jan. 2010. https://revistamentecerebro.uol.com.br Acesso em: 03 Ago 2014.
[2] DORNELES, Vanderlei. A Igreja em Adoração. ISSN 1981-1462 – Revista Adventista, Tatuí. No. 1270, p. 8-11, Mar, 2014.
[3] BÍBLIA SAGRADA. Nova Versão Internacional (NVI). Sociedade Bíblica Internacional. Editora Vida, Copyright 1993, 2000 de Bíblica, Inc.
O pastor Jael Eneas é mestrando em Teologia e diretor de desenvolvimento espiritual do UNASP, Campus Hortolândia. Compôs “Colheita 90”, “Nacional 89” para DSA. Lecionou música sacra para o SALT. Durante 21 anos liderou o ministério de música, comunicação e educação em Associações e Uniões nas regiões norte, noroeste e sudeste. Participou da Comissão Revisora do Hinário Adventista em 1996. Twitter: @jaeleneas
Fonte: Noticias Adventistas