por: Julio Oliveira Sanches [*]
Tudo contribuiu para a realização do culto que agrada a Deus e faz bem àqueles que cultuam. Começou e terminou à hora preestabelecida. Introito coral. Orações, hinos e cânticos sem heresias doutrinárias. Leitura bíblica e participação ativa da congregação. O som sem ruído, sem ferir os tímpanos dos ouvintes. Os que receberam salários naquela semana contribuíram com alegria. Ninguém depositou os dízimos do Senhor em conta própria em represália ao pastor. Tampouco enviou para sustentar programas de pessoas que não creem o que a Igreja prega. Deus ama ao que oferta com alegria. Não houve pequenas “mensagens” dos denominados “levitas” durante os cânticos. Os instrumentistas ensaiaram com antecedência. Até o baterista tocava com pauta musical. Não houve destaque da bateria sobre os violinos e demais instrumentos. Harmonia e ritmo perfeitos. O regente, bem trajado, conduziu o povo com alegria, sem malabarismos, ao encontro do Senhor.
O pastor pregou com unção. Mensagem simples fundamentada na Bíblia. O povo gosta de Bíblia. Não contou piadas. Não mandou os salvos rasgar da Bíblia textos, que segundo os “teólogos” modernos não são inspirados, mas sim interpolações. Mensagem simples e bem preparada. Com inicio, meio e fim. Significa que gastou tempo na preparação da mensagem de trinta minutos. O auditório tinha certeza que ocorreu estudo na preparação da mensagem.
Aliás, o pastor é PASTOR. Nada de filosofias humanas, ou citações de supostos “teólogos alemães”. Apenas a palavra. Ele havia aprendido quando seminarista e seguia com fidelidade a recomendação paulina: “Prega a Palavra” (II Tim. 4.2). O povo comparecia ao templo para ouvir a Palavra de Deus. Não anunciá-la seria trair a confiança dos salvos que um dia o convidaram para pastoreá-los. Os não salvos que acorriam ao culto eram instados ao arrependimento e a fé em Cristo, como único Salvador e Senhor.
Encerrado o culto com a bênção, ninguém saiu correndo para ver o “Fantástico”. À porta o pastor e alguns líderes cumprimentavam o povo. Na cantina outros aproveitavam para saborear saborosos lanches, preparados com amor e carinho. Abraços, conversas, comentários positivos sobre a igreja, o culto, o ministério e os desafios do reino. Até os namoradinhos se comportavam com dignidade. Não houve “crente” esperando outro para pedir satisfação ou agredir os mais fracos. Todos sabiam que a igreja é lugar de alegria, crescimento espiritual e expansão do Reino de Deus.
O rebanho vivia em perfeita harmonia. Não havia segredos só conhecidos pela liderança. Os relatórios financeiros, liberados a todos, diziam que havia responsabilidade na administração das coisas santas. Todos conheciam e sabiam onde eram aplicados os dízimos e ofertas, pois os relatórios prestados nos cultos administrativos, pelos tesoureiros, eram claros e transparentes. Igreja feliz, salvos alegres e comprometidos com o Evangelho em sua totalidade.
Como ocorriam todos os domingos uma irmã oferecia “carona” a alguns jovens, que eram deixados ao longo do trajeto. A alegria do culto continuou no carro. Cânticos, risos, alegria e companheirismo cristão. Mas, o guarda de trânsito não conhecia tal verdade, não havia participado do culto e desconfiou do grupo. A cena é a mesma de sempre: Carro parado, verificação da documentação. Farol baixo, farol alto, seta pra esquerda, seta pra direita, pisca-pisca, pisa no freio, tudo normal. O guarda não se conformou. Algo estava errado com o grupo. Muita alegria!!! Vamos ao teste do bafômetro! Mas seu guarda: “estamos vindo do culto e da Igreja”. O guarda não acreditou. O teste deu negativo para espanto do guarda. O grupo aproveitou para falar de Jesus ao guarda e a razão de tamanha alegria que os salvos sentem ao cultuar ao Senhor, sem exageros ou descontrole emocional. O culto continuava após o seu término.
Hoje não são muitos os salvos que desfrutam de tal privilégio. São muitos os que deixam os templos aborrecidos. Quizombas com “irmãos”. Ausência de mensagem. O púlpito não cumpriu o seu papel. Mensagens “eruditas” sem conteúdo bíblico. Povo faminto de ouvir a Palavra de Deus. Barulho ensurdecedor. Algazarra, palmas em excesso, surdez dos ouvintes e ausência de compromisso da Igreja em cumprir o seu papel. O culto que continua, inicia-se antes do salvo chegar ao templo, continua no templo e após deixar o santuário. Desafia os não salvos, leva os salvos à santificação e até desperta suspeita no guarda que está atento ao trânsito.
Como explicar? Simples! Basta que o culto seja apenas culto com adoradores que adoram em Espirito e em verdade. O mundo suplica por cultos assim. Os verdadeiros salvos os desejam e Deus sente prazer em recebê-los.
Tais cultos geram no salvo o desejo de voltar no culto seguinte. A comunhão entre os salvos cresce a cada dia e antecipa um pouco do céu numa terra tão sofrida pela ausência da verdadeira comunhão com Deus. Há quanto tempo você não participa de um culto assim?
Nota:
[1] O presente texto foi escrito por um pastor Batista. Por este motivo, o leitor encontrará algumas referências relacionadas ao culto de domingo, ou ainda algumas citações diretamente vinculadas ao contexto do culto nesta denominação religiosa. Apesar deste detalhe, os editores do Música Sacra e Adoração compreendem que a leitura do texto do pr. Julio Oliveira Sanches também é extremamente relevante para o contexto da adoração e do culto na Igreja Adventista do Sétimo Dia, justificando assim esta publicação. (voltar)
Fonte: O Jornal Batista, 28 de Outubro de 2012, p. 3