por: Dr. Fernando Canale
Segunda Parte – União
“Na segunda parte, considerarei alguns fundamentos bíblicos que conduzem à conclusão de que o estilo de vida cristão pertence à salvação”. (p. 21)
“[…] exploraremos a Escritura para determinar se uma compreensão bíblica da salvação desconecta o estilo de vida da salvação, ou o conecta, como um componente necessário da experiência da salvação” (p. 59)
“Nesta parte descobriremos que, de acordo com a Escritura, a vida cristã é salvação. A perspectiva da Escritura sobre a relação do estilo de vida com a salvação se encontra em oposição direta com a perspectiva de Lutero sobre a justificação pela fé examinada na primeira parte deste livro. […] Contudo, na Escritura, a relação entre salvação e estilo de vida é contrária à desconexão que Lutero propõe entre a justificação e o estilo de vida cristão”. (p. 61)
“Infelizmente, inclusive adventistas bíblicos, conservadores e fiéis, adotam a interpretação que Lutero deu à doutrina da justificação pela fé. […] Assim como Lutero, pregam que a justificação pela fé é a salvação e as obras de obediência à lei (que Lutero rejeita) são os frutos da salvação que eles acreditam que já possuem. Encontro essas ideias em Lutero. Mas não as encontro em Jesus Cristo, no Antigo Testamento ou em Paulo. Sugiro que os adventistas deveriam seguir os ensinos de Cristo como se expressam na totalidade da Escritura”. (p. 61)
“Devido a não termos utilizado a estrutura santuário-pacto do pensamento bíblico em nossa compreensão da salvação por um longo tempo, admito que a maioria dos pastores adventistas não possua uma ideia clara a respeito dela”. (p. 62)
“Pretendo colocar juntas as perspectivas de Paulo e Cristo sobre a salvação e o estilo de vida. Para dizer de outra forma, estudarei o ponto de vista de Cristo e de Paulo sobre a salvação e a vida para descobrir de que maneira ambos relacionam o estilo de vida com a experiência da salvação”. (p. 62)
Capítulo 7 – Fundamentos Metodológicos
A pergunta fundamental
“Necessitamos cumprir os mandamentos de Deus e viver uma vida santa para ser salvos?” (p. 63)
“Ouvimos os pregadores enfatizando os requisitos mínimos para a salvação e dizendo aos membros da igreja que ‘são salvos’. […] as pessoas que só se preocupam com um mínimo de exigências para salvarem-se, consideram o estilo de vida cristão como não essencial e dispensável”. (p. 64)
“O assunto fundamental é que se a justificação é salvação, a ênfase adventista no estilo de vida passa a ser cultural, dispensável e carente de significado. Por trás da secularização do estilo de vida adventista, encontramos esta proposição fundamental: O estilo de vida adventista é um fenômeno cultural do século XIX herdado dos pioneiros, carente de significado para as pessoas do século XXI e dispensável, pois não é necessário para a salvação”. (p. 64)
A brecha hermenêutica
“[…] os escritores adventistas admitem que seus colegas evangélicos aceitam os mesmos princípios hermenêuticos que eles. Como vimos na primeira parte […], este não é o caso. Os teólogos evangélicos entendem implicitamente a realidade e as ações divinas baseando-se nos ensinos das filosofias gregas”. (p. 65)
“Para tornar mais simples, o diagrama a seguir contrasta as ideias hermenêuticas principais dos teólogos evangélicos e adventistas. Os evangélicos interpretam a realidade e as ações de Deus de acordo com categorias neoplatônicas, os adventistas entendem Deus e suas ações em concordância com as categorias do santuário bíblico. O mesmo se aplica à compreensão da realidade humana. Ao seguir as mesmas categorias, os evangélicos entendem a natureza humana em termos de alma imaterial e os adventistas a entendem como o indivíduo vivente corporal e pensante em toda a sua complexidade”. (p. 65)
HERMENÊUTICA EVANGÉLICA |
HERMENÊUTICA ADVENTISTA |
Filosofia neoplatônica: Deus atemporal |
Doutrina do Santuário: Deus histórico |
Descontinuidade entre Antigo e Novo Testamento, entre lei e graça |
Continuidade entre Antigo e Novo Testamento, entre lei e graça |
Alma imortal |
Alma histórica |
“Estes são os paradigmas utilizados na compreensão de todas as doutrinas, não apenas da justificação pela fé e sua relação com o estilo de vida. Os adventistas entendem todas as doutrinas de uma forma diferente, porque assumem uma interpretação bíblica no lugar de uma interpretação filosófica clássica ou moderna das pressuposições hermenêuticas requeridas para fazer teologia cristã”. (p. 67)
Limitações
“Frequentemente tiramos conclusões baseados em evidência bíblica limitada ou descuidamos da complexidade envolvida nas verdades bíblicas. A verdade que temos em mãos, a salvação e o estilo de vida, é um assunto complexo”. (p. 67)
“Além disso, todas as investigações são limitadas. […] A conclusão incontestável é que nenhum de nós, incluindo este escritor, tem o controle sobre a verdade. Devemos aprender uns com os outros. Obviamente, isto é verdade considerando que todos nós trabalhamos sobre a mesma base hermenêutica. Ou seja, deveríamos combinar em definir nossos princípios hermenêuticos e nossas compreensões teológicas baseados nos princípios de sola, tota y prima Scriptura.” (p. 68)
“Nestas páginas estou captando parcialmente alguns traços da verdade bíblica, e procurando ajudar os leitores em sua própria busca pela verdade. Não obstante, se trabalharmos sobre o mesmo fundamento e a partir dos mesmos princípios hermenêuticos, nossas descobertas não serão contraditórias, mas sim complementares”. (p. 68)
Enfoque sistemático
“Trataremos de determinar a maneira como os ensinos bíblicos se ajustam uns com os outros sem distorcer o significado único e as contribuições de cada uma das partes. À medida que descobrimos a forma como as partes se encaixam entre si, o sistema harmonioso dos ensinos bíblicos ficará progressivamente mais claro diante de nós”. (p. 69) [1]
Capítulo 8 – A ordem histórico-teológico da salvação
“Algumas passagens da Escritura nos ajudam a entender a ordem de desenvolvimento e harmonia interna das obras salvadoras de Deus. Em Romanos 8:29-30, Paulo fala sobre os grandes feitos que Deus realiza em favor de nossa salvação. É interessante notar que Paulo reconhece várias ações envolvidas no plano de salvação de Deus e descobre que as vincula em uma ordem muito exata: ‘Pois os que [1] conheceu por antecipação, também os [2] predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E os que predestinou, a eles também [3] chamou; e os que chamou, a eles também [4] justificou; e os que justificou, a eles também [5] glorificou’. (grifo do autor) (p. 71)
“Vejamos a ordem histórica de Paulo:
PRECONHECIMENTO —> PREDESTINAÇÃO —> CHAMADO —> JUSTIFICAÇÃO —> GLORIFICAÇÃO
“Obviamente sabemos, pelo que diz o restante da Escritura incluindo os escritos paulinos, que esta lista não está completa. Mas Paulo, como um qualificado teólogo sistemático, é capaz de identificar e vincular com exatidão em sua ordem histórica a sequência histórica essencial da história da salvação (o Grande Conflito)”. (p. 71)
“Aqui Paulo apresenta uma sequência de atividades divinas: preconhecimento, predestinação, chamado, justificação e glorificação. Estas se estendem desde a fundação do mundo (preconhecimento e predestinação), até nossa experiência no mundo atual (chamado e justificação) e alcançam o mundo vindouro (glorificação)”. (p. 71)
“Podemos verificar que Lutero e Calvino adotaram esta sequência formalmente. Como dissemos no capítulo 4, Lutero viu a predestinação como a causa da justificação”. (p. 72)
“Contudo, devido à hermenêutica neoplatônica, Lutero e Calvino não entenderam esses versículos como uma sequência histórica de atos redentores de Deus. Uma vez que para eles Deus é atemporal, entenderam esta sequência como se elas fossem conclusas simultaneamente. Portanto, a sequência representa mais uma ordem lógica do que cronológica. Por outro lado, como os adventistas rejeitam a perspectiva neoplatônica atemporal de Deus, a sequência de Paulo é compreendida como a coluna vertebral da história do Grande Conflito entre Cristo e Satanás. Em consequência, a teologia adventista se distancia radicalmente da forma na qual a teologia evangélica entende os atos salvadores de Deus”. (p. 72) [2]
“Os adventistas raras vezes falam sobre o preconhecimento divino ou a predestinação. Antes da criação Deus previu que suas criaturas pecariam. Usariam as faculdades que lhes foram concedidas ao serem criadas à imagem de Deus (mente, vontade e capacidade de trabalhar – Gênesis 2:7) para rebelar-se contra a ordem espiritual da criação centrada em Cristo (Provérbios 8:22-23; Colossenses 1:17). Porém, apesar de seu conhecimento antecipado da rebelião dos anjos e dos seres humanos, Deus assim mesmo decidiu criá-los. Contudo, antes de concretizar a criação, Deus traçou um plano de ação para redimir a raça humana rebelde. Na Escritura, chama-se predestinação divina o plano de Deus para a salvação do mundo que Ele poria em ação assim que o pecado viesse a ser realidade, distorcendo assim a harmonia inicial perfeita de sua criação. É interessante que nesta passagem Paulo somente explica sobre o significado da predestinação. Não disse que Deus predestinou aqueles que seriam chamados, justificados e glorificados para que ‘fossem feitos conforme à imagem de seu Filho’. Sempre que a palavra grega ‘summórfous’ é usada significa ‘que tem a mesma forma ou natureza’, é evidente que Paulo está revelando a meta que Deus deseja alcançar através da operação de seu plano de salvação. Deus desejava restaurar nos pecadores sua própria imagem que havia sido danificada e violentada através do pecado e da rebelião. Esta tarefa levaria tempo”. (p. 73)
“Dessa forma, a predestinação/justificação de Deus (plano de salvação) não pode consistir, como Lutero e os evangélicos pretendem, em um perdão total de todos os pecados passados, presentes e futuros. Em lugar disso, vemos Deus comprometendo a si mesmo antes da criação do universo, a fim de transformar os pecadores de acordo com a ordem original da criação, isto é, de acordo com um estilo de vida centrado em Cristo. Por que Paulo aqui expandiu este aspecto de predestinação divina? Provavelmente porque desejava que seus leitores entendessem que, de acordo com o plano de predestinação divina, Deus queria que os seres humanos chegassem a ser como Jesus Cristo. Além disso, chegassem a ser a imagem de Jesus e viver como Jesus viveu”. (p. 73) [3]
Capítulo 9 – A ordem existencial da salvação
“Agora vejamos o que Jesus, o Filho de Deus, tem a dizer sobre a experiência humana de salvação. Assim como Paulo vincula os eventos salvíficos teologicamente, desde a perspectiva das atividades de Deus, Jesus vincula os eventos salvíficos pastoralmente, desde a perspectiva da experiência humana”. (p. 75)
“Em João 8:31-36 encontramos Cristo como o Bom Pastor, ministrando a alguns judeus que (1) ‘haviam crido nele’, em relação aos passos progressivos envolvidos na experiência de salvação. Jesus lhes explicou: (2) ‘Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, (3) verdadeiramente serão (no grego ‘são’) meus discípulos. E (4) conhecerão a verdade, e (5) a verdade os libertará’. Eles lhe responderam: ‘Somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como você pode dizer que seremos livres?’ Jesus respondeu: ‘Digo-lhes a verdade: Todo aquele que vive pecando é escravo do pecado. O escravo não tem lugar permanente na família, mas o filho pertence a ela para sempre. Portanto, (6) se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres’ (João 8:31-36 NVI – parêntesis inseridos)”. (p. 76)
Os judeus crentes
Nesta passagem encontramos que Jesus estava tratando de fazer com que as pessoas cressem nele como o Messias enviado por Deus. Esta não era uma tarefa fácil, mesmo para o Filho de Deus. Jesus usou diferentes metodologias, estratégias, milagres, e incluindo a ressurreição de Lázaro. Em João 8:31-36 Jesus ministra aos judeus que haviam crido nele. […] Jesus considerou a fé nele como o ponto de partida da experiência cristã”. (p. 76)
“[…] Pela graça de Deus, o Filho de Deus encarnado, a segunda pessoa da Trindade, se revelou a eles de maneira direta. A revelação gera fé. Nos ensinos e nas obras de Cristo experimentarão a graça. Deus revela graça quando faz coisas que os pecadores não merecem como, por exemplo, vir a falar-lhes e ensiná-los pessoalmente. A revelação de Deus manifesta sua graça. A revelação é necessária para que a fé exista, porque a fé vem a partir do conhecimento e o conhecimento procede da palavra de Cristo (Romanos 10:17)”. (p. 76)
Permanecer na Palavra de Deus
“Cristo não os saudou por sua fé ou lhes assegurou a salvação. Na realidade, o que Ele lhes disse lembra que a salvação envolve mais que somente a fé inicial no nome de Jesus. […] Sem permanente estudo da Palavra de Deus e meditação nela, os cristãos não podem esperar a salvação. Esta condição se aplica a todos por igual. […] sem uma contínua compreensão de Deus, não podemos exercer uma fé duradoura. A salvação flui de uma relação contínua com Deus através do conhecimento e da fé”. (p. 77)
Verdadeiros discípulos
“Jesus não está interessado no conhecimento mental, mas no discipulado. Jesus sustenta que aqueles que continuam em sua palavra serão seus discípulos, porque a Palavra de Deus é poderosa pelo fato de que Deus atua através de nossa compreensão dela”. (p. 77)
“Compreender a Cristo e ter fé nele necessariamente implica segui-lo. Isto é discipulado. […] A ausência de discipulado implica ausência de fé e/ou conhecimento. Portanto a fé, como uma livre decisão humana, envolve a confiança na pessoa de Cristo, sua sabedoria, seu conhecimento, seus atos e poder. A fé existe no discipulado”. (p. 77)
“Um discípulo é um seguidor dos ensinos de Cristo. Cristo ensinou por preceito e por exemplo. Os discípulos são seguidores tanto no que se refere ao pensamento como à ação. O pensamento e a ação são a vida. Um discípulo, por definição, existe quando há um estilo de vida gerado pelo prosseguimento da fé, isto é, a obediência”. (p. 77)
Libertados pela verdade
“Ao referir-se ao prosseguimento da fé (‘conhecerão a verdade’), Jesus disse: ‘e a verdade os libertará”. Isto é muito interessante, porque Jesus Cristo, nosso libertador, afirmou que seguir a verdade (seus ensinos e exemplo) como discípulos nos faz livres. […] Ao seguir sua verdade, Ele nos dá a luz para que escolhamos o que é correto e, em consequência, nos libertamos das escolhas equivocadas e de suas consequências autodestrutivas. No prosseguimento da fé (conhecimento da verdade), a verdade de Cristo se converte no princípio governante da liberdade, modelando o estilo de vida cristão. Assim como a liberdade na verdade de Cristo, o estilo de vida pertence à experiência da salvação”. (p. 78)
“Em sua lei, Cristo proporciona os princípios que necessitamos para exercer nossa liberdade. Quando, no prosseguimento da fé, usamos a verdade de Cristo como o princípio que guia nossas vidas, seremos livres. A verdade de Cristo substitui os padrões culturais que nos escravizam. Experimentamos a conversão quando, pela fé, seguimos a Jesus. A conversão significa ter a mente de Cristo. […] Deus muda nossas mentes gradualmente através do exercício da fé em Cristo. Ao vir a Cristo com fé, ouvindo a Cristo, aprendendo dEle, meditando sobre seus ensinos e atos, Deus substitui gradualmente os padrões mundanos do pensamento e da liberdade por seus próprios padrões revelados em sua lei”. (p. 78)
A liberdade verdadeira
“Os discípulos de Cristo precisam ser filhos, através da adoção. […] Existem duas condições nos passos estabelecidos por Cristo. A primeira é permanecer na palavra de Cristo. Cumprir esta condição é a resposta de fé à revelação e ao chamado de Cristo. De fato o cumprimento desta condição faz dos pecadores discípulos de Cristo que conhecem a verdade e experimentam a liberdade existencial através dEle. Contudo, a liberdade existencial não dá aos discípulos os direitos da herança (a vida eterna no mundo renovado). Portanto, há uma segunda condição nos passos de Cristo. A segunda condição consiste em que a obra do Filho de Deus liberte os discípulos do pecado. Esta é a obra por meio da qual Cristo, nosso sumo sacerdote, nos justifica de nossos pecados”. (p. 79)
“Cristo, o Bom Pastor, esboça a ordem da experiência cristã. Primeiro vem a graça, a revelação e a fé; em segundo lugar, a contemplação das palavras de Cristo na Bíblia; terceiro, ao imitar a Cristo em nossas vidas cotidianas seremos seus discípulos; quarto, a santificação, a liberdade para a vida através da obediência; e, finalmente, a justificação, a liberdade dos pecados passados que dá o direito à herança quando o Filho liberta e adota seus discípulos como filhos e filhas. Jesus disse que Ele justifica seus discípulos. Os discípulos seguem a Cristo em obediência às suas palavras, aos seus ensinos e ao seu exemplo”. (p. 79)
“A ordem pastoral de Cristo em termos teológicos (p. 80):
GRAÇA, REVELAÇÃO, FÉ —> CONTEMPLAR CRISTO (teologia) —> IMITAR CRISTO (discipulado) —> SANTIFICAÇÃO (liberdade para a vida) —> JUSTIFICAÇÃO (liberdade do pecado)
“Em resumo, a graça nos guia em direção à contemplação da revelação de Cristo através da meditação contínua e do estudo pessoal de sua Palavra. Através dela somos conduzidos ao discipulado, à imitação de Cristo e à santificação. Esta experiência é a obediência de fé da qual fala Paulo (Romanos 1:5 e 16:26); e é através dela que recebemos a morte e a obra intercessora de Cristo como justificação pela fé e como nossa adoção em sua família”. (p. 80)
Capítulo 10 – A interconexão dos planos teológico e existencial na experiência da salvação
“[…] Lutero construiu sua compreensão da salvação a partir dos conceitos de justificação dos escritos paulinos. Mas, devido aos pressupostos não bíblicos que trouxe da tradição católica romana, Lutero não foi capaz de ver a harmonia interna que existe entre a ordem teológica de Paulo e a ordem pastoral de Cristo”. (p. 81)
“De maneira magistral, a sequência de Paulo descreve o fundamental da história da salvação desde a perspectiva da ação divina. Usa duas expressões para referir-se à obra de Deus de salvar os seres humanos: chamado e justificação. O chamado dá começo à experiência humana da salvação e a justificação a termina. A ordem teológica de Paulo e a ordem pastoral de Cristo se encaixam perfeitamente”. (p. 81)
“[…] A ordem pastoral de Cristo amplia o que Paulo deixou de mencionar entre o chamado inicial e a terminação da experiência humana da salvação. Ambas as abordagens se complementam uma a outra. Paulo contribuiu com o quadro maior no contexto a partir do qual deveríamos entender a ordem pastoral de Cristo. Por sua vez Cristo contribuiu com mais detalhes estruturais ao esboço paulino, ampliando a experiência da salvação”. (p. 82)
“Finalmente, deveríamos entender de maneira cronológica (diacronicamente) a sequência ampla de atividades divinas na história da salvação. De modo contrário, deveríamos entender de maneira simultânea (sincronicamente) o ordenamento específico de Jesus dos componentes fundamentais da nossa experiência cristã. […] De fato, na ordem pastoral e de experiência que Cristo descreve, os passos sucessivos não substituirão os anteriores. Vamos experimentá-los simultaneamente através de nossa experiência atual. Inclusive na nova terra, continuaremos experimentando a revelação divina, a fé, a teologia, o discipulado e a santificação. Somente não se aplicará a justificação, pois obedeceremos a Deus perfeitamente pela eternidade” (p. 83)
Graça, revelação e fé
“A comunicação divina é iniciativa do próprio Deus. Não podemos fazer com que Deus nos fale. O que podemos fazer é ouvir. Portanto, de que forma Deus se relaciona conosco que vivemos depois do tempo da encarnação de Cristo? Em outras palavras, como é que experimentamos Deus?” (p. 83)
“Os cristãos em geral creem que eles têm duas formas de experimentar: através da percepção sensorial (que é a forma natural da vida cotidiana), e através da alma (a forma espiritual). Este ponto de vista pressupõe a aceitação da imortalidade da alma, pois é ali onde se atribui que tem lugar a experiência espiritual com Deus. É a partir desta perspectiva do misticismo católico romano antigo e do ‘espiritualismo’ protestante recente que é proposta uma experiência ‘espiritualista’ com Deus” (p. 83)
“Os adventistas do sétimo dia não creem na imortalidade da alma, porque não tem base nas Escrituras. Sabem que não existe uma ‘esfera espiritual’ para ‘experimentar a Deus’. A única forma na qual Deus pode comunicar-se conosco é através da percepção sensorial. Esta é a razão pela qual o Cristo encarnado foi, é e sempre será a mais elevada e direta revelação de Deus aos seres humanos. Contudo, considerando que Cristo está no céu, como podemos experimentá-lo?” (p. 84)
“Depois da morte, da ressurreição e da ascensão de Jesus Cristo, a revelação divina segue fluindo desde o Cristo encarnado. ‘Porque Deus – explica Paulo –, que disse: ‘Das trevas resplandeça a luz’, Ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo’. (II Coríntios 4:6, NVI, ênfase acrescentada). Conhecemos e experimentamos a Deus em Cristo. De acordo com Paulo, ‘na face de Cristo’”. (p. 84)
“Onde vemos a face de Cristo hoje? Na Escritura. Não existe outra maneira. Não experimentamos a Deus no poder do Espírito, através da música ou por meio de exercícios espirituais. Vemos a face de Cristo na Escritura. […] Ao conhecer este princípio fundamental da comunicação e da experiência divina, Paulo nos adverte para que não nos conformemos com este mundo, mas que sejamos transformados por meio da renovação da nossa mente (Romanos 12:2)”. (p. 84)
“[…] Paulo também afirma que temos a fé ‘segundo a medida da fé que Deus distribuiu a cada um’ (Romanos 12:3, NVI). Assim como Lutero, a maioria dos evangélicos entende esse texto como uma prova de que os crentes possuem fé salvífica como um dom sobrenatural garantido. Dito de forma breve, a fé salvífica não é um ato humano, mas uma decisão e um ato divino”. (p. 85)
“[…] se a fé é um ato através do qual os seres humanos podem responder livremente ao chamado divino para serem salvos ou podem recusá-lo, não podemos dar como certo que Paulo ensine que somente os crentes recebem fé salvífica como um dom de Deus. Pelo contrário, Paulo está dizendo que todos os humanos têm a capacidade de exercitar a fé no chamado de Deus. Esta capacidade, não seu exercício, é um dom de Deus. Portanto, todos os seres humanos podem usar sua capacidade dada por Deus para crer em Satanás, neles mesmos ou no chamado de Deus”. (p. 85)
“Em resumo, sem conhecer a Cristo através da Escritura, os humanos podem usar sua capacidade divinamente outorgada para confiar em si mesmos, na cultura ou em Satanás. Sem a iniciativa da graça de Deus que chama os seres humanos através da revelação de Cristo não haveria nenhuma salvação”. (p. 85)
“A conclusão é a seguinte: podemos experimentar a Deus somente através da contemplação dEle nas Escrituras. Entender a Deus na Escritura deveria ser o nosso pão de cada dia, o centro de nossa experiência de Deus todos os dias (Mateus 4:4 e João 6:63). Não podemos experimentar a Deus a menos que entendamos Cristo através de suas palavras e seus atos na Bíblia em sua totalidade. A salvação cristã requer o hábito do estudo da Escritura e meditação nela. Nossa vida eterna (presente e futura) depende disto. Se não estudamos e compreendemos a Escritura não podemos ver a face de Jesus Cristo. Se não vemos a face de Jesus Cristo, veremos outras faces mundanas que preencherão nossas mentes e guiarão nossas vidas. Se não vemos a Cristo, a cultura nos seculariza. Se vemos a Cristo, e exercitamos fé nEle, seremos transformados e santificados (isto é, vivemos de acordo com Sua vontade e não em conformidade com os padrões da cultura)”. (p. 86)
“Deus deu o raciocínio e a fé a todos os seres humanos. Temos que pensar. Temos que confiar. A maneira como pensamos e em quem confiamos define quem somos e quem chegaremos a ser. Deus nos tem dado uma medida de fé (Romanos 12:3), mas a fé que salva usa a medida de fé recebida para ver a Jesus Cristo e segui-Lo”. (p. 86)
Teologia
“[…] Como Cristo, Paulo vê a teologia como condição para a salvação pessoal e o êxito missionário (João 8:31 e I Timóteo 4:16). Além disso, conecta a doutrina com a salvação”. (p. 86)
“[…] Ao experimentar as doutrinas como ‘conhecimento intelectual’, muitos aceitam erradamente que estas não se relacionam com a presença e o poder sobrenatural de Deus. De forma previsível, muitos buscam o poder divino em fontes vazias; a música e as práticas espirituais são escolhas populares em alguns setores do adventismo contemporâneo. Ao misturar a Escritura com pensamentos e práticas extrabíblicas, a secularização do estilo de vida adventista e a interrupção do crescimento da igreja se intensificam”. (p. 86)
“Porém, o poder de Cristo e o poder do Espírito Santo fluem da compreensão teológica e da meditação de sua Palavra. O poder está em sua Palavra, as palavras e as ações de Cristo na forma humana em toda a Escritura”. (p. 87)
Discipulado
“De acordo com Cristo, se meditarmos na Escritura buscando compreendê-lo e às Suas ações, seremos Seus discípulos. Umas poucas semanas antes, Cristo tinha explicado a natureza do discipulado no contexto da proximidade de seus padecimentos e de sua crucifixão – ‘Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a vida por minha causa, este a salvará” (Lucas 9:23-24, NVI). Cristo deixa claro que sem discipulado não há salvação. Somente os discípulos recebem a salvação de Cristo”. (p. 87)
“[…] Cristo explica que o discipulado promove uma mudança completa na forma de pensamento e no estilo de vida do cristão, o que implica em deixar para trás a vida mundana; esta mudança é necessária para a salvação. A cruz e a justificação operam a salvação somente para os discípulos”. (p. 87)
“Paulo explica a mudança radical incluída no discipulado de Cristo como a morte de nossa velha identidade (o ‘eu’). ‘Pois sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não mais sejamos escravos do pecado’ (Romanos 6:6-7, NVI). A liberdade do pecado requer a morte de nossa antiga forma de pensar e de viver”. (p. 88)
“A forma de pensar e de viver culturalmente construída que herdamos através da educação nos escraviza ao pecado, porque brota de mente não regenerada daqueles que escolhem não seguir Cristo. […] Neste contexto, Jesus Cristo proporciona liberdade do reino do mundo, cujo rei é Satanás. A salvação de Cristo não é apenas o perdão, mas principalmente uma mudança de mente e de vida. Tanto Cristo quanto Paulo estão de acordo que experimentemos a salvação pela morte para o mundo e o pecado; isto é, que a experimentemos como discipulado. Paulo fala da ruptura com nosso estilo de vida passado. Ao falar do discipulado Cristo destacou o novo estilo de vida que substitui o antigo”. (p. 88)
“A liberdade cristã requer novos princípios e valores para pensar e agir. Por sua graça Deus provê a seus discípulos os princípios necessários para a liberdade em sua lei eterna. […] Sem a revelação gratuita da lei nunca poderíamos descobrir que somos escravos do pecado e dos princípios do mundo”. (p. 88)
“Porém a lei não é suficiente para desempenhar esta tarefa. Deus nos deu também seu Santo Espírito. […] Através de Seu ministério os pecadores descobrem sua situação: são escravos de um estilo de vida autodestrutivo e simultaneamente se encontram condenados à morte”. (p. 88)
“Paulo indica que a lei de Deus é nosso mestre, ou ‘aio’, que nos conduz a Cristo (Gálatas 3:24). Porém, o nosso mentor é o Espírito Santo que usa a lei como instrumento para mostrar nossa situação pecaminosa e nossa necessidade de Cristo. Quando os pecadores se arrependem e se voltam para Cristo, nascem de novo. Volver-se para Cristo implica que os pecadores renunciam livremente os seus estilos de vida e abraçam o estilo de vida de Cristo fundamentado na obediência aos princípios da lei”. (p. 89)
Santificação
“[…] A teologia (a permanência na Palavra de Cristo) leva a seguir a Cristo (discipulado), e ambas as coisas conduzem ao descobrimento da verdade libertadora. A santificação é o termo bíblico com que se denomina a experiência libertadora de viver nossas vidas de acordo com a verdade (ensinamentos) de Jesus. A santificação significa que a vida cristã é diferente, separada da vida do mundo. É por isso que a secularização cristã é uma contradição”. (p. 89)
“[…] A crucifixão para o mundo significa que os cristãos já não desejam mais viver suas vidas de acordo com os padrões do mundo. Renunciam aos estilos de vida do mundo. Desta forma, o batismo testifica o compromisso do crente de deixar o mundo para trás e viver um novo estilo de vida de acordo com os princípios da lei e dos ensinos de Cristo. Se depois do batismo vivemos de acordo com os padrões da cultura, não somos cristãos e, portanto, não nos salvaremos. ‘… vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de Deus’ (Tiago 4:4, NVI)”. (p. 90)
Justificação
“Deus chama os pecadores a Cristo através do Espírito Santo (graça, revelação, chamado, fé). Quando os pecadores respondem seguindo a Cristo (permanecer em sua Palavra e ser discípulo), chegam a conhecer a verdade e através desta experimentam a liberdade do pecado presente (santificação). Porém, simultaneamente, através da morte, da ressurreição e do ministério de Cristo no céu, são libertados dos pecados passados (justificação)”. (p. 90)
“[…] A libertação completa do pecado vem do perdão de Deus através de Cristo. Somente Deus pode perdoar, somente Deus pode salvar. Quando estamos em uma relação de discipulado com Cristo, Ele nos coloca em uma relação correta com Deus. Paulo estabeleceu bem este ponto quando fala sobre a justificação pela fé. O estilo de vida cristão não nos salva de nossos pecados passados”. (p. 90)
“Pedro entendeu que o sangue de Cristo (resgate) e Seu ministério nos libertam de nosso estilo de vida vazio e vão (I Pedro 1:18-19). Nos tempos de Pedro, o ‘mundo’ que se supunha que os cristãos deixavam para trás era o estilo de vida do mundo e a tradição judaica. Em uma cultura global, os cristãos necessitam deixar para trás todas as tradições e os estilos de vida de origem humana”. (p. 90)
“Infelizmente, muitos, seguindo Lutero, pretendem que Paulo entendia que ter fé é confiar que, na cruz, Cristo nos salvou. Mas Paulo, seguindo a Cristo, entendeu a fé no sentido mais amplo de ‘obediência de fé’ (Romanos 1:5 e 16:26). Desta forma, fé e obediência estão de mãos dadas no discipulado”. (p. 91)
“Além disso, Paulo relaciona a fé que salva com a experiência da ‘cruz’. ‘Pois sabemos isto: a nossa velha natureza humana foi crucificada com Ele, para que o corpo sujeito ao pecado fosse destruído, a fim de não servirmos mais ao pecado. Pois quem está morto foi justificado do pecado’ (Romanos 6:6-7). Paulo implicitamente associa a fé que salva com a ‘morte’ ou ‘crucifixão’ do ‘velho homem’. A morte para a maneira passada de viver (o que Cristo chama de ‘novo nascimento’) é uma condição para receber a justificação”. (p. 91).
“Em síntese, a obra mentora do Espírito Santo provoca a livre resposta de fé e provoca a morte do velho homem. Portanto, Deus não justifica apenas os pecadores que confiam em seu ato de salvação na cruz. Em lugar disto, Deus justifica aqueles cuja fé causa a morte de sua velha forma de vida. Esta noção está paralela à perspectiva de Cristo segundo a qual se o homem quer ser salvo ‘negue a si mesmo, tome a cada dia a sua cruz e siga-me’ (Lucas 9:23-24). Portanto, de acordo com Paulo e Jesus, a fé implica na morte do antigo estilo de vida”. (p. 92)
“Em síntese, então, podemos dizer que embora o estilo de vida não seja a causa da justificação, é um componente necessário da experiência cristã da salvação. Nem Cristo nem Paulo reduzem a salvação à justificação”. (p. 92)
Capítulo 11 – Fruto da salvação?
“Em sua parábola da videira e dos ramos (João 15:1-6), Cristo fornece mais detalhes sobre os frutos do cristão. A fonte dos frutos cristãos é o Cristo encarnado, que constitui a videira (João 15:1). Os ramos, ou galhos, são os discípulos. Deus espera que eles produzam frutos (João 15:2). Embora Cristo seja a fonte dos frutos, os discípulos produzem esses frutos através de suas escolhas e de suas ações. Por esta razão, alguns ramos não produzem frutos e terminam sendo cortados de Cristo e jogados no fogo (João 15:6). Para evitar tal resultado os discípulos devem habitar continuamente com Cristo de maneira tal que Cristo habite continuamente com eles (João 15:4). Um estado contínuo de discipulado é a fonte do fruto cristão. Habitar em Cristo requer permanecer em suas palavras (João 15:7) e em seu amor (João 15:9)”. (p. 93)
“[…] Os frutos incluem todas as ações humanas. Separados de Cristo ‘nada podeis fazer’ (João 15:5). Com este contexto geral, Cristo explica os frutos que espera seus discípulos se baseiem e que eles deveriam fazer tudo em obediência a seus mandamentos (João 15:10, 14)”. (p. 94)
“Os frutos cristãos fluem a partir da compreensão da revelação divina, respondendo com amor ao amor de Deus, e de uma dependência pessoal contínua de Cristo encarnado que se encontra agora ministrando no santuário celestial através do Espírito Santo. Os frutos do cristão são obras de obediência da lei de Deus que abarca todos os aspectos de nossas vidas e atividades missionárias”. (p. 94)
“Desta maneira, o estilo de vida cristão não flui da justificação pela fé, mas sim a partir da relação pessoal progressiva entre o discípulo e Seu Mestre. […] De fato, Ele espera que os discípulos produzam fruto na vida real, que vivam um estilo de vida cristão que compreenda todos os aspectos da vida do crente. A ausência de um estilo de vida cristão abrangente nos professos crentes revela a ausência de uma conexão permanente com Cristo. A desconexão de Cristo procede da livre vontade do discípulo e conduz à destruição”. (p. 95)
“[…] através do ministério de ensino do Espírito Santo (1) a graça divina produz revelação; (2) a revelação produz fé; (3) a fé produz morte / novo nascimento / discipulado; e (4) os discípulos são justificados. Em síntese, aqueles que por fé em Cristo morrem para o estilo de vida mundano são justificados (Romanos 6:7)”. (p. 96)
“[…] simultaneamente, na mesma morte para o estilo de vida mundano pela fé em Cristo, os crentes são escravos (discípulos) de Cristo. Ocorre uma mudança completa das lealdades que implica renúncia ao mundo e renúncia ao ‘eu’, que implica submissão a Cristo e submissão à Sua missão”. (p. 96)
“Paulo resume em que consiste o fruto de ser libertado do pecado e estar totalmente comprometido com o estilo de vida de Cristo com uma palavra: santificação (santidade). […] Neste contexto, o fruto da liberdade do pecado e do compromisso total com o estilo de vida de Cristo inclui o fruto (Gálatas 5:22-23) e os dons do Espírito Santo (Efésios 4:11-12)”. (p. 96)
CAUSA —> Justificação (perdão dos pecados passados e total compromisso com Cristo)
FRUTO VERDADEIRO —> Santificação (estilo de vida presente)
META —> Vida Eterna [Glorificação] (futuro)
“O encadeamento que Paulo faz deixa claro que a posse da vida eterna não está incluída em suas causas, mas que depende delas. […] Em outras palavras, ao colocar a vida eterna como a meta da libertação do pecado e da escravidão a Cristo, Paulo mostra que a santificação é necessária para a salvação. […] O fracasso em comprometer-se com Cristo diariamente significa escravidão do pecado, uma recaída no estilo de vida mundano. Esta mudança de lealdade conduz à destruição eterna”. (p. 97)
“Portanto, vemos que a salvação cristã inclui uma estreita e inseparável união entre o estilo de vida e o perdão dos pecados. No processo da salvação, tanto a vida cristã como o perdão dos pecados ocorrem quando o ser humano livre responde com obediência de fé às iniciativas e às ações salvíficas do Pai, de Cristo, e do Espírito Santo”. (p. 98)
Capítulo 12 – Conclusão
“A perspectiva bíblica da salvação não deixa para trás a vida (as obras, a santificação e a obediência). Devido à perspectiva histórica unificada das realidades divina e humana, a vida cotidiana é o lugar onde ocorrem as múltiplas facetas da salvação (expiação, justificação, santificação, obediência e estilo de vida). De igual modo, a santificação e o estilo de vida não devem considerar-se como se estivessem ‘fora da salvação’.” (p. 100)
“Embora Cristo e Paulo ensinem que Deus perdoa os pecados somente pela graça, nenhum deles reduz a salvação à justificação pela fé. Além disso, ensinam que o estilo de vida cristão é um componente essencial da experiência de salvação e é necessário para alcançar a meta da vida eterna. […] A perspectiva bíblica da salvação inclui as experiências da vida cotidiana. Sem discipulado não existe salvação”. (p. 100)
“[…] a concepção holística adventista de estilo de vida está baseada em princípios da Escritura que é um componente necessário da experiência e do prazer da salvação em nossa vida presente sobre a terra (João 17:13), e uma condição para receber a vida eterna na segunda vinda de Cristo”. (p. 100)
“Os cristãos são discípulos. Por definição, os discípulos vivem de acordo com a Lei e o Espírito de Cristo. Para eles, os estilos de vida seculares são incompatíveis com o estilo de vida cristão. Portanto, os discípulos de Cristo rejeitam muitos dos padrões de conduta amplamente aceitos pelas culturas que existem ao redor do mundo. Já que Deus salva discípulos, os cristãos que defendem estilos de vida seculares deveriam estudar a Escritura cuidadosamente e reconsiderar sua relação pessoal com o Deus da Escritura”. (p. 101)
Notas:
1 – “… O ensino mais valioso da Bíblia não se consegue por meio de um estudo ocasional ou descontínuo. Seu grande sistema de verdade não se apresenta de tal maneira que possa descobri-lo o leitor apressado ou descuidado. Muitos de seus tesouros estão além da superfície, e somente podem ser alcançados por meio de uma investigação diligente e de um esforço contínuo. As verdades que formam o grande todo devem ser buscadas e reunidas ‘um pouquinho ali, outro pouquinho lá’ (Isaías 28:10). Uma vez buscadas e reunidas, corresponderão perfeitamente umas às outras”- Ellen White, Educação, p. 123. (p. 69) (voltar)
2 – Isto se manifesta na insistência adventista de prosseguir em um método historicista de interpretação profética. (p. 72) (voltar)
3 – Compare com outros aspectos da predestinação divina que Paulo descreve em Efésios 1:3-11. (p. 73) (voltar)
O Dr. Fernando Canale é licenciado em Filosofia e em Teologia, doutor em Teologia (PhD em Religião), pastor na IASD desde 1985, Professor de Teologia e Filosofia no Seminário Teológico da Universidade de Andrews (Michigan, USA), autor de artigos (acadêmicos e publicações denominacionais) e autor de vários livros desde 1986 (inglês e espanhol).
Fonte: Canale, Fernando, ¿Adventismo Secular? – Cómo entender la relación entre estilo de vida y salvación – Universidad Peruana Unión, 1ª edição (Dezembro 2012)
Traduzido e sintetizado especialmente para o Música Sacra e Adoração pela Profª Jenise Torres, em Março de 2014
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