Aulas de Música Sacra

por: Prof. Pr. Jorge Mário de Oliveira

Seminário Adventista Latino Americano de Teologia
Instituto Adventista de Ensino – Campus 2
Engenheiro Coelho – São Paulo – Agosto de 1998

1. “Filosofia da Música Sacra.” – Na Bíblia.

Introdução:

A Bíblia não é um livro especializado em Música. Sua especialidade é apresentar Jesus como Salvador.

“O tema central da Bíblia, o tema em redor do qual giram todos os outros no livro, é o plano da Redenção, a restauração da imagem de Deus na alma humana.”

No entanto, há “outros” temas apresentados pelas Escrituras, que giram em redor do Seu tema Central, sendo tão verdadeiros, quanto este. E no meio destes “outros”encontramos a Música.

Alguns acham que a Bíblia fala muito pouco de Música. Que nela não encontramos padrões musicais suficientes para orientar-nos sobre o assunto.

Jael Enéias em entrevista dada à Revista Adventista de Setembro de 1992, p. 6 declarou: “A Bíblia não traça os dez mandamentos para a música dentro da Igreja. Mas, analisando desde Gênesis até o Apocalipse, vemos que ela traz alguns indícios, alguns pilares, que podemos chamar de diretrizes básicas. por onde a música na Igreja deve se pautar.” (grifo nosso)

Já Ellen White diz que: “A história dos cânticos da Bíblia está repleta de sugestões quanto aos usos e benefícios da música e do canto”. 2

É bom notar que Ellen White fala em “sugestões” indicando para mim que a Bíblia trata de princípios quanto aos “usos” e “benefícios” da música.

E ela tem razão pois dos 66 livros da Bíblia, 44 falam alguma coisa sobre a música perfazendo um total de 575 referências.

Ora, se na história dos cânticos da Bíblia encontramos sugestões quanto aos usos e benefícios da música, ao examiná-la, descobriremos princípios que deverão direcionar o uso que hoje fazemos da música na Igreja.

1.1. No A. T.:

1.1.1. A Música foi criada Dor Deus antes da criação deste mundo.

Jó 38: 4-7. “Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra?.. quando juntas cantavam as estrelas da manhã, e todos os filhos de Deus bradavam de júbilo?”

Não há nenhuma referência Bíblica quanto ao uso do canto por parte de Adão e Eva, mas, se os filhos de Deus anteriormente criados e os anjos, cantavam, certamente Deus partilhara com eles o dom da música.

O uso que dela fizeram os anjos e os filhos de Deus, foi para expressar alegria pela criação desta terra. Usaram-na para louvar a Deus pelo processo criativo.

Não teria sido diferente com Adão e Eva, lá no Éden. Sem dúvida, cantavam da bondade, da misericórdia e do amor de Deus por Eles. Entoavam cânticos de uma experiência pessoal com o Criador. Cântico este que se tomou fúnebre com a perda de seu amado lar.

1.1.2. Instrumentos musicais foram criados Dor um descendente de Caim.

A primeira referência que a Bíblia faz a música está em Gên. 4:21 “O nome de seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta.”

Jubal era descendente de Caim e fazia parte da sétima geração de Adão, que ainda vivia.

“É perfeitamente possível que a tardança na invenção de instrumentos tenha sido resultado da hesitação em imitar os doces sons da voz por uma imperfeita invenção.”4

A Jewish Encyclopedia (Enciclopédia Judaica) define Jubal, fIlho de Lameque, como “o pai…da classe dos músicos o fundador da música o inventor do ‘Kinnor’ ou lira e do ‘ugab’ ou flauta. É digno de nota… que o nome ‘Jubal’ seja uma palavra hebraica que signifique: ‘O chifre do carneiro – buzina… e portanto ‘música’.” – Vol. 7. 5

Para Pensar!

Por que os instrumentos musicais teriam surgido com um descendente de Caim e não com a linhagem de alguém que continuou servindo a Deus?

1.1.2.1. O Uso primário destes Instrumentos.

Jó, o primeiro livro da Bíblia a ser escrito declara que os Ímpios usavam os instrumentos inventados por Jubal para o divertimento. Jó 21: 12 “Levantam a voz, ao som do tamboril (‘toph’, instrumento de percussão) e da harpa, (‘Kinnor’) e regozijam-se ao som da flauta. “ (‘ugab’ às vezes traduzido por órgão).

A Bíblia de Jerusalém traduziu este versículo assim: “Cantam ao som dos tamboris e da cítara e divertem-se ao som da flauta.”

Falando de sua miséria, Jó declara: “Pelo que se tornou em pranto a minha harpa, e a minha flauta em voz dos que choram.” Jó 30:31. Este texto indica que na casa de Jó, tais instrumentos eram antes de sua desgraça, usados para diversão e alegria.

Gên. 31 :27.“Por que fugiste ocultamente, e me iludiste e não mo fizeste saber, para que eu te enviasse com alegria e com cânticos, ao som de tambores e de harpas”

Nas primeiras referências escriturísticas estes instrumentos eram associados aos prazeres seculares. às festas e celebrações. Não há, na verdade, qualquer indicação de que eles houvessem sido usados para culto a Deus ou qualquer serviço sagrado. Estes usos vieram mais tarde.

Conclusão parcial:

Os instrumentos inventados por Jubal inicialmente serviam para produzir música para diversão, festas de despedidas e lamentos fúnebres.

1.1.3. A Música na Vida do Hebreu do A. T.

Das religiões, somente o judaísmo e o cristianismo desenvolveram a arte da música como parte integral do culto. As demais religiões usavam a música apenas como cânticos fúnebres e cantochão.

Só que o cristianismo, superou o velho judaísmo em composições de louvor e adoração.

É que Jesus trouxe um novo cântico ao coração de cada povo que O aceitou. Temos alguma coisa vital para cantar.

1.1.3.1. O Cântico junto ao Mar Vermelho.

Por anos escravos dos egípcios, os Israelitas são agora libertados pelo uso da mão forte do Senhor dos exércitos.

Quando pensavam que tudo corria bem, aparece os exércitos de Faraó encurralando-os junto ao mar vermelho.

Montanhas em ambos os lados, mar à frente, egípcios atrás. Teria sido preferível ter morrido no Egito do que encontrar-se nesta situação desesperadora! Esta era a avaliação rápida que os incrédulos faziam da situação.

Clamaram ao Senhor e reclamaram para Moisés que por sua vez, buscando ao Senhor, recebe a ordem de marchar. (Êx. 14: 9 e ss.)

O mar se abre e a multidão de ex-cativos passa em terra seca tendo de cada lado altos muros de água retesada pelo poder de Deus.

Levaram a noite atravessando o mar e ali, viram com seus olhos, perceberam com seus sentidos, o que Deus é capaz de fazer pelos que nele confiam.

Agora, ao amanhecer de um novo dia, os exércitos inimigos entram no mar numa perseguição irracional quando o Senhor faz as águas retomarem ao seu lugar natural destruindo o exército de Faraó.

O que se podia esperar deste povo? O que mais fariam se não expressar o sentimento de gratidão a Deus em louvor e ações de graças através do Cântico?

“Quando rompeu a manhã, esta revelou às multidões de Israel tudo que restava dos seu poderoso adversário; os corpos, vestidos de malha, arremessados à praia. Do mais terrível perigo trouxera uma noite completo livramento. Aquela vasta e inerte multidão – escravos não acostumados com a batalha, mulheres, crianças e gado, com o mar diante de si, e os poderosos exércitos do Egito fazendo pressão na retaguarda – vira seu caminho aberto através das águas e os inimigos submersos no momento do esperado triunfo. Apenas Jeová lhes trouxera livramento, e para Ele volveram os corações com gratidão e fé. Sua emoção encontrou expressão em cânticos de louvor. O Espírito de Deus repousou sobre Moisés, que dirigiu o povo em uma antífona triunfante de ações de graça, a primeira e uma das mais sublimes Que pelo homem são conhecidas” (Patriarcas e Profetas, págs 287-288)

Moisés foi inspirado por Deus na composição deste hino de ação de graças que aparece em Êxodo 15:1-19.

Não se conhece a melodia com que as palavras deste hino foram cantadas mas sabe-se que foi um cântico responsivo provavelmente entre Moisés, as mulheres e o restante do povo. (Responsivo -um solo responde a um grupo coral enquanto que um Cântico Antifônico é um grupo coral respondendo a outro grupo coral.)

1.1.3.2. As mulheres no cântico do mar -As danças.

“A profetiza Miriã, irmã de Arão, tomou um tamborim, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamborins e com danças. E Miriã lhes respondia: Cantai ao Senhor, porque gloriosamente triunfou, e precipitou no mar o cavalo e o seu cavaleiro.” (Êx. 15: 19-20)

Esta é a primeira referência Bíblica à participação de mulheres em algum tipo de serviço religioso.

Miriã estava familiarizada com os costumes da corte egípcia por ter sido intermediária entre sua mãe e a filha de Faraó durante os primeiros anos de Moisés.

Isto foi durante o período da 18º dinastia a partir da qual as mulheres passaram a tomar parte na música sacra e na dança. “De acordo com Sófocles, as mulheres agora tinham prioridade na música e em assuntos importantes.”

Stainer também conta que era costume entre os antigos egípcios que mulheres tocassem os tambores. Outras autoridades mencionam que a dança era um costume entre os egípcios nas cerimônias religiosas.

Interessante! Um costume egípcio importado para o seio da comunidade judaica!

Miriã havia nascido e vivido no Egito e na ocasião tinha mais de 90 anos. Era mais velha que Moisés e este já estava com 80 anos!

“Este costume parece haver sido adotado pelo hebreus durante o longo período de permanência no Egito.”

“Temos mostrado o incidente de Miriã dirigindo as mulheres no canto e na dança, acompanhadas pelos tamborins, como sendo uma continuação do hábito das mulheres nos tempos egípcios.”

Deus suporta costumes egípcios se tais não entram em choque com os Princípios de Seu Reino.

“Todo aquele que o Pai me der virá a mim, e quem vem a mim eu não o rejeitarei.” (João 6:37)

Na Bíblia, como bem o demonstra William Smith, esta dança sacra usada na celebração de uma grande vitória, ou como acompanhamento a comemorações nacionais, era somente executada por mulheres. Entre os hebreus as mulheres faziam da dança sua maneira principal de expressar sentimentos, e assim saudavam seus maridos e amigos na volta da batalha. Os hebreus parecem ter deixado a dança para as mulheres.

1.1.3.4. A Dança da Filha de Jefté e das filhas de Silo.

“Vindo, pois, Jefté a Mispa, a sua casa, saiu-lhe a filha ao seu encontro, com adufes e com danças;” (Juízes 11:34)

“Ordenaram aos filhos de Benjamim, dizendo: ide, e emboscai-vos nas vinhas, e olhai; e eis aí, saindo as filhas de Silo a dançar em rodas, saí vós das vinhas, e arrebatai dentre elas, cada um sua mulher, e ide-vos à terra de Benjamim.” (Juizes 21 :20 e 21)

1.1.3.5. A Dança de Davi diante da Arca do Senhor.

Quando Davi decidiu trazer a arca para Jerusalém, pela segunda vez, o fizera como o Senhor ordenara e as coisas saíram muito bem. Feliz pelo sucesso do empreendimento, excepcionalmente. Davi fez o que era costume das mulheres fazerem, dançou diante da arca do Senhor. “Assim todo o Israel fez subir com júbilo a arca da aliança do Senhor ao som de clarins, de trombetas e de címbalos, fazendo ressoar alaúdes e harpas. Ao entrar a arca da aliança do Senhor na cidade de Davi, Mical, filha de Saul, estava olhando pela janela, e, vendo ao rei Davi dançando e folgando, o desprezou no seu coração.” (I Crônicas 15:28-29)

Para Pensar!

Não há na descrição acima referência à “toph” (Tambores) nem “ugab” (Flauta) instrumentos musicais que Davi eliminou ao planejar a música do templo de Jerusalém.

Quem deveria ter participado desta festa era Mical, esposa de Davi, mas seu coração não estava em sintoma com o coração de Davi.

Também é bom considerar que Davi não estava fazendo um culto a Deus. O que fazia era simplesmente conduzir a arca para Jerusalém (agora com sucesso) e, por esta razão, estava sobremodo alegre fazendo movimentos corporais na frente do cortejo (dançando) à moda das mulheres. Outrossim, é bom lembrarmos que Davi era da tribo de Judá e como tal não deveria trajar-se como os sacerdotes da tribo de Levi o que fazia nesta ocasião…

1.1.3.6. A dança das mulheres Que saíram ao encontro de Saul.

“Sucedeu, porém, que, vindo Saul e seu exército, e voltando também Davi de ferir os filisteus, as mulheres de todas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei Saul, cantando e dançando, com tambores, com júbilo e com instrumentos de música. As mulheres se alegravam e, cantando alternadamente, diziam: Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares.” (I Samuel 18: 6-7)

1.1.3.7. Dança nos Salmos.

Há nos dois textos nos salmos que diz que devemos louvar ao Senhor com danças (Salmos 149:3 e 150:4). Há ideias de que em tais textos, a palavra hebraica deveria ser traduzida por um instrumento musical (flauta). O que já ocorreu na RA 2º edição em Sal. 149:3. E é esta a ideia do contexto em ambos os salmos que mencionam vários instrumentos musicais como formas de se louvar a Deus.

1.1.3.8.O Instrumento usado para estas danças.

Os instrumentos usados para acompanhar estas danças era o tambor (Toph). O “toph” ou tamborim é símbolo de alegria. Ele é mencionado na Bíblia 17 vezes e era usado para marcar o ritmo. “Eu te construirei de novo e serás reconstruída, virgem de Israel. De novo te enfeitarás com os teus tamborins, sairás em meio a danças alegres.” (Jeremias 31:4) 14

1.1.3.9. Posição de Ellen G. White.

“Outra vez pôs-se em movimento o longo séquito, e a música de harpas e cometas, trombetas e címbalos, ressoava em direção ao céu, misturada com a melodia de muitas vozes. E Davi saltava…diante do Senhor, acompanhando em sua alegria o ritmo do cântico.” (Patriarcas e Profetas, pág. 707)

A dança de Davi em júbilo reverente, perante Deus, tem sido citada pelos amantes dos prazeres para justificarem as danças modernas da moda; mas não há base para tal argumento. Em nosso tempo a dança está associada com a extravagância e as orgias noturnas. A saúde e a moral são sacrificadas ao prazer. Para os freqüentam os bailes, Deus não é objeto de meditação e reverência; sentir-se-iam estarem a oração e o cântico de louvor deslocados, na assembléia deles. Esta prova deve ser decisiva. Diversões que tendem a enfraquecer o amor pelas coisas sagradas e diminuir nossa alegria no serviço de Deus, não devem ser procuradas por cristãos. A música e dança, em jubiloso louvor a Deus, por ocasião da mudança da arca, não tinham a mais pálida semelhança com a dissipação da dança moderna. A primeira tendia à lembrança de Deus, e exaltava Seu santo nome. A última é um ardil de Satanás para fazer os homens se esquecerem de Deus e O de somarem.

1.1.3.10. Conclusão Parcial:

O estilo de música cantada e dançada Delas mulheres Israelitas fora trazido do Egito. É diferente de tudo o que temos hoje em termos de danças. Eram movimentos corporais através dos quais expressavam os sentimentos de alegria e regozijo. Não há referência a este tipo de dança no culto regular do templo. Percebe-se que eram manifestações espontâneas de louvor e gratidão a Deus por coisas extraordinárias obtidas de Suas mãos.

A sociedade israelita era uma sociedade teocrática na qual toda a expressão popular e folclórica estava mesclada de religiosidade. Até seus momentos sociais e festivos eram dedicados à Deus.

As recomendações bíblicas para que se louve a Deus desta forma, (se é que as há) podem também ser entendidas como sendo um elemento exclusivo da cultura hebraica naquele contexto e situação assim como a recomendação de Paulo para que as mulheres fiquem caladas na igreja também possui uma aplicação contextual. (I Coríntios 14:28 e 34).

1.1.3.11. Uma Falsa Reprodução do Cântico Junto ao Mar.

Moisés se demorava no monte Sinai. O povo impaciente, solicita à Arão um deus para que pudesse ir à frente deles. (Êxodo 32: 1).

Deus avisou a Moisés sobre o que estava acontecendo. Queria até destruir o povo, mas sob a intercessão de Moisés, deixou de fazê-lo.

Quando desce do monte, ao ter-se encontrado com Josué, em caminho do acampamento, Josué lhe diz: …“Há alarido de guerra no arraial…” (Êxodo 32: 17) ao que Moisés responde: “…Não é alarido dos vencedores nem alarido dos vencidos, mas alarido dos que cantam é o que eu ouço. “ (Êxodo 32:18) .

O Que fizeram era semelhante ao que haviam visto no Egito e possivelmente ocorria na data do festival de Ápis ou Osiris.

“Logo que se aproximou do arraial, viu ele o bezerro e as danças; então, acendendo-se-lhe a ira, arrojou das mãos as tábuas e quebrou-as ao pé do monte. “ (Êxodo 32:19.)

Moisés reconheceu no que via, uma reprodução do que muitas vezes havia visto no Egito.

Paulo refere-se a este incidente em I Coríntios 10:7 dizendo: “O povo assentou-se a comer e a beber e levantou-se para folgar.”

Ellen White em Patriarcas e Profetas explica o significado da palavra “folga” dizendo que significa folgar com saltos, cânticos e danças. Estas danças, especialmente entre os egípcios eram sensuais e imorais.

Engel afirma que os egípcios apreciavam a dança. Suas danças não se restringiam apenas a vagarosas e graciosas atitudes, mas, passos excitantes, evoluções rápidas e até mesmo piruetas eram algumas vezes introduzidas.

A música do festival do bezerro de ouro deve ter sido acentuadamente rítmica. selvagem. alta e repetitiva.

Esta imitação satânica do verdadeiro espírito de alegria como fora simbolizado no “Cântico do Mar” era, por contraste, uma expressão do abandono próprio.

1.1.3.11. As Trombetas.

Núm. 10: 1-2 “Disse mais o Senhor a Moisés: Faze duas trombetas de prata. De obra batida os farás “

Tanto quanto sabemos, elas eram do tipo de “trombetas naturais”, instrumentos sem orifício, vareta, válvula ou qualquer outro meio de alterar a altura do som. Mudanças de tom eram conseguidas pelo controle dos lábios e do ar.

1.1.3.11.1 – O Uso das Trombetas de Prata. (Chatsotserah) Eram unicamente tocadas pelos sacerdotes. (Núm. 10:8)

  1. Para convocar a Congregação. (v. 2) [Toques longos v. 7 BLH]
  • – Quando todo o povo deveria ser reunir à porta da tenda da congregação, tocavam-se as duas trombetas juntas.(V. 3)
  • – Quando deveriam se reunir apenas os príncipes e os chefes de milhares, tocava-se apenas uma das trombetas.(V. 4)
  • Para Levantar Acampamento.
    • “Quando tocarem sons curtos e fortes, as tribos acampadas a leste deverão começar a sair.” (v. 5 BLH) [Rebate; repique]
    • “Quando tocarem pela segunda vez, sons curtos e fortes, as tribos que estão ao sul começarão a sair. O sinal para partida serão toques curtos e fortes.” (v. 6 BLH)
  • Como Alarmes em emergências com a aproximação do inimigo. (V.9)
  • Nas Festividades e por ocasião dos Sacrifícios diários. (V.10)
  • Ao se sacrificar o animal, podia-se ouvir o som de trombeta.

    As trombetas de prata eram parte importante no equipamento sagrado do santuário.

    Chamavam os adoradores ao culto, anunciavam a Páscoa e outros dias de festa, marcavam a oferta do sacrifício, indicavam as mudanças dos acampamentos, convocavam as forças para a guerra, alarmavam à aproximação do inimigo, eram ouvidas nos campos de batalhas, anunciavam a proclamação de um novo rei, acompanhavam os que levavam a arca de Deus.

    Eram usadas para dar sinais. quer para convocar os cultos ou Rara dar alarmes. TINHAM UM SOM CLARO E IMPERIOSO.

    A ordem figurada ainda soa. “Tocai a buzina em Gibeá Gritai altamente em Bete-áven.” (Oséias 5:8)

    Não deve-se confundir as trombetas de prata com “Shophar”, Buzina de chifre de carneiro.

    Há nas Escrituras do Antigo Testamento, 72 referências a Shophar. Era usada em grandes proclamações de interesse nacional como para chamar para uma batalha, assinalar o fim das hostilidades, proclamar a ascendência de um novo rei, marcar o fim da aspiração de algum impostor ao trono. Assinalava o começo e o fim de dias importantes.

    Era também usada para convocações, para avisar de algum perigo ou da aproximação do inimigo. O termo também foi usado pelos profetas em sentido figurado para avisar de pecados não abandonados. Foi usado como sinal; do grande dia do Senhor. (JoeI2:1; Sof. 1: 15 e 16)

    Ao som do “sophar” a Lei foi dada no Sinai (Êx. 19:16-19), caíram os muros de Jericó (Jos. 6:4-20), Gideon venceu os midianitas (Juizes 7: 16-22), abria-se caminho para a passagem da arca que Davi conduzia para Jerusalém (lI Sam. 6:15).

    Foi substituída, por ordem de Deus, pelas trombetas de prata, embora encontramos o uso paralelo das duas modalidades. Pelo que parece, em situações místicas encontramos o uso de shophar.

    É o único instrumento judaico que sobreviveu até o presente.

    1.1.3.12. O Último Cântico de Moisés.

    Deus fala à Moisés que havia chegado o fim de seus dias. Josué deveria ser empossado em seu lugar. (Deut. 31:14)

    Ali, diante da tenda da congregação, o Senhor aparece na coluna de nuvem sobre a porta da tenda (v. 15) e revela à Moisés que o povo O abandonaria anulando o concerto. (vs. 16-18).

    Moisés então recebe a ordem de escrever um cântico (foi inspirado a fazê-lo). Este deveria ser ensinado ao povo com o objetivo de que “quando o alcançarem muitos males e angústias, então este cântico responderia contra ele por testemunha ” (v.21)

    “Assim Moisés escreveu este cântico naquele dia, e o ensinou aos filhos de Israel. “ (v 22).

    Deu ordens à Josué de que fosse guardado ao lado da Arca do concerto. (Vs. 24- 30).

    O Cântico aparece no Cap. 32 versículos de 1 à 43.

    É um cântico duro no seu conteúdo livresco e tem por objetivo principal contrastar Deus, como Rocha Eterna, e os deuses que atraíam ao povo. Certamente ao cantá-lo nas gerações futuras, seriam livrados da sedução da idolatria.

    O cântico termina declarando o misericórdia de Deus por Sua terra e Seu povo.(v. 43)

    Moisés pede a Josué que o recomende aos seus filhos. “Aplicai o vosso coração a todas as palavras que hoje testifico entre vós, para que as recomendeis a vossos filhos, para que tenham cuidado de cumprir todas as palavras desta lei. “ (v. 46)

    Observa-se aqui a observância à Lei como resultado da aceitação de Deus como único Senhor e Deus. Se O tivessem sempre diante de si. como Rocha Eterna Que é.

    Ele manteria Deus sempre diante deles.

    “A fim de mais profundamente gravar em todos os espíritos estas verdades, o grande chefe incorporou-as em poesia sacra. Este cântico não era somente histórico, mas também profético. Ao mesmo tempo em que de novo referia o maravilhoso trato de Deus para com Seu povo no passado, prefigurava também os grandes acontecimentos do futuro, a vitória final dos fiéis quando Cristo vier a segunda vez, com poder e glória. Ordenou-se ao povo que confiasse à memória esta história poética e a ensinasse a seus filhos e filhos de seus filhos. Deveria ser cantada pela congregação quando se reunia para o culto, e ser repetida pelo povo ao saírem eles para o seu labor quotidiano. Era dever dos pais gravar estas palavras na mente sensível de seus filhos, de tal maneira que nunca pudessem ser esquecidas. “ (Patriarcas e Profetas, pág, 467-468)

    1.1.3.13. O Cântico de Débora. Juizes 5: 1-31.

    O cântico de Débora é um dos mais antigos fragmentos restantes da literatura hebraica, é classificado entre as mais lindas odes do mundo. (Odes: Poemas escritos para serem cantados) …

    Foi cantado por Débora e Baraque como dueto, com solo responsivo e partes uníssonas. ..

    Estudando todo o cântico, nota-se que ele poderia facilmente ser dividido em coros, solos e duetos…Seu equilíbrio faz sentir um ritmo quaternário e o significado da palavra original “cantar” que aparece no verso 3, é “cantar com acompanhamento musical.” Desta maneira, instrumentos musicais poderiam ter sido empregados também.

    É um hino de louvor ao Deus libertador. Débora escreveu como atuou sob a inspiração divina.

    1.1.3.14. A Música do Templo.

    Davi decidiu construir uma casa para Deus. Segundo seus planos, deveria ser: “Magnífica em excelência, para nome e glória em todas as terras.” (I Crôn. 22:5)

    Por causa do seu envolvimento em guerras e derramamento de sangue, Deus lhe nega o privilégio de construir o templo mas, à seu pedido, permite-lhe fazer os preparativos para que Salomão executasse a obra.

    “Esta preparação foi completa e perfeita em todos os detalhes, inclusive os planos para música…Nunca dantes, até esse tempo, havia a música tido mais do que uma pequena parte no serviço religioso de Deus.” (I Crôn. 25:1 e ss).

    Asafe seria o músico-chefe assistido por Jedutum e Hemã.

    Seriam ao todo 288 músicos profissionais (Mestres). Todos treinados para o exercício do ministério musical. (I Crôn. 25:7)

    Davi os dividiu em 24 grupos de 12 onde cada grupo estaria a serviço do templo durante uma semana de cada vez, desde a sexta-feira à noite até depois do serviço religioso do sábado da semana seguinte, perfazendo 8 dias, sendo que no sábado, os dois grupos estariam juntos. (Durante a semana 12 músicos e no Sábado, 24)

    Isto daria 2 participações por ano para cada grupo.

    1.1.3.14.1. Instrumentos Musicais para o Templo:

    Havia o problema da escolha de quais instrumentos seriam apropriados para o uso em música de culto. Os órgãos de tubos, tais como os temos hoje, eram desconhecidos. Certos instrumentos como o “chalil” ou a flauta e o “toyh” ou tambor, que podiam ser incluídos nas procissões, foram excluídos na planejada orquestra do templo. Esses instrumentos tinham associações seculares.

    Os instrumentos de corda eram considerados próprios. Devia haver grande número deles. Havia harpas, “Kinnor, ” e “nébel,” (Uma harpa maior que a Kinnor) de vários tipos.

    Provavelmente, havia entre as harpas alguns instrumentos de cordas que se assemelhassem aos antigos ataúdes. Os alaúdes deferiam das harpas com um lado aberto por ter uma caixa de ressonância, apesar de primitiva, e uma haste curva, servindo de braço. Alguns alaúdes tinham braços retos com lugar para dedilhar as cordas Entre os instrumentos de corda mencionados no Sal. 92, em conexão com o serviço de louvor do sábado, é encontrado o “nébel-azor” ou instrumento de dez cordas (v. 3).

    Todos estes tocadores de instrumentos de corda. estavam sob o encargo de Jedutum, um dos dois diretores assistentes da música do templo.

    Os instrumentos de sopro também foram usados em grande número. Parecem ter sido, em sua maioria, trombetas de prata… Das duas iniciais, Davi elevou a sua quantidade ao estupendo número de 120. Estas estavam sob o encargo de outro diretor- assistente, Hemã… Seria hoje chamado o diretor da seção dos instrumentos de sopro.

    1.1.3.14.2. A Música usada na Dedicação do Templo.

    Davi morreu sabendo que tudo para o novo templo, incluindo a sua inspiradora música, estava planejado e preparado… Em sua imaginação viu a beleza do magnificente templo, e ouviu a música em toda a sua beleza, do esperado dia de dedicação.

    Falou de um coro de 4 mil Rara louvarem ao Senhor com os instrumentos. (I Crôn. 23:5)

    Embora Davi tenha completado todos os planos, incluindo seu serviço musical antes de morrer, passaram-se onze anos antes que o edifício estivesse terminado. Salomão levou sete anos para erigi-lo no Monte Moriá.

    Sua entrada era do lado leste. Do outro lado da entrada e além do pórtico, porém dentro do pátio dos sacerdotes que circundava o edifício, ficava o altar do sacrifício, uma estrutura maciça de 9 metros de largura por 4,5 metros de altura. Em frente ao altar estava uma escada de degraus rasos, que descia para o grande pátio de Israel, o qual estava separado do pátio dos sacerdotes por um muro baixo.

    A congregação se reunia do lado de fora, no segundo pátio. Os músicos permaneciam nos degraus e do lado leste do altar… Nem os músicos nem a congregação participavam da adoração no interior do templo…

    A dedicação do templo durou uma semana inteira e foi seguida pela festa dos Tabernáculos do dia 15 ao dia 21 do sétimo mês…

    A primeira tarefa no dia da dedicação foi transportar a Arca do seu alojamento temporário para o lugar permanente dentro do novo templo. Os sacerdotes e músicos se reuniram primeiro na tenda do Monte Sião. Quando os sacerdotes ergueram a arca, os músicos cantaram o cântico que fora provavelmente composto por Davi para esta ocasião. “Levanta-te, Senhor, entra no lugar do teu repouso, tu e a arca da tua força.” Sal.132:8.

    Depois de colocar a arca no lugar, todos os sacerdotes saíram da santuário interno para o pórtico. Os músicos tomaram imediatamente seus lugares no lado oriental do altar. Os grupos estendiam-se nos espaçosos degraus que separavam os pátios dos sacerdotes do pátio de Israel. Os 120 sacerdotes, que tocavam as trombetas de prata, agrupavam-se sob a direção do seu regente, Hemã, com sua buzina (Keren). Os muitos executantes dos instrumentos de corda estavam também agrupados sob a direção de Jedutum, que correspondia ao regente de concerto. Havia, pelo menos dois grupos de corais. Todos estavam sob a direção do regente-mor, Asafe, que permanecia na frente com seus címbalos.

    Esta era a posição comum ente tomada pelos músicos. Deste dia em diante, sua tarefa seria: “estarem cada manhã em pé para louvarem e celebrarem ao Senhor, e semelhantemente à tarde.” I Crônicas 23:30.

    Estavam também em serviço todos os sábados, nas celebrações da Lua Nova e em todas as festas especiais. As tarefas eram definidas como sendo: “profetizar com harpas, com alaridos e com saltérios.”

    “E levantando eles a voz a glória do Senhor encheu a casa de Deus.” (II Crôn. 5: 13-14).

    Eis aqui um ideal para todos os coristas e músicos de todos os tempos: Que ao ser ouvida a sua música a glória do Senhor encha a casa. II Crôn. 5: 11-14 A música de desenvolveu em coros antifônicos acompanhados pelos instrumentos. Curtas frases responsivas eram repetidas em canto pelo congregação.

    “Ó dai graças ao Senhor.” cantava um grupo.

    “Por Que Sua misericórdia é para sempre.” cantava outro.

    Mais tarde a congregação repetia: “Porque Sua misericórdia é para sempre.”

    A misericórdia de Deus era a parte essencial na adoração de Israel. A congregação cantava repetidamente: “Porque Sua misericórdia é para sempre.”

    O Salmo 136 constituiu-se parte do programa musical do dia.

    “Era dever dos trombeteiros e cantores fazerem-se ouvir em uníssono em louvor ao Senhor. “ II Crôn. 5: 13.

    No dia da dedicação, foram oferecidos sacrifícios continuamente. Não foi usado somente o imenso altar do sacrifício, mas Salomão fizera consagrar o pátio de pedra para ser usado, para acomodar os milhares que desejassem oferecer sacrifícios. Nesse ínterim. a música continuou através do dia.

    O som de trombetas acompanhava o ritual do altar: um sonido de trombetas de prata com os cantores e conjuntos de corda tocando enquanto a fumaça do sacrifício subia: uma vez consumida a vítima. a música de ofertório silenciava. Aqui está a explicação para as difíceis palavras do Sal. 47:5 “Deus subiu com júbilo. o Senhor subiu ao som da trombeta.”

    No fim da oração e dos cânticos, fogo desceu do Céu para consumir os sacrifícios do altar. Esse fogo continuou ardendo continuamente desde então até o tempo do cativeiro.

    O dia da dedicação, nunca deveria ser esquecido. A glória de Deus encheu o Seu templo no início do culto musical perante o altar. 27

    1.1.3.15.Cântico de Salomão

    O cântico dos Cânticos ou o Cântico de Salomão como é chamado pelos hebreus, é uma série de 5 cânticos núpcias.

    Expressa uma sincera devoção recíproca entre o amante e o ser amado.

    Seu verso musical e ricas palavras, o perfume de suas figuras sensuais, sua beleza de expressão ao descrever a primavera, seu sentimento pastoril, confere-lhe um lugar entre a maior poesia da literatura mundial.

    Os personagens principais são:

    1. O amado, ou Salomão, o “Príncipe da Paz,” e
    2. A amada (donzela) ou a Sulamita, que significa “Princesa de Paz,” sendo em hebraico a forma feminina de Salomão.
    3. As filhas de Jerusalém ou o grupo de moças da cidade formam o “coro.” É rico em metáforas e exemplifica o mais alto ideal do matrimônio.

    É um poema da juventude, do primeiro amor e da primavera – primavera da vida e primavera da natureza.

    O poema começa com um jovem par trocando cumprimentos prosseguindo com um magnífico cenário primaveril.

    Há um interlúdio onde aparece a procissão de Salomão com seu opulento palanquim, seguido pelos guardas com espadas. Então, o amado e a amada se revezam descrevendo em figuras as atrações físicas um do outro. São dadas descrições detalhadas dos adornos da noiva.

    Há um constante apelo para os sentidos pois nada menos que catorze diferentes perfumes doces e especiarias são enumeradas,

    Segue-se uma separação para mostrar a união do amado com a amada. Cantares 8:6.

    O Casamento Hebraico.

    No típico casamento hebraico, quando chega a hora do noivo buscar sua noiva, dirige-se para a casa dela em procissão com um grupo de jovens amigos, todos vestidos na melhor maneira possível.

    Enquanto isto, a noiva, toda adornada e pronta, espera a chegada do alegre grupo, para ajuntar-se à procissão no caminho de volta ao futuro lar de ambos.

    Algumas vezes, estas procissões eram realizadas a noite, como na parábola de Jesus e os membros do cortejo empunhavam tochas ou lâmpadas para iluminar o caminho.

    O noivo e seus homens eram precedidos por um grupo de músicos. Era ocasião de grande alegria e felicidade, tudo com demonstrações e acompanhamento musical.

    Assim, a alegre procissão, com instrumentos de corda, o toque do tambor, o canto, o riso e a alegria, chegavam à casa da noiva. Esta, coberta por um véu, e em seu atavio nupcial, com suas damas, unia-se ao cortejo, e novamente a música, a alegria e o júbilo precediam e acompanhavam o grupo barulhento e feliz em seu caminho à casa do noivo.

    O povo da cidade, ao longo do caminho, vinha para ver o quadro, para ouvir a música e o riso, e talvez para unir-se por um pouco de tempo às linhas laterais. (Sal. 44: 15 ; Sal. 45.); talvez Isaías pode ter tido em um cortejo nupcial o protótipo do regozijo de voltar a Sião quando escreveu Isa. 35:10.

    Quando o lar do noivo era alcançado, acompanhava ele noiva a um apartamento privado, onde o véu era removido e, pela primeira vez, desde o começo da cerimônia, ele a via, embora se houvessem conhecido antes.

    Uma festa era oferecida. “E te assentaste sobre um leito de honra, diante do qual estava uma mesa preparada”, escreve Ezequiel no cap. 23:41.

    As festividades, o banquete, a música, a alegria e folguedos continuavam, então, por uma semana inteira.

    Foi para esta espécie de tempo jubiloso que Salomão escreveu o “Cântico dos Cânticos.”

    1.1.3.16. Dois outros usos da Música no A.T.

    1.1.3.16.1. Música na Escola dos Profetas.

    I Sam. 10:5 “Então virás ao outeiro de Deus, onde está a guarnição dos filisteus; e há de ser que, entrando ali na cidade, encontrarás um rancho de profetas que descem do alto, e trazem diante de si saltérios, e tambores, e flautas, e harpas, e profetizarão.”

    Estas palavras de Samuel a Saul mostram as estreitas relações entre a música e a inspiração, e nos relembra que os estudantes nas Escolas dos profetas davam considerável atenção ao estudo da Música.

    Os principais assuntos de estudo nessas escolas (dos profetas) eram a Lei de Deus, juntamente com as instruções dadas a Moisés, História Sagrada, Música Sacra e Poesia.

    1.1.3.16.2. Música Terapêutica.

    I Sam. 16: 17, 18 e 23. …“E sucedia que, quando o espírito mau da parte de Deus vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa, e a tocava com a sua mão; então Saul sentia alívio, e se achava melhor, e o espírito mau se retirava dele. “

    Davi aliviava o temperamento violento de Saul através dos suaves sons de sua harpa.

    1.1.3.17. Música Secular e Profana.

    Nem toda música mencionada na Bíblia é de caráter Santo e agradável a Deus.

    Tanto a música secular quanto a religiosa em algumas circunstâncias, prestava homenagens a falsos deuses. Por exemplo: Os ritos religiosos em honra a Baal eram compostos de música selvagem que acompanhavam as danças desenfreadas dos bêbados em gritarias.

    Havia também a música mista na qual tanto a falsa quanto a verdadeira religião eram entremeadas e as comemorações seculares acompanhadas de excesso de vinho nas quais falsos deuses também eram homenageados.

    Isto levou o profeta Amós a proferir as palavras de Deus ordenando que tal espécie de canto ou música fosse abolida.

    Amós 5: 23. “Afasta de Mim o estrépito dos Teus cânticos.”

    Uma coisa no entanto, deve ser observada: Nem toda música secular era desagradável a Deus. O cântico alegre do semeador e do segador, a música festiva da colheita da uva, os cânticos das mulheres em suas casas, a alegre música do casamento, os inocentes sons do tambor, da harpa e do oboé em cerimônias de despedidas ou em alegres grupos sociais, não foram condenados.

    A Música dos Pagãos:

    A beleza e a música, juntamente com as danças animadas, tomaram tentadoras as orgias dos midianitas. “Iludidos pela música e a dança, e seduzidos pela beleza das vestais gentílicas, romperam sua fidelidade para com Jeová. Unindo-se-lhes nos folguedos e festins, a condescendência para com o vinho anuviou-lhes os sentidos, e derribou as barreiras do domínio próprio. A paixão teve pleno domínio; e, havendo contaminado a consciência pela depravação, foram persuadidos a curvar-se aos ídolos. Ofereceram sacrifícios sobre os altares gentílicos e participaram dos mais degradantes ritos.” Patriarcas e Profetas, pág. 479

    A música e dança selvagem caracterizavam a adoração a Baal no Monte Carmelo. I Reis 18:26-29.

    Depois da divisão das tribos, Jeroboão temendo a divisão da lealdade de seus súditos que viriam à Jerusalém para adoração, fez dois bezerros de ouro um em Dã e outro em Betel, onde já havia centros de adoração a Jeová.

    Instituiu uma festa anual cerca de um mês após a Páscoa em cada um destes locais. Houve uma mescla dos cultos da verdadeira com a falsa religião. Quando Tiro ascendeu comercialmente, sua religião e costumes, também exerceram grande influencia para o declínio espiritual de Israel.

    Quando Jeroboão II subiu ao trono, a prosperidade material e a influência pagã tomaram-se grandes na terra de Israel. Neste contexto foi Que Amós se levanta dizendo: “Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos.” (Amós 5 :23)

    Amós ouvira a música de Tiro misturada com os Salmos de Davi e declara que Deus abominava o ruído de tais cânticos de adoração. Ele se refere à harpa “nébel” (harpa maior que a Kinnor) – Josefo diz que nébel possuía doze cordas. Alguns afirmam que o nébel-azor tinha dez cordas pois azor significa dez. No entanto, há ilustrações que mostram até vinte cordas. Tinha um som profundo e pesado, pois suas cordas eram longas. Formava o fundamento para o som de outros instrumentos ( Graumman, p. 68) -, mas outros instrumentos eram usados nesta adoração. Era a profanação da tradição musical do glorioso e dedicado modelo Que fora instituído por Davi. Amós se refere aos foliões que inventaram e usaram os instrumentos como fez Davi evidencia de que todos os tipos de instrumentos podiam ser encontrados nos centros de adoração de Dã e de Betel.

    A música ao culto à Baal parece estar associada a um número limitado de instrumentos. Usavam principalmente o tambor e a flauta evidentemente Dor suas Qualidades rítmicas. Rabinovitch declara: “Os ritos de Baal constituíam um culto de pura sensualidade, absoluto paganismo, que trouxe consigo uma música mais bem adequada à intemperança e orgia. A música orquestral cananita, se assim pode ser chamada, não era nada mais que um grande tumulto causado pela combinação do ensurdecedor tambor e da estridente flauta.” (Graumman., p. 109) (Grifo Nosso)

    Havia outro tipo de música que fora condenada por Isaías em Judá e por Amós em Israel. As músicas das festas do vinho:

    Isa. 5:11-12: “Ai dos que se levantam pela manhã e seguem a bebedice e se demoram até a noite, até que o vinho os esquenta. E harpas (Kinnor) e alaúdes (nébel), tamborins (toph) e pífaros (chalil) e vinho há nos seus banquetes, e não olham para a obra do Senhor, nem consideram as obras de Suas mãos. “

    Cada instrumento aqui mencionado era também usado na adoração a Deus

    Quando a destruição chegou, Isaías descreveu a fim de tais celebrações. “Cessou o folguedo dos tamborins, acabou o roído dos que pulam de prazer, e descansou a alegria da harpa. Com canções não beberão vinho, ‘a bebida forte será amarga para os que a beberem… Há lastimoso clamor nas ruas por causa do vinho,’ toda a alegria se escureceu, desterrou-se o gozo da terra.” (Isa. 24: 8,9 e 11)

    Nessas festas, tomavam parte tanto homens como mulheres. As prostitutas daqueles dias freqüentemente usavam a música para atrair os homens. Em Tiro, elas levavam uma harpa quando andavam pelas ruas. Isaías compara Tiro a este tipo de mulheres que usavam a música como meio de sedução. “E sucederá naquele dia que Tiro será posta em esquecimento por Setenta anos, conforme os dias dum rei: mas no fim de setenta anos Tiro será como a canção duma prostituta. Toma a harpa, rodeia a cidade, ó prostituta entregue ao esquecimento: toca bem, canta e repete a ária, para que haja memória de ti.” (Isa. 23: 15 e 16)

    Amós 6: 1-7 “Ai dos que repousam em Sião, e dos que estão seguros no monte de Samaria, que tem nome entre as primeiras nações, e aos quais vem a casa de Israel! Passai a Calne, e vede, e dali ide à grande Hamate, depois desce; a Gate dos filisteus: serão melhores que estes reinos? Ou será maior o seu termo do que vosso termo? Vós, que dilatais o dia mau, e vos chegais ao lugar de violência, que dormis em camas de marfim, e vos estendeis sobre os vossos leitos, e comeis os cordeiros do rebanho, e os bezerros do meio da manada; que cantais ao som do alaúde, e inventais para vós instrumentos músicos, como Davi: Que bebeis vinho em taças, e vos ungis com o mais excelente óleo: mas não afligis pela quebra de José: Eis que agora ireis em cativeiro entre os primeiros que forem cativos, e cessarão os festins dos regalados.”

    O cativeiro e dispersão colocariam fim a tudo isto pois tanto Tiro quanto os reinos de Judá e Israel seriam conquistados pela Assíria e babilônia.

    O rei de Tiro, Etbaal, foi comparado por Ezequiel à Lúcifer por causa do seu orgulho, sabedoria, música e riquezas mas agora, rejeitado e caído por causa do seu pecado.

    Ezequiel predisse de Tiro: “E farei cessar o arruído das tuas cantigas, e o som das tuas harpas não se ouvirá mais.” (Ezequiel 26: 13)

    “…Não ouvirei as melodias dos teus instrumentos.” (Amós 5:23 up.), 32

    1.1.3.18. Música Fúnebre.

    Descrições Bíblicas casuais, nos contam muito dos costumes dos tempos bíblicos como por exemplo, o luto era caracterizado nela”voz do pranto” e a “voz da lamentação.” (Jer. 9: 19)

    Tão logo alguém morria, parentes e amigos se apressavam a ir ao aflito a fim de confortá-lo.

    Um grupo de lamentadores profissionais, geralmente mulheres também se apressava a ir à casa com altas lamentações, choro, pranto, música e o canto de lamentos entremeados de muitos “ais.”

    Algumas vezes, tanto homens como mulheres uniam-se cantando réquiens* em memória. Especialmente se o falecido fosse um nobre.

    * Nome dado à parte do oficio dos mortos que começa pela palavra latina réquiem; música sobre esse oficio segundo o Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa de Aurélio.

    “E Jeremias fez uma lamentarão sobre Josias,’ e todos os cantores e cantoras falaram de Josias nas suas lamentações, até o dia de hoje; porque as deram por estatuto em Israel,’ e eis que estão escritas nas lamentações.” (lI Crôn. 35:25.)

    Davi também escreveu um maravilhoso réquiem após a morte de Saul e Jônatas. É um clássico entre as Lamentações. Está em II Sam. 1:19-27.

    Dr. Clarke declara: “é quase impossível ler o nobre original sem encontrar cada palavra inflada por um suspiro ou quebrada por um soluço.”

    As carpideiras (Choradoras fúnebres) possuíam repertório próprio que consistia em cânticos chorosos, tanto novos como antigos. Essas lamentações eram freqüentemente rítmicas, e algumas vezes acompanhadas pelo bater de palmas.

    Jeremias se refere à elas como profissão. (Jer. 9: 17-18)

    Quando Jesus chegou à casa de Jairo, à seu convite por que sua filha havia falecido, viu instrumentos e o povo em alvoroço. “Jesus, ao entrar na casa do chefe e ver os flautistas e a multidão em alvoroço, disse: Retirai-vos todos daqui, porque a menina não morreu: está dormindo” (Mat. 9:23 e 24 pp. Bíblia de Jerusalém) 3)

    Numa procissão fúnebre bem numerosa, não podiam faltar 3 elementos importantes:

    1) Pranteadores:

    Os israelitas não tinham o menor constrangimento em externar ruidosamente sua dor. E num funeral, normalmente reuniam-se amigos, parentes e até pranteadores profissionais, para fazer uma despedida chorosa do morto.

    Esses profissionais do pranto às vezes, gritavam o nome de algum parente do morto, para dar um toque pessoal ao lamento, e aumentar ainda mais a tristeza. Até mesmo as famílias mais pobres tinham de contratar pranteadores, mesmo que fossem uma só.

    2) Cantores:

    Muitos salmos e hinos se encaixam bem em cerimônias fúnebres. Outras vezes, até se compunham hinos especiais para a ocasião como foi o caso do cântico composto por Jeremias por ocasião da morte do rei Josias.

    Esses cânticos tinham por objetivo consolar os que sofriam.

    3) Instrumentos Musicais:

    Quase sempre os músicos vinham na retaguarda da procissão fúnebre. 36

    O instrumento mais comumente usado na música de lamentação era a flauta ou “chalil.” (Era um instrumento de sopro tocado verticalmente. Seria uma espécie antiga de oboé.)

    Em Mat. 9: 23 a palavra grega traduzida por flautistas (algumas usam instrumentistas) é auletás, considerada por Galpin como a simples flauta vertical. (Grauman, p. 117)

    O som deste velho oboé era lúgubre ao ouvido antigo. Assim, os cantores fúnebres, o pranto, o choro e as lamentações eram acompanhados pelos tristes sopros do “chalil “

    Jesus cresceu nesta terra, onde a barulhenta demonstração, inclusive o pranto, o choro, o tocar da flauta e o lamento eram a regra comum no luto; mas, Ele demonstrou moderação na tristeza. Embora fosse o “Homem de Dores, e experimentado nos trabalhos,” tinha Ele paz interior e controle próprio no exterior. É verdade que chorou sobre a condenada Jerusalém assim como também no Getsêmani e na cruz, mas um lamento moderado, embora intenso e pessoal.

    Jesus mostrou impaciência com a exteriorização ruidosa dos sentimentos das carpideiras, quando entrou na casa de Jairo e, ao ouvir seu clamor, ordenou que se retirassem. Referiu-se à morte como um pacífico sono no qual o ente querido aguarda a ressurreição.

    Paulo insta os cristãos a que não se lamentem como os que não tem esperança (I Tess. 4: 13). Isaías, muito antes, havia apontado o futuro, para a Nova Jerusalém, dizendo: “… e nunca mais se ouvirá nela voz de choro, nem voz de clamor.” (Isa. 65:19) e João no apocalipse declara: “Não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor.” (Apoc. 21:4).37

    1.1.3.19. A Orquestra de Nabucodonosor. Dan. 3: 4 e 5.

    Provavelmente a convocação de Nabucodonosor para adorarem a grande imagem de ouro erigida no campo de Dura, tenha ocorrido no ano 580 a.C.

    Músicos em grande número foram enviados para a celebração. Pelo que parece, a orquestra não estava muito longe da estátua. Que espécie de música tocaram? Não se sabe porém, se for analisado os instrumentos mencionados na Bíblia como tendo composto a orquestra, pode-se ter uma ideia da espécie de música que tocaram.

    Apenas os instrumentos de corda e sopro é que são mencionados pelo nome na orquestra de Nabucodonosor. Mas certamente. havia outros instrumentos de percussão e até coral incluídos na declaração: “toda sorte de música.”

    Embora as notas verdadeiras da música tocada nessa ocasião não tenha sobrevivido, a pesquisa nos dá uma ideia do seu caráter. A música da dedicação era ruidosa, e tocada em uníssono. Era de ritmo livre, muito forte, impressionante e inspirava temor. (Pela característica dos instrumentos mencionados.)

    “O costume de produzir um pesado estrondo de sons musicais para acompanhar qualquer cena trágica, sobreviveu entre muitas nações selvagens, sendo a tortura e execução não raramente acompanhadas pela música mais barulhenta possível.”

    1.1.3.20. A Música da Dedicação do Segundo Templo.

    A obra de reconstrução do templo foi completada em 5 estágios tendo a música assinalado cada um deles.

    1. A chegada dos peregrinos de Babilônia para a sede do templo.
    2. A edificação dos fundamentos do Templo.
    3. A edificação do Templo.
    4. A edificação dos muros de Jerusalém, sob a direção de Neemias.
    5. Os cultos e a leitura da lei sob as ordens de Neemias.

    Zorobabel dirigiu a obra da restauração em Jerusalém, tomando-se o primeiro governador pós-exílico.

    Mais de 42 mil pessoas voltaram na primeira expedição de exilados comandada por Zorobabel.

    Essa jornada.. bem como a seguinte. autorizada Dor Dario. foi animada com música. Entre os primeiros viajantes, havia duzentos cantores e cantoras. (Esdras 2:65)

    Josefo, descrevendo o segundo grupo, diz que Dario ordenara que os instrumentos musicais que os levitas usavam para cantar os hinos a Deus lhes fossem devolvidos, e eles viajaram para Jerusalém com alegria e prazer, sob a direção daqueles a Quem Dario enviara com eles, e fazendo ruído com cânticos, e flautas, e címbalos.

    Os exilados que retomaram eram um povo musical, e a música ocuparia grande lugar em sua vida e culto na pátria restaurada, assim como o fizera antes.

    Depois de quatro meses de jornada, a primeira expedição chega a Jerusalém e tirando os escombros que cobriam o grande altar, o reconstruíram começando a realização de serviços sagrados.

    Era o início do outono, começo do sagrado 70 mês no qual teriam três dos grandes festivais sagrados. A Festa das Trombetas, o dia da Expiação e a alegre festa dos Tabemáculos.

    Em todas estas festas, a música ocupava papel específica e preeminente.

    Desta maneira, percebe-se que a primeira celebração após a chegada à pátria foi a da dedicação, e esquadrinhamento do coração e de santa alegria pela volta do exílio.

    No ano seguinte, os fundamentos do templo foram terminados e os filhos de Asafe se apresentaram para louvarem o Senhor. Esdras 3: 10 e ss.

    Havia pelo menos dois coros. A estrutura dos salmos cantados nas celebrações musicais mostra que eram cantados antifonalmente. Aqui, aparece a observação de que cantaram a revezes (v. 11).

    Cantavam o grande “Hallel,” Sal. 136 onde um grupo entoava “Louvai ao Senhor, porque Ele é bom,” e outro respondia: “Porque a Sua benignidade dura para sempre.”

    Exceto pelas lamentações dos que haviam conhecido o primeiro templo, esta comemoração dos fundamentos do segundo templo, foi uma ocasião de júbilo, onde a música deu um aspecto festivo.

    Conhecemos a história. A construção ficou nos alicerces por muitos anos embora os sacrifícios continuassem sendo oferecidos sobre o altar e as festas sagradas ali realizadas.

    Finalmente, encorajado pelos profetas Ageu e Zacarias, Zorobabel decidiu ignorar as ameaças dos inimigos e terminar o templo.

    A obra foi completada no terceiro dia do 10º mês. Em nosso calendário mais ou menos a 12 de março do ano 515 a.C.

    Não podia ser comparado com o primeiro templo em aparência e glória. Menos ouro reluzia nele e a glória do Shequinah estava ausente. Ali também não estava mais a arca sagrada com os querubins com asas abertas em seu topo. Porém, vendo Jesus que andaria neste templo que Herodes restauraria e embelezaria 500 anos depois, o profeta Ageu profetizou que “a glória desta última casa será maior do que a da primeira.” Ageu 2:9.

    De outra forma, sua glória era menor, sua música era menos magnificente que a do primeiro templo.

    O simples registro da ocasião afirma que os filhos de Israel “fizeram a consagração desta casa de Deus com alegria.” Esdras 6: 16.

    Havia menos cantores e menos instrumentos do que na dedicação do {FALHA NO ARQUIVO ORIGINAL}

    Os sacerdotes agrupavam-se na extremidade oriental do altar e nos degraus entre o pátio interior, prontos para tocar e tomar parte no canto quando o serviço requeresse.

    Assim, o segundo templo foi construído e dedicado, como o tinham sido anteriormente o altar e os alicerces.

    Os anos se passaram e os serviços do templo começaram a ser realizados de forma negligente, à medida que o povo de Deus gradualmente se afastava da santa Lei de Deus.

    Foi então que se sentiu a necessidade de um líder espiritual. Na Babilônia Deus encontrou este homem. Era Esdras, o sacerdote, descendente direto de Arão que tinha “preparado o seu coração para buscar a Lei do Senhor, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seu direitos.” Esdras 7: 10.

    O rei Artaxerxes deposita nela toda confiança e o envia com uma expedição de retomo à Jerusalém.

    Essa expedição que leva também quatro meses de jornada é empreendida 80 anos depois daquela dirigida por Zorobabel.

    Esdras era, de fato, um segundo Moisés. Era um sacerdote músico, pois os livros de Crônicas, Esdras e Neemias demonstram haverem sido escritos por alguém interessado em Música. (As autoridades judaicas creditam-lhe a escrita dos livros de Crônicas, Ester, Esdras, Neemias e do Salmo 119). A parte musical da dedicação e culto do segundo templo é constantemente enfatizada. Mais importante foi o trabalho musical creditada a ele, para a leitura musical da lei e dos salmos. (Neemias 8) De viva voz e de memória, esta leitura musical passou de geração a geração. Nenhuma escrita musical foi feita para notação musical. mas mais tarde sinais foram acrescentados aos manuscritos dos cantores. Estes sinais chamados de “acentos” são encontrados nos rolos datados de cerca do século VII A.D.; mais de mil anos depois de sua primeira introdução por Esdras.

    O povo havia se afastado dos ensinos das Escrituras e esta leitura foi um plano sábio. Precisavam ouvir grandes porções de uma só vez.

    A leitura era feita com o povo de pé e essa maneira agradável de usar a voz. ajudava a reter o interesse e a concentração do auditório.

    As cerimônias tiveram lugar, após a conclusão do muro, no primeiro e segundo dias do Sétimo mês, fundindo-se aparentemente com a Festa das Trombetas. Na plataforma preparada, Esdras permanecia de pé com 13 sacerdotes ao seu lado, (Neemias 8: 4) lendo a lei clara ou musicalmente, de modo a prender a atenção do povo.

    A forma de leitura está em Neemias 8:8, “Declarando e explicando.”

    “Entre os judeus, o desejo de ler as Escrituras na maneira descrita em Nee. 8:8 tem desde os tempos imemoriais resultado no uso de alguma espécie de declamação musical.” (The Jewish Encyclopedia, Vol. 3, p. 537.)

    Outra grande celebração é mencionada na reconstrução de Jerusalém. Os muros foram completados depois de muitos anos de atraso, num arrebatamento de energia, sob a liderança de Neemias, recentemente vindo a corte Persa. Depois de 52 dias de intensa atividade resistindo os inimigos, era oportuno preparar uma cerimônia de dedicação, em louvor a Deus pela Sua proteção e bênção.

    Preparou-se então dois grupos. Um sob a liderança de Neemias, e outro sob a liderança de Esdras, o sacerdote, músico e escriba.

    Caminhando, um grupo à esquerda e outro à direita, percorreram os muros, encontrando-se novamente diante do templo.

    Os coros cantaram antifônicamente. (Neemias 12:27 -43) Havia grande quantidade de pessoas e muito entusiasmo, pois, se lê: “A alegria de Jerusalém se ouviu até de longe.” (v. 43)

    O restabelecimento da adoração no segundo templo durou cem anos. A reconstrução do templo e de Jerusalém só foi conseguido em estágios cujos términos coincidiam com dias de festas sagradas sendo portanto celebradas com grande regozijo e muita música.

    O choro e os dias de jejum do cativeiro, haviam terminado. Foi um tempo no qual todos obedeciam às instruções de Zacarias : “Alegra-te muito ó filha de Jerusalém!” (Zac. 9:9). 39

    1.1.3. 21. O Hinário do Segundo Templo.

    1. Introdução:

    O livro de Salmos foi chamado de “louvores”, porque foi o hinário dos serviços de cânticos do segundo templo, no qual o louvor era a parte mais importante. Por centenas de anos, os músicos do templo usaram determinados salmos, para cada dia do ciclo semanal regular de cultos. Usavam também alguns outros, para os serviços das festas anuais. Os hinos restantes, eram cantados em muitos outros serviços regulares.

    Provavelmente, o sagrado livro de hinos era familiar ao povo em geral pois, quando os músicos voltavam para suas casas depois de sua semana de serviço no templo, certamente ensinavam os salmos a seus familiares e vizinhos.

    2. Divisão dos Salmos:

    Os 150 salmos estão divididos em cinco livros. O motivo desta forma de divisão é desconhecida pois a ordem não é cronológica nem tão pouco segue a data de sua composição. Por exemplo, o Sal. 142 é considerado tendo sido escrito por Davi quando estava na caverna e o Sal. 1, é considerado como tendo sido o último dos salmos a ser escrito. Ele é um prelúdio para todo o hinário inserido provavelmente pelo compilador, talvez Esdras.

    Os 5 livros são:

    1. Salmos 1-41.
    2. Salmos 42-72.
    3. Salmos 73-89.
    4. Salmos 90-106.
    5. Salmos 107-150.

    Os livros 1,2 e 3 terminam com a expressão: “Amém, e Amém.” Os livros 4 e 5 com a expressão: “Louvai ao Senhor.”

    3. Autores dos Salmos:

    Os títulos dos vários salmos nos revelam que: 73 deles foram escritos por Davi; 2 por Salomão; 12 pelos filhos de Coré; 12 por Asafe; 1 por Hemã; 1 por Etã e 1 por Moisés.

    A maioria deles tendo sido escrito no tempo de Davi e Salomão (100 Século A.C.)

    4. Conteúdo dos Salmos:

    São orações, louvores, aleluias e cânticos de degraus que eram hinos cantados pelos peregrinos devotos em seu caminho para Jerusalém para as festas anuais.

    Todas as emoções da alma humana são abordadas na coleção completa dos Salmos. Estas incluem triunfo e desespero, confiança e incertezas, orações e louvores.

    5. O uso musical dos Salmos:

    Títulos e instruções aos músicos mostram que os salmos eram cantados durante os serviços religiosos do templo.

    Eram cantados durante os sacrifícios da manhã e da tarde em cada dia da semana. Alguns são indicados para serem usados na oração da manhã, outros na oração da tarde.

    A música instrumental era usada na época do segundo templo, como um acompanhamento para as vozes, embora houvesse interlúdios instrumentais considerados como sendo ilustrativos do texto do Salmo.

    O talmude diz que se supõe que no primeiro século A.C., a orquestra consistia de: duas a seis harpas do tipo “Kinnor”, nove do tipo “nébeis”, dois a doze “Oboés” (no primeiro templo Davi eliminou – “Chalil”) e um par de címbalos que naturalmente, ficava nas mãos do dirigente.

    Como com os instrumentos, nas vozes um mínimo também era requerido. De acordo com o Talmude, o número mínimo de cantores requerido para os serviços do segundo templo, era doze. Cada cantor tinha cinco anos de treino e a idade dos cantores geralmente variava entre 20 a 50 anos. Neste período dos serviços restaurados do segundo templo, as vozes do meninos eram acrescentados, como um coro juvenil, mas eles ficavam separados do côro dos adultos.

    O serviço do segundo templo foi modelado de acordo com o do primeiro. Neemias refere-se à restauração do culto musical “conforme ao mandado de Davi.” (Nee. 12:45) “Porque já nos dias de Davi e Asafe, desde a antigüidade, havia chefes dos cantores, e cânticos de louvores e ação de graças a Deus.” (Nee. 12:46)

    A ordem do serviço do segundo templo deveria ser semelhante ao do tempo de Ezequias quando ele restaurou o serviço completo do templo, incluindo sua música. Isto aconteceu mais ou menos na metade do período entre Davi e Neemias.

    Segundo a descrição em II Crôn. 29:26-31, a ordem era a seguinte:

    A oferta era queimada enquanto os cantores cantavam “o canto do Senhor,” as trombetas e instrumentos ordenados por Davi acompanhavam, e a congregação adorava.

    No fim da oferta, o rei e a congregação curvavam-se em adoração.

    As pessoas traziam sacrifícios e ofertas de agradecimento. O cântico durante a oferta, teria sido o Sal. 54 e o Sal. 100 era cantado durante as ofertas de agradecimento. Quando o incenso era queimado, usava-se o Sal. 70.

    Foi durante o período pós-babilônico que o canto antifônico foi desenvolvido e utilizado nos serviços do segundo templo.

    Há três tipos:

    1. O líder canta ou entoa um verso, e o côro canta ou entoa uma resposta, ou o povo pode cantar um “Amém.”Ex. Sal. 106.
    2. O líder e o côro alternam meios versos. Ex. Sal. 136.
    3. Há uma alternação nos versos entre os grupos. É um côro levítico cantando um verso e a congregação respondendo. Ex. Sal. 107 onde aparece dois estribilhos repetidos, um dos quais deve ter sido repetido pela congregação.

    Versos 6, 13, 19 e 28 aparece: “E clamaram ao Senhor na sua angústia, e Ele os livrou de suas necessidades.” E nos versos 8, 15, 21 e 31 aparece o outro estribilho que diz: “Louvem ao Senhor por Sua bondade, e pelas Suas maravilhas para com os filhos dos homens.” Certamente este estribilho seria cantado por um outro côro de levíticos.

    Durante o período do segundo templo, certos salmos específicos eram cantado em cada dia da semana e cada semana do ano, em adição a muitos outros que variavam de dia para dia. Estes eram infalivelmente repetidos:

    Domingo: Sal. 24 – “Do Senhor é a Terra.”
    Segunda: Sal. 48 – “Grande é o Senhor e mui digno de louvor!”
    Terça: Sal. 82 – “Deus está na congregação dos poderosos.”
    Quarta: Sal. 94 – “O Senhor Deus, a quem a Vingança pertence.”
    Quinta: Sal. 81 – “Cantai alegremente a Deus, nossa fortaleza.”
    Sexta: Sal. 93 – “O Senhor reina, está vestido de Majestade.”
    Sábado: Sal. 92 – “Bom é louvar ao Senhor.”

    Havia também salmos determinados para serem cantados em dias de festas nacionais.

    O grupo do 113 ao 118 era cantado durante a Páscoa. Eram chamados de “Hallels” ou Salmos de Aleluia.

    O Sal. 81, era usado nos Serviços de Ano Novo. Início do Outono, no tempo do amadurecimento das uvas. Início do 7º mês. Festa das Trombetas que marcava o ciclo de festas deste mês.

    Os Salmos 135 e 136 eram cantados no Pentecostes.

    O Sal. 67 era cantado na Festa dos Tabernáculos. Também o 65 era usado nos festivais do outono.

    Os Salmos 19, 104 e especialmente o 92 eram cantados no Sábado.

    6. Instruções Musicais nos Salmos:

    Os títulos dos Salmos, bem como o seu conteúdo, são de interesse do estudante de música na Bíblia, pois alguns deles contém instruções musicais para sua interpretação.

    1. Neginoth. Aparece em 7 salmos (Sal. 4, 6, 54, 55, 61, 67 e 76). O significado é: “Com um acompanhamento de cordas,” “Com instrumentos de cordas.” A maioria dos instrumentos usados no templo eram instrumentos de cordas.

    2. Nehiloth. “Para Flautas.” Aparece no Sal. 5. Deveria ser acompanhado por instrumento do tipo da flauta ou oboé. Como este era usado para o canto fúnebre, a música para esse salmo deveria ser lúgubre, perfeitamente apropriada para um hino referente à destruição dos ímpios.

    3. Sheminith. Aparece nos Salmos 6 e 12 .É uma expressão com significado incerto que significa “o oitavo.” Aceita-se a ideia de que seja uma orientação para que o Salmo seja cantado por vozes graves.

    4. Alamoth. Aparece no Sal. 46 e significa “Para vozes de Soprano.” É crença geral que essas vozes de soprano eram um côro de meninos, usado nos tempos do segundo templo. Em I Crô. 15:20, a frase aparece em conexão com Saltérios. Possivelmente seja uma orientação para que as harpas sejam armadas no tom das liras.

    5. Maschil. Aparece em 13 Salmos (32,42,44,45, 52-55, 74, 78, 88, 89 e 142). É traduzido como: “Com entendimento” e parece indicar que estes sejam Salmos instrutivos ou didáticos. Mas também pode indicar um tipo de execução musical para a qual se requer talento especial tanto no canto quanto na execução.

    6. Michtam. Esta palavra aparece na inscrição de 6 Salmos. (16, 56-60). O significado é desconhecido mas conjectura-se em tomo do significado da raiz da qual a palavra deriva que significa “cobrir,” sugerindo que os salmos assim designados possam ser considerados salmos de expiação, relacionados com o ato de se cobrir pecados porém, a palavra pode ser um título musical indicando cânticos de alto mérito, tanto no assunto como na música.

    Outros Salmos aparecem com títulos que designavam melodias específicas com as quais deveriam ser cantados.

    1. Aijeleth Shahar. Literalmente a “Corça da manhã” e aparece no Sal. 22 indicando que o Salmo deve ser cantado com a melodia da “Corça da Manhã.” O tema de todo o poema é de alguém que é perseguido como o é a corça.

    2. Gittith. Aparece nos Salmos 8, 81 e 84 orientando que estes devem ser cantados com a “Melodia da Vindima.”

    3. Mahalath. Que aparece nos Salmos 53 e 88 indicando que devam ser cantados de maneira triste e lamentosa, “Com a Melodia do Sofrimento.”

    4. Muth-Labben. Aparece no Sal. 9 e alguns sugerem que é a orientação de que o salmo deve-se ser cantado com a melodia de uma canção chamada: “Morrer pelo filho.”

    5. Shoshannim. Aparece nos Salmos 45 e 69 que literalmente significa “Lírios ” indicando que deveriam ser cantados com a melodia com este nome ou que tenha tido como palavra chave este nome. No Sal. 60 inclui a frase: “Shushan-eduth ” literalmente “lírios do testemunho,” e a inscrição do Sal. 80, é “Shoshannim-eduth,” literalmente significando: “Lírios, o testemunho.” Talvez todas estas frases sugerissem as mesmas canções de amor bem conhecidas com a qual estes salmos deveriam ser cantados.

    6. Jonath-Elem-Recoquim. Aparece no Sal. 56 e o significado desta frase é desconhecido, mas corrigindo o texto por conjectura e, substituindo afim em lugar de elem, a expressão pode ser traduzida como “Pomba em Ilhas Longínquas.” Alguns sugerem que aqui há referência à canção citada em Sal. 55:6 e 7. Seja como for, parece indicar o tipo de melodia conhecida com a qual o salmo deveria ser cantado.

    7. AI-taschith. Aparece nos Salmos 57-59 e 75, literalmente, “Não destruas” isto é, para a Melodia do “Não o destrua”.

    ISTO DEMONSTRA QUE MUITOS SALMOS ERAM CANTADOS COM MELODIAS FAMILIARES. A aprendizagem era feita pela repetição, e as melodias que foram amadas e conhecidas pelo povo eram evidentemente usadas, talvez modificadas, bem como santificadas pela associação com o culto. É possível que certas mudanças no ritmo ou andamento fossem feitas também.

    8. Selah. Esta palavra aparece 71 vezes em 39 Salmos. Geralmente aparece no fim de uma seção de ideias. Um total de 38 “selahs” é encontrado em 21 salmos davídicos evidenciando que Davi foi o originador do seu uso.

    Indica um interlúdio musical. Exemplo no Sal. 47. Os primeiros quatro versos são seguidos por “Selah” podendo significar música alta e alegre nos instrumentos da orquestra, quando as oferendas eram iniciadas. Então, quando a fumaça ascendia, o côro era novamente ouvido nas palavras dos versos seguintes.

    Os “selahs”, indicam vários motivos de interlúdio como, jubilosos, tranqüilizadores, silenciosos, majestosos, animados, tristes, austeros e solenes. Tais interlúdios acrescentariam grande interesse e variedade aos salmos durante o culto divino.

    Os últimos cinco salmos são repletos de louvor a Deus, com muitas referências ao canto e instrumentos. São chamados “Os Grandes Salmos de Aleluia” todos começando e terminando com a expressão “Louvai ao Senhor” (Aleluia!).

    Os últimos três Salmos chamam para louvar a Deus toda a criação, animada e inanimada. Anjos, hostes, estrelas, profundezas do mar, neve e gelo, reis, homens e mulheres com todos os meios possíveis – cantando, e tocando toda espécie de instrumentos.

    Salmo 150 e os instrumentos musicais:

    • Louvai-O com o toque de Trombeta – v.3 – o “Shophar” – corneta de chifre de carneiro.
    • Louvai-O com o citara (saltério) e a harpa – v.3 – o “Nébel” e o “Kinnor.”
    • Louvai-O com dança (adufes) e tambor – v.4 – o”Toph”
    • Louvai-O com cordas e flauta (orgãos) – v.4 – o “Minnim” ou harpa quadrada e o “ugab.”
    • Louvai-O com címbalos sonoros – v.5 – os grandes discos de latão.
    • Louvai-O com címbalos retumbantes (Altissonantes) – v.5 – Talvez um tipo de címbalo diferente.
    • Todo ser que respira Louve a Iahweh (Senhor) (Bíblia de Jerusalém)

    1.2. No N.T.:

    O Novo Testamento também revela a espontaneidade dos judeus em expressar seus sentimentos através da música.

    1.2.1. O Cântico de Maria:

    Quando Maria, já grávida pelo Espírito Santo, foi visitar a Isabel sua prima, foi por esta saudada com expressões inspiradas por Deus. Em resposta à saudação, Maria compõe um hino que aparece em Luc. 1:46-55.

    Era uma espécie de “Medley ” de Salmos por ela conhecidos pois aparece em seu cântico, nada menos que 15 citações do A.T., uma expressão espontânea e natural de sua experiência com Deus que recebeu o nome de “Magnificat “por causa da primeira palavra de sua tradução latina.

    “O cântico de Maria inspira-se no cântico de Ana (I Sam. 2:1-10) e em muitas outras passagens do A.T. Além das principais semelhanças literárias, sublinhadas nas referências marginais, notem-se os dois grandes temas: 1) Pobres e pequenos são socorridos, em detrimento de ricos e poderosos; 2) Israel, objeto da graça de Deus, desde a promessa feita à Abraão.”

    1.2.2. O Cântico de Zacarias:

    No 80 dia após o nascimento de João Batista, Zacarias seu pai, que havia ficado mudo por não crer no anjo (Luc. 1 :20), volta a falar depois de confirmar que o nome do menino seria realmente João, apesar de não haver precedentes familiares, e, cheio do Espírito Santo, canta um cântico de louvor a Deus que aparece em Luc. 1:67-79. (Benedictus -porque esta é a primeira palavra que aparece no cântico da tradução latina)

    1.2.3. O Cântico dos Anjos:

    Na noite na qual Jesus nascera, um anjo foi enviado por Deus para dar a notícia a um grupo de pastores que guardavam seus rebanhos.

    Depois da Boa Nova proclamada, a Bíblia declara que “subitamente apareceu com o anjo uma multidão do exército celeste louvando a Deus dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem Ele quer bem.” (Luc. 2: 8-14).

    1.2.4. O Cântico de Simeão e de Ana:

    Quando José e Maria foram ao templo para a realização da cerimônia de sua purificação, Simeão tomou o menino nos braços e cantou um cântico que aparece em Luc. 2: 29-32.

    Provavelmente, deve ter cantado a bênção que proferiu em seguida sobre o casal -Luc. 2: 34-35.

    Não se registra as palavras de Ana mas a Bíblia declara que “dava graças a Deus.” Certamente o fazia através de cânticos de louvor “falando a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.” (Luc. 2: 36-38)

    1.2.5. A Música na Vida de Jesus:

    “Durante sua infância, Jesus conheceu a música como qualquer menino judeu o faria, ouvindo o canto e a cantilena na sinagoga, e aprendendo a música folclórica de Sua cidade.”

    “Exprimia freqüentemente o contentamento que Lhe ia no coração, cantando salmos e hinos celestiais. Muitas vezes ouviam os moradores de Nazaré Sua voz erguer-se em louvor e ações de graças a Deus. Entretinha em cânticos comunhão com o Céu: e quando os companheiros se queixavam da fadiga do trabalho, eram animados pela doce melodia de Seus lábios. Dir-se-ia que Seu louvor banisse os anjos maus, e, como incenso, enchesse de fragrância o lugar em que Se achava. O espírito dos ouvintes era afastado de seu terreno exílio, para o lar celestial.” (destaque nosso)

    Sua introdução à grande música de Israel, deu-se aos 12 anos, quando Seus pais O levaram ao templo de Jerusalém.

    Era primavera, a mais bela estação, com flores brotando e passarinhos cantando. Na viagem, uns 112 Km. feitos a pé, cantavam-se os Salmos designados como “Cânticos dos Peregrinos” ou “Cânticos dos Degraus.” (Sal. 120-134).

    Deveria ter sido emocionante para o menino Jesus participar destes cânticos enquanto se dirigia para a Cidade de Davi!

    Em Jerusalém, os peregrinos eram acolhidos nos lares dos habitantes que possuíam quartos de visitas para este propósito. Em cada lar, cerca de 10 pessoas, geralmente, comiam juntos a Páscoa e, cantavam sua música enquanto assentadas à mesa.

    Através de toda Sua vida, Jesus foi regularmente à festas nacionais. A festa mais freqüentemente mencionada é a Festa dos Tabernáculos.

    Era o festival do outono. Uma alegre festa quando os pecados já haviam sido perdoados e a paz, a alegria e o descanso espiritual eram sentidos pelos peregrinos.

    O serviço musical do templo, executado pela classe profissional dos levitas treinados em música, incluía também algumas respostas da congregação. A orquestra era menor que nos tempos do primeiro templo, e provavelmente menor que a do tempo de Esdras.

    O canto dos Salmos era a parte principal da música dos serviços de adoração, embora os instrumentos executassem apenas o acompanhamento e pequenas partes. Os coros cantavam e os instrumentos tocavam em uníssono de uma oitava.

    Jesus ouviu toda essa música impressionante enquanto tomava parte, como adorador. nos serviços. durante as festas nacionais no templo de Jerusalém.

    De acordo com SaminoSky em sua Music of the Ghetto and the Bible, a ordem comum do serviço no templo no começo da era cristã era: O cerimonial do antigo templo começava com os sacerdotes recitando a bênção, os Dez Mandamentos e o “Shema Israel”, seguido pelas oferenda. Então o “magrepha”,* uma espécie de órgão de tubos, tocava um interlúdio, e os sacerdotes prostravam-se diante do altar. As trombetas (“Shophar”), tocando os chamados, designados “tekiah” e “teruah”**, introduziam o côro dos levitas cantando os salmos ou passagens do Pentateuco. Depois, as trombetas renovavam os toques, para que todo o povo se prostrasse, com o que o cerimonial terminava. p. 19

    A mais alegre das reuniões era a Festa dos Tabernáculos. “Com hinos sagrados e ações de graças, celebravam os adoradores essa ocasião. Pouco antes da festa vinha o dia da expiação, quando, depois de confessados os pecados, se declarava o povo em paz com o Céu. Assim se preparava o caminho para o regozijo da festa.” Louvai ao Senhor, porque Ele é bom, porque a Sua benignidade é para sempre, eram as palavras que se erguiam triunfalmente, ao passo que toda espécie de música, de mistura com aclamações de hosanas, acompanhava o unido canto. O templo era o centro da alegria geral. Ali se achava a pompa das cerimônias sacrificais. Ali, enfileirados de ambos os lados da escada de branco mármore do sagrado edifício, dirigia o côro dos levitas o serviço de cântico. A multidão dos adoradores, agitando ramos de palma e murta, unia sua voz aos acordes e repetia o coro; e, novamente, a melodia era cantada por vozes próximas e distantes, até que as circundantes colinas ressoavam todas o louvor.

    *”Magrepha” – não é mencionado na Bíblia, mas é descrito no Talmude. É um poderoso órgão que ficava no templo de Jerusalém e que consistia de um estojo ou caixa de sopro, com dez orifícios, contendo dez tubos. Cada tubo podia emitir dez diferentes sons por meio dos orifícios para os dedos ou talvez, algo semelhante. Desta forma, uma centena de diferentes sons podia ser produzida por esse instrumento. Mais tarde, o magrepha foi provido de dois pares de foles e dez chaves, através das quais se tocava com os dedos. – Engel, Music of the Ancient Nations, p. 296. Citado por Graumam à p. 158.

    **”Tekiah” e “Teruah” – Tornou-se um hábito chamar os adoradores para os cultos com trombetas de prata. Havia dois chamados para os serviços do templo e tabernáculo, para os quais as trombetas de prata eram usadas. Posteriormente os chamados passaram a ser executados no “shophar” ou trombeta de chifre de carneiro. O primeiro chamado era denominado “O Tekiah,” e era uma nota clara e bem distinta. Esta primeira nota prolongada era chamada “O grande tekiah”. Já o segundo chamado de notas intrecortadas era chamado de”Teruah Shebarim” e o de notas retinindo, de “Teruah yebaboth” – Graumam. pp. 35 e 46.

    “À noite, o templo e o pátio refulgiam de luzes artificiais. A música, o agitar dos ramos de palmeira, os alegres hosanas, o grande ajuntamento do povo sobre o qual se espargia a luz irradiada das lanternas suspensas, os paramentos dos sacerdotes e a majestade das cerimônias, combinavam-se para tornar a cena profundamente impressiva aos espectadores.” (Destaque Nosso)

    A santidade e a beleza de tais serviços do templo deve ter produzido uma profunda impressão no jovem Jesus.

    As festas nacionais continuavam a chamá-lo a Jerusalém. Durante o último inverno de lua vida na Terra, assistiu a um festival mencionado em S. João 10:22 e 23. Era a festa da dedicação instituída aproximadamente 200 anos antes. Começava em 25 de dezembro e durava oito dias. Comemorava a vitória de Judas Macabeus sobre os inimigos sírios em 164 A.C. e a restauração da adoração no templo, naquele tempo. Esta festa era chamada também de “Festa das Luzes.” Música especial e serviços em memória eram realizados. O Sal. 30 teria sido cantado como parte dos serviços desta festa.

    Jesus deve ter tido não apenas um conhecimento fora do comum das Escrituras, mas também uma boa dicção, pois num sábado, em Nazaré, o ministro solicitou-lhe que lesse a lição e pregasse.

    Foi-lhe dado o rolo do profeta Isaías, o qual era guardado num pequeno compartimento ou “arca”na parede frontal do edifício, e diante dessa “arca”era colocado um candeeiro com, sete lâmpadas.

    Tomando o rolo, ficando em pé à frente, Ele leu as palavras familiares do profeta: “O Espírito do Senhor é sobre Mim, pois, que Me ungiu para evangelizar os pobres.” Luc. 4: 18). Jesus leu uma espécie de cantilena com canto musical, porque este era o costume desde os tempos de Esdras. Sem dúvida, usou os sinais manuais e a significativa nodulação da voz nessa leitura das Escrituras. Então, o serviço continuou, e, no devido tempo, “assentou-se” e pregou o sermão, pois esta era a ordem natural do serviço no tempo de Jesus.

    1. Declaração do Shema, começando: “Ouvi, ó Israel; o Senhor nosso Deus é o único Senhor.” (Pode ter sido canto Responsivo pela congregação.”
    2. Oração (com a congregação em pé).
    3. A lição da Lei ou dos profetas, ou ambas.
    4. Um sermão baseado na lição.
    5. Um Amém cantado pela congregação. (I Cor. 14:16).

    Na última ceia com seus discípulos, Jesus cantou os Salmos de “Hallel de Páscoa”. Salmos 113-118).

    Antes de deixar o cenáculo o salvador dirigiu os discípulos num hino de louvor. Sua voz se fez ouvir nas jubilosas notas da Aleluia Pascal. (Sal, 117). (EGW. DTN. 173 Edição, p. 672).

    1.2.6. A Música da Igreja Cristã Primitiva:

    “E era perto da meia noite Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus; e os outros presos escutavam.” Atos 16:25.

    Mesmo depois de aceitar a Cristo, nenhum dos discípulos, e o próprio Paulo, fez qualquer rompimento com o templo e os ritos das sinagogas.

    Os apóstolos começaram seu trabalho missionário, em parte, através do serviço nas sinagogas, continuando assim as reuniões de adoração musical dos judeus.

    A admoestação de Paulo às igrejas cristãs primitivas foi:

    “Enchei-vos do Espírito; falando entre vós em salmos e hinos e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração. ” (Efésios 5: 18-19)

    “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando- vos e admoestando-vos uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração.” (Colo 3:16)

    Estes eram os ideais musicais da igreja cristã primitiva. O canto e a oração estavam intimamente unidos. A música na igreja cristã primitiva era inteiramente vocal. Ainda não havia notação musical e o compasso era ditado pelo texto. A música era aprendida pelo ouvido, e freqüentemente consistia de melodias tradicionais. As melodias eram, na verdade, hebraicas em sua maioria, com melodias gregas sendo gradualmente adaptadas aqui e ali ao uso da igreja.

    Nos serviços da igreja, a música consistia do canto congregacional. O dirigente era talvez um músico ou cantor levita convertido. Cada grupo congregacional era formado de hebreus, gregos, romanos e outros homens e mulheres gentios. Os cânticos usados diferiam de uma congregação para outra, pertencendo a um dos três grupos, ou ao três deles – Salmos, hinos e cânticos espirituais.

    Salmos – Originalmente a palavra significa: Louvores subentendendo-se que deveriam ser cantados com acompanhamento instrumental. Esse era o costume musical de culto tanto no primeiro quanto no segundo templo em que os Salmos formavam a maior parte do hinário.

    Nas novas igrejas cristãs não havia instrumentos. Embora não houvesse qualquer proibição da parte de Cristo e dos discípulos, não eram encontrados nas igrejas cristãs, pelo menos nos dois primeiros séculos. Havia pouco dinheiro entre a maioria dos membros para comprar instrumentos e também muitas das reuniões tinham de ser realizadas secretamente, em catacumbas, em algum salão simples, ou em casas particulares.

    O órgão, tomou-se relacionado com os jogos pagãos romanos do anfiteatro e outros lugares. Foi portanto, excluído. Tanto por judeus como por cristãos. Mas, como instrumento de muitas utilidades, melhorado através dos séculos, gradualmente assumiu seu lugar ideal nos serviços religiosos desde cerca do século XII, tanto nos serviços religiosos hebraicos como nos cristãos. Isto foi muito tempo depois do tempo dos apóstolos.

    No segundo século, Clemente de Alexandria mostrou sua extrema antipatia pelos instrumentos no culto sagrado, com as seguintes palavras: “Porque se o povo ocupa seu tempo com flautas, saltérios, coros, danças, bater palmas à modo egípcia, e outras frivolidades desordenadas, tornam-se bem indecentes e intratáveis, batendo címbalos e tambores e fazendo barulho com os instrumentos de engano.” Citado por Idelson em Jewish Music, pág. 94.

    O canto dos salmos nos cultos dos cristãos era muito semelhante ao dos hebreus. Consistia da antífona responsiva e do canto litúrgico. Acrescido a isto, havia mais canto congregacional. Tanto a ordem do serviço como o conteúdo da música da nova igreja, eram baseados nos da sinagoga e do templo. E destes, o mais importante item era o Salmo.

    Hinos – Com o correr do tempo, os hinos se tomaram mais e mais apreciados, expressando a adoração a Deus em outras palavras além das de Davi. A igreja tinha menos de 200 anos quando de Éfeso veio a paráfrase dos cento e cinqüenta salmos no estilo de hinos para alternar com o canto dos salmos.

    O hino deveria ser cantado por um grupo. O canto congregacional do hino era em uníssono, com sua música baseada nos modos inerentes no sistema musical hebraico e grego.

    A princípio os primeiros pais da igreja eram cautelosos com a música grega, crendo que ela tendia para o pensamento carnal e à orgia, em vez da elevação espiritual. Entretanto, os novos hinos gregos, que eram aceitos, vinham ou de melodias da época, ou de melodias antigas, trazidas pelos membros recém-convertidos, e tinham uma beleza simples quando cantados em uníssonos pelos grupos congregacionais, talvez nos primeiros serviços ou em ocasiões especiais. Cristo era o tema central. Os evangelhos também forneciam uma nova fonte de inspiração poética, especialmente o Evangelho de Lucas.

    Plínio, o moço, um romano que viveu de 62 a 113 A.D., e foi assim contemporâneo de Paulo nos últimos anos, diz que “em dias especiais de festa, os cristãos reuniam-se antes do nascer do sol para cantar hinos de louvor a Cristo, predominando o canto antifônico – um método de canto que mostrava distintamente a influência da tradição hebraica.” – Emil Naumann, The History of Music, p. 179.

    Um contemporâneo de Plínio, Inácio de Antioquia, discípulo do apóstolo João, teve uma visão do Céu em que lhe foram mostrados os anjos cantando em coros antifônicos. Depois disto, o método foi usado mais e mais nas igrejas novas, sem dar-se importância à origem da música. Os hinos gregos, entretanto, suplantavam cada vez mais os hebraicos, no uso congregacional.

    Cânticos Espirituais – Além dos salmos e dos hinos, Paulo menciona os cânticos espirituais como parte do repertório musical cristão.

    O cântico espiritual é aquele que expressa a relação do indivíduo para com Deus, e enfatiza seu próprio anelo e experiência da alma.

    Embora os salmos fossem cantados ou entoados antifônicamente, e os hinos fossem cantados pelo corpo da congregação em uníssono, o cântico espiritual teria sido um solo vocal expressando o elevar da alma do indivíduo a Deus, uma experiência do seu próprio coração e a resposta do amor de Deus o Pai, o sacrificio de Cristo, ou a súplica do Espírito Santo.

    O princípio básico de Paulo para a música cristã, “Salmos, hinos e cânticos espirituais” é ainda o ideal da igreja cristã depois de dezenove séculos.

    O Cântico de tais melodias tem inspirado milhões de cristãos e muitos ouvintes através dos séculos, assim como o fez quando Paulo e Silas cantaram na cela de Filipos.

    1.2.7. A Música no Apocalipse:

    João descreve os “seres viventes” de seis asas, os quais eram em número de quatro, e rodeavam o trono de Deus, cantando: …Os quatro seres viventes tinham, cada um, seis asas, e ao redor e por dentro estavam cheios de olhos,. e não tem descanso nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, Todo-Poderoso, aquele que era, e que é, e que há de vir. E, sempre que os seres viventes davam glória e honra e ações de graças ao que estava assentado sobre o trono, ao que vive pelos séculos dos séculos, os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, e adoravam ao que vive pelos séculos dos séculos, e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: Digno és, Senhor nosso e Deus nosso, de receber a glória e a honra e o poder,’ porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade existiram e foram criadas. (Apoc. 4: 8-11)

    Esta é uma adoração antifônica perpétua de quarteto e côro. “De dia e de noite, nunca cessam de cantar.”

    Percebe-se que o céu é um lugar de adoração musical onde seres santos louvam a Deus continuamente. Que escalas eles usam, ou qual a maneira de composição que seguem, não sabemos, podemos apenas deduzir que nosso falho sistema musical produz música muito inferior à deles.

    Em Apoc. 5:9-14 aparece a descrição de que os quatro seres viventes e os vinte quatro anciãos “Cantavam um cântico novo, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos, porque foste morto, e com o Teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação, e para nosso Deus os fizeste reino, e sacerdotes, e eles reinarão sobre a terra.” Diante deste cântico, antifônicamente milhares e milhares de anjos respondem com grande voz: “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor”. João vê agora, “toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e no mar, e a todas as coisas que neles há, dizerem: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos, e os quatro seres viventes diziam: Amém. E os anciãos prostravam-se e adoravam.”

    Este é um autêntico e espontâneo hino antifônico do qual participam três distintos. Começa junto ao trono de Deus com os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos continua com a participação maciça de todos os anjos que estão junto ao trono de Deus e depois, com todas as criaturas que estão nos céus, na terra, debaixo da terra, no mar e debaixo do mar voltando a concluir-se com o Amém dos quatro seres viventes.

    João chama este cântico de: Cântico novo, porque é um cântico de louvor a Deus pela salvação de Jesus Cristo. É louvor ao Cordeiro que foi morto comprando para Deus homens de todas as tribos, línguas, povos e nações. (5:9 U.p.)

    O apocalipse pode ser descrito como o livro do cântico novo. No capítulo 14 João descreve os 144.000 cantando um cântico novo. “E olhei, e eis o Cordeiro em pé sobre o Monte Sião, e com ele centro e quarenta e quatro mil, que traziam na fronte escrito o nome dele e o nome de seu Pai. E ouvi uma voz do Céu, como a voz de muitas águas, e como a voz de um grande trova; e a voz que ouvi era como de harpistas, que tocavam as suas harpas. E cantavam um cântico novo diante do trono, e diante dos quatro seres viventes e dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil, aqueles que foram comprados da terra.” (14:1-3)

    Há muita música na vida de todo aquele que foi redimido por Deus e seu conteúdo, é de louvor e ação de graças pela salvação.

    Em Apoc. 7: 9- 12 vê-se o coro da grande multidão de salvos. “Depois destas coisas olhei, e eis uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, que estavam em pé diante do trono e em presença do Cordeiro, trajando compridas vestes brancas, e com palmas nas mãos; e clamavam com grande voz: Salvação ao nosso Deus, que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro. E todos os anjos estavam em pé ao redor do trono e dos anciãos e dos quatro seres viventes, e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus, dizendo: Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e ações de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém.”

    João apresenta outra cena de regozijo na música sob o símbolo de uma hino de casamento, para assinalar o enlace do Cordeiro e Sua esposa. “Também Ouvi uma voz como a de grande multidão, como a voz de muitas águas, e como a voz de fortes trovões, que dizia: Aleluia! Porque já reina o Senhor nosso Deus, o Todo-Poderoso. Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-Lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se preparou, e foi-lhe permitido vestir-se de linho fino, resplandecente e puro; pois o linho fino são as obras justas dos santos.” (Apoc. 19:6-8)

    Há ainda um outro cântico descrito no apocalipse. É o cântico de Moisés e o Cântico do Cordeiro. “E vi como que um mar de vidro misturado com fogo, e os que tinham vencido a besta e a sua imagem e o número do seu nome estavam em pé junto ao mar de vidro e tinham harpas de Deus. E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e admiráveis são as Tuas obras, ó Senhor Deus Todo-Poderoso; justos e verdadeiros são os Teus caminhos, é Rei dos séculos. Quem não Te temerá, Senhor, e não glorificará o Teu nome? Pois só Tu és santo, por isso todas as nações virão e se prostrarão diante de Ti, porque os Teus juízos são manifestos.” (15:2-4)

    Na descrição apocalíptica do Céu não há lugar para a música profana, nem para a música que tem objetivo louvar indivíduos quer sejam eles intérpretes ou compositores.A música ali tem por objetivo único louvar ao Senhor Todo-Poderoso que morreu e venceu tomando possível a redenção de pessoas de todas as línguas, tribos, nações e povos. Nela, não há nada que possa deslustrar a imagem perfeita do Criador nas Suas criaturas redimidas e é expressão natural de um coração agradecido por terem alcançado a Salvação.

    2. “Filosofia da Música Sacra” – No Espírito de Profecia.

    Fazer um estudo dirigido, pelas perguntas abaixo relacionadas, em “Conselhos Sobre Música” de Ellen G. White, compilação feita por Arthur L. White traduzido por Sônia Maria M. Gazeta e editado pelo Centro de Pesquisas Ellen G. White, SP. 1989 como aparecem na 1º parte da apostila de Música Sacra:

    O Que Ellen G. White diz sobre Música (clique para acessar).

    3. “Filosofia da Música Sacra ” – Na Igreja Adventista do 7º Dia.

    (No original havia aqui uma transcrição da Filosofia Adventista de Música (clique para acessar).)

    Voto tomado pelos membros da Congregação do IAE-Ct. sobre a filosofia de Música a ser adotada no IAE-Ct.

    Considerando que Deus deu dons e habilidades artísticas a seus filhos e que estes devem ser desenvolvidos, cremos que em nossa escola, deveríamos proporcionar oportunidades para o verdadeiro desenvolvimento e gosto artístico mediante o oferecimento de música adequada ao crescimento espiritual, social e cultural dos que aqui vivem e trabalham fazendo uma perfeita correlação entre o que é belo e verdadeiro.

    Votado:

    1. Reafirmar a “Filosofia Adventista de Música” do Concílio outonal da Conferência geral da IASD, de 1972 como sendo os princípios pelos quais todo o uso da música no lAE-Ct. deveria se pautar.
    2. Executar um amplo programa de conscientização e educação dos envolvidos em música na escola como um todo.
    3. Produzir material musical de acordo com os princípios da filosofia Adventista de música, afim de prover substituição a materiais que saem fora dos princípios adotados.

    Sugere:
    Unidade de ação em torno do assunto em defesa dos princípios adotados.