por: Fernando Melo
Rock, pagode, funk, lenta, clássica, brega, sertaneja, have metal, forró… a lista é grande e tem estilos para todos os gostos. Quando alguém diz que gosta de determinado tipo de música sempre haverá alguns que chamarão seu gosto de mal gosto, mas isto talvez não tragamaiores complicações que uma simples divergência de opinião. Mas quando se fala de música religiosa as coisas parecem ser diferentes. É preciso considerar o fato de que na música não religiosa existe boa música e música de péssima qualidade. Há uma música de consumo, feita com objetivos meramente comercias, que arrasta multidões de jovens num embalo alucinante, mas que não tem beleza musical e literária. Música feita para enriquecer gravadoras, produtores, artistas e empresários do ramo. Um emaranhado de luz, som e efeitos especiais atrai milhares aos clubes, salões e festas de rua sob o comando dos trios elétricos.
A música faz parte da vida social da humanidade, influenciando culturalmente o comportamento das pessoas, mexendo com as emoções e sentimentos, afeta a própria razão, determinando padrões de vida e alterando os rumos da sociedade. A experiência mais familiar aos jovens é a da música que toma conta deles: sabem que a música não os prende de um determinado lado, não os atinge só de um determinado aspecto deles mesmos, mas toca o centro de sua existência, atinge o conjunto de sua pessoa, coração, espírito e corpo. Ela os agarra, sacode, invade até impor-lhes um comportamento, um determinado jeito de ser. [Muitos “ídolos” musicais do momento], de talento próprio ou fabricado nos laboratórios empresariais de marketing publicitário para o mercado musical consumidor, tem servido de referência e padrão para juventude. A moçada come, bebe, veste, fala, usa e se comporta como seus ídolos. Estes modelos, não raras vezes, tem uma vida moral questionável. Ao admirá-los e amá-los, correm risco, mesmo inconscientemente, de serem influenciados pelo caráter e personalidade destes popstars. Georges Snyders – A escola pode ensinar as alegrias da música? p. 80 – diz que a música pode assumir proporções de violenta dominação opressora despertando dentro de nós forças desordenadas, indistintas e põe em movimento forças subterrâneas levando o homem ao próprio caos. Medo, crueldade, angustia, sensualidade trazem um misto de encanto e tristeza que são facilmente suscitados pelas tempestades musicais.
Várias experiências científicas já foram feitas comprovando a influência da música sobre o corpo e a mente. Até mesmo plantas e animais são afetados e tem seu desenvolvimento alterado pela ação da música. Então você não pode esperar que uma pessoa que escuta freqüentemente qualquer tipo de música continue do mesmo jeito. Ela será atingida na sua vida sentimental, social, emocional e espiritual.Imagine um filme sem música: as cenas de terror não causariam tanto medo, as cenas de ação não produziriam tanta adrenalina, as cenas de humor não produziriam tanto riso, as cenas de emoção não fariam brotar tantas lágrimas, as cenas de amor não fariam bater mais forte tantos corações apaixonados. Na verdade parece que um mundo sem música seria como um mundo sem cor. Sendo a música um poder tão abrangente, ela é alvo do interesse de vários seguimentos como a política, religião, comércio, mídia, entre outros. Mas o maior interessado no assunto é o ex-maestro da orquestra celestial, Satanás. Ele quer levar as pessoas a se afastarem de Deus, e tem usado a música como um instrumento em suas mãos. Você tem que estar ligado para que, ao se ligar em uma música, não esteja sendo desligado. Desligado das realidades da vida e das coisas espirituais. O que você está ouvindo? 93% dos jovens ouvem rádio cada semana. Os jovens gastam cerca de 7 horas por semana ouvindo rádio e cerca de 6 horas por semana ouvindo CDs e fitas. Daí o interesse do mercado fonográfico na juventude. Muitos jovens tem o gosto musical distorcido. É impossível que uma pessoa escute determinados tipos de música durante a semana inteira e tendo desenvolvido seu paladar musical para este estilo de musica não religiosa de baixa qualidade, que não eleva a mente e o espírito, tenha prazer na música de Deus. Por "curtir um som" que está nas paradas de sucesso, você pode colocar em risco suas bases espirituais.
Atualmente tem surgido um perigo para o jovem cristão, relacionado a música, que é mais sutil e sedutor que a música secular não religiosa, a música religiosa. A música não religiosa é facilmente identificada como uma música que não pertence a Deus. Sua origem e seus divulgadores denunciam sua influência prejudicial. A música religiosa contemporânea tem se assemelhado à música popular e por isso causado tantos questionamentos. Há um conceito filosófico de música evangélica que defende a ideia de que Deus é o Deus das artes e da música e que toda música pertence a Deus, não importa qual seja o tipo e que é preciso resgatar as músicas que estão sendo usadas por Satanás e colocá-las a serviço de Deus. Assim, samba, jazz, blues, etc., podem ser usados para adorar a Deus. Somado a isto, está a ideia que é preciso alcançar a pessoa no nível em que ela está, na sua cultura, em seus costumes. Portanto se um jovem gosta de rock, faça-se um rock evangélico para atraí-lo e agradá-lo, se outro aprecia música romântica, ofereça-lhe uma suave balada gospel. Seria este o método de Deus? Jesus desceu a Terra, misturou-se com os piores pecadores, conviveu com eles, mas nunca rebaixou as normas e os padrões para conquistá-los.Por outro lado existe a verdadeira filosofia cristã de música. Aquela que tem por princípio elevar o homem em todos aspectos de sua vida. A boa música sempre edificará, tanto mental como espiritualmente, tanto emocional como sentimentalmente. O critério de avaliação nunca deveria ser o gosto musical do ser humano afetado por influências culturais e sociaiscontaminadas pelo pecado.Não basta colocar uma letra falando de Deus, com citação de textos bíblicos ou expressando ideias religiosas para que esta música seja uma boa música e apropriada para o consumo de um jovem cristão. Mesmo que você goste de certas músicas, elas podem conspirar contra sua fé.
A questão não é ser liberal ou conservador. O fato é que temos que ter consciência de que como jovens do século XXI, não somos obrigados a gostar de música de mil anos atrás, mas precisamos estar atentos para o tipo de música que estamos consumindo e apreciando. Você deve estar se perguntando: "Já que eu tenho que gostar da música que Deus gosta, qual é o gosto musical de Deus? Será a música medieval européia ou a americana do século passado? Será o canto gregoriano ou a música gospel moderna?". Na realidade as músicas variam de região para região e de época para época, mas nós podemos ter alguns critérios que poderão nos auxiliar dentro de nosso contexto cultural, social e histórico, baseados em conceitos dados pela revelação divina. Aí vão algumas dica práticas:
A letra – o conteúdo e a mensagem da música devem estar em harmonia com os ensinos e doutrinas da Bíblia. A música tem uma função didática e deve ensinar a verdade de acordo com a vontade de Deus. Cuidado, existem belas músicas que tem uma letra anti-bíblica.
O estilo ou ritmo – toda música tem ritmo, mas alguns não favorecem a adoração. Uma canção para ser sagrada não precisa ser fúnebre, ela pode ser alegre e vibrante. No entanto a boa música vai evitar o apelo físico, pode envolver a pessoa como um todo, mas sempre vai levar a mensagem e consequentemente a um crescimento espiritual.
A reação – uma boa maneira de avaliar a qualidade de uma música é a resposta produzida na pessoa. A música como elemento de adoração deve ser racional. Ao agir sobre a mente deve influenciar os sentimentos e as emoções levando a um compromisso com a mensagem e o envolvimento de todo o ser. Muita gente acha que música jovem tem que ser cheia de embalo, com cara de pop music, produzida por um bando de cabeludos com jaquetas de couro e guitarras nas mãos, levando a moçada ao delírio em shows de música gospel. Outros acham que os jovens devem se contentar com músicas pré-históricas acompanhadas por um órgão de fole da idade da pedra. Como alcançar o equilíbrio, o bom senso, a maturidade cristã neste assunto? Certamente com humildade o oração, buscando em Deus e em Sua palavra orientação, estudando sem radicalismo ou preconceitos e deixando-se ser guiado pelo Espírito Santo. Não seguindo gostos pessoais ou a onda do momento. Respeitando a opinião dos outros e não transformando sua opinião em uma doutrina para salvação. Saber que a despeito do tempo ou do lugar, da cultura ou costumes, os sinceros e fiéis filhos de Deus que O adoram em espírito e em verdade estarão junto ao trono do Cordeiro cantando um cântico novo. Saber escolher música de boa qualidade, religiosa ou não, demonstra sabedoria e maturidade. O jovem inteligente e de bom gosto não se deixa levar por modismos impostos pela mídia e pelo "todo mundo tá curtindo esse som". Você não precisa se sentir um extraterrestre ou alienígena por ter estilo próprio e critérios na seleção musical. Mesmo o gosto pessoal pode ser perigoso, se usado como padrão, pois nós temos uma natureza contaminada pelo pecado. Ao sintonizar o seu dial ou ao entrar em uma loja para adquirir um novo CD, você deve estar atento a influência da música que vai estar ouvindo. A música é um fio que tece nossas vidas.
Fonte: Em Busca da Música