Música Rock e seu Impacto na Vida Cristã

Você Gosta de Barulho?

por: Ciro Sanches Zibordi

Estilos musicais como o rock exigem um elevado volume de som. E o nosso ouvido não suporta altos níveis de ruído. Como a intensidade de som medida em decibéis aumenta de forma logarítmica, e não aritmética, um simples aumento de três decibéis implica dobrar a intensidade do som. Como comparativo, um aspirador de pó chega a produzir oitenta decibéis; já uma turbina de avião, 120.

Já se constatou, por meio de estudos científicos, que o ouvido humano pode suportar, sem prejuízo auditivo, as seguintes taxas: a 111 decibéis, quase quatro minutos; a 120, cerca de 28 segundos; a 129, quase quatro segundos; e a 138 decibéis, o ouvido suportaria menos da metade de um segundo![1] Não é por acaso que há várias pessoas com deficiência auditiva.

Em algumas cidades brasileiras, as reclamações a respeito do barulho nas igrejas são tantas, que levaram as prefeituras a obrigar as instituições e espaços destinados a cultos religiosos a ter dispositivos de proteção acústica (bloqueadores de ruídos), prometendo multar, cassar licença, retirar equipamentos sonoros ou até fechar os estabelecimentos em que o barulho ultrapassasse os limites para cada zona e horário. Devemos encarar isso como uma perseguição aos evangélicos?

Salmos, hinos e cânticos espirituais

Em Colossenses 3:16, está escrito: “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração”.

Salmos eram os mesmos contidos no Antigo Testamento, transformados em hinos de adoração.

Hinos eram as composições de louvor a Deus e ao Senhor Jesus Cristo cujas letras não tinham sido extraídas do livro de Salmos.

Cânticos espirituais englobavam uma gama maior de composições líricas, inclusive os outros dois tipos mencionados.

Considerando que cântico é o encontro entre a voz, a música e a letra, quando esses três elementos são consagrados a Deus e aceitos por Ele, temos um cântico espiritual. Para termos a certeza de que o Senhor se agrada de um cântico (voz, música e letra), devemos submetê-lo ao crivo de Filipenses 4:8. É verdadeiro? É honesto? É justo? É puro? É amável? É de boa fama? Há nele alguma virtude e algum louvor? Tudo o que fazemos deve ser para a glória de Deus (I Coríntios 10:31).

É boa a fama do rock? Desde a sua origem, esse estilo está relacionado com imoralidade, drogas, ocultismo e violência. Basta lembrarmo-nos do slogan “Sexo, drogas e rock and roll”. E o que dizer de estilos como funk, reggae, axé, hip-hop, samba e forró? Procure conhecer um pouco da história desses estilos antes de pensar que sou extremista.

Existem três maneiras de se ouvir música:

Com o corpo quem ouve com o corpo se deixa dominar pelo “embalo” da música.

Com a emoção quem ouve emotivamente permite que a música comande os seus sentimentos e emoções.

Com o intelecto essa é a forma correta de se ouvir, sabendo discernir a música. E isso só é possível quando não se prioriza o ritmo. O culto a Deus deve ser espiritual e, ao mesmo tempo, racional (João 4:24; Romanos 12:1; I Coríntios 14:15).

Muitos crentes cantam e tocam sem louvar ao Senhor, como acontecia nos dias do profeta Isaías (29:13). As palavras de louvor devem nascer em um coração preparado (Salmos 57:7), mas somente as letras cristãs ou bíblicas não são suficientes para tornar um cântico apropriado para o louvor. Lembre-se de que o cântico só é espiritual quando todos os seus elementos (voz, letra e música) o são.

A música é formada por três elementos:

Melodia sucessão ascendente e descendente de sons a intervalos e alturas variáveis, formando um fraseado; é adornada pela harmonia e acentuada pelo ritmo, embora possa ser compreendida isoladamente.

Harmonia combinação de sons simultâneos, emitidos no mesmo instante, tendo como base a tonalidade; e como princípio gerador a estrutura do acorde.

Ritmo sucessão regular de tempos fortes e fracos cuja função é estruturar uma obra musical.

Esses três elementos, intrínsecos na música, se relacionam com o homem, que também é tripartido: espírito, alma e corpo. Nesse caso, o elemento mais importante da música, a melodia, relaciona-se com a parte mais profunda do ser humano, o seu espírito. E assim por diante.

Assim, o estilo musical apropriado para o cântico de adoração é o que tem como essência a melodia, pois é ela que se relaciona com o espírito (João 4:23-24). Há estilos carregados de agressividade e barulho, que apenas balançam o corpo, e não o coração, porque são rítmicos ao extremo; isto é, priorizam o ritmo, e não a melodia.

Melodia relaciona-se com o espírito

Harmonia relaciona-se com a alma

Ritmo relaciona-se com o corpo

Infelizmente, é uma tendência do ser humano inverter as prioridades. De acordo com I Tessalonicenses 5:23, Deus nos santifica a partir do espírito. Mas muitos ignoram isso e, como se o versículo dissesse: “corpo, alma e espírito”, priorizam o corpo. Meditemos no que Paulo, inspirado pelo Espírito, disse aos gálatas: “Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?” (Gálatas 3:3).


Bibliografia:

[1] BLANCHARD, John, Rock in Igreja?!, Editora Fiel, p. 21.

MUGGIATI, Roberto, Rock, o Grito e o Mito, Editora Vozes


Ciro Sanches Zibordi é pastor na Assembléia de Deus em Cordovil, Rio de Janeiro e articulista. Autor dos livros “Perguntas Intrigantes que os Jovens Costumam Fazer“, “Adolescentes S/A“, “Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria” e “Erros que os Pregadores Devem Evitar“, todos editados pela CPAD.


Fonte:Blog do Ciro

Texto extraído do livro Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria, do mesmo autor, editado pela CPAD – Casa Publicadora das Assembléias de Deus

Nota: Os editores do Música Sacra e Adoração não são responsáveis por cada citação textual encontrada neste artigo.


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