por: Paul Proctor
“Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo; O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo Seu especial, zeloso de boas obras.” (Tito 2:13-14)
O que é adoração? Conforme compreendo, adoração é vir diante do Senhor como um povo santo e “especial”, em obediência, humildade, reverência, arrependimento e fé, com uma atitude da gratidão, para cantar louvores a Ele e glorificar Seu nome, ouvir Sua palavra, e honrá-Lo com todo nosso ser, por tudo o que Ele é e pelo que Ele tem feito.
Ao contrário das tendências populares, adoração NÃO é se reunir com todos para festejar em nome de Jesus e nos sentirmos bem conosco mesmos com música embriagante e psicoterapia.
Claramente, o Senhor não quer que aqueles que são Seus pareçam, ajam, e soem como qualquer outro pecador na rua. Ele quer que sejamos diferentes, distintos, santificados e santos, de modo que todos saibam que pertencemos a Ele e não ao mundo. Mas, se formos indistinguíveis do mundo, seremos piores do que inúteis; seremos um insulto e um embaraço e estaremos demonstramos que não somos dEle de forma alguma.
Por que, então, sob o pretexto do pragmatismo, temos nos dedicado a fazer a igreja se parecer, agir e soar exatamente como o mundo não transformado, não arrependido e não regenerado ao nosso redor – basicamente enchendo nossas fortalezas com o inimigo para fazer com que eles se SINTAM como aliados? Como isso glorifica a Deus e propaga o evangelho do arrependimento e da fé em Cristo? Não é a proclamação da nossa transformação e redenção, de um estado de perdição e de morte espiritual para uma “nova criatura” (II Coríntios 5:17), aquilo que o salmista quis dizer com “cantai-lhe um cântico novo…” – para mostrar ao mundo que somos agora um “povo peculiar”, separado para Deus, e unicamente para Ele?
Assim, quem está aprendendo a cântico de quem aqui? Quem está convertendo quem?
“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1 Pedro 2:9)
Será que estamos agora receosos de sermos “peculiares” – com vergonha de quem somos e a quem pertencemos? Estamos mais confortáveis parecendo como uma meretriz do que como uma noiva? Se é assim, não negamos a Cristo com nossa desobediência?
“Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus” (Mateus 10:33)
Não é bastante apenas DIZER que somos dEle e CONTAR ao mundo que somos diferentes. Deve ser evidente em TUDO que pensamos, dizemos e fazemos; caso contrário, somos mentirosos, hipócritas e zombadores de Deus – ouvintes da Palavra, mas não praticantes.
“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 7:21)
Em um artigo recente publicado em www.Pastors.com, Rick Warren, autor de “Uma Igreja com Propósitos” e “Uma Vida com Propósitos”, foi citado dizendo: “Acredito que uma das principais questões para a igreja [no futuro] será como iremos alcançar a próxima geração com nossa música.”
Ele disse “alcançá-los com NOSSA MÚSICA”? É o que as gravadoras e as estrelas do Rock fazem! É isso que Jesus NOS mandou fazer? É isso que transforma pecadores da velha vida para a nova – “NOSSA MÚSICA”? Jesus levava uma banda para ajudá-lo a atrair as multidões e de forma que pudesse “alcançar” sua geração com uma música? Se for a música que nos traz ao arrependimento e à fé, por que Jesus não escolheu doze músicos de alto nível para serem seus apóstolos e apenas cantar para nós? Por que gastar tanto tempo discursando sobre a vontade de Deus? É por que naquele tempo eles não tinham amplificadores e eletricidade para fazê-los “sentir a música”?
Você não tem ouvido falar? Você não tem visto as pesquisas? Sermões são chatos e deixam as pessoas impacientes e pouco à vontade. Então, Jesus fez tudo de forma errada? De acordo com o novo paradigma, sim. Hoje, em vez de aulas e sermões, temos muitos pequenos grupos de discussões sobre nossos sentimentos e opiniões na igreja para ajudar a facilitar a interação e construir melhores “relacionamentos” uns com os outros.
Veja, o que está implícito aqui é que precisamos de mais terapia – e não de teologia. É nisso que Rick Warren, Bill Hybels, George Barna, C. Peter Wagner e todos os demais líderes do Movimento de Crescimento da Igreja querem que você acredite. Mas o que os sentimentos e as opiniões humanos têm a ver com a proclamação da Palavra de Deus? O que é mais importante: que cheguemos a um consenso e nos liguemos um ao outro emocionalmente (Dialética Hegeliana) ou que obedeçamos a Palavra de Deus, mesmo se ninguém mais ao nosso redor obedecer?
Você vê o que estão instruindo a igreja a fazer aqui? Reconhece a mudança de paradigma? Não proclame a Palavra de Deus (preleção/pregação/ensino, etc). Vamos, em vez disso, “focar o grupo”, nossos SENTIMENTOS e OPINIÕES. E tenha SEMPRE muita música sensual para ajudar a facilitar a transição da didática à dialética. Vejam, amigos; atrás disso tudo está uma ênfase na MÚSICA – não na Palavra de Deus. Assim, agora me diga: a mensagem mudou?
“De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” (Romanos 10:17)
A música, não obstante o “estilo”, o volume, o compasso ou a instrumentação, simplesmente não pode realizar o que a proclamação da Palavra de Deus pode fazer. Ela poderia atrair e prender a atenção de uma multidão maior do que faria um sermão, deixar todos em pé aplaudindo e ajudar todos a se SENTIREM bem consigo mesmos, mas se um pecador, perdido e condenado ao inferno, não se importar com a Palavra de Deus, não há uma canção no mundo que possa salvá-lo. Ele pode até gritar “Jesus, Jesus!!” a plenos pulmões durante o número de encerramento da banda, mas duvido seriamente que tomará sua cruz e seguirá a Cristo quando a música parar e os tempos trabalhosos chegarem – o que me traz à pergunta controversa: Qual é, afinal, o objetivo destes momentos cheios de paixão induzidos pela música, nestes eventos evangelísticos – ensinamento de obediência à Palavra de Deus ou manipulação das emoções e do comportamento das massas, levando-as à cooperação comum?
Dirigindo-se aos seus ouvintes na Universidade Liberdade, Warren disse aos jovens apenas o que eles queriam ouvir: “Livrem-se do órgão” e “Acelerem o ritmo da música”, acrescentando, “A mensagem não muda, mas os métodos sim”.
Ele disse à multidão de ouvintes: “Vocês podem deixar mais pessoas malucas com música do que com qualquer outra coisa na igreja”. Tudo bem – ESTA então é sua “visão”, pastor – deixar as pessoas mais velhas loucas na igreja até que estas saiam e possamos enfim ter bons momentos? Não é por isso que os adolescentes rebeldes gostam quando seus pais viajam – para que possam aumentar o volume da música, virar a casa de cabeça para baixo e trazer todos os seus amigos para festejarem à vontade? Alguém vê similaridades aqui? O que estamos encorajando e acomodando na igreja com esse tipo da atitude – a semelhança de Cristo?
Em muitas igrejas reinventadas em todo o país, isto é EXATAMENTE o que está acontecendo. Em uma estranha e triste ironia, o “sal da terra” está sendo pisado e lançado fora por causa de suas “tradições”. É assim que honramos nosso pai e nossa mãe e todas as pessoas idosas da nossa geração – aqueles cujos anos do serviço, dedicação e investimento espiritual construíram as próprias casas da adoração, que agora estão sendo renovadas em palácios de festas de “Propósito e Paixão”? Para mim, isto parece mais uma rebelião orquestrada.
Os liberais sempre apontam os fariseus do tempo de Jesus quando querem atacar a “tradição” e a redefini-la como má. Por que? Porque isso serve a uma agenda alternativa – um plano humanista para a mudança contínua, projetada para amaldiçoar o passado e enaltecer o futuro. Além disso, estão usando a rebelião da juventude para fazer isso para eles. Por que você acha que sempre ouvimos o cliché liberal, “As crianças são nosso futuro”? É porque querem que os internos dirijam o hospício de forma que a dialética possa tomar o controle para trazer a mudança social na igreja por meio da contemporização. Contemporização envolvendo o que? A imutável Palavra de Deus.
Mas Jesus não estava condenando a “tradição” por si mesma. Estava condenando a “perversão” – a perversão que os fariseus estavam fazendo da verdade – a verdade da Palavra de Deus. A perversão da Palavra de Deus tinha ocorrido por tanto tempo que SE TRANSFORMARA NA TRADIÇÃO daquele tempo. Isso de maneira alguma invalida todas as coisas tradicionais. Mas, infelizmente, na igreja pós-moderna, a tradição, com o perdão da palavra, está se tornando rapidamente uma coisa do passado.
Além dos aspectos morais e espirituais da música alta e rápida, existem também algumas questões de saúde a serem consideradas. Quando o corpo humano experimenta dor, libera seus próprios anestésicos naturais na corrente sanguínea, chamados de endorfinas. Como todos sabemos, um dos efeitos colaterais dos anestésicos é o estado mental alterado que produzem.
O som alto, sustentado, pulsante e repetitivo prejudica não apenas o ouvido, mas também todo o corpo humano – especialmente as freqüências abaixo de 100 Hertz e níveis acima de 110 decibéis. Quanto mais intensas e unidirecionais forem as ondas sonoras, maiores serão os danos causados às células e mais substâncias anestésicas nosso organismo liberará para amenizar a dor. Essa é uma das razões por que a música alta é tão apelativa aos jovens nos concertos das bandas musicais; porque eles não apenas a ouvem, mas a SENTEM também e, adivinhe – a música alta lhes dá uma sensação agradável, o que me leva a fazer a seguinte pergunta: Aqueles que freqüentam estes eventos “evangelísticos” com sua música alta e animada estão sendo alimentados espiritualmente por sua presença e participação ou estão sendo espancados sonoramente para que sintam interesse por Jesus? Você chamaria isso de uma experiência motivada pelo Espírito ou pelas endorfinas? Eu chamaria de um incidente relacionado com as drogas. [Para maiores detalhes sobre a produção de hormônios induzida pela música, clique aqui.]
Outra substância que é liberada no organismo quando a pessoa é exposta ao estresse causado pelo som em volume elevado é a adrenalina. Entre outras coisas, a música alta, como outros eventos e atividades estressantes, produz o que é geralmente chamado de “descarga de adrenalina”. A adrenalina ajuda nosso organismo a lidar com o estresse e o trauma provocados pelas ondas sonoras em volume extremamente alto e em baixa freqüência que podem embrutecer os freqüentadores de apresentações de bandas musicais. Como as endorfinas, a adrenalina também é um mecanismo de defesa natural. Se nos sujeitarmos repetidamente a níveis sonoros que forcem nossas glândulas supra-renais a um esforço excessivo para liberarem adrenalina apenas para lidar com o choque auditivo e físico de um concerto de Rock, podemos não somente nos tornar viciados com ela, mas também experimentar muitos dos efeitos físicos e emocionais adversos da abstinência ENTRE OS CONCERTOS (eventos evangelísticos) quando NÃO recebemos a adrenalina que fomos condicionados a receber – potencialmente tornando nossas vidas diárias sem música alta um inferno na Terra. É por isso que nos sentimos com dores no corpo, fatigados, agitados e às vezes deprimidos um dia após termos enfrentado um evento ruidoso. A adrenalina declina junto com o nível sonoro, deixando-nos em um estado menos que desejável. [Para maiores detalhes sobre a produção de adrenalina induzida pela música, clique aqui.]
Falando no seminário “Construindo uma Igreja com Propósitos”, Rick Warren teve isto a dizer: “Música alta e barulhenta com uma batida impulsionadora é o tipo de música que seu povo escutava.” Disse, “Somos realmente bem barulhentos em um culto no fim de semana…. Eu digo, ‘Não vamos abaixar o som’. Agora a razão é por que [a geração que cresceu a partir dos anos 50,] os baby boomers, querem sentir a música, não apenas ouvi-la…”
Entretanto, embora essas observações sejam tristes e reveladoras – nada me preparou para a seguinte afirmação do pastor Warren:
“Insistir que toda música boa veio da Europa duzentos anos atrás – há um nome para isso – racismo.”
Você vê o que ele está fazendo aqui? Mostrando qualquer coisa EXCETO “tolerância, diversidade e unidade” (a doutrina impulsionadora do “evangelismo” atual), Warren faz o que os liberais SEMPRE fazem aos tradicionalistas: usa o argumento racial para tentar não apenas elevar a si mesmo e sua causa sob um disfarce de humildade e compaixão, mas também envergonhar e silenciar seus críticos “presos ao passado” com hipérboles e insinuações politicamente corretas.
Assim, ATENÇÃO, todos os cristãos mais velhos e tradicionais, porque torcer o nariz para a música na igreja que é espiritual, emocional e fisicamente nociva agora faz de você um racista.
Paul Proctor reside em uma área rural no estado do Tennessee e é um veterano na indústria da música sertaneja americana. Ele abandonou suas atividades musicais no fim dos anos 90 para se dedicar a abordar importantes assuntos sociais a partir de uma perspectiva bíblica. Como autor independente e colunista regular da News With Views, exalta a sabedoria e as verdades das Escrituras em seus comentários e opiniões sobre as tendências culturais e os eventos da atualidade. Seus artigos aparecem regularmente em diversos sites de notícias e de opinião na Internet e em publicações impressas. Este artigo está disponível no original, em inglês, no espaço virtual Kjos Ministries, em http://www.crossroad.to
Tradução: Walter Nunes Braz Jr.
Fonte: A Espada do Espírito
Tradução revisada por Levi de Paula Tavares para publicação no Música Sacra e Adoração