Trecho de Entrevista com o Maestro Flávio Araújo Garcia

Trecho de Entrevista com o Maestro Flávio Araújo Garcia

NP: Como o Senhor vê a música dentro da igreja atualmente?

Flávio Garcia: Eu vejo com dois parâmetros distintos, a música sacra, que é chamada pôr alguns de música erudita, e é o ideal para a igreja cristã, e os cânticos evangélicos que são de valor um pouco inferior, mas ainda se aproveita grande parte deles. Agora no campo na música gospel, e popular dos nossos dias que está se introduzindo na igreja, dizem os entendidos do setor hoje, que para você atingir o público em geral, você precisa desta música.

Agora, eu penso o seguinte, assim como existe a literatura de cordel e existe a boa literatura, assim existe a música cristã rasteira, e a música cristã elevada, assim como existem as preleções de “nóis vai nóis fica”, existem as preleções elevadas. Mas nós como cristãos devemos estar sempre crescendo e atingindo a perfeição. Ainda que eu aceite que um caboclo precisa tocar na viola um hino do jeito que ele sabe riscar a viola na canção popular, eu não creio que a música deste “riscar a viola” deve ser introduzida na igreja para atrair os caboclos para a igreja. Porque ele sabe que vindo para a igreja, vai se aperfeiçoar, pois o Espírito de Deus fala isto. Você pode observar isto constantemente quando vai a uma igreja e uma música de gênero popular é apresentada, a turma aplaude e faz aquela zoeira de música popular e de show, mas quando você usa uma música em que o Espírito de Deus atua no coração, porque a mensagem da letra, da harmonia, da melodia, e a mensagem comportamental da voz apresentam o modo de viver no Espírito, a congregação, não mais se comporta como um auditório, sente a influência do Espírito de Deus e nem respira, se comove, e há um comportamento reverente no Espírito. Nós temos experimentado isto centenas de vezes, quando apresentamos o coral nas igrejas cantando seja na escola sabatina, no culto divino ou nos programas JA, as igrejas têm estado lotadas, e o Espírito de Deus têm estado presente, a ponto da congregação ao final da apresentação da mensagem dizer um amém reverente e comovido.

Creio sinceramente que exista música para a adoração a Deus, música que Ele aceite, por que Ele é quem escolhe e não eu, a adoração é para Ele, e não é o meu gosto, assim como não foi o gosto de Abel e de Caim, foi o gosto de Deus. Deus escolheu o cordeiro, e não as frutas, as frutas foram criadas por Ele também, mas Ele escolheu para representar o seu amor um cordeirinho. Deus escolhe a maneira dEle ser adorado, então existe a adoração verdadeira e a adoração falsa. A adoração verdadeira pode ser identificada pelo verdadeiro espírito de louvor e é combinado com a verdade a respeito de Deus.

O que significa adorar a Deus em espírito e em verdade? Significa simplesmente um relacionamento de amor, e um relacionamento de amor é um relacionamento de confiabilidade. Eu confio que Deus está aceitando o meu louvor, porque eu estou me aproximando do louvor que Ele aceita, eu estou trazendo um louvor dentro dos parâmetros que Ele aceita, que é o cordeirinho e não as frutas.

A adoração verdadeira é um culto a Deus de maneira certa, como Ele pede, e é distinguido pela união, uma união de amor, confiabilidade é o que nós chamamos, o coração ama e a mente valoriza. Se eu amo a Deus e Deus pede para eu adorá-lo de uma determinada maneira, como eu o amo, onde está o meu tesouro ali está o meu coração. Então, quando uso o texto de Mateus 6:21, existe outro texto de Marcos 12:29 e 30 que diz que eu vou envolver a minha adoração de todo o meu coração (envolvimento emocional), de toda a minha alma (envolvimento espiritual), de toda a minha mente (raciocínio e intelecto), de todas as minhas forças (atos e feitos). Então é um casamento perfeito, é uma união perfeita, o verdadeiro louvor requer a centralização da minha mente e das minhas afeições sobre um foco teocêntrico, excluindo todos os desvios, todo o meu orgulho, minha vaidade, meu egoísmo, minha presunção e meu interesse, inclusive financeiro. Algumas vezes eu me pergunto se a música da igreja hoje está tendo as características de reverência e do respeito.

Um outro item, eu estou fazendo para o meu Deus um trabalho de ator e entretenimento, de causador de adoração ou de causador de aplausos? O que eu estou fazendo da minha audiência, estou fazendo dela uma congregação ou um auditório? Isto significa a verdadeira adoração ou a falsa adoração. Quem são os adoradores? Quem é o auditório, ou melhor a congregação que me escuta a adorar? Eu estou levando a minha congregação a serem os adoradores? Se nós somos os adoradores, quem é a congregação? Se penso desta forma, quando preparo a adoração tenho que verificar que a congregação que está ouvindo, é composta por Deus e os anjos e o universo celeste. Não posso apresentar fogo estranho perante um Deus que me ouve, e é nisto que me baseio para escolher a verdadeira música sacra. A adoração e o louvor não são entretenimentos para audiência, não é um palco, é uma experiência que acontece, é a nossa oferta de louvor em resposta por conhecer um Deus como Ele é. Santo, Santo, Santo!

NP: Qual a mensagem que o senhor deixaria para os jovens músicos de nossa igreja?

FG: Para o jovem cristão da minha igreja eu tenho um conselho, olhe muito para Jesus, só para Jesus, converse muito com Jesus, só com Jesus, e quando você quiser agradecer o que Ele fez por você, faça de sua oração um louvor tão bonito e tão simples que os anjos possam acompanhar o seu cântico e sua oração.


A íntegra de entrevista estava disponível em: http://iae-ct.br/escartes/notas983.htm, mas não conseguimos acessar este endereço devido às alterações efetuadas recentemente no site do IAE. Assim, não conseguimos localizar o artigo original.