por: Karina Carnassale Deana
Você já parou para pensar na concepção de equilíbrio no contexto religioso atual? Nem fanático, nem liberal – equilibrado. Nem totalmente contra o mundo, nem totalmente a favor dele – equilibrado!
Ao que parece, equilíbrio hoje passou a ser considerado como uma mistura daquilo que é certo com aquilo que é errado. Um pouco de lá e um pouco de cá. Meio termo, café com leite. A dose ideal para não ser taxado de extremista nem de apostado, mas sensato.
Em Apocalipse 3:15-16, ao descrever Laodicéia, a última igreja profética – que cremos representar a igreja atual de Deus –, a Bíblia apresenta uma concepção de equilíbrio muito semelhante à descrita acima:
“Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da Minha boca.”
Essa é a triste condição de Laodicéia. Nem quente, nem fria, mas uma mistura das duas temperaturas – morna, ou melhor, equilibrada (considerando a concepção moderna de equilíbrio). O próprio verso já diz o que Deus pensa dessa condição “equilibrada” de Laodicéia – ela Lhe causa uma verdadeira ânsia a ponto de chegar ao vômito, ou seja, à total rejeição, caso não haja arrependimento sincero e mudança de atitude.
Note que, segundo o verso, mesmo a triste condição de frio (apostatado) é preferível à condição de morno. Você já parou para pensar no por quê?
O frio sabe que está longe dos caminhos de Deus e, em geral, sabe que está errado. Ele simplesmente assumiu que não quer mais fazer a vontade de Deus. Apesar de estar longe, esse coração está em condições mais favoráveis de ser levado ao arrependimento pelo Espírito Santo, pois têm ciência de sua condição de pecado.
Já o morno, em seu coração diz: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta” (verso 17). Para o morno, sua condição espiritual está ótima, não há do que se arrepender (pelo menos não muito), afinal, é atuante na igreja, crê na Palavra de Deus, não comete pecados escancarados como os frios, ou seja, na média, suas obras são boas e vive em parte de acordo com o que acredita ser da vontade de Deus. Nesse coração o Espírito Santo tem mais dificuldade de trabalhar, pois não há consciência de sua real situação: “Desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu” (verso 17). O equilíbrio que o morno crê ser sensatez, na verdade, o cega e o leva para uma condição muito pior do que a do frio, pois sua vida, apesar de parecer mais consagrada do que a do frio, não está em total conformidade com a vontade de Deus, e para nosso Deus uma coisa boa não anula uma ruim, em parte bom, significa totalmente ruim. Para Ele, 99% não é suficiente, Ele quer tudo!
Qual seria, então, a concepção divina de equilíbrio? Em Atos dos Apóstolos, página 483, encontramos a resposta:
“Aquele que deseja construir um caráter forte e simétrico, e que deseja ser um cristão bem equilibrado, deve dar tudo a Cristo e fazer tudo por Cristo; pois o Redentor não aceitará serviço dividido. Precisa aprender diariamente o significado da entrega do eu. Precisa estudar a Palavra de Deus, aprendendo seu significado e obedecendo a seus preceitos. Assim pode ele alcançar o padrão da excelência cristã. Dia a dia Deus trabalha com ele, aperfeiçoando o caráter que deve resistir no tempo da prova final. E dia a dia o crente está manifestando diante dos homens e dos anjos um experimento sublime, mostrando o que o evangelho pode fazer por caídos seres humanos.”
“Sê pois zeloso, e arrepende-te”, diz o verso 19 de Apocalipse 3 à Laodicéia. Sejamos cristãos equilibrados segundo o conceito divino – e não secular. Sejamos totalmente consagrados ao Senhor, sem oferecer-Lhe serviço morno – em parte bom, em parte mundano. Submetamos diariamente o nosso eu, o nosso querer, à Sua divina vontade e permitamos que o nosso caráter seja aperfeiçoado para a Sua honra e glória. Amém!
Fonte: Vida Campestre