por: Paige Greenfield
Música é uma verdadeira distração, não? E pode ser até demais, se usada na hora errada. Segundo um novo estudo, correr ou andar de bicicleta ouvindo música pode ser tão perigoso quanto dirigir utilizando aplicativos.
Os iPhones, iPods e outros aparelhos enquanto nos exercitamos podem vir com riscos semelhantes aos da direção distraída: nos EUA, ano passado – pela primeira vez em quatro anos – as mortes de pedestres aumentaram. E quem os peritos culpam? Os eletrônicos.
Como resultado disso, alguns legisladores estaduais estão tentando acabar com o “exercício multitarefa” no país. Em Nova York, por exemplo, um projeto de lei pendente tornaria ilegal para caminhantes e corredores usar qualquer tipo de aparelho eletrônico durante a travessia de uma rua. Medidas em Oregon e Virgínia, se aprovadas, multariam ciclistas em 140 reais por conduzir uma bicicleta sob a influência da tecnologia.
Talvez essas propostas não se tornem leis aplicáveis, pois, ao contrário da condução distraída, nesse caso a pessoa geralmente só coloca a si mesmo em risco. Porém, os especialistas fazem questão de avisar: se distrair durante um treino pode ser muito perigoso para sua saúde.
Vá para qualquer parque ou outro lugar em que as pessoas podem se exercitar e você poderá contar no dedo as pessoas que não estão usando fones de ouvido. Muitas pessoas consideram a música tão essencial quanto água ou roupa adequada ao se exercitar ao ar livre.
Segundo Diana Deutsch, psicóloga que estuda a percepção do som, a música não é só perigosa porque distrai as pessoas de sua capacidade de ouvir outros ruídos, como um carro ou um (veja que perigo!) “possível agressor” se aproximando. Outro problema da música é que ela “inunda” o cérebro e assume o controle de seus processos de pensamento.
“Você se concentra nas letras, ou a música evoca certas memórias e o deixa em um estado de devaneio”, diz Diana. Alguns cientistas especulam que a música pode até ter o poder de diminuir a sua visão. “O ritmo pode interferir na taxa em que seu cérebro percebe as imagens que estão passando por você, o que poderia te enganar”, completa a psicóloga.
Em suma, a música leva para longe sua atenção no que você está fazendo, e aumenta seu risco de passar por uma situação perigosa, como um ônibus que se aproxima, um estranho mal-intencionado, ou um poste.
A sua playlist também pode interferir na qualidade do seu treino. Muitas pessoas se exercitam ouvindo música porque não querem pensar em quão desconfortáveis se sentem. Assim, ela ajuda a distraí-los.
Mas se distrair rompe a ligação entre o corpo e a mente, e você não fica em sintonia com os sinais sutis de seu corpo, como quando ele está pronto para acelerar e quando ele precisa ir mais devagar.
A música também estimula o sistema nervoso simpático, responsável pela resposta de “luta ou fuga” das pessoas. Então, o pique que você tem quando ouve uma batida forte como da música “Born This Way”, de Lady Gaga, é muito real.
Quando cronometrada direito, essa música poderia lhe dar o impulso que você precisa para subir uma colina ou cruzar uma linha de chegada. Mas iniciar uma corrida com ela poderia deixar-lhe cansado muito rápido e fazê-lo fracassar mais rápido. Por outro lado, músicas muito suaves podem impedir que você se esforçasse e alcançasse o próximo nível de um treino.
Silenciar o seu cérebro a reações do seu corpo também pode aumentar seu risco de lesão. Suponha que você torça um tornozelo ou joelho. Você não será capaz de sentir a dor de uma lesão menor se estiver ligado em uma música. Em vez de parar, você pode correr, pedalar ou patinar em cima dessa lesão até que a dor se torne tão grave que se intrometa em sua música. Nesse momento, ela pode ser mais grave do que se você tivesse parado imediatamente.
Ou seja, o importante é não ouvir música o tempo todo: faça uma pausa. E nós sabemos que se exercitar sem música não vai ser fácil, mas quando você estiver pronto para suar em silêncio, confira essas dicas para aproveitar ainda mais seu treino, mantendo-se entretido de forma mais segura:
Controle sua respiração
Se você está correndo, de bicicleta ou a pé, tente combinar suas inspirações e expirações com o que seus pés estão fazendo. Por exemplo, durante uma corrida, inale mais de quatro passos (direita, esquerda, direita, esquerda) e expire pelo mesmo período. Contar irá manter sua mente ocupada, mas não distraída. Ao mesmo tempo, você vai respirar mais lenta, longa e profundamente, e esse oxigênio vai bombear em sua corrente sanguínea, alimentando seus músculos e aumentando sua resistência.
Tarefa de velocidade
Conheça a versão adulta de “vamos ver quem chega primeiro no poste”. A ideia é que você, periodicamente, aumente sua velocidade a partir de um marco – uma árvore ou uma placa – a outro. Tente oito “minicorridas” em um treino de 45 minutos. O trabalho duro da corrida não vai parecer tão difícil, porque o final de cada pique estará sempre à vista.
Analise o seu corpo
Comece com o pé direito, observe o que ele está fazendo. Virando para dentro? Ou para fora? Agora se concentre em seu pé esquerdo. O objetivo é que seu corpo seja o mais simétrico possível. Você deve usar os dois lados de forma igual. Examine também panturrilhas, joelhos, quadris, ombros, braços, pescoço e cabeça. Observe como seu corpo se porta e se sente. Se você encontrar qualquer tensão, imagine os músculos tensos relaxando.
Jogos mentais
Mantenha uma lista mental das diferentes placas pelas quais você passa, ou conte quantos animais você vê. Se não conseguir se distrair, e precisar muito de grandes sucessos musicais, cante para si mesmo. Assim, quando você precisar parar e atravessar a rua, terá muito mais controle sobre a música que está tocando em sua cabeça do que se estivesse usando um iPod ou qualquer outro aparelho.
Fonte: HypeScience
Artigo original: MSN