Hinologia

Que é um Hino?

por: Paulo Hamel

Como se pode definir um hino, e por mais critérios devem ser avaliados? Agostinho, em seu comentário do salmo 148, escreveu: “Sabeis o que é um hino? É o cantar para louvar a Deus. Se louvais a Deus e não cantais também não expressais hino algum. Se louvais alguma coisa não relacionada com o louvor a Deus, também não expressais hino algum”.[1]

Hino cristão é um poema lírico, concebido com reverência e devoção, destinado a ser cantado e que expressa a atitude do adorador para com Deus, ou os propósitos de Deus na vida humana. O hino deve ser simples e métrico quanto à forma, genuinamente emocional, poético e literário no estilo, espiritual na qualidade, e em seus conceitos tão direto e manifesto para unificar uma congregação enquanto o canta.[2]

Os seis critérios que seguem baseiam-se neste conceito de hino, desenvolvidos por Willian Reynolds em seu livro “A Survey of Christian Hymnody“. Esses princípios normativos num hino referem-se à letra.[3]

  1. O hino deve ser fiel às Escrituras. Hinos baseados em textos bíblicos não devem distorcer o sentido ou inserir ideias contrárias ao conteúdo do texto. Hinos não baseados diretamente nas Escrituras, mas na experiência cristã, devem evitar encaixe de ideias que não estejam em harmonia com o conteúdo escriturístico.
  2. O hino deve ser reverente e devocional. O estilo e caráter do hino devem ser majestosos, em harmonia com o decoro litúrgico, e condizentes com a adoração pública. Devem evitar-se cuidadosamente a trivialidade e a banalidade.
  3. O hino deve ser uma expressão poética e lírica. Hino é um poema e as mais requintadas qualidades de expressão poética devem tornar-se evidentes. Deve ser simples na forma, com naturalidade e suavidade no movimento. As ideias devem antes ser bem evidentes do que sutilmente oculta em divagações e complexidade.
  4. O hino deve expressar significado espiritual. O hino deve abordar experiências da vida cristã significativas a pessoa. O vigor e a energia da vida cristã devem ser fortalecidos pelas expressões do hino, e se constituírem em constante estimulo ao crescimento e desenvolvimento cristãos. Sentimentos débeis, triviais ou enfermiços em nada contribuem neste sentido.
  5. O hino deve ter solidez estrutural. Os versos e as estrofes do hino devem ter uma unidade orgânica.
  6. O hino deve ser baseado em experiências comuns. Para ser apropriado ao uso congregacional, deve o hino basear-se em experiências ou em ideias comuns a toda a congregação.. Expressões relacionadas a uma experiência extraordinária, peculiar a uma pessoa, embora verdadeira, são inapropriadas para o uso congregacional.

Igualmente importante na avaliação dos hinos é a música para a qual se fez a letra. Ao nos referirmos à qualidade da melodia, observamos que algumas são musicalmente superiores a outras. Há nos hinários melodias que são verdadeiras obras de arte, enquanto outras carecem de profundidade musical.


Notas Bibliográficas:

  1. Carl F. Price, “What is a Hymn?” Papers of the Hymn Society, VI, 1937. p. 3.
  2. Ibid. p. 8.
  3. W. J. Reynolds, “A Survey of Christian Hymnody“, pp. 130, 131.

Fonte: Revista Adventista, Maio de 1974

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